27 outubro 2013

ontem, hoje e amanhã


Nunca passei por um momento destes e duvido que venha a passar, desde logo porque nunca me zanguei com Deus, nem com a Igreja Católica, portanto não há pazes.
Gostaria contudo de realçar dois aspectos deste relato que me impressionaram. O primeiro é a natureza simbólica do “fazer as pazes com Deus”. Em termos psicológicos, fazer as pazes com Deus não é mais do que aceitarmo-nos como somos, neste caso, aceitarmos a nossa cultura e as nossas tradições. É um processo normal de amadurecimento que afecta todos os seres humanos em certos momentos das suas vidas.
É uma experiência que pode ter um toque transcendental, mas que está bem radicada na experiência real. Depois da negação da adolescência vem a aceitação da idade adulta. A vida é o que é.
O segundo aspecto que me impressionou foi a comunicação desta experiência, que nos chegou através do PA. Na nossa cultura estas experiências são do foro íntimo e ninguém as revela, sob pena de perderem o encanto. Exatamente o contrário dos relatos evangélicos do tipo “born again Christians”, acompanhados de fanfarra e de juras eternas.
Talvez seja a minha natureza introvertida que me leva a olhar para o mundo deste modo, mas a verdade é que eu também sou fruto da minha cultura e não ando em guerra comigo próprio.

5 comentários:

zazie disse...

Deixar aquilo numa caixinha de comentários, como anónimo, nada tem a ver com proclamar ao mundo.

É o mesmo que escrever no diário.

Anónimo disse...

Não faltam no mundo 'experiências' semelhantes. Dizem que sentem um impulso para fazer uma coisa qualquer.
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Eu acredito que sintam esse 'chamamento'. Mas tenho sérias dúvidas de que se trata de coisa Divinal.
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Para mim é coisa pessoal, que deve ter a ver com certo momentum da vida, já que Ninguém me chama para o que quer que seja.
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Olhe, por exemplo, eu entro em qualquer Igreja antiga quando vou viajar. Mas não sinto chamamento algum, infelizmente, mas tenho uma curiosidade dos diabos em vê-la por dentro. Às vezes até estão as missas a decorrer e um gajo ali a ver as coisas. Inclusivamente entro nas mesquitas... o que me trás frequentemente problemas por causa do meu aspecto pouco muculmano e por causa de me esquecer de tirar os sapatos.
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Rb
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Anónimo disse...

E até cometi um erro dos diabos ao tentar 'corromper' o porteira de uma mesquita Sunita. Como sei umas palavras de cumprimento arabe disse ao gajo ya ali madat. Ora Ali é um gajo, parceiro de Maomet, que é louvado pelos Xiitas e não pelos Sunitas. E o porteiro fez-me uma cara de quem me ia bater.
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Rb

Anónimo disse...

Isto é a mesma coisa que um gajo entrar numa Igreja Lutera e dizer Avé Maria, Sto Antonio ou que a Paz de S.Francisco está consigo brother.
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Rb

Anónimo disse...

Caro Joaquim, olhe, acabei por lhe responder aqui.

Relativamente a estar zangado, se eu contextualizar, o Joaquim perceberá melhor.

Na fase da negação, normal e saudavelmente expectável do inicio da juventude, juntou-se a morte de um amigo.

Portanto, perante uma compreensível (dada a idade) incompreensão da morte, ao natural processo de negação juntou-se alguma "revolta".

É apenas isso. Daí ter utilizado a expressão "fazer as pazes".

Não fosse esse acontecimento talvez tivesse escrito apenas "afastei-me e voltei" ou qualquer coisa do género.

PS - Já agora, que fique bem claro, não existe nada de transcendental ou místico nas experiências. Os sinais são "meros" acontecimentos do dia a dia. Pessoas que conhecemos, com que nos cruzamos, acontecimentos vários, etc. Sou totalmente céptico relativamente a misticismos e afins.