12 outubro 2017

judicial clownery

Confia nos indícios.

Ao fim de tanto tempo, era de supor que tivessem arranjado provas.

Mas não. São só indícios.

Em Março, a coisa já ia assim.

O processo Sócrates contém os crimes de papel (cf. Capítulo 21 aqui) que põem em delírio os funcionários do Ministério Público: 4000 páginas de acusação (*), 91 volumes, milhões de ficheiros informáticos. (Milhões!).

E o que dizer dos milhares de horas a escutar a vida privada das pessoas? Deve cá dar um gozo...

No total, são imputados 167 crimes aos arguidos. Isto, de facto, à dúzia, é mais barato.

Pois eu, que sou um santinho, somente por um comentário televisivo, apanhei com três.

Por acaso, os arguidos do caso Sócrates tiveram muita sorte porque na equipa de procuradores não estava o magistrado Tony Meadow. É que com o Meadow lá metido, o Sócrates também teria sido incriminado por apropriação indevida de nome de filósofo e o Ricardo Salgado por excesso de sal no nome.

In this Reuters photo you can see Tony Meadow producing crimes at his factory in Matosinhos.

In this other Reuters photo you can see how Peter Throw's donkey, named Castro, received the news of the four-thousand-page indictment (with millions of computer files attached) of philosopher Socrates, banker Richard Salted and their accomplices for their 167 crimes, each bearing a prison sentence.

"What a judicial clownery!...", exclaimed Peter Throw in estrangeiro because in Portuguese "Que palhaçada judicial!..." is a crime if Meadow is around.  (And he is really around, in Matosinhos, while Throw is secretly in Oporto visiting his wife to file the Tax return).

But, definitely, this week great Portuguese hero is prosecutor-in-chief Rosary (how nice his sun glasses). He promises 15 more mega-investigations: 15 times 4000 pages is 60 000 pages, so that we can enjoy criminal literature for the rest of our lives.


(*) Uma página A4 mede 29 cm. Já se imaginou a ler um texto com 1160 metros de extensão (4000x29 cm)?

Sem comentários: