26 março 2017

mais importante

Portugal está falido, não por excesso de catolicismo, mas por falta dele. Portugal está falido porque se afastou do catolicismo. Foi isto que afirmei no post anterior e que agora desejo ampliar.

Portugal vinha a crescer enormemente antes do 25 de Abril - na realidade, fê-lo em todo o período do Estado Novo, sem comparação com qualquer outro país da Europa Ocidental. Foi um período de enorme progresso económico e social, que não encontra paralelo em qualquer período da história do país desde que há registos estatísticos.

No dia 25 de Abril de 1974 a Igreja Católica não mudou. Quem mudou foi Portugal.

E como é que Portugal mudou em relação à Igreja Católica?

Afastando-se dela e da sua doutrina.

Como?

É preciso começar por aquilo que é mais importante, antes de tratar outros aspectos menos importantes - e é esse o propósito deste post.

E aquilo que é mais importante é a família.

A doutrina da Igreja estabelece uma hierarquia de instituições, primeiro a família, depois a empresa e só em último lugar o Estado (que é, portanto, subsidiário), correspondente a uma hierarquia nos processos de afectação dos recursos: primeiro a dádiva, depois o interesse pessoal, em último lugar o poder político.

Ora, com a Revolução de 25 de Abril iniciou-se um processo que inverteu esta hierarquia, a qual passou  ser Estado em primeiro lugar, empresa em segundo e só em último lugar a família.

A destruição maciça da família que se tem operado nas últimas décadas - e que pode ser testemunhada pela evolução das taxas de nupcialidade, de divórcio e de fertilidade no país, para já não falar dessas coisas esotéricas como o casamento homossexual ou a adopção por casais do mesmo sexo - é o principal afastamento de Portugal em relação à doutrina católica e o principal factor responsável por Portugal se encontrar falido.

Pois se os portugueses, cada vez menos, conseguem governar uma família como esperam eles poder governar o Estado?

8 comentários:

zazie disse...

"maciça" e marreta

Ricciardi disse...

O país até crescia no estado novo, mas o povo emigrava como nunca. Alguma razão haveria para sair dum regime tão bom.
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O estado até era rico, mas o povo pobretanas, sem acesso a educação e saúde.
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O estado novo e a actual angola tem semelhanças incríveis. Ambos cresciam/crescem fortemente mas a população continuava/continua miseravelmente pobre.
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As relações entre a 'sede' da Igreja católica em Roma e Salazar eram péssimas. Tão más que Salazar já nem disfarçava a antipatia pelo papa. Principalmente pela posição frontal que o papa fazia à política colonial.
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As estruturas nacionais da igreja não tinham a mesma postura que Roma tinha. Por questões táticas. Não queriam hostilizar o ditador e perder posição e influência.
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Rb

Euro2cent disse...

Os nossos donos já não precisam que o gado vulgar tenha famílias. É bom demais para essa gentinha.

Governar o estado é assunto ortogonal, até é mais fácil sem isso, como se vê pela figura junta.

Que não agrade, são ainda outros quinhentos.


Anónimo disse...

Oh! Ricciardi:

Está a dizer que o Estado Novo e Angola actual tem semelhanças quanto à riqueza/ pobreza?
De maneira nenhuma. O Estado Novo tinha muitas reserva em ouro. O Estado Angolano está falido. Salazar pouco tinha. JES está podre de rico.

Ricciardi disse...

Isso, o estado portugues tinha ouro e um povo pobre, assim como angola tem ouro negro e um povo igualmente pobre.
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Mais, o crescimento econômico da época de Salazar é menor em relação à média europeia do que o crescimento em democracia. O período de maior crescimento do estado novo ocorreu com Marcelo Caetano, este sim, o melhor período econômico, que ocorreu já na década de 60.
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Portugal só não cresceu mais antes e se desenvolveu porcausa de Salazar. Mal caiu e deu lugar a outro o país desenvolveu-se.
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Factos são factos.
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Rb

Pedro Sá disse...

O raciocínio deste post cai totalmente pela base.

Pela simples razão de que as pessoas que têm governado o país são de uma época em que não se poderiam notar os efeitos de tudo aquilo a que o PA chama "destruição maciça da família".

José Lopes da Silva disse...

Há 2 factos que ficam sempre atrás.

Um é o de as taxas de crescimento industrial e de PIB serem mais rápidas sempre que uma economia agrícola se industrializa, até chegar a um ponto de estagnação - algo que até a China está a experimentar agora mesmo.

O outro é o da emigração - e é especialmente estranho que o mesmo país que envia tropas para um ponto do mundo envie mão-de-obra para outro. Sim, eu sei que a cultura católica manda conhecer o mundo, mas se os nossos antepassados nos tinham legado um espaço para nós, porque é que as pessoas insistiam em ir para a América e para a França? Foi um duplo voto com os pés - para fora, e para longe do Império.

Se estes factos ficam atrás, estamos a falar de uma Verdade que é parcial e omissa.

José Lopes da Silva disse...

E é omissa noutro ponto: o combustível barato. O crescimento do Estado Novo e do ocidente em geral teve petróleo barato, até aos primeiros choques petrolíferos.

No dia em que sairmos do Euro, como e quanto é que vamos pagar aos sauditas para não andarmos a pé?