28 fevereiro 2014

os obstetras não são corruptos


Por gentileza da Drª Aida Isabel Tavares, da Universidade de Aveiro, recebi o texto do seu trabalho de investigação sobre o número de cesarianas em Portugal. Trabalho que só conhecia através de artigo do Expresso que critiquei aqui no PC.
Nesse trabalho – The demand factors for cesareans in Portugal - some preliminary results – é claramente afirmado o seguinte:
‹‹However, the trade-off between cesarean birth and natural birth is clear. Cesareans have higher risk and are more expensive than natural births, while cesareans are more appropriate under some conditions (Muinelo et al., 2005).››
Ora o que eu disse e mantenho é que, actualmente, os riscos associados às cesarianas são idênticos (ponderadas as diferenças) aos risco associados aos partos naturais. É por essa razão que o NHS dá liberdade de escolha às parturientes e em Portugal se faz o mesmo.
Afirmar o contrário é errado.
As autoras apoiam-se ainda num artigo obscuro de 1963 (Arrow) para afirmar que os procedimentos médicos podem ser induzidos pelos especialistas devido à assimetria de informação entres médicos e doentes. Esta assunção, com que não concordo, merece ser analisada em profundidade, só que não o farei agora.
Vamos ao resto do estudo:
‹‹The most relevant result is the evidence that induced demand for cesareans may exist in Portugal. This comes from the positive and significant coefficient of the number of doctors.
Accordingly, the increase of one doctor results in an increase of cesarean rate by the factor equal to the estimated coefficient 0,007322. The induced demand may come from the doctors’ competition and target-income that they define and not from the number of available beds since the estimated coefficients are not statistical significant.››
E ainda:
‹‹This result is particular relevant for policy makers*, who may wish to control the number of cesareans, and it is interesting to doctors to know that competition between them may be causing a bias in their preferences about cesareans. Women should also be aware of this bias when making their decisions about the delivery form of the newborn. ››
É muito difícil, se não impossível, relacionar o número de especialistas com as causas do número de cesarianas. Em última análise, seria o mesmo que afirmar que “o número de ferreiros está relacionado com o número de ferraduras colocadas”, o que, sendo hipoteticamente certo, nada diz sobre a necessidade das ferraduras.
E no caso das cesarianas, essa necessidade depende apenas de um factor: a vontade expressa das mulheres.
Muito pior é atribuir o elevado número de cesarianas a uma motivação venal – o lucro. As autoras afirmam que ‹‹é possível›› o facto subjacente ser a procura do lucro (target-income), mas esta afirmação é completamente especulativa, não tem carácter científico e difama os obstetras.
O estudo destas cientistas continua a evoluir e eu julgo ter dado um contributo positivo, chamando a atenção para aspectos relevantes do problema. Com boas ideias, sem difamação, sem hipérboles e sem processos de intenção.
*Policy makers do not perform cesareans.

nulamente fundamentados

Da Drª Aida Isabel Tavares recebi o seguinte texto que, como prometido, publico na íntegra:

Caro Joaquim Couto,

se tivesse dado ao trabalho de investigar um pouco mais teria com certeza encontrado o trabalho original e escusava de fazer comentários nulamente fundamentados. Lamento que seja um pessoa pouca esclarecida quanto ao trabalho académico e se limite ao trabalho jornalístico.
Junto envio a síntese do trabalho disponível online.
Cumprimentos

Aida Isabel Tavares

Nota: O trabalho original pode ser descarregado aqui

27 fevereiro 2014

não há cesarianas desnecessárias


O NHS, do RU, há anos que dá às mães a opção de escolher entre cesariana e parto normal (ver artigo bastante completo do Guardian, de 2011, sobre este assunto).
Em Portugal, o MS tem afirmado (julgo que pela boca da ex-ministra Ana Jorge) que as parturientes devem poder fazer a mesma escolha. Esta tornou-se, aliás, uma prática corrente e que reúne um certo consenso entre nós. Se uma parturiente do SNS pedir uma cesariana, os obstetras acomodam essa vontade.
Porquê? Porque os riscos da cesariana e do parto vaginal, neste momento, são idênticos. Há uma vasta literatura sobre este assunto, embora, como sempre em ciência, seja fácil encontrar opiniões divergentes.
A afirmação das investigadoras Aida Isabel Tavares e Tânia Rocha de que: ‹‹A saúde de mães e recém-nascidos pode ser afetada pela realização de cesarianas desnecessárias›› carece de fundamento médico. Uma vez que a mãe pode escolher e a cesariana e o parto vaginal são métodos alternativos, uma cesariana nunca pode ser desnecessária.
Drª Aida Tavares e Drª Tânia Rocha, deixem-me ser muito claro: UMA CESARIANA NUNCA PODE SER DESNECESSÁRIA, porque é sempre necessário que se realize o parto.
No estudo citado no Expresso, afirma-se que se fazem mais cesarianas no privado do que no Público. É verdade, porquê? Porque se fazem a pedido das mães, na maior parte dos casos. Enquanto no SNS raramente as doentes se atrevem a expressar a sua vontade.
Eu não teria escrito este post, contudo, para contradizer as investigadoras, numa matéria que não dominam. Dava de barato que se enganaram, ponto final. Não dignifica a Universidade de Aveiro, mas acontece aos melhores.
Escrevo este post porque as doutoras erraram na área das suas especialidades – economia e gestão. Erraram quando afirmam que se fazem mais cesarianas na privada do que no SNS por motivos económicos.
Passo a explicar, as investigadoras dizem que no SNS  ‹‹o factor indutor das cesarianas é a falta de médicos›› e ‹‹evitar as vigílias››. Ora aqui é que a porca torce o rabo, então a falta de médicos não é uma questão económica? E a vontade de evitar as vigílias não é outra? Os médicos não estarão a avaliar o “custo de oportunidade” de passar uma noite em claro? Optar pela cesariana não é o mesmo que remunerar o médico em descanso?
A única conclusão legítima do estudo é que podem existir factores de natureza económica, tanto no privado como no SNS, a condicionar o número de cesarianas. Mesmo assim, sem sabermos quantas parturientes exigem a cesariana no privado e no público, é difícil tirar conclusões.
Até é possível que se chegue à conclusão que os médicos na privada respeitam mais a vontade das parturientes do que no SNS. Mas será que essa conclusão interessa às investigadoras?
Vou enviar este texto à Drª Aida Isabel Tavares (aida.tavares@ua.pt) e, se ela me responder, prometo publicar aqui a sua réplica na íntegra.

os médicos são corruptos - estudo da Universidade de Aveiro

"Os interesses económicos do setor da saúde justificam em grande parte o aumento generalizado do número de partos por cesariana realizados nos últimos anos em Portugal", conclui Aida Isabel Tavares, investigadora da Universidade de Aveiro.
No estudo, em parceria com Tânia Rocha e agora conhecido, é afirmado ainda que o argumento económico tem influência no setor privado, mas não no Serviço Nacional de Saúde (SNS).
Garantem as autoras - do Departamento de Economia, Gestão e Engenharia Industrial - que nos hospitais públicos o fator indutor de cesariana é "a falta de profissionais suficientes 'para que haja tranquilidade' na hora de decidir".
Por outras palavras: "Perante o cansaço causado por turnos prolongados, e na presença de trabalhos de parto morosos, a decisão pela cesariana tende a ser tomada para evitar a vigília médica durante a madrugada".


Comentário: Mais logo comento. Um prémio para quem for capaz de explicar porque é que este estudo está enviesado e porque é que revela grande ignorância económica

25 fevereiro 2014

a tradição portuguesa

Os portugueses têm sorte, não têm que importar nenhum modelo politico-social pensado por estrangeiros, só têm que redescobrir, exigir, ou acima de tudo, praticar, o seu municipalismo, e eu iria mais longe, o seu freguesismo e bairrismo. Nem que seja preciso dar a independência a Lisboa.

24 fevereiro 2014

"A democracia não é a solução; é o problema"

Hans Hermann Hoppe

http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=398

"No entanto, o valor das crianças irá novamente cair, e as taxas de natalidade irão declinar, como resultado do Sistema de Seguridade Social, pois ao se subsidiar os aposentados (os velhos) por meio de taxas impostas sobre os atuais assalariados (os novos), a instituição da família — o elo intergeracional entre pais, avós e filhos — é sistematicamente debilitado.  Os idosos não mais precisam depender da assistência de seus filhos caso não tenham feito provisões para sua própria velhice, e os jovens (que tipicamente têm menos riqueza acumulada) é que passam a ter de sustentar os mais velhos (que tipicamente têm mais riqueza acumulada) ao invés de ser o contrário, como é típico dentro das famílias.  O desejo dos pais por mais filhos, e a consideração dos filhos por seus pais, irão declinar, a decomposição familiar e as famílias disfuncionais irão aumentar e a postura frugal — poupança e formação de capital — irá cair, levando a um aumento do consumismo. '

(...)

Após menos de cem anos de democracia e redistribucionismo, os resultados previsíveis estão aí.  O 'fundo de reserva' que foi herdado do passado está aparentemente exaurido.  Por várias décadas, o real padrão de vida estagnou ou até mesmo caiu no Ocidente.  A dívida 'pública' e o custo da atual seguridade social e do sistema de saúde criaram o prospecto de um iminente colapso econômico.  Ao mesmo tempo, quase todas as formas de comportamento indesejável — desemprego, dependência assistencialista, negligência, temeridade, incivilidade, psicopatia, hedonismo e criminalidade — aumentaram, e os conflitos sociais e a dissolução da sociedade atingiram níveis perigosos.  Se a tendência atual continuar, é seguro dizer que o estado de bem-estar social (a social democracia) do Ocidente irá desmoronar assim como o socialismo do Oriente (de estilo russo) desintegrou no final dos anos 1980.

(...)

Além disso, junto a essa estratégia é necessário reconhecer a avassaladora importância da secessão e dos movimentos separatistas.  Se as decisões da maioria estão sempre 'corretas', então a maioria de todas as possíveis maiorias — uma maioria mundial e um governo democrático mundial — deve estar supremamente 'correta', sendo as consequências disso aquelas previstas no início desse artigo.  

Em contraste, a secessão sempre envolve a ruptura de grandes populações em pequenas populações.  É portanto um voto contra o princípio da democracia e do majoritarismo.  Quanto mais profundo for o processo de secessão — ao nível de pequenas regiões, cidades, distritos, povoados, vilarejos, chegando até, em última instância, a famílias individuais e associações voluntárias de famílias e firmas —, mais difícil será manter o atual nível de políticas redistributivas.

Ao mesmo tempo, quanto menores forem as unidades territoriais, maior será a probabilidade de que alguns poucos indivíduos — baseando-se no reconhecimento popular de sua independência econômica, extraordinários feitos profissionais, vida pessoal moralmente impecável, superior capacidade de julgamento, coragem e bom gosto — irão ascender na hierarquia das elites naturais e voluntariamente reconhecidas, e emprestar legitimidade à ideia de uma ordem natural formada por pacificadores, juízes e jurisdições sobrepostas — como existe mesmo atualmente na arena do comércio e do turismo internacional —, todos eles concorrenciais (não monopolistas) e voluntariamente financiados."

23 fevereiro 2014

alerta aos conservadores

O fim da declaração conjunta de IRS é o maior ataque à família, às mães de família e às donas de casa, jamais perpetrado em Portugal.
A declaração individual desvaloriza o contributo da mãe que fica em casa a educar os filhos. Os católicos e conservadores laicos devem mobilizar-se contra esta possível medida.

alerta aos comunistas

O fim da declaração conjunta de IRS será devastador para milhares de famílias com filhos, em que só um dos cônjuges trabalha por desemprego do outro.
Se estais interessados na defesa dos mais desfavorecidos, tendes aqui uma oportunidade de ouro de fazer a diferença, lutando contra o fim da declaração conjunta.

amigo das famílias?

A notícia da indicação do advogado, especialista em direito fiscal, Rui Morais, para presidir à Comissão para a Reforma do IRS, (publicada a 15 de Fevereiro de 2014, pp.22) incluía no último parágrafo, o seguinte texto: “A possibilidade de os contribuintes casados apresentarem a sua declaração de IRS em separado é uma das medidas a estudar, no âmbito da ideia de tornar o imposto mais “amigo das famílias”. Estas, em 2013, pagaram 12.308 milhões de euros de IRS. A questão é saber se o imposto vai descer, e como.”

Não a notícia, mas a referência ao slogan que vem sendo utilizado, “um IRS mais amigo das famílias”, provocou por parte de uma Leitora, devidamente identificada, uma reacção, sobretudo, descontente, com a ressonância da expressão glosada pelo jornalista sem um questionamento crítico. Escreve a Leitora: “Naturalmente, o jornalismo deontológico e sério tem o dever de apreciar criticamente o que lhe é transmitido e de se interrogar a seu respeito, de modo a evitar ser instrumentalizados por terceiros.” E mais adiante acrescenta: “Se esta entrega em separado vier a ser obrigatória, as famílias pagarão mais IRS (segundo a Leitora conforme alguns casos que exemplifica), pelo que se tratará de um logro.” E continua: “O F.M.I. bateu-se pela entrega individual (e não familiar) das declarações de IRS, pois o valor assim arrecadado aumentaria significativamente”. O PÚBLICO – diz a Leitora – noticiou-o no Verão de 2013. “A função do escrutínio jornalístico não pode ser senão obrigar a clarificações.”



NADA

Não tinha nada para dizer no congresso

22 fevereiro 2014

os nossos defeitos são as nossas principais virtudes


Na sua crónica de hoje, VPV continua a análise das causas da decadência nacional. Referindo Antero de Quental, evoca três razões fundamentais, cito:
‹‹Educados na hipocrisia e na imoralidade pelo Catolicismo, na resignação e na dependência do Estado pelo Absolutismo e no desprezo pelo trabalho pelas Conquistas, os portugueses não se recomendavam à geração de 70››.
... e por isso, conclui:
‹‹Portugal está “desempregado”. Ninguém precisa dele e ele precisa urgentemente de sair da sua velha irrelevância››.
Independentemente de concordarmos, ou não, com as teses de Antero, uma coisa parece certa: é que não iremos sair da crise negando as nossas raízes católicas, o nosso espírito colectivista e o gosto pelo risco.
Pelo contrário, o catolicismo pode dar-nos os valores de que precisamos, incluindo a hipocrisia necessária para vivermos em sociedade. A resignação e a dependência do Estado podem permitir-nos fazer as reformas necessárias sem saídas à ucraniana. E o espírito de conquista é fundamental para a inovação e empreendedorismo de que tanto precisamos.
O grande erro da geração de 70, tão citada por VPV, foi desprezar as características que nos diferenciam dos outros e que nos podem dar vantagens estratégicas.
De todas as que Antero menciona, convivo bem com a hipocrisia e a imoralidade católica, que prefiro à exposição nua e crua da bestialidade humana. Aprecio o espírito de conquista. E só me causa um certo prurido a dependência do Estado.
Contudo, até esta dependência pode ser usada a nosso favor por uma liderança iluminada. Uma liderança que pretenda ajudar Portugal e não ajudar-se a si própria.

21 fevereiro 2014

trabalho doméstico = escravatura

No nosso contexto, o fim da declaração conjunta de IRS para os casais equivaleria a condenar as mães de famílias e as donas de casa à escravatura - trabalho não remunerado.

conjunta/ separada


PWC

declaração de IRS conjunta ou separada

O Governo admite a possibilidade de os contribuintes casados poderem vir a apresentar a sua declaração de rendimentos em separado.
"A possibilidade de permitir que os agregados possam apresentar as suas declarações de IRS em separado pode ser um caminho a explorar no âmbito da reforma do IRS", afirmou ontem o secretário de Estado dos Assuntos Fiscais, Paulo_Núncio, numa conferência organizada pela Associação Fiscal Portuguesa (AFP). No entanto, para isso é necessário que a comissão para a reforma do IRS, que será brevemente anunciada, o proponha e só depois será ponderada pelo Executivo.
A discussão não é nova e Paulo Núncio frisou que Portugal é dos poucos países na Europa, junto com a Irlanda e França em que os casais ainda apresentam a declaração em conjunto.
DE 
Comentário: A questão da declaração de IRS para as famílias ser conjunta ou separada é extremamente importante. Como decorre desta notícia recente, não é claro que o governo pretenda manter a possibilidade da declaração conjunta.

surpreendente

"A vida das pessoas não está melhor mas o país está muito melhor" - Luís Montenegro

Comentário: O País não são as pessoas?

+ 1 década

Para Portugal corrigir o seu endividamento externo, os salários têm de continuar a desvalorizar durante, pelo menos, mais uma década. A conclusão é da Comissão Europeia, que estima que as remunerações na economia portuguesa ainda estão "sobreavaliadas entre 2% e 5%".

Comentário: Permitam-me recorrer ao célebre - Fuck the EU

20 fevereiro 2014

ataque às mães e donas de casa?


O governo tem anunciada uma reforma do IRS que promete alterar o regime de declaração conjunta para os casais. Se a declaração separada passar a ser o “default mode”, muitas famílias vão pagar mais.
Deixando de ser possível a declaração conjunta, estaríamos perante o maior ataque à instituição familiar jamais perpetrado em Portugal. Refiro-me, em particular, às famílias numerosas em que só um dos cônjuges trabalha.
Vamos analisar um exemplo prático. O Sr. José aufere 4.000,00 € brutos/ mês e a esposa trabalha em casa. Têm 3 filhos, 1 com menos de 3 anos e 2 mais velhos. Se declararem em conjunto pagam 12.983,52 € de IRS (uma taxa de 23,18% em 2013); se declararem separadamente, o Sr. José vai passar a pagar 16.783,37 € (29,97%) e a esposa não paga nada. Um aumento de quase 400,00 € por mês.
Com o desemprego prevalecente, penso que há muitas famílias em que só trabalha um dos cônjuges. Por outro lado, nas famílias numerosas, a dona de casa faz falta no lar.
O governo tem vendido o fim da declaração conjunta como uma vantagem para as famílias. É possível que exista alguma vantagem para famílias em que ambos os cônjuges trabalhem e aufiram rendimentos idênticos (podem ter mais deduções?).
Contudo, para as famílias numerosas que dependem da dedicação e do esforço das donas de casa, é quase certo que terá lugar um agravamento “enorme”. Esperemos que o bom-senso prevaleça e que o governo venha a permitir as duas modalidades: conjunta e separada.

um bando de ladrões


Durante demasiado tempo não entendi o despudor com que o fisco, em Portugal, esmifra os contribuintes. Um mínimo de bom-senso limitaria o esbulho, com a mesma dedicação que o feliz proprietário de uma galinha dos ovos de ouro trata a poedeira de tal tesouro.
A explicação é de uma simplicidade perturbante: a maior parte dos nossos políticos e governantes tem uma visão marxista da economia e acredita que todo o lucro resulta do roubo – da exploração do homem pelo homem. Assim sendo, extorquir as pessoas que criam riqueza para o País é tão desculpável como roubar um ladrão. Ora, quem é que se dispõe a lidar com um ladrão com diplomacia e salamaleques?
- Passa mas é pra cá o nosso e cala a boca – parece a atitude predominante. E se a minha interpretação estiver correta, até que é bem ajustada a quem pensa que está a lidar com ladrões.

... tem sempre uma desculpa

Quem quer f___r ... tem sempre uma desculpa

PS propõe grande parada militar para o 25 de Abril


Albuquerque afasta Macedo

Hospitais passam a ser "geridos" pelo secretário de Estado do Orçamento

não há alternativas à austeridade

Um estudo fatal para a esquerda

19 fevereiro 2014

um boa análise

Há 200 anos que a esquerda deseja libertar os trabalhadores de trabalhar

o mundo pós-socialista

Seguro: até tu, Itália? Também tu, Europa?

Espanha, ventos de mudança chegam agora à direcção do “El País”

Comentário: Em 2008, eu fui o primeiro a avançar com um argumento contrário ao pensamento maioritário da altura. Quando todos profetizavam o fim do capitalismo, eu previ que a crise de 2008 representava, isso sim, o fim de um certo socialismo.
A capitulação de Hollande foi a certdão de óbito. Os artigos que linkei acima apenas demonstram o impacto final da onda que começou a formar-se em 2008.
Bem-vindos ao mundo pós-socialista.

18 fevereiro 2014

segurem-se II

Necessitamos de um tribunal especial para vítimas de afogamento

idade do gelo

É inquestionável que há menos erupções solares e é quase garantido que este fenómeno está associado a um significativo arrefecimento da Terra.
Para que os taradinhos do aquecimento global não tenham uma "ejaculação precoce" mental, aqui fica um artigo do Huffington Post.

17 fevereiro 2014

they are feeling the crunch...

Cientistas norte-americanos já previam uma nova "mini-idade do gelo" em 1971. E aí está ela... com todo o seu impacto económico:

...cities are feeling the crunch. “They’re paying more to clear the snow.” But it’s worse: “Fifteen billion in not going to restaurants, not going to the movies. That’s never going to come back,” she said.

Comentário: Portugal pode beneficiar imenso desta situação, se actuarmos a tempo.

realmente

A política do actual governo - PSD/CDS - é comunista

Fernando Ulrich

16 fevereiro 2014

o lobby anti-ADSE II

Não tive de esperar muito tempo até perceber a razão de ser desta notícia. Era o lobby anti-ADSE a rabiar.










Recomendo a leitura da reportagem do Público de hoje sobre a ADSE:
  1. Ministério assume que fim da ADSE levaria a aumento das listas de espera no SNS
  2. Governo admite abrir ADSE a trabalhadores do Estado com contrato individual
  3. Privados elogiam, mas dizem que os utentes pagam mais do que o Estado

Andam a contar-nos uma grande história

Pedro Soares dos Santos garantiu que o grupo Jerónimo Martins mantém o compromisso com Portugal – apesar de a rede Biedronka, na Polónia, ser o motor das vendas da retalhista.
O gestor afirmou que Janeiro correu bem ao grupo, mas alertou para o perigo da deflação. “O negócio este ano arrancou muito bem, mas com um aspecto muito preocupante: passámos o mês de Janeiro com uma deflação de 5% nos preços. É muito preocupante para um país como o nosso”, frisou, apontando o efeito das promoções. E sublinhou que nos seus supermercados não nota que os portugueses tenham mais rendimento disponível para consumir.
O empresário mostrou-se ainda descrente quanto à saída da crise. “Não saímos dela em Maio, porque temos uma dívida para pagar e precisamos de um perdão de dívida ou de uma renegociação com muitos anos, senão não saímos disto”, defendeu, acreditando que a retoma de consumo vai tardar porque a carga fiscal aumentou. “Andam a contar-nos uma grande história”, disse, adiantando que a Jerónimo Martins contabiliza diariamente os consumos “e as pessoas não estão a gastar mais”.

15 fevereiro 2014

segurem-se

Fico à espera que o PS proponha um Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) só para empresas estrangeiras que invistam em Portugal, para evitar casos destes.

14 fevereiro 2014

o lobby anti-ADSE


‹‹Afasto-me porque cada vez que os socialistas veem qualquer coisa grande e que funciona bem querem logo deitar-lhe a mão›› - Winston Churchill, no WC do parlamento do RU, dirigindo-se a um colega socialista para justificar a sua escolha de um urinol mais afastado.
...
A ADSE é um sistema de “managed care” de excelência, tem 1,3 milhões de beneficiários, consome apenas 1,5% dos seus recursos na gestão e não gasta 1 tostão do OE.
Como não sou economista, deixo aqui um estudo muito bem documentado do Eugénio Rosa sobre este assunto. Este autor, não só afirma que a ADSE não gasta recursos do OE como demonstra que, em 2014, a ADSE vai contribuir para financiar o OE.
Há uns dias atrás, depois de ler este estudo, deixei aqui um post com o título jocoso: A ADSE não vai acabar porque dá lucro ao Estado, e de facto assim é.
Contudo, o lobby anti-ADSE não está contente. Continua a clamar pelo seu fim, com argumentos requentados e falsos.
Uns por motivos ideológicos, porque são adeptos do chamado “single payer”, outros por inércia mental. Gostaria de incluir neste último grupo um Adão, o RAF.
1.    Boa parte dos portugueses não compreende como é que o Estado impõe constitucionalmente um SNS a todos os cidadãos, mas depois alimenta um subsistema altamente consumidor de recursos reservado a uma parte dos funcionários públicos.

2.   No debate da ADSE importa sobretudo saber no final de contas quem a paga.

3.     A única solução que defende integralmente o interesse do contribuinte passa pela liquidação da ADSE.
Ora o estudo que citei demonstra, de forma objectiva que 1) o Estado já não alimenta a ADSE, 2) Quem a paga são os funcionários públicos – este ponto é claríssimo, 3) É do interesse dos contribuintes manter a ADSE porque a contribuição dos funcionários públicos gera um saldo positivo superior a 300 M€ para o Estado.
Quando li o artigo do RAF e este post, não comentei porque todos temos direito à distração e o RAF ainda mais porque nos compensa com muitos outros posts excelentes. Desculpado, portanto, embora registe o seu apreço por ruminar este assunto, sem o dissecar adequadamnete.
Se o faço hoje, é na sequência deste título do JN que demonstra a existência do tal lobby anti-ADSE. O JN chama à capa uma fraude que envolve a ADSE e que representa um prejuízo para a ADSE (não para o Estado, pelos motivos que expus) de 1770,00 € - cerca de 0,000002% do orçamento da ADSE (fiz as contas de cabeça).
Alguém se entusiasmou ‹‹com uma coisa grande e que funciona bem›› e querem-lhe deitar a mão de qualquer jeito.
Acredito que o RAF, depois de ler o ensaio do Eugénio Rosa, não vai continuar a dar para esse peditório, mas se insistir não serei eu a comentar porque esgotei os argumentos racionais e não gosto de outros.

uma meia-verdade

Uma meia-verdade é pior do que uma mentira porque é mais difícil de contradizer. Quando alguém afirma que o Estado Social libertou o indivíduo é uma meia-verdade. O Estado Social libertou os beneficiários (a parte de verdade), mas escravizou os contribuintes (a parte escamoteada na afirmação).

A verdade completa é que o acesso a recursos financeiros ou de outra natureza liberta o indivíduo - o dinheiro liberta - e o confisco escraviza. Ora ninguém pode invocar a necessidade do Mal para justificar o Bem.

13 fevereiro 2014

não têm sentido de humor


A é A e não ~A
A lógica é a ferramenta da inteligência. Começa com a identificação: A é A e o reconhecimento de que não é ~A (a negação de A). Algo não pode ser o que é e o seu contrário.
Trata-se de um princípio elementar mas que não está ao alcance de todos. Os indivíduos com QI próximo da temperatura ambiente, em graus Fahrenheit, não caracterizam a realidade do modo necessário e, portanto, acabam por confundir o que quer que seja com o seu contrário.
A partir daqui, qualquer abstração torna-se impossível e é por isso que o burro nunca generaliza, concretiza. Não abstrai, materializa.
O que é um pobre? A pessoa inteligente procurará caracterizar o “pobre”. A vítima de pobreza absoluta, o pobre estatístico (menos de 60% do rendimento médio) ou até o pobre de espírito. O burro baralha tudo e, quando fala dos pobrezinhos, ninguém sabe do que está a falar.
Se confrontarmos o burro com as dúvidas que o seu “discurso” levanta, o burro sofre uma metamorfose e transforma-se numa besta. Surgem as afrontas e as ameaças. O burro sabe que é impossível insultar uma pessoa mais inteligente, apenas dispara em todas as direções, para esconder a sua monumental ignorância.
Não adianta pedir ao burro recato e estudo. Tal é “muita areia para a sua carruagem”. Pensem nesta impossibilidade como um défice de memória num computador, é assim.
Como pessoa inteligente, tenho imensa paciência com a burrice. Aos meus olhos clínicos, o burro é um deficiente e as deficiências pedem compaixão. Só há uma características dos burros que me enerva, a falta de sentido de humor.
Como não consegue caracterizar a realidade, o burro também não consegue perceber as associações subtis. Faz uma leitura literal do que vê e ouve, criando situações patéticas.
Costumo libertar-me dessas situações dizendo qualquer coisa enigmática que deixe o burro a pensar, a pensar, e a pensar....
- Olhe, – digo – o que tem de ser pode muito – e vou à vida.

a estupidez destrói a confiança e a coesão social


A inteligência pode ser definida como a capacidade de resolver problemas. É um ativo precioso, mas escasso, que não deve ser confundido com o conhecimento.
Há inteligências fulgurantes entre os brutos e analfabetos e, pelo contrário, há muitos doutores que são burros como uma porta. O conhecimento livresco é mais útil a uma pessoa com QI elevado, mas pode ser adquirido por um básico. Daí se dizer que ‹‹um burro carregado de livros é um doutor››.
Uma pessoa inteligente aprende a navegar no mundo do conhecimento, da filosofia e das ciências. Toma distância da realidade, seleciona os elementos que lhe interessam e depois articula-os de forma lógica. No final, desenvolve uma visão singular do Universo que utiliza para nortear a sua vida.
Um burro não consegue realizar esta tarefa. Os conhecimentos parecem-lhe peças soltas de um puzzle infernal que o próprio sabe que não tem capacidade para resolver. Em vez de se distanciar da realidade, aproxima-se dela; em vez da floresta, concentra-se nas árvores, e no fim vagueia perdido pelo mundo. Anda por aí por ver andar os carros elétricos ou, como diz a populaça ‹‹não distingue a estrada da Beira da beira da estrada.
Ao contrário do que se pensa, uma pessoa inteligente tem mais possibilidade de ser feliz, a afirmação contrária é estúpida. Os inteligentes resolvem os seus problemas e desfrutam da vida. Os burros sofrem a angústia da sua incapacidade, as soluções passam-lhe ao lado.
Grande parte da miséria do mundo é provocada por pessoas estúpidas, especialmente nos países democráticos. Uma vez que a inteligência é um bem escasso. Trata-se de um verdadeiro atraso de vida para os inteligentes que têm de despender tempo e recursos para “tapar os buracos” abertos pela estupidez humana.
Estupidez que raramente conhece limites e que normalmente vem aliada à falta de urbanidade e até à criminalidade. Daqui se lamentar que Deus tenha colocado limites à inteligência do Homo Sapiens, mas se tenha esquecido de colocar limites à estupidez.
Por fim, é necessário alertar para que a estupidez destrói a confiança e a coesão social. Porquê? Porque o estúpido é imprevisível, as suas ações estão desarticuladas: “dão sinal para a direita e viram para a esquerda”...
Resta aos inteligentes andarem com uma mão à frente e outra atrás, tarefa que as crises e a democracia dificultam bastante.

falta de confiança nas elites

"The Swiss government failed in its dealings with the people to convince them of the merits of the system," Schneider-Ammann told a small gathering organized by the Swiss Consulate in Frankfurt, Germany.
"It's as if our citizens believe that free markets do more damage than good."
In the past, arguments put forward by lobby groups had held greater sway, Schneider-Ammann said.
"There is a break in trust between business, citizens and the political elite," he said.
Comentário: Considero muito importante esta reflexão do ministro da economia suíço. Se a população não confiar nas elites, o país torna-se ingovernável.

12 fevereiro 2014

Pax - EUA


ordem natural - direito arbitral, o caso da Irlanda

Retirado da wikipedia: Early Irish law

* Características gerais: a ausência centralizada de legislação, recorrendo a juristas arbitrais
"Early Irish law, sometimes called Brehon law, comprised the statutes which governed everyday life in Early Medieval Ireland."  
"The laws were a civil rather than a criminal code, concerned with the payment of compensation for harm done and the regulation of property, inheritance and contracts; the concept of state-administered punishment for crime was foreign to Ireland's early jurists."  
"Ireland had no regular central authority capable of making new law and hence the Brehon laws were entirely in the hands of the jurists."  
"The early Irish laws are devoid of a state centred enforcement mechanism and at least some of the judges were outside the state apparatus. This did not mean that the laws were ineffective, rather the methods of enforcement of legal procedures worked in such a way to fit with the conditions of society." 
* Os seguros de responsabilidade civil/penal

A tradução moderna, que se substitui o "surety" prestado pelo grupo familiar estendido, é a presença e exigência de seguros de responsabilidade para se relacionar com terceiros. Seja para certificar o bom comportamento antes da sua inclusão, seja para assegurar terceiros que em caso de dolo ou acidente, a vítima (contraparte de negócio ou relacionamento civil) é compensada.
"Sureties were the prime enforcers in early Irish law. They were not government officials, but rather sureties who were appointed to enforce a contract or other legal relationship.Berad Airechta, the law tract that deals most with sureties, offers formulaic speeches the contractors may have recited ceremonially to appoint sureties and make the sureties swear to perform their duties properly. In addition to sureties appointed for specific contracts, relatives might be expected to act as sureties in cases where they were not specifically bound. However, there is also evidence that most sureties were either relatives or lords of the contractor.[73]" 
* O caso da pena de morte

O caso dos assassinos e a pena de morte é curioso, porque eu há muito tempo que comento que a pena de morte foi algo incentivado pela estatização crescente do direito, depois contido por considerações progressistas. Num conceito de ordem natural objectiva, a compensação da vítima é a prioridade, e nesta prioridade, não é do interesse da vítima que o criminoso fique inabilitado de compensar. Assim, no caso de assassínios, a pena de morte será então usada em última escolha. E parece ser o caso:
"Murder and avoidance of capital punishment[edit] Early Ireland has the distinction of being one of the first areas to shun capital punishment. While a murderer might be killed for his/her crime, this was the option of last resort. Instead the murderer typically had to pay two fines. One is the fixed éraic or cró, that is either a "body fine" or a "wergild", and the other is the Log nEnech, an honour price owed to the kin of the victim that varied according to the status of the kinsman to whom it was owed and the closeness of his relationship to the victim. Should the murderer be unable to pay by himself, his family was normally responsible for paying any amount the murderer could not pay. Should the family be either unable or unwilling to pay, the victim's family took custody of the murderer. At this point, the victim's family had three options. They could await payment, sell the murderer into slavery, or kill the murderer. Even then, the monetary possibilities may have discouraged capital punishment in some cases. In certain cases, though, where the murderer and victim were relatives, capital punishment could not be carried out as it would make the executioner commit fingal or kin-slaying."

é raro surgirem ideias interessantes nos blogues

A filosofia "morreu" porque os filósofos não acompanharam o desenvolvimento científico.

Stephen Hawking - 2011

Quem só sabe filosofia, nem de filosofia sabe.

Joaquim Sá Couto - 2014

Idiota(s). Nem sabe(m) o que diz(em).

Zazie - na Cx de comentários do post anterior

quem só sabe filosofia, nem de filosofia sabe


A nossa História começa no Big Bang, com a origem do tempo e do espaço, da energia e da matéria. Para a estudarmos necessitamos da física.
Quando os átomos e as moléculas começaram a interagir, entramos noutro patamar existencial que é analisado pela química.
Mais tarde surgiu a vida. O estudo dos seres vivos é o objecto biologia.
Por fim surgimos nós, o Homo Sapiens, há cerca de 200.000 anos. Para nos estudarmos necessitamos da filosofia.
Gosto de olhar para esta sequência de eventos, do Princípio até ao presente. Ajuda-nos a perceber a natureza das ferramentas teóricas de que um homem moderno necessita para compreender o mundo – física, química, biologia e filosofia. Este é o novo “quadrivium”.
Não é possível qualquer reflexão filosófica útil sem conhecimentos de biologia, como não é possível estudar biologia sem conhecimentos de química e de física. No curso de medicina, por exemplo, a química e a física fazem parte do curriculum do 1º ano.
Será por isso que os médicos estão particularmente habilitados para estudar filosofia? Na minha opinião sim, já saem da faculdade com o “trivium” e só necessitam de anexar a disciplina seguinte – a filosofia.
Por outro lado, os licenciados em filosofia (reparem que não disse filósofos) estão particularmente desabilitados para compreenderem a sua própria disciplina porque lhes faltam as bases.
É caso para dizer ‹‹que sem só sabe filosofia, nem de filosofia sabe››.

uma narrativa interessante


a origem - erros jurídicos

"In 1848 the House of Lords ruled in the case of Foley v. Hill and Others:
The money placed in the custody of a banker is, to all intents and purposes, the money of the banker, to do with as he pleases; he is guilty of no breach of trust in employing it; he is not answerable to the principal if he puts it into jeopardy, if he engages in hazardous speculation; he is not bound to keep it or deal with it as the property of his principal; but he is, of course, answerable for the amount, because he has contracted." 
 O erro é crasso, repare-se na contradição de iniciar a frase com o termo "custódia":
 "The money placed in the custody of a banker" 
 para em seguida dizer, que a coisa em custódia passa a propriedade do banco:
"is, to all intents and purposes, the money of the banker, to do with as he pleases" 
Nesta aberração jurídica comprova-se naquilo que uns espertinhos classificam de "ignorância de algum povo" que coitados, julgam que ao depositar à ordem as suas poupanças monetárias (e não expressamente constituir uma operação de crédito ao banco a prazo) julgam ter a sua poupança monetária segura e guardada em custódia, coisa que é suposto os bancos fazerem com ganhos de escala (conduzindo a custos e preços minimizados pelo serviço de custódia) na oferta do serviço de uma conta corrente de débitos e créditos de um bem fungível - moeda, sem que o cliente tenha propriamente de pensar em alugar um cofre.

Ainda hoje existe essa percepção quanto mais por todo o século 19 e 20. A percepção do povo "ignorante" está na verdade certa, a estupidez jurídica enrolada no interesse dos bancos e poder é que não.

PS: de resto, os clientes bancários também depositam em custódia títulos financeiros (acções e obrigações) fungíveis nos bancos. Alguém se lembraria de dizer que ao depositar em custódia tais títulos, os bancos podem fazer com eles o que quiserem?

a importância dos estados de alma


Os “estados de alma”, tão estigmatizados pelos tecnocratas, são essenciais na gestão, seja da coisa pública seja da privada.
São os estados de alma que dão cor aos modelos económicos, aos gráficos e aos “relatórios & contas”. Sem estados de alma, sem sentimentos e emoções, todas as possibilidades pareceriam exequíveis e todo o processo decisório ficaria inquinado à partida.
Os políticos e gestores devem ler o António Damásio para compreenderem a interação subtil entre a emoção e a razão. A rutura desta interação paralisa e incapacita o indivíduo. Isto é, sem estados de alma “anything goes” e “nothing goes”.
Que personalidade poderíamos atribuir a um indivíduo que minimizasse a importância dos estados de alma na sociedade? Obviamente não teria características femininas porque nenhuma mulher se alienaria dos seus “estados de alma”. Também não teria características masculinas, porque a testosterona encarrega-se de distribuir a circulação do sangue pelo corpo de modo a que o cérebro não saia demasiado favorecido e declare a independência
Eu penso que a desvalorização dos estados de alma corresponde a uma atitude neutral, nem feminina nem masculina... talvez a mais adequada a um eunuco.
Ora, que tipo de sociedade, empresa ou governo, delegaria o seu futuro num eunuco?

11 fevereiro 2014

E em Portugal

"The gold standard did not collapse. Governments abolished it in order to pave the way for inflation. The whole grim apparatus of oppression and coercion, policemen, customs guards, penal courts, prisons, in some countries even executioners, had to be put into action in order to destroy the gold standard." Mises

"Em finais de 1890, o meio circulante nacional era essencialmente constituído por moedas de ouro inglesas (74%), moedas de prata e de cruponíquel portuguesas (12%) e moedas de ouro de cunho nacional (6%). O peso na massa monetária das notas do Banco de Portugal era inda muito reduzido (8%), vigorando a total convertibilidade destas em moeda metálica. Decorrente da grave crise económica e financeira que assolou o país no início de 1891, o valor comercial do ouro passou a ser cotado com um ágio sobre o valor legal das moedas, o que as fez desaparecer de circulação e obrigou à suspensão da convertibilidade das notas." Em A Circulação Monetária na Época do Escudo Português

Várias notas:
- a imprecisão no uso de termos e ideias leva a que quase tudo de importante parecer escapar ao autor e depois aos leitores.
-  as notas e depósitos foram "convertíveis" em ouro por séculos, porque são suposto corresponderem a "depósitos" de ouro e prata física. Se assim não fosse, porque iria alguém depositar ouro e prata à ordem, para receber algo que apenas promete entregar de volta se por acaso tiver reservas suficientes para isso?
- "Convertíveis" é um termo já de si, a meio caminho do criminoso. As notas correspondiam a certificados de depósito de coisa física. O uso do termo "convertível" em si mesmo pretende disfarçar o aspecto contratual.
- A "grave crise económica e financeira de 1891" dá-se depois de um período de expansão (vulgo bolha) cuja origem deve ser recentrada na própria expansão artificial do crédito e títulos supostamente "convertíveis" em ouro.
- A afirmação que "o valor comercial do ouro passou a ser cotado com um ágio sobre o valor legal das moedas" diz-nos que logicamente notas e depósitos com risco de default (como qualquer banco que tem realmente menos moeda que a moeda que diz ter aos depositantes - uma fraude em substância) valem menos que a coisa propriamente dita  - o ouro e prata física.
- "desaparecer de circulação" acontece porque a lei pretende forçar que notas e depósitos em risco de default e assim desvalorizadas têm legalmente que valer o mesmo que a coisa física. Como tal, as pessoas passam a pagar com a má moeda (notas e depósitos), guardando para si toda a boa moeda (ouro e prata física).
- "obrigou à suspensão da convertibilidade das notas", é uma forma de exprimir a expropriação e proibição do uso do ouro e prata físico como moeda. Tal como Roosevelt fez em 1933.
Tudo isto para proteger quem induz e beneficia das bolhas económicas de serem punidos nas inevitáveis crises. Espero que os tradicionalistas percebam a origem da sua grande e justificada desconfiança, ainda que não totalmente inteligível, pelo negócio bancário, hoje suportado numa instituição centralizada, como os Bancos Centrais, que perpetua e amplia, todos os males, que antes, apesar de tudo, eram mais localizados e menos amplos.