06 novembro 2013

Plano B

O governo devia declarar que em caso algum subirá impostos novamente e que em caso de chumbo pelo TC ficará nas mãos da troika um plano de default controlado (obrigando a pensar no que fazer aos Bancos nacionais, a sua carteira de dívida pública e os depósitos) e o que implicará por inerência de tesouraria a um défice 0 imediato, ou seja, a cortes (o mais simples seria uma redução proporcional em todos os items de despesa exceptuando tudo o que afecte os rendimentos mais baixos) de salários e outras despesa dependente do OE muito maiores do que o previsto. Não vejo outra forma de se provar que 2+2=4.

No problema expecífico das pensões de reforma na sua componente não-redistributiva é preciso que se clarifique que a sua receita ordinária resulta da TSU (do trabalhador e da dita paga pela entidade empregadora, ou seja, cerca de 28% sobre o produto do trabalho) que deve constituir o limite da despesa total com pensões de reforma, obrigando assim a ir descendo estas de forma proporcional à receita disponível. O mesmo se deve aplicar à CGA.

PS1: O que se passa actualmente é uma mentira estrutural, não só parte da população continua a pensar em termos de "descontos feitos durante uma vida", como depois nem sequer a "taxa" cobrada para o efeito é suficiente ficando o cumprimento dependente de transferências crescentes do OE, prolongando a ilusão por mais tempo. Esta situação favorece todos os actuais e futuros reformados que beneficiam no curto prazo com a manutenção do actual status quo, enquanto os futuros reformados podem vir a ser confrontados com uma situação imediata de colapso ou onde o ajustamento será aplicado de forma súbita e dramática.

PS2: Se a população for confrontada com a verdade do sistema, duvido que não começasse a hesitar sob a bondade do sistema, e talvez preferir ter um salário líquido substancialmente maior (mais 43% para quem tiver uma taxa efectiva final de IRS de 20%), assumindo a responsabilidade da gestão da seu futuro como idoso e voltando-se a reconstruir mecanismos de solidariedade familiar e da comunidade (que hoje em dia assume formas muitos mais acessíveis em termos de auto-organização), incluindo preocupar-se com a sua própria taxa de natalidade como mecanismo de segurança para a velhice.

3 comentários:

Anónimo disse...

Muito bom! A responsabilização é o melhor remédio. alice goes

Ricciardi disse...

Relativamente às reformas e pensoes do reg contributivo eu sou da opiniao de que devia ser de capitalizacao individual. Privado ou publico, nao interessa.
.
Relativamente aos restantes subsidios sociais os mesmos devem ser financiados exclusivamente pelo OE e nao pela SS. E indexar o montante maximo a uma percentagem dos impostos cobrados.
.
A SS é deficitária apenas porque paga subsidios sociais que os governos sucessivos resolvem criar.
.
Relativamente ao OE e ao TC, dizer que o TC devia chumbar tudo. E dizer de antemao que vai chumbar tudo para o futuro. Se quiserem os partidos que alterem as leis fundamentais.
.
É a forma mais eficiente de sairmos da zona euro e resolver esta pessegada insulovel.
.
Rb

José Meireles Graça disse...

A menos que não tenha percebido bem, ou esteja enganado, os valores dos descontos não estão bem; trabalhador 11%; e entidade patronal 23,75%.