19 abril 2013

livre arbítrio é escolher

Um homem tem o livre arbítrio na medida em que ele é racional. ~ São Tomás de Aquino

E livre arbítrio é capacidade de fazer escolhas (fins e meios) segundo as suas próprias preferências subjectivas e avaliações ordinais.  O racional não implicará aqui um "racionalismo" das suas preferências, mas sim o racionalismo desses fins (subjectivos à pessoa) serem acompanhados da escolha pela sua razão de meios para o seu alcance.

A praxeologia rejeita que as pessoas atribuam valores absolutos (preços) a esses fins e meios, como de resto é intuitivo, as pessoas comparam fins por ordenação e não por valorização, e daí a rejeição dos preços como significando "valor".

Esta é uma das razões porque a Escola Austríaca é muito mais compatível com a tradição personalista católica do que outras (mais baseadas num racionalismo matemático-empírico, o homem como mecanismo de funções determináveis por colecção de dados estatísticos).

E assim começa o tratado de economia de Murray N. Rothbard [MES] construído a partir desta simples axioma e que aborda todos os conceitos da teoria económica:

"1. O conceito de acção

 A característica distintiva e crucial para o estudo do homem é o conceito de acção. A acção humana é definida simplesmente como um comportamento intencional. Por conseguinte, é nitidamente distinguível desses movimentos observados que, do ponto de vista do homem, não são intencionais. Estes incluem todos os movimentos observados de matéria inorgânica e os tipos de comportamento humano que são puramente reflexo, que são simplesmente respostas involuntárias a certos estímulos.

A acção humana, por outro lado, pode ser significativamente interpretada por outros homens, pois é regida por uma determinada finalidade que o actor tem em vista [2] O objectivo do acto de um homem é seu fim; o desejo de alcançar esse fim é o motivo do homem para instituir a acção. Todos os seres humanos agem em virtude de sua existência e da sua natureza como seres humanos. [3]

Nós não poderíamos conceber seres humanos que não agem intencionalmente, que não têm fins em vista que eles desejam e tentam alcançar. Coisas que não agem, que não se comportam com um propósito deixariam de ser classificadas como humano. É esta verdade fundamental – o axioma da acção humana, que constitui a chave para o nosso estudo."

 [3]Cf. Aristotle, Ethica Nicomachea, Bk. I, especially ch. vii.

1 comentário:

Anónimo disse...

CN (lamento não saber tratá-lo de outro modo), tenho vindo, ao longo destes meses da sua colaboração, a apreciá-lo como profissional e, sobretudo, como pessoa.
Só lhe vinha agradecer.
Abraço do eao