30 novembro 2012

eh lá

As empresas que não distribuam metade dos subsídios de férias e de Natal aos seus trabalhadores mensalmente incorrem numa contra-ordenação muito grave, cujas coimas variam entre dois mil e 40 mil euros.

Comentário: E as empresas que não tiverem disponibilidade de caixa? Os subsídios só estavam previstos para o Verão e para o Natal.

UKip

Partido libertário, de Nigel Farage, soma vitórias no RU.

FNAC

Depois da Grécia, FNAC sai de Itália, mas mantém-se em Portugal

Será só a crise, ou o próprio modelo de negócios e a atenção ao cliente?

29 novembro 2012

Mortalidade infantil e SNS

Uma ida a Bragança e uma visita ao Parque de Montezinho em  manhã de sol e céu límpido com cachos de nuvens brancas no horizonte e as cores de um Outono abençoado nas montanhas  de xisto e na paisagem caótica dos rochedos de granito, fizeram-me esquecer o nosso blog.

 Vejo agora que tive direito a referência de Pedro Arroja que me acusa, simpaticamente, de eu sobrevalorizar a ação dos serviços públicos de Saúde no estado sanitário do País e sobretudo na  mortalidade infantil que segundo ele, num otimismo  ingénuo, seria sempre baixa existisse ou não SNS: ” as razões da queda acentuada da taxa da mortalidade infantil nos últimos trinta anos em Portugal são outras e têm muito pouco a ver, se é que têm alguma coisa a  ver, com o SNS”, diz, arrojadamente, Pedro Arroja.

Sem hesitação, sem estudo, com as certezas que lhe vêm dos tempos em que tudo que era Estado o horrorizava, faz uma afirmação que mais não é que uma opinião, em sintonia com o universal direito irresponsável à opinião sobre tudo e sobre todos de cada um de nós na pobre democracia portuguesa.
Não há ninguém que minimamente estude a importância de Medicina moderna que não saiba que a sua acção em mudar estatísticas gerais  de saúde através da ação clínica dos cuidados personalizados  é mínima e que os seus benefícios se refletem no tratar e curar o doente, sem que isso tenha uma nítida influência na melhoria das taxas sanitárias globais.

Estas melhoram, como todos sabemos, com o sistema de esgotos, a água tratada, a ação das ASAE no controlo dos mercados alimentares, a educação  e comportamento dos cidadãos e a ação educativa, pedagógica e orientadora da Sáude Pública, preocupação imperativa dos Estados.
E enquanto a medicina personalizada cura e salva quem pode e apenas muda  o panorama cada vez mais extenso das  doenças tratáveis, acrescentando anos à vida, é a medicina preventiva e a saúde pública que pela sua ação sobre as doenças sociais ( tuberculose, SIDA, toxicodependências, epidemias, doenças evitáveis, etc), vão conseguindo melhorar a saúde das populações e melhorar as estatísticas sanitárias.

É o caso da mortalidade infantil que  Pedro Arroja considera estar a 2.5 por mil nascimentos, sem precisar do SNS para nada.

Em 1972, altura em que se iniciou a grande estruturação do Ministério da Saúde ( Decretos Lei 314 e 414)  a mortalidade infanil ( mortalidade no primeiro ano de vida) era de 58 /mil!
Por isso a primeira grande campanha dos então criados Centros de Saúde da Direção Geral da Saúde foi centrada na saúde materno infantil.

E a partir de então, porque a tradição tão querida de Pedro Arroja nada ajudava, assentando na ignorância, na naturalidade da morte dos “anjinhos” , na pobreza e na falta de higiene, a luta contra este “castigo” tornou-se prioritária e constante.
Generalizou-se o programa de  vacinações obrigatórias,  todos os recém-nascidos foram despistados em relação ás doenças  raras e mortíferas provocadas por  “erros inatos de metabolismo”,  (a célebre picada no pezinho), as gravidezes foram sujeitas a vigilância  programada e a controlos periódicos ecográficos, a antiga formação das parteiras foi substituída pelas enfermeiras especialistas com formação superior, de um terço da partos assistidos por vizinhas e familiares em casas sem condições, passámos a ter quase 100% realizados nos hospitais equipados em meios e em pessoal especializado, fechando-se as salas de parto de hospitais sem condições e sem movimento mínimo que garantisse experiência e capacidade de intervenção imediata em situações imprevistas.

E uma rede de serviços de neonatologia, preparada para cuidados intensivos a prematuros por profissionais de saúde especializados cobriu as necessidades do País.

E de 58 bebés mortos em cada mil  antes de atingirem um ano de vida, número da nossa vergonha, só idêntico em países de terceiro mundo, passámos a 2,5 e cerca de cinco mil  crianças são roubadas anualmente á morte prematura.

Este programa que envolveu um grupo de médicos e enfermeiros que, por todo o país, tiveram que desfazer hábitos, tradições e falsas certezas é um exemplo, entre muitos, da importância da medicina preventiva na criação e manutenção de uma sociedade saudável.

Se a clínica garante um direito individual à orientação na saúde e  tratamento na doença é a prevenção e os programas de saúde pública que monitorizam, vigiam  e corrigem a saúde das populações.

Quando há dias dei a conhecer o artigo do Prof. Costa Almeida de Coimbra sobre o sucedido como o seu doente inglês quis mostrar que em Portugal corre um programa em pleno êxito sobre os AVC ( acidentes vasculares cerebrais), chamado Via Verde do AVC que tem preparados os hospitais do Norte para tratarem estes doentes nas primeiras horas do início dos sintomas:  a chamada mediata  do INEM, pelo 112, leva-o a contactar o centro preparado mais próximo, a ir buscar o doente, enviar o ECG de forma a poder-se  iniciar o tratamento imediatamente, em menos de uma hora, à chegada do doente ao SU.
Foram já atendidos neste programa 2363 doentes, com muito bons resultados, tendo sido feita a desobstrução da artéria  ( trombólise) nos hospitais da Região Norte, a  765 doentes com AVC isquémico até 2009( números confirmados).

Os serviços públicos de saúde para nada servem?

Será que mais não são que formas soviéticas de procedimentos burocráticos e sem controlo?

Será que devem ser abandonados como programas de Estado e deixados à livre concorrência das multinacionais?

Será que o que vale a pena é dar a todos a liberdade de se tratarem se tiverem dinheiro ou seguro privado, por que a Comunidade tão coesa e catolicamente endeusada não tem nem quer ter dinheiro para SNSs?

O SNS tem ou não que ser um imperativo ético e soberano,” o não matarás e tratarás dos enfermos” do Portugal moderno, católico, laico, republicano ou monárquico?

Onde está a Política?

Bolas!    

falando em seitas...

Convém recordar que a palavra, originária do vocábulo latino secta (seguidor), por sua vez de sequire (seguir), foi utilizada pelos romanos para qualificarem (e perseguirem) os cristãos primordiais, vistos como um grupo de fanáticos sectários, que punha em causa a unidade e a pax romana, assegurada pelo Império, pelos Imperadores e pela sua burocracia. Os Imperadores consideravam a "seita" cristã uma ameaça e um obstáculo à concórdia que se vivia genericamente nas fronteiras do Império e com esse argumento fundamentaram vários éditos que determinavam a sua perseguição (Valeriano e Diocleciano, por exemplo na segunda metade do sec. III). A situação manteve-se até aos primeiros anos do século IV, quando ocorreu a conversão de Constantino, e há mesmo historiadores que imputam a esse facto a aceleração da decadência do Império, ocorrida nesse século e no seguinte, que levaria à queda do Império Romano do Ocidente, em 476. Para eles, o cristianismo seria uma doutrina e uma religião contrárias ao velho espírito romano, que, com o seu paganismo, assegurava a liberdade e a tolerância religiosas dentro das fronteiras do Império aos vários povos que nele habitavam. Por mim, a queda de Roma não se deveu a isso, mas à grave crise económica e social em que o despotismo e a centralização burocrática imperial, desenvolvidos a partir de Octávio César Augusto (27 a.C. - 19) e consagrados, definitivamente, com Diocleciano (284 - 305), lançaram o Império, à revelia do espírito verdadeiramente descentralizador e de liberdade de comércio da velha República. Mais uma vez, é o "mete estado, tira estado"...

o cheiro a mofo na saúde

ESTATISMO O peso do Estado na saúde é considerado insustentável pelos seus principais players, que referiram ao i que para tudo é necessária uma autorização dos serviços, da contratação de um médico ou enfermeiro à celebração de parcerias com entidades externas. “A máquina é muito pesada e não está preparada para responder com rapidez”, disse o director de uma dessas entidades hospitalares, que há longos meses espera pelo sinal verde para a celebração de um protocolo que lhe permita receber utentes de outros países da União Europeia na instituição que dirige.
Ionline

Há anos que eu ando a repetir isto mesmo.

24/11/2012

Que fazer então?
É necessário mudar o modelo de funcionamento. Em vez de centralizar e planear, à boa moda soviética, o Ministério da Saúde deve descentralizar a gestão, dar autonomia real e responsabilizar os gestores pelos resultados obtidos.

16/09/2009

O SNS é uma organização soviética, sejamos muito claros sobre este aspecto. O SNS é do Estado, os meios de produção são públicos, os trabalhadores são funcionários públicos e a “gestão” é centralizada e planificada. Ninguém de boa fé pode negar estes factos.
Ora, nenhuma instituição com estas características, em nenhuma altura, em nenhum lugar do mundo, teve sucesso. Os defensores estritos do SNS são perigosos fundamentalistas, vendedores de ilusões que lutam contra a história. Estão concentrados no PS, no PCP e no BE.
É muito importante que na próxima legislatura se abram as janelas e se deixe sair o cheiro a mofo. Sem mecanismos de mercado, sem concorrência e sem uma boa gestão, o SNS vai continuar a arruinar-nos e nunca irá cumprir cabalmente sua função que é proteger o direito à saúde dos portugueses .
PS: As listas de espera, em Portugal, têm as mesmas causas das filas para o pão na URSS.

Só que iniciamos uma nova legislatura e não saiu o cheiro a mofo.



cada vez mais popular


Bond, Dr. James Bond

“Nos hospitais, os serviços de internamento de psiquiatria e urgência correspondem aos locais onde ocorre o maior número de situações de violência, à semelhança do que acontece noutros países”, acrescenta.
Segundo o relatório da Direcção Geral de Saúde, a maioria das vítimas ficou “muito insatisfeita” com a forma como a instituição geriu os episódios de violência. Em 50% dos casos, os profissionais consideram mesmo que os casos podiam ter sido evitados. De igual forma, metade do número de vítimas envolvidas nestes episódios reconhecem que “os actos de violência contra os profissionais de saúde na instituição em causa são habituais”. Apenas 31 (20%) dos casos notificados foram participados à autoridade, gerando autos.
Quanto à redução da adesão ao registo online, o documento refere que “o baixo registo de ocorrências (…) pode estar relacionado com a noção que os profissionais têm de que a violência é algo que faz parte da sua profissão”.
Público

Comentário: Para a DGS, a violência faz parte das profissões ligadas à saúde. Imaginem que alargávamos este conceito a outras áreas, a violência é algo que faz parte do ensino — diria a Direcção Geral do Ensino (deve haver uma, não?) ou a violência é algo que faz parte da família — diria a Direcção Geral da Família (também deve haver uma). E até podia sobrar para os próprios Directores Gerais: a violência faz parte de ser Director Geral de Qualquer Coisa.

28 novembro 2012

o blog mais livre da praça


Finalmente, a questão: o que me leva a fazer isto? Nada, senão o prazer que sinto em compreender coisas que antes não compreendia – o prazer da descoberta.(…)Portanto, eu escrevo para mim e para aqueles que me querem acompanhar nesta viagem fascinante, que é a de tentar descobrir como funcionam as sociedades humanas – e, em primeiro lugar, aquela a que eu pertenço.
Então, e se eu cometer erros de lógica ou de julgamento e chegar a conclusões erradas?Que importa, alguém vai morrer por isso? Certamente que não, a menos que me atribua uma importância que eu próprio não me atribuo a mim mesmo.
Pedro Arroja, no blog mais livre da praça.

Subscrevo, palavra por palavra

perdemos o nosso futuro

... estamos resumidos ao que Deus nos deu. Sol, oliveiras,carapaus e vinhas. É obsceno - mas de uma monumental honestidade - culpar os portugueses de se terem esquecido das pescas, da agricultura e das fábricas que tanto forneciam o mercado interno como exportavam.
Foi Cavaco, embalado pelas miragens europeias, que levou a esse esquecimento. Foram os transigentes nas pescas e na agricultura, a troco de euros, que pagaram aos pescadores e aos lavradores para não pescarem nem lavrarem. Quando o economista doutorado em York nos incita a virarmo-nos para os nossos recursos naturais, é razão para nos preocuparmos.
Portugal está a ser devolvido à geografia, ao clima e ao povo. Estamos a ser devolvido pré-historicamente à nossa sorte. Perdida. Perdemos o nosso futuro.
MEC, hoje no Público

a tirada do ano

Não há cidadania sem uma conta bancária
Governador do Banco de Portugal

a mistura da verdade com a mentira


1. O existente existe
2. A consciência é a faculdade de perceber o que existe
3. Ser é ter identidade

Estes conceitos axiomáticos constituem a base do Objectivismo da Ayn Rand. São conceitos que, segundo Rand, estão implícitos em todo o conhecimento e que já não podem ser reduzidos a outros factos ou subdivididos em partes.
Daqui, Rand parte para deduzir, de forma absolutamente lógica, todo o edifício da sua filosofia libertária. Se aceitarmos estes pressupostos, ou axiomas, temos de aceitar todas as suas outras deduções e conclusões.
E é muito fácil convencermo-nos de que Rand está certa. Quando Rand afirma, por exemplo, que o existente existe, tal facto dificilmente pode ser negado, até porque “existir” faz parte da própria definição do que é “existente”. Mas Rand afirma também que a "existência do existente" não pode ser reduzida a outros factos ou subdividida em partes e aqui é que começa o problema.
De onde vem “tudo o que existe”? A nossa inteligência rejeita que o existente tenha surgido ex nihilo e, portanto, temos de aceitar um Princípio que anteceda e origine tudo o que existe. O existente torna-se assim uma parte de um Todo, desmoronando o primeiro axioma de Rand.
Por outro lado, a nossa consciência desse Princípio alarga o espectro do que podemos conhecer ao transcendental, violando o segundo axioma.
E se esse Princípio “é”, qual é a sua identidade? Temos de admitir que não sabemos porque a nossa consciência não consegue perscrutar o que era antes do “existente que existe”. Lá se vai o terceiro axioma.
Chegados a este ponto, gostaria de concluir, afirmando que é possível que muitas das deduções e conclusões da Ayn Rand estejam erradas porque assentam e partem de pressupostos falsos. Não estarão completamente erradas, mas podem conter erros substantivos. Sobre a questão de Deus, por exemplo, Ayn Rand é peremptória: não é concebível a ideia de um Deus criador ‹‹se aceitarmos que a existência tem primazia sobre a consciência›› (sic). Muito bem, e então donde vem o existente? Estou mesmo a ouvir o que me diria a minha querida e adorada Ayn Rand:
Joaquim, existance exists.
Thank you my dear.
Julgo que muitas falsidades e meias-verdades que imperam “na teologia, na filosofia, na ciência, na política, na justiça, na economia, etc. — como afirma o PA neste post, resultam deste simples facto de partirem de pressupostos falsos.
O único pressuposto que na realidade podemos e devemos aceitar é a Verdade.

27 novembro 2012

nada é o que parece

Hum, só para dar a achega de que o PA referiu anteriormente que é na cultura católica que nada é o que parece... CamisaNa caixa de comentários deste post.
Exacto, aí está um ponto a merecer clarificação. Do conhecimento que eu tenho dos EUA, do RU e de Portugal, a primeira coisa que me ocorre é que "no mundo anglo-saxónico nada é o que parece do umbigo para cima e no mundo católico nada é o que parece do umbigo para baixo". Refiro-me, claro está, à razão e à emoção. Mas ainda vou pensar melhor no assunto...

uma cultura falsa


Gostaria de expandir um pouco mais sobre o que aqui diz o Pedro Arroja. Aliás, de encontro ao que me ocorreu no sábado, em casa do Ricardo, enquanto, juntamente com o André Azevedo Alves e o Luciano Amaral (do Insurgente), escutava o Pedro Arroja a dissertar sobre a necessidade dos académicos serem verdadeiramente independentes do poder político.
Nas sociedades protestantes, nada é o que parece. A massificação do ensino, por exemplo, é um embuste completo. O ensino superior nos EUA permanece profundamente elitista. Há uma dúzia de universidades de reconhecido mérito — oito na chamada Ivy League — e os diplomas das restantes servem apenas, na maioria dos casos, para pendurar na parede e mostrar à família.
Ao importarmos para Portugal a ideia de massificar o ensino superior, sem percebermos do que se trata, acabamos apenas por destruir o que tínhamos de bom. Temos de ser mais cautelosos.
Concluo portanto que se há alguma característica fundamental que distinga a cultura protestante da cultura católica é que a primeira convive pacificamente com a falsidade enquanto a segunda valoriza a verdade acima de tudo.

centro-direita

Portugal debates future of welfare state

Comentário: É engraçado como um governo que implementa um "enorme aumento de impostos" é caracterizado no FT como de centro-direita.

uma anedota

China interessada na base das Lajes

colectivismo


O Individualismo ‹‹é uma característica das sociedades com laços fracos entre os indivíduos: cada um assume a responsabilidade por olhar apenas por si próprio e pela sua família mais próxima. O Colectivismo, o oposto do individualismo, é uma característica das sociedades em que, desde o nascimento, os indivíduos são integrados em grupos fortes e coesos, que durante toda a vida os protegem em troca de uma lealdade absoluta›› — Hofstede (Cultures and Organizations, 2010).

Eu sou, de facto, um grande apreciador do Geert Hofstede, embora concorde com o PA que a sua análise das dimensões culturais é um bocado "trapalhona", a começar pela nomenclatura utilizada.
Quando o Hofstede se refere a Colectivismo, por exemplo, não utiliza o termo na sua definição corrente, refere-se à intensidade dos laços afectivos que integram o indivíduo na comunidade e à lealdade absoluta que se espera de cada um.
A minha leitura é que este conceito corresponde mais ao que consideraríamos um certo tribalismo do que ao que todos interpretamos como colectivismo.
A tribo primitiva caracteriza-se por uma distinta identidade cultural e/ou étnica, com fortes laços de lealdade entre os seus membros. O grau em que estas características sobrevivem numa sociedade contemporânea determina, portanto, a dimensão Individualista/ Colectivista — o chamado índice IND — dessa sociedade.
Hofstede sublinha que, na actualidade, as sociedades com grandes sectores rurais são mais "colectivistas" e que as sociedades mais industrializadas são mais individualistas. A sua interpretação, que coincide com a minha, é que a modernização é acompanhada por mais individualismo. A corroborar, de certo modo, este ponto de vista, Hofstede menciona que a riqueza de um país tem uma correlação directa com o IND (países mais ricos são mais individualistas).
Nos estudos de Hofstede, Portugal aparece quase sempre no grupo dos países latinos. Na tabela de cima, que correlaciona o IND com o Índice de Aversão à Incerteza, estamos no quadrante superior direito. Mesmo ao lado... da Grécia.

26 novembro 2012

o regresso de Portugal aos mercados

Recebido por email

a city

Banco de Inglaterra vai ser presidido por um canadiano

Lloyds presido por um português

refundar o Estado


...
Our political system failed to live up to the severity of the situation when officials should have had the courage to stand up and insist that some bodies within the civil service and some employees are redundant and have to go, while others are doing an important job and should be paid better and protected.
This ineptitude is what led us to the mess we are in today. The director of a state hospital receives about 600 euros more than a doctor doing a residency, while the chief of the National Defense General Staff makes about that much more than a second lieutenant as well.
How can our state possibly function under such terms? How can it provide incentives so that people work hard and are rewarded for their efforts, and also claim responsible positions?
We are now faced with a double deadlock. On the one hand we failed to rebuild the state – and miserably at that. On the other, we have also managed to eradicate from the top of the pyramid every incentive that could encourage the reform of public administration, and have made enemies of doctors, teachers, university professors, police officers and other state workers simply because they cannot make ends meet on the money they get.
Ekathimerini

Comentário: Exactamente o que se passa em Portugal.

persuasive speech


Ontem, a B. ( 12 anos – 7º ano) pediu-me ajuda para os TPC. Tinha de redigir um “discurso persuasivo”, em inglês, com o seguinte enquadramento: ela estava numa prisão e dirigia-se aos outros presos, com o intuito de os levar a protestar sobre as condições em que viviam. Má qualidade da comida, trabalhos forçados sob calor abrasador e impossibilidade de ter acesso a água sem a autorização dos guardas. O moto do discurso era qualquer coisa do género: ‹‹we don’t deserve these  living conditions›› - nós não merecemos este tratamento.
Lá redigimos o nosso “persuasive speech”, o melhor que sabíamos. Calculo que neste momento já todos imaginaram que a B. não anda numa escola católica, é verdade... anda numa escola anglo-saxónica.
Aguardo com expectativa os próximos “persuasive speeches” da B. Talvez sobre o casamento gay, sobre a legalização da prostituição ou das drogas.

interessante

Análise feita por cientistas franceses mostra que os homens são atraídos por mulheres que possuem as mesmas características físicas

Comentário: "Cientistas franceses" não será uma contradição de termos? Este estudo ainda precisa de ser muito esmiuçado. Normalmente há um atracção pelo que é diferente porque a diversidade genética permite eliminar a possibilidade de transmitir, à descendência, taras hereditárias. Não é verdade, por exemplo, que os romanos adoravam as egípcias?

25 novembro 2012

a biblioteca de Espinosa

Terminei "O Problema Espinosa", um romance histórico que recomendo, segue-se "As contas Politicamente Incorrectas", do Ricardo Arroja.
Só por curiosidade, aqui fica uma lista dos 157 volumes da biblioteca do Bento Espinosa, que são uma peça central do "problema".
De destacar a presença de obras de Descartes, Maquiavel, Bacon, Hobbes, Quevedo e Cervantes, que continuam a ser referências actuais.

a Igreja e o Estado Social III

Cuidado com o Estado Social porque:

‹‹... leva a um acréscimo enorme de despesas›› — Papa João Paulo II

a Igreja e o Estado Social II


Encíclica Centesimus Annus — Papa João Paulo II
V. Estado e Cultura
...
Assistiu-se, nos últimos anos, a um vasto alargamento dessa esfera de intervenção, o que levou a constituir, de algum modo, um novo tipo de estado, o «Estado do bem-estar». Esta alteração deu-se em alguns Países, para responder de modo mais adequado a muitas necessidades e carências, dando remédio a formas de pobreza e privação indignas da pessoa humana. Não faltaram, porém, excessos e abusos que provocaram, especialmente nos anos mais recentes, fortes críticas ao Estado do bem-estar, qualificado como «Estado assistencial». As anomalias e defeitos, no Estado assistencial, derivam de uma inadequada compreensão das suas próprias tarefas. Também neste âmbito, se deve respeitar o princípio de subsidiariedade: uma sociedade de ordem superior não deve interferir na vida interna de uma sociedade de ordem inferior, privando-a das suas competências, mas deve antes apoiá-la em caso de necessidade e ajudá-la a coordenar a sua acção com a das outras componentes sociais, tendo em vista o bem comum.

Ao intervir directamente, irresponsabilizando a sociedade, o Estado assistencial provoca a perda de energias humanas e o aumento exagerado do sector estatal, dominando mais por lógicas burocráticas do que pela preocupação de servir os usuários com um acréscimo enorme das despesas. De facto, parece conhecer melhor a necessidade e ser mais capaz de satisfazê-la quem a ela está mais vizinho e vai ao encontro do necessitado. Acrescente-se que, frequentemente, um certo tipo de necessidades requer uma resposta que não seja apenas material, mas que saiba compreender nelas a exigência humana mais profunda. Pense-se na condição dos refugiados, emigrantes, anciãos ou doentes e em todas as diversas formas que exigem assistência, como no caso dos toxicómanos: todas estas são pessoas que podem ser ajudadas eficazmente apenas por quem lhes ofereça, além dos cuidados necessários, um apoio sinceramente fraterno.

Comentário: É curiosos que a Igreja, em Portugal, apareça em defesa de um Estado Social que a própria doutrina católica condena. O alerta de João Paulo II sobre o acréscimo enorme de despesas não podia ser mais oportuno. Acréscimo enorme de despesas que nos levou a um acréscimo enorme — e insustentável — de impostos.

24 novembro 2012

a Igreja e o Estado social

Achei muito interessante este título, de hoje, do JN:
Igreja cerra fileiras em defesa do Estado social
Claro que a doutrina católica, salvo melhor opinião, está nos antípodas do pensamento por trás do Estado social, mas enfim...
Os problemas sociais não seriam melhor resolvidos pela caridade? Isto é, pelo amor ao próximo.

mundo escuta, a Espanha está em luta

A Espanha, qual D. Quixote, está em luta com os "gigantes tecnológicos". Artigo do El País.
Os malvados facturam através da Irlanda, que tem um IRC de 12,5%, em vez da Espanha, que tem um IRC de 35%.

como controlar o défice da saúde I

Eu não penso que seja possível controlar o défice da saúde dentro do actual modelo. Isto porque a despesa nominal é relativamente baixa e ao cortar de um lado corre-se sempre o risco de aumentar a despesa noutro lado. O doente que adiou uma visita ao hospital porque as taxas moderadoras são muito altas, por exemplo, regressa mais tarde, em piores circunstâncias e a sair mais caro ao SNS. É aquela história do cobertor pequeno que se tapa a cabeça destapa os pés.
Que fazer então?
É necessário mudar o modelo de funcionamento. Em vez de centralizar e planear, à boa moda soviética, o Ministério da Saúde deve descentralizar a gestão, dar autonomia real e responsabilizar os gestores pelos resultados obtidos.
O financiamento deve deixar de ser por actos médicos praticados e passar a ser integralmente por capitação. Neste novo modelo, o Ministério da Saúde consigna uma verba a cada unidade do SNS — de acordo com a população abrangida (capitação) — e designa uma equipa competente para a gestão, em vez dos famosos "boys".
A nível local, cada unidade de saúde vai então procurar optimizar os cuidados que são prestados à população, dentro do orçamento que lhes for atribuído. Conhecendo o terreno é mais fácil cortar na despesa, sem prejudicar os que são, de facto, os mais necessitados. Por outro lado, o Ministério da Saúde elimina imediatamente os custos da administração centralizada do sistema.

novos mercados — livros para analfabetos

A estratégia de desenvolvimento do mercado procura novos clientes dentro dos mesmos segmentos ou novos clientes em novos segmentos de mercado. Trata-se de um exercício complexo que põe à prova a inteligência e a competência dos gestores de marketing.
O grande sucesso do livro "As cinquenta sombras de Grey", da E. L. James, ilustra a estratégia de desenvolvimento do mercado — "market development". Neste caso tratou-se de vender livros a pessoas que são analfabetas funcionais. E foi um sucesso.

23 novembro 2012

conduzir a olhar para o retrovisor

Défice do Serviço Nacional de Saúde agrava-se

Comentário: Enquanto a administração do SNS for feita "a olhar para o retrovisor", vai ser impossível controlar a despesa.
O Ministério da Saúde só calcula o défice quando aparecem as contas. É o que se chama, em gestão, conduzir a olhar para o retrovisor.

o que é o marketing?

Em Portugal há uma ignorância profunda sobre o marketing que é confundido, as mais das vezes, com publicidade.
Aqui fica então uma definição formal do marketing, para ajudar a suprir este desconhecimento:


‹‹Our discussion suggests that marketing occurs whenever one party has something
it would like to exchange with another. Marketing management is the
process that helps make such exchanges happen. More specifically, marketing
management is the process of analysing, planning, implementing, coordinating,
and controlling programs involving the conception, pricing, promotion, and
distribution of goods, services, and ideas designed to create and maintain beneficial
exchanges with target markets for the purpose of achieving organisational
objectives.›› (do Manual de Marketing da Edinburgh Business School).

O marketing é a disciplina que estuda os mercados e facilita o seu funcionamento. Envolve toda a gestão do processo de concepção, pricing, promoção e distribuição de bens, serviços e ideias que se destinam a criar e a manter trocas que criem valor para os clientes alvo, para atingir os objectivos da organização.

7 dias por semana


... um atendimento de proximidade em centros comerciais que proporcione aos utentes um médico de família e algumas valências extra, como a saúde oral, o nutricionismo e a podologia, sete dias por semana, das dez da manhã às dez da noite.
O conceito é importado dos Estados Unidos da América, onde este tipo de serviços nasceu colado às farmácias, que normalmente se implantam em centros comerciais, e permitem aos consumidores incluir os cuidados de saúde na lista de serviços a que têm acesso quando vão a uma grande superfície.
As clínicas Walk’in respondem precisamente às necessidades deste tipo de consumidores.
Ionline
Comentário: Eis um bom exemplo de GESTÃO na área da saúde; marketing & inovação — como salienta o Peter Drucker. Qualquer dia as taxas moderadoras custam mais do que o mesmo serviço no sector privado e este ainda tira o seu lucro.

22 novembro 2012

I would be dead now

Do meu amigo e colega, Dr. Carlos Costa Almeida, Prof. da Faculdade de Medicina de Coimbra, Chefe de Serviço de Cirurgia, , recebi este testemunho, que não resisto a dar a conhecer neste nosso Blog.

                                            I WOULD BE DEAD NOW
                                                                                                    Carlos Costa Almeida

JS, sexo masculino, raça caucasiana, de 66 anos de  idade, cidadão
britânico a viver em Portugal há cinco anos, nascido e anteriormente residente
em Inglaterra, teve um acidente vascular cerebral.  Foi atendido no local e
transportado de imediato pelo INEM para o Serviço de Urgência do Hospital dos
Covões, em Coimbra (agora integrado no CHUC), hospital central de referência
da sua área de residência. Deu entrada seguindo a Via Verde dos AVCs, foi
observado, tratado, internado, evoluiu bem, teve alta. No estudo da circulação
carótido-vertebral feito por ecodoppler foi detectada uma estenose significativa
da carótida esquerda, que a angioTAC confirmou com  indicação para
intervenção, na sequência dum acidente vascular a que se atribuiu natureza
isquémica. Por isso foi enviado à minha consulta.
Veio com a esposa, ambos simpáticos, cultos, educados, britânicamente
contidos, falando em inglês entremeado ocasionalmente com algumas palavras,
muito poucas, em português com um sotaque típico. Disse-lhe que precisava de
ser operado, e perguntei-lhe se para isso não preferiria ir a Inglaterra.
Respondeu-me, naturalmente em inglês: “Doutor, eu tive um AVC e ao fim de
meia hora estava a ser tratado – tratado, veja bem – neste hospital. No meu país
isso não seria possível! Por isso é aqui que quero continuar a ser tratado. É neste
hospital que eu quero ser operado.” 
E foi. Fez-se-lhe endarterectomia carotídea esquerda, sem intercorrências
ou complicações, esteve internado quatro dias. Voltou passado um mês, em
consulta de controlo pós-operatório. Sempre acompanhado pela esposa, sem
sequelas evidentes de AVC, bem dispostos os dois. Exibe a cicatriz cervical, “You
did a great job here” - afirma. Prescrevo o clopidogrel, conversamos, conversa
rápida de consultório, o tempo (claro, ou não fosse ele inglês!), a política
europeia, a crise, o euro. Levantamo-nos, depois de me despedir da esposa
estendo-lhe a mão. Aperta-ma com a sua e diz, com alguma tremura no porte
fleumaticamente britânico: “You know, if I lived in my country I would be dead
now. Portugal saved my life. Obrigado.”
Podem crer que no momento fiquei emocionado. Disfarcei o melhor que
pude, acompanhei-os à porta do gabinete. É destes momentos – pessoais, como
este, ou apenas conhecidos através de outros - que se constrói o enorme prazer
de ter a nossa profissão. Basta o sentimento íntimo de ter feito um bom trabalho,
e que acabou bem, frequentemente reconhecido por colegas e, às vezes, se calhar
não muitas, pelos doentes.  Mas este caso teve um sabor muito especial, porque
foi a opinião de um paciente estrangeiro esclarecido, que não fala por ouvir dizer,
com possibilidade de estabelecer comparações e de escolher, e que deu
fortemente preferência ao nosso Serviço Nacional de Saúde e aos nossos
hospitais.
Um SNS sob ataque de há vários anos para cá, em processo de
descaracterização, de restruturação que parece uma  desestruturação, de
redução, e eliminação. Um SNS que trabalhava bem.
Aquele doente inglês, ao pôr frontalmente em causa o National Health Service, fala obviamente do NHS de agora, depois da governação da Mrs. Thatcher. Depois das restruturações, descaracterizações, fusões e eliminações que sofreu, muito na senda do que tem  a ser feito por cá. Não do NHS que serviu de exemplo ao Mundo, e até deu o nome ao nosso. É claro que o nome manteve-se, o serviço também, mas não são
nada do que eram, e os doentes sabem disso. Continua a haver grandes médicos
e óptimas instituições médicas na Grã-Bretanha, mas já não são o NHS que
costumava ser. E todo o esquema de assistência se ressentiu disso, agora que nos
Serviços médicos dos hospitais públicos por lá há pessoal administrativo que
toma parte em decisões que deveriam ser puramente clínicas. A minha emoção
ao ouvir o desabafo do paciente inglês tratado em Portugal, deveu-se também à
pena de termos entre nós algo de bom durante tanto tempo e os nossos doentes
tantas vezes não o apreciarem devidamente, e estarmos se calhar a resvalar no
sentido de o perder.
Mudar por mudar, não. Em equipa que ganha não se mexe, diz o povo e o
bom senso. Em momentos de crise há frequentemente a fraqueza, por parte dos
dirigentes menos esclarecidos, de mudar para ver o  que é que dá, sem o
discernimento de atender ao que está bem e assim o manter. É claro que mais
tarde ou mais cedo virá a exigência de responsabilidades, e a exposição pública
do mal que foi feito e de quem o fez, mas em geral tarde demais para o corrigir. E
Portugal não pode dar-se ao luxo de deixar destruir o pouco que dentro de si
funciona bem. A Saúde é um exemplo disso, e um exemplo para o estrangeiro, e
matéria em que não se deve querer copiar o que vem de fora. 

Troika orçamento e Saúde



Uma sociedade desenvolvida e moderna considera a saúde dos cidadãos e a sua defesa como um imperativo indiscutível da sua política social.

Mas uma sociedade desenvolvida e moderna considera, também, imperativo da sua politica o combate ao desemprego, o equilíbrio das suas finanças, o aumento da sua competitividade internacional, o aumento sustentado do seu PIB e da sua riqueza.

Com conciliar estes vários imperativos?

Como é possível em tempo de crise, de recessão económica e catástrofe financeira, dotar a Saúde do financiamento necessário à sustentação das suas despesas crescentes e ao desenvolvimento e modernização constante das serviços?

Acompanho a evolução do nosso Serviço Nacional de Saúde (SNS) desde que foi consagrado na nossa Constituição e sei bem, como testemunha privilegiada, como médico, gestor hospitalar e ex- responsável da governação do sector, o enorme salto que Portugal deu no combate à doença e defesa da saúde.

De um país com índices sanitários de terceiro mundo em 1974, Portugal ocupa agora um lugar indiscutível no pelotão da frente dos países mais desenvolvidos do mundo: nos índices sanitários, na modernidade dos equipamentos,  na qualidade dos seus hospitais, na quantidade e acessibilidade da sua malha de Centros de Saúde e no profissionalismo e responsabilidade dos seus profissionais.

Para chegarmos em trinta anos a estes resultados os orçamentos postos à disposição da Saúde têm vindo a merecer crescimentos espectaculares ao longo dos anos com a aceitação das forças políticas, porque todas têm consciência dos resultados excelentes dos serviços de saúde e da moderação do seu custo quando  comparamos os nossos orçamentos com os dos parceiros da União Europeia.

Mas, e agora, em plena crise, com o País e o Mundo a exigirem que as finanças sejam controladas e os défices sustidos em plena crise económica, como é possível dotar a Saúde de um Orçamento suficiente?

Como vai o Governo a quem a Troika acaba de recusar umas centenas de milhões de euros explicar aos credores, já em catástrofe, que afinal não lhes pode pagar as dividas vencidas?

Mas a Troika dos contabilistas é que manda, a política para nada serve, e os PIGS. reféns do “deve e haver” sagrado, que apertem o cinto e vejam os seus cidadãos cada vez mais pobres e menos protegidos!

Cada vez tenho mais respeito e admiração pelo Dr Paulo Macedo, obrigado a fazer o milagre da multiplicação dos pães!

postulado

Numa organização isolada do mercado, os custos tendem sempre a aumentar.

marketing & inovação

Results exist only on the outside. The result of a business is a satisfied customer. Inside an enterprise, there are only costs.
Peter Drucker

Os resultados são sempre externos. Os resultados de um "negócio" são clientes satisfeitos. Dentro de uma empresa, só há custos.
Drucker afirma ainda que os elementos essenciais da gestão são o marketing e a inovação.
Na ausência de um mercado, o SNS não pode ser adequadamente gerido. É, diria eu, "superiormente administrado". Na realidade, o Ministério da Saúde limita-se a administrar os custos da organização.

a régua e esquadro

Um grupo de pessoas bem intencionadas, em Lisboa, planeia, a régua e esquadro, a oferta de serviços no SNS. Aqui não há "mete Estado, tira Estado", aqui é tudo do lado do Estado e o que há é "mete Centro de Saúde, tira Hospital".
Os economistas da saúde (consegui escrever isto sem me rir) fazem contas e mais contas e prometem poupanças assinaláveis, se forem implementadas certas mudanças. Mas esquecem que os resultados dependem de comportamentos individuais que nem eles nem o Ministério da Saúde controlam.
A deslocalização de especialistas para os Centros de Saúde pode aumentar, de forma significativa, o direccionamento de doentes para tratamentos hospitalares diferenciados. Na cardiologia, por exemplo, eu não estranharia que a poupança nas consultas fosse anulada e até ultrapassada (em muito...) por despesa adicional em pacemakers, angioplastias e cirurgia cardíaca.
Em vez de centralizar e planear tanto, o Ministério da Saúde necessita de mudar o modelo de gestão. Necessita de descentralizar, autonomizar e responsabilizar. A régua e o esquadro, na gestão, foram enterradas quando caiu a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas.

2 perspectivas

Não é possível poupar "especializando" os cuidados de saúde primários, isto é: transferindo especialistas dos Hospitais para os Centros de Saúde. Pelo contrário, eu penso que esta mudança fará disparar os custos.
Isto porque os cuidados de saúde primários estão focados nas pessoas, enquanto os cuidados especializados estão focados nas tecnologias. O médico de família é (ou devia ser) um humanista, e um conselheiro da família, enquanto o especialista é apenas "um engenheiro".
Se me permitem um exemplo um pouco grosseiro — um médico de família olha para o carrinho da foto (um BMW Mille Miglia de 1939) e pensa: bem estimado ainda vai durar mais uns anitos. Um especialista pensa, com uns pneus novos (próteses da anca), ópticas novas (operação às cataratas) e motor revisto (angioplastia das coronárias), o seu carrinho vai ficar aí como um Bugatti. São 2 perspectivas completamente diferentes.

20 novembro 2012

os gastos com a saúde

Se repararmos nesta tabela, salta-nos imediatamente à vista o elevado nível de gastos com a saúde nos EUA, por comparação com todos os outros Estados membros da OCDE — quase quatro vezes mais do que Portugal. Porquê?
Salvo melhor opinião, eu penso que é porque os norte-americanos exigem serviços de saúde de excelência e de acesso imediato. Ora esta combinação faz disparar os custos da saúde porque obriga a uma sobrecapacidade instalada e a um programa de garantia de qualidade que é extremamente oneroso.
No Canadá, os gastos ficam-se por metade dos norte-americanos, mas há racionamento, com o resultado de que muitos canadianos, com meios económicos, se vão tratar aos EUA.
Por aqui podemos ver que os gastos com a saúde, em Portugal, têm muita margem para crescer. Gastamos, em 2010, cerca de 2.700,00 US$ PPP /capita, mas, sem limitações, poderíamos duplicar este valor. Se o governo português disponibilizasse 20% do PIB para a saúde, garanto-vos que não sobraria um tostão.
Surgiriam novas PPP's, os hospitais expandiriam as suas actividades, os centros de saúde também e nunca faltariam doentes.
Seria útil que reflectíssemos sobre esta realidade, para delinearmos as melhores propostas para este sector.

despesa descontrolada

Troika chumba reforço de 432 milhões para pagar dívidas da saúde. A verba inscrita no Orçamento Rectificativo não foi autorizada porque o ‘stock’ de dívida vencida voltou a crescer este ano.

19 novembro 2012

91%

Paul Krugman sugere que o escalão mais elevado de IRS, nos EUA, passe a ser  de 91%

O François Hollande é um neoliberal

Conversa com comentários




Como é natural alguns comentários são desajustados, revelam posições preconcebidas de ignorantes pretensiosos, julgam e condenam com a arrogância bacoca que é moda nos medíocres. Alguns são conversas e opiniões trocadas entre comentadores que nada têm a ver com os post em causa e apenas são aproveitamento da ocasião para conversas entre eles.

Vários demonstram um estado depressivo dos autores, uma facilidade desesperançada em acusar, apontar pecados e comportamentos “criminosos” a pessoas, profissões e políticos.

Confesso que apesar de saber bem o estado da nossa terra, a qualidade de alguns comentários, do desleixo da escrita à pobreza do texto ou da frase, me surpreendem.

Valem naturalmente os muitos outros, de boa conversa e boas ideias ou boa contestação.
A esses, e tantos são, vão algumas precisões sobre assuntos mal explicados.

Assim, sobre o financiamento:

Com o método de orçamentação actualmente seguido não é possível detalhar com precisão o custo de cada ato.

Os hospitais são financiados por um orçamento base decidido a nível central e pelos GDH ( grupos de diagnóstico  homogéneo) que produzem.

Estes DGH são os custos calculados pelo histórico e observação constante das patologias que  “gastam” aproximadamente o mesmo e que, por isso, podem ser agrupadas no mesmo valor segundo o tipo de hospital

Mas todos os salários dos profissionais de saúde são conhecidos, sujeitos a progressão através de concursos públicos e com provas, porque o SNS é constituído por carreiras de Estado devida e publicamente conhecidas e anunciadas.

A salários correspondem  graus de carreira que podem acrescer, apenas, o que o funcionário possa ganhar de forma variável, de acordo com o número de horas extraordinárias que, e se,  lho exigirem.

Os salários dos profissionais de saúde são, por isso, conhecidos, discutidos e controlados.
Não é aqui que há secretismo, desperdício ou despesismo.

A imprecisão e irracionalidade está na forma de orçamenta ção global da Saúde através do orçamento geral do Estado e não, como é feito para a Segurança Social, por orçamento próprio, previsível, constituído por imposto a isso consignado, como defendo e que nada tem a ver com um seguro de Saúde do mercado, nem com o funcionamento por reembolso da ADSE.  

De qualquer modo é bom termos a consciência de que Portugal gasta,”per capita” com ponderação do poder de compra, como despesa total com a Saúde: 1584 €, (9,8% PIB), enquanto Espanha gasta 2122€ (9,3%), a França 3389 € (11,6), a Alemanha 3280 € (11,3 ), segundo as estatística da OCDE (20011), o que nos põe no fundo da tabela dos gastadores.

Com índices sanitários melhores que a média europeia, é difícil encontrar áreas de desperdício ou gorduras substanciais, que possam ser cortadas sem ferir e sem dor!

Coordenação entre ambulatório e  hospitais, SNS e ADSE, bases de dados e direito à privacidade, acção soberana do estado, são também temas que precisam se alguma precisão. A eles tornarei. 

o Estado contra o povo

628.300 contra-ordenações
471 mil pessoas notificadas
40.000 execuções fiscais para penhora de viaturas

Comentário: Estaremos loucos?

entalados

Empresas já podem pagar subsídios em duodécimos

Comentário: Eu sugeri esta medida em Março de 2008. Já então as famílias lidavam com imensas dificuldades. Gostaria apenas de comentar a rigidez de um sistema que não permite a patrões e trabalhadores negociarem directamente as condições que sejam mais vantajosas para ambas as partes. Não precisamos de rasgar a Constituição, precisamos é de rasgar o Código do Trabalho.

deixem o mercado funcionar

Os farmacêuticos querem que “medidas imediatas de sobrevivência das farmácias” entrem em vigor ainda este ano e pedem outras “medidas estruturais” em 2013. Exigem ainda que as decisões do governo sobre o sector sejam conhecidas até dia 15 de Dezembro, data para a qual foi convocada a próxima assembleia de delegados da ANF.
Ionline

Comentário: Depois de passarem décadas dependentes de rendas, as farmácias não percebem que chegou a altura de mudar de paradigma e que só o mercado pode oferecer soluções. Em abono da verdade, o Ministério da Saúde também não quer aproveitar as vantagens do mercado e, portanto, caímos num impasse.

17 novembro 2012

as galdérias e a democracia

Celebremos a influência dos genes das galdérias na preservação da democracia na América.
Uma tese hilariante (e ainda por cima verdadeira...).

as massas


Dear Barack Obama (A Letter From Joseph Goebbels)

The masses are dumb, uneducated fools who can’t think for themselves. They need the government to solve their problems. They need a fascist dictatorship where one great leader chooses who will run the economy.
Taki's Magazine

As massas são estúpidas, tolos analfabetos que não sabem pensar. Precisam do governo para resolver os seus problemas. Precisam do fascismo e de um grande líder para conduzir a economia.



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Português num dos cargos mais desejados no Goldman

Segundo resgate "acabará por ser necessário"

Comentário: O principal problema de Portugal reside no colectivo. Reside no modo como nos relacionamos e organizamos em sociedade. Individualmente, temos os talentos necessários ao sucesso, mas não os conseguimos articular no colectivo.
O que é que nos falta? Falta-nos uma estratégia nacional, faltam-nos líderes com autoridade e falta-nos confiança uns nos outros.

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AHRESP: "Milhares" de empresários da restauração não conseguiram pagar o IVA

OE2013: Aumenta IRS sobre subsídio de refeição

Comentário: O governo não grama a restauração...

16 novembro 2012

one size fits all

Talvez a marca dominante, e mais nefasta, das políticas europeias seja a igualização das soluções económicas e políticas que se prescrevem para os 27 Estados membros.
— ONE SIZE FITS ALL

despesa pública com saúde cai em toda a UE

A redução da despesa pública nesta área (saúde) foi conseguida através de medidas que incluíram a redução de salários, o aumento dos pagamentos diretos por parte dos utentes e a imposição de restrições orçamentais nos hospitais.
A percentagem do PIB dedicada à saúde estabilizou ou desceu em 2010, com os estados-membros a afectarem, em média, nove por cento do respetivo PIB.
Portugal situa-se ligeiramente acima desta média, com 10,7 por cento, surgindo em sexto na lista dos países em que o peso das despesas com a saúde no PIB foi mais elevado.
Ionline

Comentário: Não me parece correcto aplicar a mesma receita, para reduzir a despesa pública com a saúde, a todos os estados membros da UE. Os doentes portugueses, por exemplo, têm menor capacidade para suportar taxas do que os franceses. Mas vivemos na época da política "pronto a vestir" — "one size fits all".

um contributo notável


O PCP e a CGTP têm dado um contributo notável para destruir o País, de que a greve geral do dia 14 foi apenas uma amostra. Fazem-no, alicerçados numa ideologia criminosa e numa manipulação grosseira de interesses sindicais e corporativos que sobrepõem ao interesse nacional.
As greves políticas, como a referida, são sempre obscenas num regime democrático e servem apenas para sublinhar a esquizofrenia de um partido político, como o PCP, que é democrata na AR e bolchevique na rua.
O PCP e a CGTP demonstraram, porém, que têm os seus princípios, ao condenar a violência gratuita e os confrontos com a polícia. Princípios com sólido fundamento histórico, porque nos países comunistas a violência nunca é gratuita — é industrializada, e nunca é contra a polícia — a violência é da polícia contra os cidadãos.
As críticas do PCP e da CGTP aos incidentes que ocorreram no dia 14, em frente à AR, são portanto justas. Quem se propõe destruir um país não perde tempo a destruir uma calçada.

15 novembro 2012

ouçam o presidente

Não há tolerância possível para quem quer destruir o país

Cometário: Bem me parecia que os portugueses não deviam ser tão tolerantes.

an officer and a gentleman

Talvez as batas brancas estejam demasiado vistas e sejam pouco adornadas para ainda terem glamour e o que esteja na moda sejam a fardas militares, com as suas divisas, dragonas e insígnias. Os oficiais estão a bater os médicos aos pontos.
Artigo de Kent Sepkowitz, no Daily Beast

14 novembro 2012

A Clínica,apoio e ajuda ao ser humano doente


Desde há já vários anos que o problema da humanização dos cuidados de saúde começou a preocupar as sociedades mais desenvolvidas.
E isto porque começou a ser patente que de uma "medicina do tratar", dotada de muito pouca tecnologia e baseada essencialmente na relação humana entre o doente e o médico se tinha passado a uma "medicina do curar" em que a análise, o exame instrumental, a tecnologia de ponta substituíam cada vez mais essa antiga e essencial relação humana.
A Medicina ganhava assim cada vez mais eficácia e capacidade de cura sobre doenças até então incuráveis, acrescentando anos à vida, mas correndo o risco de deixar de considerar o doente como um semelhante pedindo ajuda, mas apenas como um portador de uma doença que tinha que ser curada.
E se do lado dos prestadores, nos seus centros médicos, hospitais e consultórios, o poder científico e técnico, a capacidade de intervenção e a permanente aposta de vencer a doença a todo o preço, fazia diminuir perigosamente a capacidade de diálogo com o doente, como ser em sofrimento, necessitando de ajuda, pelo lado da sociedade, do homem comum, aumentava a confiança nesse poder médico, às vezes até desmedidamente, mas ao mesmo tempo aumentava também o medo a esse universo técnico poderoso e desconhecido e a desconfiança para com os profissionais de saúde que apenas tratavam a sua doença.
Acrescentemos a tudo isto a massificação dos cuidados médicos, a vulgarização do Hospital, do Centro de Saúde, do dispensário, o contacto permanente e intenso entre estes dois interlocutores em crise de entendimento e teremos razões suficientes para explicarem a desumanização que permanentemente ameaça os serviços de saúde.
Desumanização que se encontra nos utilizadores que os frequentam, muitas vezes com medo e falta de confiança, mas ao mesmo tempo com a exigência da cura da sua doença, do alívio do seu sintoma, porque “a saúde é um direito e os serviços existem para me satisfazerem esse direito”.
E nos prestadores, que tratam os doentes como anónimos portadores de uma doença ou de uma patologia que seria muito melhor tratada se fosse possível isolá-la do seu portador, se fosse possível não aturar o ser queixoso que dela padece.
Contra esta desumanização que sorrateiramente foi invadindo os serviços médicos desde que foi aumentando a sua capacidade de intervenção, foram-se levantando os espíritos mais inquietos e preocupados.
E em todo o mundo começaram a surgir os movimentos de humanização dos serviços de saúde e de apoio aos seus doentes e clientes, tentando tornar mais humanos e acolhedores os ambientes dos serviços, recebendo os doentes, orientando-os e apoiando-os nos circuitos burocráticos e em todas as situações, tão frequentes, de medo, isolamento e dor.
Movimentos quase sempre voluntários e não profissionalizados, Ligas de Amigos revestindo diversas formas de organização e de actuação, todas elas convergindo no entanto para os mesmos fins e mesmos objectivos: Criar um clima de humana compreensão e de delicado e civilizado entendimento entre os profissionais de saúde nos seus locais de trabalho e a população que os procura, especialmente os doentes.
Para que a "úlcera da cama oito" seja substituída pelo "doente Sr. Martins", para que a doença seja curada, mas o doente seja também sempre tratado.
Por isso os profissionais de saúde, sobretudo médicos e enfermeiros, têm que considerar a delicadeza, simpatia e disponibilidade face aos doentes como qualidades essenciais, não menos importantes que a capacidade  profissional
Trata-se de um comportamento que tem que ser exigido a todos  os profissionais que lidam com doentes e que o Voluntariado não pode substituir e muito menos corrigir.

  Dentro dos programas de formação pós-graduada que são tão frequentes e                   necessários nas nossas carreiras, é fundamental introduzir cursos de relações humanas de modo a que não mais se ouça o que há tempos ouvi a uma pessoa minha conhecida que tinha estado hospitalizada: “Fui muito bem atendida profissionalmente mas fui tratada por blocos de gelo

risco fiscal


fechar os olhos e perdoar

Deixem os machos alfa à solta...
Artigo de Michelle Cottle

um insulto ao povo

Num país democrático, as greves políticas são um insulto ao povo, que é o verdadeiro soberano.

uma pergunta

Será possível que o "enorme aumento de impostos" tenha sido preparado a pensar num "enorme desconto nos impostos" para os lisboetas?
Não, a porca da política não deve chegar a tanto. Ou chega?

as políticas socialistas

  1. António Costa deverá voltar a ser o candidato do PS por Lisboa
  2. Lisboetas vão ter desconto de 2% no IRS do próximo ano
  3. Em Lisboa as taxas do IMI (Imposto Municipal sobre Imóveis) manter-se-ão inalteradas
Notícia do DE

Comentário: Estas medidas surgem num contexto de desequilíbrio financeiro da Câmara de Lisboa. Pelo que este benefício atribuído aos Lisboetas vai acabar por ser pago por todos nós. Espero que os morcões dos outros presidentes façam o mesmo. Isto vai acabar à porrada...

a senda grega

Défice até Setembro chegou perto de 9% e fez soar alertas

13 novembro 2012

assim é que é falar

A derrapagem nas receitas do Estado deve-se a ‹‹efeitos não lineares de natureza cíclica e/ou efeitos não discricionários›› — Carlos Costa

Comentário: Há quem pense que a economia é uma ciência exacta, como a matemática ou como a física. Não seria melhor afirmar, com mais humildade, que ‹‹a derrapagem nas receitas do Estado se deve a um erro de previsão››. Mesmo que exista mais evasão fiscal, é bem sabido que esta aumenta em relação directa com a carga fiscal e, portanto, até este problema devia ter sido considerado nas previsões económicas.

Aviso

... Quem mais poupar mais pagará. Sobra-lhe dinheiro? Não o poupe! Leve a mulher e os filhos, os pais e os tios, ao restaurante: fortaleça a sua família. Ou então ajude um familiar ou amigo em dificuldade: não os deixe cair na miséria. O aviso é antigo: não acumuleis tesouros na Terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde o Estado cobra, desvaloriza e expropria.
José Miguel Pinto dos Santos, no Público de ontem.

o humanista com a guilhotina


Pedro Mota Soares anunciou que quer debater medidas de “incidência legislativa que possam responsabilizar as famílias” e que vai contar com “contributos da CNIS”.
O vice-presidente da CNIS, Eugénio Fonseca, diz ao i que a ideia é penalizar os “abandonos propositados”. “Há uma penalização que me parece evidente. Estes filhos deviam ser deserdados de qualquer bem que o idoso pudesse ter. Por outro lado, aqueles que têm condições económicas deviam ser obrigados a comparticipar os encargos em lugares apropriados, mesmo se para isso for preciso descontar nos seus rendimentos ou nos seus vencimentos.”
Eugénio Fonseca alerta, porém, que os familiares não devem ser obrigados “a ter os idosos consigo, já que, em alguns casos, poderia conduzir a situações de negligência ou até de maus-tratos”.
O também presidente da Cáritas Portuguesa diz ter conhecimento de casos “desumanos”. “Às vezes até no banco de jardim são abandonados”, lamenta Eugénio Fonseca, acrescentando que o Natal e as férias de Verão são as alturas em que existem mais casos. “Para terem tempo disponível para irem de férias usam muito um estratagema que é deixá-los nas urgências dos hospitais”, relata o vice--presidente da CNIS, que afirma que não podemos confundir estes casos com os das famílias que “tardam em ir buscar os idosos porque, apesar de ser dada alta clínica, não têm condições para os ter em casa sem os pôr em perigo”.
Ionline

Comentário: Depois de cumprirem com as suas obrigações fiscais, os portugueses não ficam com dinheiro para mandar cantar um cego, quanto mais para assumirem os tais ‹‹encargos em lugares apropriados (mesmo se para isso for preciso descontar nos seus rendimentos ou nos seus vencimentos)››.
Se isto é o Estado Social, vou ali e já venho.