30 setembro 2012

ignorantes?

Os empresários portugueses são ignorantes? Claro que não.
  1. Prepararam-se para o Euro
  2. Inovaram
  3. Criaram valor para os clientes
  4. Recusaram o caminho fácil das rendas
  5. Não se encostaram ao OE
  6. Não alavancaram demasiado as suas empresas
  7. Contrataram quadros diferenciados
  8. Não corromperam
  9. Internacionalizaram
  10. Adoptaram métodos modernos de gestão
Claro que não são ignorantes.

cabaneiras

— Ignorantes? Ó vizinha, só nos faltava esta...

sistemas 2

António Borges utiliza um sistema para compreender e tentar resolver os problemas do País. É um sistema coerente de princípios e regras básicas de economia que nos permite navegar na complexidade da nossa situação económica e encontrar saídas.
Num país de cultura masculina, António Borges seria considerado um génio. Acontece, porém, que Portugal não é um país de cultura masculina, é um país de cultura feminina. Privilegiamos os relacionamentos pessoais sobre os resultados, a qualidade sobre a quantidade e elementos de carácter subjectivo sobre qualquer modelo teórico ou sistema.
A chamada solução da TSU faz todo o sentido em termos de ciência económica, mas inquina o relacionamento pessoal que existe nas empresas e a responsabilidade que, em Portugal, os patrões sentem pelos seus subordinados (pelo menos nas PME's), valores essencialmente femininos.
Entre nós a forma sobrepõe-se ao conteúdo. Como eu costumo dizer: ‹‹Ser mulher é a arte de parecer, não é a arte de ser››.
Por fim, as soluções de "política económica" dependem sempre da componente "política". A TSU não tinha consenso político, nem social e portanto era uma solução excelente, mas apenas para um trabalho teórico numa faculdade de economia.
Num país de cultura feminina, António Borges corre o risco de vir a ser considerado um tótó.

sistemas


Tristan Gooley, an explorer and expert in "natural navigation", said he had noticed the difference between men and women while running courses in the use of cues like the position of the sun, moon and stars for orientation.
When shown a picture of a house with a low sun beside it men struggled to tell whether the sun rising or setting, but women realised it must be setting because the lights in the house were on, he explained.

..."I was testing the things that I taught people – the sun, the moon, the stars, the wind, the weather, plants, animals, all these sorts of things.
"I put this test in front of groups, and men would stick within the system I had taught whereas the women would quite often say, 'never mind all that, I can tell the lights are on in the house and nobody puts all the lights on at the start of the day'.
"I think women have less comfort with and faith in a system ... men like systems so they stay within the system even if it isn't working all the way."
Telegraph

a cultura do lago




































A propósito deste post do Carlos M. Fernandes. A cultura árabe é mais parecida com a nossa do que a cultura anglo-saxónica, pelo menos nas dimensões estudadas pelo Hofstede.

29 setembro 2012

racionamento


As necessidades de saúde da população são ilimitadas e os recursos económicos são limitados. Por esta simples razão, em qualquer país onde o acesso à saúde seja “universal, geral e gratuito”, tem de existir racionamento.
Em Portugal existe racionamento implícito, como não poderia deixar de ser. É um racionamento que resulta de taxas moderadoras exorbitantes, por exemplo, ou que está nas listas de espera para consultas e cirurgias.
Quando o presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida afirma que não podemos continuar a “dar tudo a todos”, está apenas a verbalizar um conceito absolutamente racional.
É natural que o Ministério da Saúde solicite pareceres a entidades independentes sobre o melhor modo de gerir os recursos limitados de que dispõe e é razoável que se discuta o racionamento de cuidados de saúde. Passar de um modelo de racionamento implícito para um modelo de racionamento explícito é uma sugestão louvável e até mais democrática do que a actual.
Os médicos que dão pareceres ao governo não estão a tratar doentes e portanto não o fazem ao abrigo do estatuto da Ordem do Médicos.
Neste sentido, é lamentável que a Ordem se proponha abrir processos disciplinares aos colegas de quem discorda. É uma actuação censória que extravasa, na minha opinião, o âmbito da Ordem dos Médicos.

28 setembro 2012

desistam

Governo apela às empresas para que desistam do financiamento bancário

Carlos Costa defende alteração fiscal para desincentivar recurso à banca

Comentário: Eu apelo ao governo para que desista de pedir dinheiro emprestado à banca.
A propósito da sugestão de Carlos Costa: se os juros deixassem de ser totalmente dedutíveis, em termos fiscais, teríamos uma hecatombe empresarial e financeira. Penso que seria uma opção inédita a nível mundial.

Fónix

Estado dá a vinte empresas 850 milhões de benefícios fiscais

A lista das 11 mil empresas com benefícios do Estado

planeamento central


Eu não sou favorável a que o Ministério da Saúde decida, a nível central, quais os tratamentos que devem estar disponíveis e onde.
Na nossa cultura católica, que aspira à beleza e à verdade, o planeamento central parece uma solução perfeita. Um sábio, em Lisboa, no assento etéreo do Ministério da Saúde, rodeado de anjos bons, decide o que é melhor para todos. E mesmo que a gente não compreenda as suas razões, sabemos que o tal sábio “escreve direito por linhas tortas”.
Ora este paradigma não serve a realidade complexa e diversificada em que vivemos. Cada unidade de saúde confronta-se com situações completamente distintas.
Eu optaria por delegar nos hospitais as decisões referentes aos tratamentos que pretendem disponibilizar à população das suas áreas. Dentro de uma estratégia superiormente definida.
O Ministério da Saúde deve afastar-se da micro-gestão e dedicar-se ao chamado “parenting”. Mandatar e controlar a execução.
A polémica em torno do racionamento/ racionalização dos medicamentos (e tratamentos) demonstra o caminho perigoso que o Ministério está a trilhar. Ainda dentro da nossa cultura, rapidamente a populaça vai concluir que, afinal, o trono do Ministério da Saúde foi usurpado por um Demónio, sedento d’almas, que tem de ser expulso para deixar entrar a Luz.

2 meses

Quem vai perguntar aos doentes se prescindem de viver mais dois meses porque é caro?

27 setembro 2012

não é possível


O Ministério da Saúde pode e deve limitar o acesso aos medicamentos mais caros para tratar doenças como a sida ou o cancro. Foi neste sentido que se pronunciou o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida.
...Miguel Oliveira da Silva, presidente deste órgão consultivo, afirma que "não só é legítimo como, mais do que isso, desejável". "Vivemos numa sociedade em que, independentemente das restrições orçamentais, não é possível, em termos de cuidados de saúde, todos terem acesso a tudo", diz.
Expresso

Comentário: Eu acrescento que, em saúde, dar tudo a todos não contribui para a saúde da população. O elevado consumo de medicamentos (comparticipados pelo Estado), por exemplo, tem consequências graves para os doentes e efeitos tóxicos para o meio ambiente.
Está estimado que se gasta tanto a tratar reacções adversas a medicamentos como se gasta em medicamentos. O governo deve actuar nesta área.

chichi

Estava eu a passar os olhos por um encarte do Público de hoje quando tive um momento eureka. Foi ao ler a promoção de uma clínica que se propõe reequilibrar o fluxo de chi no organismo.
Para quem não saiba, o chi é a força universal da vida que tem de circular livremente para termos vitalidade (sic). Quando o chi está bloqueado (sic) surge o mal-estar. É por isso que a gente grita CHIÇA quando estamos engalhados. Chi-ça, palavra que na sua origem etimológica expressa a necessidade de chi aqui (ça), (do latim - ecce ha).
Ora foi então que eu pensei: o problema de Portugal é a falta de chi. Tem de ser essa a razão da nossa malaise. Só que no estado avançado de degradação em que nos encontramos, necessitamos de uma dose dupla de chi, uma dose forte. Pode ser Ultrachi, Chi Forte ou simplesmente Chichi.
Venha o remédio, sob qualquer forma Galénica. Venha é depressa e qb, porque se esperarmos pelo OE 2013, vamos ficar tão desidratados que não vai haver chi que chegue para reequilibrar os fluxos do País.
"Chiça penica".

outro aviso


This policy mix is starting to look dangerously like Greece's, too. And if Athens has proved anything in the past two years, it's that you can't tax your way to a balanced budget in the face of rising unemployment and a shrinking private sector.

Portugal has been held up as a model pupil for fiscal consolidation and structural reform. But hitting the EU and IMF's deficit targets should never be treated as an end in itself. Portugal needs growth, and another round of tax hikes is no way to get it.

FMI

Os ajustamentos orçamentais efectuados à custa da receita têm mais efeitos recessivos do que se forem à custa da despesa. PDF
Quem avisa é o FMI.

Grécia

Empresas gregas devem cerca de 50 MM€ ao fisco.

Eis o resultado de tentar equilibrar orçamentos pelo lado da receita.

26 setembro 2012

2 regimes políticos


A tale of two regimes: Educational Achievement and Institutions in Portugal, 1910-1950 PDF
Nuno Palma e Jaime Reis

socialismo = miséria

Espanha — 7 anos de Zapaterismo, resultado: miséria
Portugal — 6 anos de Socratismo, resultado: miséria

na direcção oposta

Uma família sai de Coimbra para Lisboa, mas em vez de tomar a direcção Sul vira para Norte. O pai, ao volante, lá segue muito determinado pela A1, mas, obviamente, a afastar-se do seu destino final. O Zéquinha, o puto mais reguila, a certa altura exclama: ‹‹Ó pai, tu estás a ir é pró Porto››. ‹‹Tá calado que não tens carta de condução››, respondeu-lhe o pai. Lá prosseguiram no erro até que tudo se esclareceu... o pai, chegados à Mealhada, parou no Pedro do Leitões, voltou-se para a família e disse: ‹‹ Vamos aqui encher a mula que a viagem para Lisboa é extenuante e quando chegarmos... chegamos››.
...
Se me permitem esta metáfora, o mesmo se está a passar em Portugal com a estratégia económica que o governo está a prosseguir: vai na direcção exactamente oposta à que devia ir. Em vez de nos conduzir a um equilíbrio orçamental, o governo está a conduzir-nos a uma espiral recessiva que nos afasta do objectivo inicial.
Está na cara que é assim. Sobra apenas uma pergunta: quem é que vai ao volante e onde é que vão encher a mula?
O únicos leitões quentinhos e estaladiços que eu vejo são as privatizações, a começar pela CGD. Será?

+ impostos?

“Mais impostos apenas agravam a recessão e dificultam a recuperação”

novas instalações

‘Público’ estuda mudança de instalações para poupar

Uma vez que o Público está repleto de elementos da extrema-esquerda, talvez se devessem instalar no Parque Eduardo VII, ao melhor estilo Occupy Wall Street.
Sempre dizia a cara com a careta.

25 setembro 2012

25 de Setembro

Cerco ao Congresso, em Madrid

1º dia do fim da democracia

20%

As despesas com a Segurança Social, a Saúde e a Educação, constituem cerca de 75% dos encargos do Estado.
Necessitam de um corte de 20%, para equilibrarmos as contas.
Se não o fizermos já, iremos fazê-lo mais tarde, quando o País estiver de rastos.

pain without gain


... Portugal is entering an entirely new phase of this crisis.
There are bigger forces than governments. Mr Passos Coelho and his young puppies have come face to face with the Portuguese nation.
Unemployment has reached 15.7pc (36.4pc for youth). Citigroup expects the economy to contract by 3.8pc this year, a further 5.7pc next year, and yet again by 1.3pc in 2014. (and even then the current account will still be deficit – proof of the absurdity of EMU)
The slump will be so severe that the budget deficit will rise, not fall. Shrinking tax revenues will outweigh gains from cuts. Lisbon is chasing its tail. Citigroup says the deficit will be 5.1pc of GDP this year, 4.9pc next year, and 5.4pc in 2014.
This will play havoc with debt dynamics. Public debt will explode to 134pc of GDP by next year. At which point there will have to be debt-restructuring.
If Citigroup is right – and views differ on this – Portugal is going into the same sort of self-feeding downward spiral as Greece. Debt-deflation is choking the country.
As readers know, I have never believed that Portugal is fundamentally healthier that Greece. Its total debt level is over 360pc of GDP (Greece is nearer 260pc). Its international investment position is over 90pc of GDP in the red.
Portugal cannot recover under the policies in place. The government is asphyxiating the Portuguese economy for no useful purpose.
It is pain without gain.
Telegraph

seremos um apêndice


Portugal não tem um Estado forte, Portugal tem um Estado gordo. Bully com os fracos e cobarde com os fortes.
Quando terminar a cura de emagrecimento a que estamos sujeitos, vamos ficar pele e ossos, sem tecido muscular. Uma carcaça velha e desprezível.
Penso que é isso que a UE pretende. Na lógica de que o Estado-nação e a soberania nacional já não têm lugar na nova realidade europeia.
Depois de nos desfazermos de todas as empresas que o Estado controla, depois de adaptarmos o nosso mercado às exigências europeias, depois de liberalizarmos quantum satis, virá um perdão parcial da dívida — lá para 2014/2015.
Nessa altura, o Estado estará caquético e impotente, exatamente como convém aos nossos queridos parceiros da UE. Seremos um apêndice, de um apêndice (Espanha), de um colosso que, para mal dos nossos pecados, tem pés de barro.

2 notícias 2

O vice-chanceler alemão e ministro da economia, Philipp Roesler, considerou hoje "exemplar para a Europa e para o mundo" a aplicação do programa de ajustamento financeiro em Portugal...

A 'troika' estimou hoje que a dívida pública portuguesa atinja um máximo de até 124 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), uma revisão em alta quando comparada com conclusões de anteriores exames ao programa de ajustamento económico.

lérias

El sociólogo Daniel Bell estableció ya en 1987 que el Estado era “demasiado pequeño para atender a los grandes problemas del mundo actual y demasiado grande para encarar los pequeños problemas cotidianos del ciudadano”. Desde entonces, el declive del Estado cabalga a la velocidad de la luz.

Esta citação, que vinha hoje no El País, não pode deixar de pôr os cabelos em pé a qualquer conservador. O Estado não nasceu para resolver os grandes problemas do mundo, nem para se imiscuir nos pequenos problemas quotidianos do cidadão.
O Estado nasceu para assegurar a sobrevivência dos povos que o conformam. Sobrevivência que depende da defesa interna e externa e de uma correcta administração da justiça. O resto são lérias que só acabam por minar as verdadeiras funções do Estado.

já não existe

La política. Lamento traer desde Europa esta noticia: la independencia es imposible. No porque alguien la impida. Sino porque la independencia ya no existe en la Europa real, la UE. Como no existe el Estado-nación. Ni la soberanía nacional. Aún pesan. Pero son solo residuo histórico, apariencia en estado terminal, ensoñación.
...
El sociólogo Daniel Bell estableció ya en 1987 que el Estado era “demasiado pequeño para atender a los grandes problemas del mundo actual y demasiado grande para encarar los pequeños problemas cotidianos del ciudadano”. Desde entonces, el declive del Estado cabalga a la velocidad de la luz.

Artigo do El País

cuidado com as sondagens


o dinheiro caiu do céu...


Há ricos por todo o lado e, contudo, não contribuem para o crescimento dos seus próprios países. ‹‹Não investem em escolas públicas, em hospitais públicos, ou noutros projectos de desenvolvimento››.
‹‹É altura dos líderes políticos dizerem aos ricos algumas coisas que eles não gostam de ouvir››.
Ms Clinton, no Telegraph

Comentário: Como a fortuna tem "caído do céu" à família Clinton, a senhora pensa que o mesmo acontece com todos os ricos.

24 setembro 2012

sejamos francos

Se o PS tivesse continuado no governo, não notaríamos a diferença.

não pagamos

É claro que ninguém está disposto a mudar de estilo de vida para pagar a dívida. A começar pelos políticos e pelo governo.
NÃO PAGAMOS!

na secretaria

Por estes dias, o líder do PS afirmou que não iria para o governo sem eleições que o legitimassem. Fez bem, ainda é tão recente a experiência do Sr. Santana Lopes que é fácil dar-lhe razão.
Há coisas que não podem ser dadas de bandeja, têm de ser conquistadas.
Pena é que o PS não compreenda que o mesmo se aplica à sociedade de consumo. O acesso à sociedade de consumo também não se legitima na secretaria. Tem de ser conquistado pela via da produção de riqueza, só desse modo é que os cidadãos podem "ser eleitos" para a sociedade de consumo.

muitas cigarras e poucas formigas

À latitude a que nos encontramos a sobrevivência é fácil. A terra é generosa, o mar é abundante e o clima é ameno. Em Portugal sobrevive-se com muito pouco, um caldo verde, broa a sair do forno, umas sardinhas assadas, cebolas, azeitonas e um copo de vinho, é tudo quanto precisamos.
As tribos que se sedentarizaram por cá não necessitaram, portanto, de investir demasiado tempo com o problema da sobrevivência. Tiveram é que se defender dos bárbaros que invejavam a nossa sorte.
Os “senhores da guerra” lideraram essa defesa do território, garantindo a uma população submissa (elevado Índice de Distância ao Poder) a tranquilidade necessária para desfrutar da qualidade de vida (baixo Índice de Masculinidade) que o meio ambiente lhe proporcionava.
O indígena ficou com tempo livre para se dedicar à família, para “dar uns chutos na bola” e ainda para se rebolar na areia das muitas e maravilhosas praias que temos.
Os portugueses não são preguiçosos, mas apreciam tirar tempo livre para o convívio e até para o lazer. Não somos como a cigarra, mas também não queremos ser formiguinhas. Nem precisamos de ser, porque vivemos numa espécie de paraíso na Terra.
Quando o Ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, afirma que Portugal não pode ser ‹‹um país de muitas cigarras e poucas formigas››, está a cometer um erro. Em primeiro lugar porque não somos ‹‹um país de muitas cigarras›› e, em segundo lugar, porque não queremos ser ‹‹um país de muitas formigas››.
Queremos ser quem somos.


de mão estendida

Num país com 800.000 desempregados, as farmácias não têm vergonha de pedir mais dinheiro ao Estado.

23 setembro 2012

22 setembro 2012

só vejo uma saída


que devem fazer os líderes da CIP, CCP, CAP e CTP?


Que devem fazer os líderes do patronato se a proposta da TSU for substituída pelo corte de 2 salários na FP e um no privado, sem outras alterações.
A resposta vem já a seguir, no próximo post.

a Lei de Jante

A cultura escandinava não aprecia o génio individual
  1. Não penses que és especial
  2. Não penses que és tão bom como nós
  3. Não penses que és mais esperto do que nós
  4. Não te convenças que és melhor do que nós
  5. Não penses que sabes mais do que nós
  6. Não penses que és mais importante do que nós
  7. Não penses que és bom seja no que for
  8. Não te rias de nós
  9. Não penses que alguém se importa contigo
  10. Não penses que nos podes ensinar
  11. Não penses que há coisas que não sabemos sobre ti

World Values Survey



Uma base de dados de consulta gratuita online

21 setembro 2012

"consertação" social 3

"consertação" social 2

Quando as Confederações Patronais recusam 2,5 MM € e as Confederações Sindicais preferem entregar esse montante ao Estado* do que deixá-lo nas empresas, é claro que a Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS) está anquilosada e, para bem do País, deve acabar.
Aliás, esta dita Comissão não deixa de ser um resquício do corporativismo Salazarista que pretendia conciliar interesses económicos antagónicos que, salvo melhor opinião, são quase sempre melhor resolvidos pelo mercado.
Querem "consertação" social? Acabem com a Concertação Social.

* em IVA ou IRS

"consertação" social 1


Os Parceiros Sociais, isto é Governo, Confederações Patronais e Confederações Sindicais, integram a Comissão Permanente de Concertação Social (CPCS) cuja principal atribuição é a promoção do diálogo e da concertação social, com vista à celebração de acordos.

À CPCS compete ainda:


  1. Pronunciar-se sobre as políticas de reestruturação e de desenvolvimento socioeconómico, bem como sobre a execução das mesmas;
  2. Propor soluções conducentes ao regular funcionamento da economia, tendo em conta, designadamente, as suas incidências no domínio socio laboral;
  3. Apreciar regularmente a evolução da situação económica e social do país;
  4. Apreciar os projetos de legislação respeitantes a matérias de âmbito socio laboral, designadamente de legislação de trabalho.

Em sede de CPCS os trabalhos desenvolvem-se em várias fases, nomeadamente proposta e calendarização dos temas a tratar e definição da metodologia mais adequada à sua análise com base num cronograma de trabalhos, anual ou por legislatura, aceite por todos os seus membros. No elenco de matérias a discutir incluem-se as políticas públicas de emprego, de formação profissional, de segurança social, tributárias e da administração pública, entre outras.

Há, ainda, matérias que são objeto de parecer obrigatório por parte da CPCS, como é o caso da fixação do montante anual da Retribuição Mínima Mensal Garantida (RMMG), prevista no art. 273.º do Código de Trabalho.

No contexto da preparação de pareceres de conteúdo mais complexo por parte da CPCS, são normalmente criados grupos de trabalho temáticos, compostos pelos Parceiros Sociais, no âmbito dos quais são analisadas, de um ponto de vista técnico e exaustivo, as questões pertinentes antes da sua apreciação final.

status quo


O ministro da Economia está a ser confrontado com uma atitude inédita por parte do patronato português, que quer abrir mão de 2,5 mil milhões de euros com o alívio nos encargos sociais e travar o aumento das contribuições para os trabalhadores.
A unanimidade entre as confederações da Agricultura, do Comércio e Serviços, da Indústria e do Turismo é total: uma contracção maior dos salários provocará ainda mais falências, logo mais despedimentos e também quebra nas receitas fiscais.
Ionline

Comentário: Todas estas entidades pretendem manter o status quo. Obviamente, tal não é possível, porque foi o status quo que nos levou à falência.

20 setembro 2012

Robyn Lawley

É só saúde

quanto cortar na saúde? 4

Só nos medicamentos é possível eliminar 10% dos gastos. Ver aqui.
O que foi feito até agora é insuficiente.

quanto cortar na saúde? 3

Emagrecer o SNS significa eliminar 15 a 20% da despesa. Pode ser feito, sem prejudicar a qualidade dos serviços prestados.

quanto cortar na saúde? 2

Para alinharmos os nossos gastos com países como a Coreia do Sul, a República Checa e a Polónia, o corte teria de atingir os 36%.

quanto cortar na saúde?


Santiago Carrillo

Paul Preston El Holocausto español, en el que el autor afirma en él que "Carrillo sí sabía lo que pasó en Paracuellos. Decir que no sabía nada es ridículo".

galgos ou podengos?

"No son estos tiempos buenos para escudriñar en las esencias ni para debatir si son galgos o podencos quienes amenazan nuestro modelo de convivencia".
Juan Carlos

A propósito deste alerta do Rei de Espanha, recordo o poema de Tomás de Iriarte (Sec. XVIII)


Por entre unas matas,
seguido de perros,
no diré corría,
volaba un conejo.

De su madriguera
salió un compañero
y le dijo: «Tente
amigo, ¿qué es esto?».

«¿Qué ha de ser?», responde;
«sin aliento llego...;
dos pícaros galgos
me vienen siguiendo».

«Sí», replica el otro,
«por allí los veo,
pero no son galgos».
«¿Pues qué son?» «Podencos».

«¿Qué? ¿podencos dices?
Sí, como mi abuelo.
Galgos y muy galgos;
bien vistos los tengo».

«Son podencos, vaya,
que no entiendes de eso».
«Son galgos, te digo».
«Digo que podencos».

En esta disputa
llegando los perros,
pillan descuidados
a mis dos conejos.

Los que por cuestiones
de poco momento
dejan lo que importa,
llévense este ejemplo.

democracia perde legitimidade

Os portugueses estão cada vez mais insatisfeitos com a democracia, 64,6% das pessoas consideram-se "pouco ou nada satisfeitos".

Comentário: Ao ler os resultados desta sondagem interroguei-me se a democracia será viável na situação de protectorado em que nos encontramos. Se a Troika é que manda e a vontade popular não conta para nada, durante quanto tempo é que será possível manter uma fachada democrática?

começar de novo

PSD convida CDS a renovar apoio ao acordo de coligação


difícil?

Governo argumenta que é difícil cortar mais na despesa do Estado, além do que já está previsto. Discussão pode resvalar para aumento de impostos.

19 setembro 2012

18 setembro 2012

impagável

Despesa pública representada no Conselho de Estado

a casa dos enredos 8

Mário Soares sugere nomeação de novo Governo sem recurso a eleições antecipadas

Comentário: Esta é que é de democrata.

mudança cultural

Circunstâncias que podem provocar mudanças culturais:
  1. Alterações económicas
  2. Novas tecnologias
  3. Intervenção estrangeira
Neste momento, Portugal está sob estes três tipos de influência. Terão impacto na nossa cultura? Talvez.



a reforma da justiça


Detido na manifestação foi condenado a um ano de prisão

Comentário: Quem é que disse que a justiça não é célere? E que não tem mão de ferro sobre os criminosos?

os homens são casmurros?

Enquanto as mulheres usam todos os meios disponíveis para atingir os fins em vista, os homens têm tendência para não abandonar os seus "sistemas" — por exemplo, mapas ou conjunto de direções — mesmo quando estes falham.
...
‹‹Penso que as nossas perspectivas (homens/mulheres) são diferentes. Eu diria que as mulheres estão mais abertas a soluções alternativas››.

Comentário: Um estudo interessante sobre a diferença de comportamentos entre homens e mulheres.

casa dos enredos 7

Proposta da TSU foi violação “de uma matriz civilizacional”

17 setembro 2012

casa dos enredos 6

Os professores da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho não acreditam que as alterações nas contribuições das empresas e dos trabalhadores para a Segurança Social tenham um efeito positivo na questão do desemprego.

Comentário: Até há bem pouco tempo, não havia modelos económicos que permitissem avaliar o impacto da descida da TSU. Agora já sabemos que o MF tem um modelo e a UM tem outro, e os resultados de ambos são exactamente opostos.

casa dos enredos 5

Deputada Ana Drago:
— Quem é que o primeiro-ministro representa: a Sra. Merkel ou os portugueses?

casa dos enredos 4

Trela curta:


Bruxelas faz depender ajuda a Portugal da TSU

a casa dos enredos 3

Teresa Guilherme Marcelo comenta acontecimentos na Casa do Enredos: ‹‹Quem entalou o Pedro foi o Paulo››.

2 notícias 2

Quase dois milhões viram estreia de "Casa dos Segredos"

“Manifestação: Que se lixe a troika! Queremos as nossas vidas” reúne cerca de 100.000 pessoas em Lisboa

a casa dos enredos 2

A direcção do PSD não gostou das conclusões do CDS em relação às medidas de consolidação financeira e convocou os principais órgãos dirigentes do partido para responder a Paulo Portas.

a casa dos enredos 1

Paulo Portas desafia Governo a ter uma posição de abertura

16 setembro 2012

uma ideia diabólica

Na sua crónica de hoje, no Público, Frei Bento Domingues, depois de vilipendiar o ministro das finanças e o primeiro-ministro, propõe à Conferência Episcopal a realização de uma ‹‹manifestação nacional para alterar as políticas que sacrificam sempre os que deveriam ser mais beneficiados››.
‹‹Não poderia, por exemplo›› — diz o bondoso frade, ‹‹a Conferência Episcopal promover, através das paróquias e das dioceses, dos movimentos e associações católicas, vigílias de oração e de aprofundamento do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, na situação actual, convergindo depois tudo para a peregrinação nacional a Fátima nos próximos dias 12 e 13 de Outubro?››.
Ou seja, Frei Bento Domingues propõe que a próxima peregrinação a Fátima se transforme numa manifestação política. Francamente!
Há anos que não assistia a um aproveitamento político tão vil do fenómeno religioso de Fátima. Espero que o Cardeal Patriarca venha repor o bom-senso.

O MONSTRO

Ou o governo acaba com o monstro ou o monstro acaba com o governo.

Portugal na CEE

Impacto das manifs na estranja:

AP
Reuters
WSJ

os barões da pobreza

Britain's swelling overseas aid budget has created a new group of “poverty barons” paying themselves up to £2 million a year for their work helping the disadvantaged.

‹‹Há quem olhe para um bairro de lata e só veja miséria e há quem veja potes de ouro››.

15 setembro 2012

a curva de Laffer

Dear Joaquim,
I was watching CNN and learned that thousands of people took to the streets in Portugal to demonstrate against more taxes.
I could have told Gaspar that he was in the wrong path, but I don't think he would have listened. My curve is not popular in Catholic countries.
Give my best regards to João Miranda.
Sincerely,
Arthur

a cadeira vazia

Ao ver as manifestações de hoje, lembrei-me da intervenção do Clint Eastwood na convenção do Partido Republicano, nos EUA.
Em Portugal, a "cadeira do poder" também está vazia. O primeiro-ministro lidera o governo, mas não se elevou a líder do País.
Para liderar o País, PPC tinha de ter uma estratégia política clara e, infelizmente, até agora, não apresentou nenhuma.

España II

Um estilo de vida que chegou ao fim

España

El País

14 setembro 2012

um mau exemplo

Universidades queixam-se ao fisco, as públicas claro. Na minha opinião, trata-se de um comportamento repugnante.

13 setembro 2012

f@%& the government

Peso da economia paralela sobe para 25,4% do PIB

Boots

No RU o mercado das farmácias está liberalizado. A Boots tem 20% de todas as farmácias e ninguém se queixa.

são uma espécie de PPP

As farmácias vivem de rendas* que resultam de um monopólio. Como o mercado não é livre, o alvará de uma farmácia custa centenas de milhares de Euros, valor que o proprietário recupera dos montantes pagos pelo Estado e pelos utentes.
Se não existissem restrições à abertura de farmácias, surgiriam economias de escala que permitiriam baixar significativamente o preço dos medicamentos. O problema é que os alvarás passariam a valer ZERO.
Ora como os alvarás foram adquiridos a crédito, julgo que na grande maioria dos casos, os proprietários e a banca sofreriam uma perda total desse investimento. Um montante que poderia atingir mais de 1,5 MM€.
Deixar tudo como está, porém, não é possível.
Os portugueses não têm dinheiro para continuar a alimentar esta espécie de parceria público-privada.

* Sem rendas, os alvarás não teriam qualquer valor.

Que fazer?

  1. Elaborar uma lista dos medicamentos considerados essenciais.
  2. Limitar a comparticipação do Estado aos medicamentos constantes dessa lista.
  3. Comparticipar pelo valor mais baixo do mercado.
  4. Liberalizar a venda de medicamentos.
  5. Desenvolver um programa de acompanhamento farmacoterapêutico para doentes polimedicados.
    O que é que impede estas medidas? Interesses!!!

    desnorte

    Em 2012, o consumo de medicamentos em Portugal atingirá 3.693 M€. Cerca de 40% mais do que proporcionalmente se consome na Suécia ou na Dinamarca.
    O Estado poupará 3,5% na comparticipação de medicamentos em ambulatório e 1,7% nos medicamentos hospitalares. Chega? Com certeza que não.
    Em simultaneo, irão consumir-se mais 4,2 milhões de embalagens de medicamentos em 2012 do que em 2011. Porquê?
    Que anda a fazer o Ministério da Saúde?

    12 setembro 2012

    é oficial

    Na entrevista ao “Público”, o responsável do FMI alerta também que “se o programa for apenas austeridade, a economia não vai sobreviver”, sendo por isso que foi dado mais um ano a Portugal para o País atingir um défice abaixo dos 3%.

    desconcertante


    Gaspar deixou, porém, aberta a hipótese de não aumentar a taxa efetiva de IRS caso o Governo consiga até à apresentação do OE desenhar um grande programa de cortes adicionais na despesa pública.

    Esta afirmação é, no mínimo, desconcertante. Gaspar parece aquele drogado que jurou deixar a coca mas que guarda em casa umas doses, caso não consiga cortar o hábito.

    o próprio Salazar

    O argumento que eu procurei passar no meu último post está ilustrado na respectiva caixa de comentários. Eu peguei numa ideia de Salazar (acerca dos partidos políticos em Portugal), comentei-a e pu-la à discussão. Porém, em breve, aquilo que os comentadores estavam a discutir não era a ideia de Salazar. Era o próprio Salazar.

    A ideia (acerca dos partidos políticos em Portugal) perdeu toda a centralidade, a qual passou a ser ocupada pela própria pessoa de Salazar. Ora, isto só dá razão a Salazar (e, já agora, também a mim).

    (PS. Repare também que o comentador que mais decisivamente contribuiu para desfocar o debate da ideia e o concentrar na pessoa é uma mulher. E o homem foi atrás.).

    o milagre da ANF

    João Cordeiro alertou para a situação que atinge já 1.131 farmácias que estão com os fornecimentos suspensos nos grossistas, enquanto 457 têm processos judiciais para pagamento de dívidas aos grossistas.
    O presidente da ANF referiu que o montante global da divida litigiosa aos grossistas era de 235 milhões de euros em Junho de 2012.
    Para a correcção destas medidas, João Cordeiro defendeu uma receita hoje apresentada num estudo da Nova School of Business and Economics, segundo o qual "para que a farmácia média atinja um resultado económico nulo carece de uma remuneração adicional de 2,43 euros por receita ou de 0,94 euros por embalagem, para os atuais níveis de preços dos medicamentos".
    "Estas medidas podem ser adoptadas sem acréscimo de despesa", disse João Cordeiro.
    JN

    Como é que as farmácias podem auferir mais 2,43 € por receita, sem aumento da despesa? Milagre!
    Ou paga o Estado ou paga o utente, porque o dinheiro não cai do céu, como caiu até agora para a ANF. Esta receita não deve vir da Nova School of Business and Economics. Cá para mim vem da "Velha School of Business and Economics", a tal que arruinou o País.

    contas não batem certo

    BNP Paribas: Défice deste ano ficará nos 6% e recessão em 2013 será ainda mais severa

    Lá para Novembro vem mais austeridade, digo eu.

    Im Namen des Volkes


    O Tribunal Constitucional Alemão (BVG) aprovou hoje o novo Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) e o Tratado Orçamental, indeferindo vários requerimentos contra estes documentos, embora sob algumas condições, em acórdão considerado determinante para o futuro da moeda única europeia.

    "Em Nome do povo, os requerimentos são recusados", proclamou na abertura da audiência, em Karlsruhe, o juiz-presidente, Andreas Vosskuhle.


    Comentário:
    Reparem nesta "cúria cardinalícia" que se pronuncia "Im Namen des Volkes" — em nome do povo. Em última instância, nas democracias, só as elites é que podem defender o povo.

    universais evolutivos

    Universais evolutivos (PDF) são princípios que resultaram da evolução humana e que, segundo Talcott Parsons, estão presentes em todas as sociedades:
    1. Estratificação social
    2. Legitimação cultural - processo de legitimação de grupos sociais
    3. Organização burocrática
    4. Dinheiro e mercados
    5. Normas gerais
    6. Associação democrática

    o fim da luta de classes

    Vítor Gaspar, na entrevista de ontem à SIC, pronunciou o fim da luta de classes, invocando a definição que a UE dá de empresa. ‹‹É um lugar de cooperação››, disse. Não há interesses antagónicos, todos os intervenientes pretendem o sucesso da empresa.
    Julgo que o Ministro das Finanças devia resumir esta sua visão num pequeno texto a ser remetido aos trabalhadores da TAP, da RTP, do Metro, da Carris, dos STCP, etc...
    Talvez contribuisse para clarificar muita coisa.

    11 setembro 2012

    tem razão a Mulher

    Na frase de Salazar citada em baixo pelo Ricardo, ele põe o dedo exactamente no ponto crucial. Diz ele que em Inglaterra as pessoas reunem-se em partidos em torno de ideias, ao passo que em Portugal as pessoas reunem-se em partidos em torno de pessoas. É a diferença entre o personalismo católico português, que atribui a centralidade às pessoas, por oposição ao individualismo protestante, que atribui centralidade às ideias, desvalorizando as pessoas para o estatuto de meros indivíduos.
     
    Seguindo a linha de raciocínio de Salazar, em Inglaterra as pessoas reunem-se em torno de partidos para defender ideias e a oposição a outros partidos é uma oposição a outras ideias, não a pessoas. Pelo contrário, em Portugal as pessoas reunem-se em partidos em torno de pessoas e a oposição a outros partidos é uma oposição a outras pessoas. Por outras palavras, em Inglaterra os partidos pôem ideias contra ideias, ao passo que em Portugal eles pôem pessoas contra  pessoas. Eis a razão por que em Portugal os partidos são, e sempre foram, uma instituição extraordinariamente divisiva. Eu posso ser contra uma ideia sem ser contra a pessoa que a tem, mas eu não posso ser contra uma pessoa sem ser realmente contra ela.
     
    Salazar era um grande observador dos traços culturais dos portugueses, embora nunca os tenha articulado numa teoria coerente, nem era esse o seu propósito. Foi por isso que ele governou bem Portugal. Só lhe conheço uma observação acerca dos portugueses que saiu rotundamente falhada. É uma observação em que ele diz que os portugueses têm muita tendência para a abstracção. Os portugueses com tendência para a abstracção? Isso são os alemães e, em menor medida, os ingleses e os americanos - são os protestantes. Os portugueses têm é uma enorme tendência para o concreto e o imediato, como todos os povos de cultura católica. Aquilo que Salazar queria dizer é que os portugueses têm uma grande tendência para a fantasia. Isso é verdade, são fantasistas por excelência, como todos os povos que partilham a sua cultura.

    Voltando à questão inicial, entre a centralidade das ideias na cultura protestante - que é, ao mesmo tempo, o traço mais marcadamente masculino desta cultura  - e a centralidade das pessoas na cultura católica - o traço mais marcadamente feminino desta cultura -, quem tem razão, o que é mais importante, as ideias ou as pessoas?

    Tem razão a cultura católica - tem razão a Mulher -, as pessoas são mais importantes do que as ideias. As ideias são criações humanas feitas para servir as pessoas,  não o contrário, não foram as pessoas que foram criadas para servir as ideias. Mas este é mais um argumento contra os partidos na cultura católica, precisamente porque eles põem pessoas contra pessoas.

    Os partidos são o exemplo acabado da seita - na realidade, eles tiveram origem no mundo protestante como emanações das seitas religiosas - e a seita é a instituição mais inimiga da cultura católica, a pior  chaga que se pode pôr no seio desta  cultura. Onde havia unidade passa a haver divisão, onde havia amizade passa agora a existir ódio. Divisões, confrontos,  perseguições, e no limite, guerras civis foi aquilo que  os partidos políticos sempre produziram nos países de cultura católica. E já me esquecia de outra consequência importante. Arruinaram sempre financeiramente os países católicos.

    uma questão de patriotismo

    — Eu não faço declarações por uma questão de patriotismo.

    tsunami fiscal

    › IRS
    › IRC
    › IMI
    › Impostos s/ juros, mais-valias e dividendos
    › Imposto de selo
    › Imposto de circulação

    - Parei para respirar...

    Portugal não pode ter medo de existir

    A 12 de Abril de 2011, o líder da oposição afirmava através do seu Facebook: “O PSD chumbou o PEC 4 (...) a austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento”.

    Enfim, disse um dia Salazar: “Eu não tenho horror aos partidos, dum modo geral; tenho horror ao partidarismo em Portugal. A Inglaterra vive, pode dizer-se, há séculos com os seus dois partidos alternando-se no poder, e até ao presente têm-se dado bem com isso. A educação cívica do povo leva as massas a deslocarem-se entre os dois, levadas por grandes movimentos de ideias, ou por grandes aspirações, ou necessidades adicionais. Em Portugal, porém, esses agrupamentos formaram-se à volta de pessoas, de interesses mesquinhos, de apetites, e para satisfazer esses interesses e apetites. Ora, é essa mentalidade partidária que tem de acabar, se queremos entrar num verdadeiro período de renovação.” (“Entrevistas a Salazar”, páginas 94 e 95).

    Quase quarenta anos depois do 25 de Abril e da reinstituição dos partidos enquanto monopolistas da política, a economia portuguesa vem resvalando numa trajectória de divergência face ao resto da Europa. O desemprego, que em 1973 era de 1,5% (“Economia Portuguesa”, Luciano Amaral, página 28), multiplicou-se entretanto por dez; a última década foi uma catástrofe e o País está intervencionado pela terceira vez. A insolvência do Estado não é apenas financeira ou económica, é também política. A partidocracia falhou.

    Mais e melhor democracia, e – como diria José Gil – uma maior participação neste país da “não-inscrição”, é disso que precisamos. Portugal não pode ter medo de existir.
    (Publicado a 11/09/2012 no Diário Económico, página 8).

    alternativa

    A ONU empresta-nos dinheiro, já não precisamos da Troika.

    2 visões opostas

    Para o FMI, a saúde da economia depende da saúde das empresas. Para a grande maioria dos economistas portugueses, a saúde da economia depende da saúde económica dos trabalhadores.

    falidas


    Estudo da Ernst & Young sobre PPP conclui que existem cinco concessões falidas e outra na iminência de falir.

    Três concessionárias de auto-estradas lideradas ou participadas pela Brisa, duas geridas pela Ascendi (controlada pela Mota-Engil e pelo Grupo Espírito Santo) e uma da Somague entraram ou estão prestes a entrar em estado técnico de falência. No total, estão em causa cerca de 640 quilómetros de auto-estradas que, actualmente, não são financeiramente sustentáveis.

    uma vidaça

    Beber uns vodkas, comer umas putas, matar uns talibans...

    10 setembro 2012

    um exemplo para a populaça

    O primeiro-ministro de um país falido e intervencionado tinha "herdado" um ZIM de 1951. Um carro que gastava uns 20 l/ 100 kms. O veículo tinha sido oferecido a um seu antecessor pelo presidente Leonid Brezhnev e era considerado uma relíquia de estimação.
    Como era necessário cortar na despesa, o que fez o querido líder?
    - Cortou o 13º mês e o subsídio de Natal ao motorista.
    - E um mês de vencimento ao empregado das bombas de gasolina.

    mudar de vida

    Para cortar na despesa pública são necessários cortes na saúde, na educação e na segurança social. Estes cortes irão ocorrer, mais tarde ou mais cedo, porque não temos dinheiro para manter o “status quo”.
    Felizmente, porém, é possível efectuar cortes nestes sectores sem prejudicar a qualidade e a quantidade dos serviços a que o Estado está constitucionalmente obrigado. Como assim?
    Vou-me limitar à saúde, por ser a área que melhor conheço, embora raciocínios similares se possam aplicar a outros sectores. Ver a este propósito este texto do Rui Albuquerque.
    O Estado está obrigado a garantir ‹‹o direito à protecção da saúde›› — Artigo 64º da Constituição da República Portuguesa, ‹‹através de um Serviço Nacional de Saúde universal e geral e, tendo em conta as condições económicas e sociais dos cidadãos, tendencialmente gratuito››. Muito bem, sendo esta a realidade, a verdade é que o Estado não está obrigado a manter em funcionamento uma organização de tipo soviético que torra todo o dinheiro que se lá mete e que fica muito mais cara do que o que seria necessário.
    Se o Ministério da Saúde se limitasse ao papel de definir estratégias e se descentralizasse e flexibilizasse as suas estruturas, poderia poupar 20 a 30% do que gasta actualmente. Como? Sim, este é o nível de poupança esperado quando se passa de uma estrutura pública, submetida a planeamento central, para uma estrutura descentralizada com autonomia e responsabilização das suas diferentes unidades.
    Ora nada foi feito, por este governo, nesse sentido. Toda a poupança obtida até agora, na saúde, resultou apenas de cortes nos salários e da imposição de reduções nas margens de lucro dos diferentes agentes. Nicles para o mercado e para a concorrência.
    As farmácias, só para dar um exemplo, viram as margens de lucro reduzidas, mas o Estado manteve o seu monopólio. Assim não vamos lá.
    Todos estaríamos mais dispostos a aceitar as medidas de austeridade do governo se constatássemos que íamos mudar de vida. O problema é que nada indica que o governo vislumbre sequer alternativas ao paradigma soviético que nos levou à ruína.
    Basta!

    Que par

    Normalmente, quando os casamentos correm mal, quem sai de casa são os homens, as mulheres ficam. Nestas situações, os homens queixam-se frequentemente de "tortura psicológica". A decisão do BCE tomada a semana passada aumentou seriamente a probabilidade de o primeiro país a saír do Euro ser a Alemanha, um país de cultura masculina (protestante), e não a Grécia, Portugal, a Espanha ou a Itália, que são países de cultura feminina.

    Na altura da sua fundação, o BCE foi a a única instituição europeia cuja sede os alemães fizeram questão que ficasse no seu país. E assim aconteceu - Frankfurt. Exigiram mais, que fossem eles a designar o Presidente do BCE, e só os franceses lhes conseguiram fazer frente e conquistar uma concessão. A designação seria alternadamente feita por alemães e franceses. E assim aconteceu nos dois primeiros mandatos, primeiro um holandês por designação alemã, e, a seguir, um francês por designação francesa.

    A ideia alemã era bem clara. Os alemães queriam um BCE bem gerido, à semelhança do Bundesbank, e um Euro forte, à semelhança do marco alemão. Aquilo que eles queriam evitar é que o BCE caísse nas mãos dos países do sul da Europa - os países católicos - com a sua conhecida indisciplina financeira, e o Euro se tornasse uma espécie de lira ou de escudo da era democrática, uma moeda fraca, sem credibilidade e em permanente desvalorização.

    O maior desafio que se pode fazer à cultura católica é a exclusão porque esta é uma cultura todo-inclusiva. Aquilo que se preparou entre franceses e alemães na altura da fundação do BCE foi reservar a sua governação a uma seita de países do norte da Europa, tendo como fronteira a França, exluindo os do Sul. Os alemães não faziam questão que o Presidente do BCE fosse alemão, tanto assim que o primeiro que designaram foi holandês. Aquilo que eles queriam era que o BCE ficasse nas mãos de homens da sua confiança e da cultura protestante, que é uma cultura de responsabilidade na gestão das coisas públicas, e não caísse nas mãos de homens de cultura católica que, em democracia, é uma cultura de irresponsabilidade financeira.

    Perante a exclusão, a cultura católica tem artes misteriosas para se infiltrar donde é excluída (a América que nasceu sob o signo do anti-catolicismo é um dos grandes exemplos modernos e mais importantes). E só assim se compreende que, passados doze anos apenas, o BCE tenha a Presidente um italiano e a Vice-Presidente um português. Que par mais oposto aos desígnios dos seus fundadores, e que combinação mais explosiva.

    Pela decisão da semana passada, o BCE compromete-se a adquirir sem limites Títulos da Dívida Pública (TDP) dos países em dificuldades, em troca de uma vaga obrigação de estes se submeterem a medidas de austeridade. A medida destina-se, para já, à Espanha e à Itália, e não directamente a Portugal, à Grécia ou à Irlanda. Quer dizer, em lugar de o dinheiro vir a pedido como um empréstimo da Troika, como sucede nestes países, ele fluirá directamente do BCE para Espanha ou a Itália sem qualquer pedido e sem Troika a intermediá-lo e a impôr medidas de austeridade, em troca de papel (TDP) e de uma vaga promessa de que os países visados adoptarão voluntariamente certas medidas de austeridade.

    Esta medida é potencialmente inflacionista porque aumenta a quantidade de euros em circulação, e isso normalmente põe os alemães em pânico. Para os tranquilizar, o BCE compromete-se a esterilizar estas operações, vendendo outros activos que tenha em carteira, desta forma reduzindo a quantidade de euros em circulação por igual montante.

    Mas, é claro, que a promessa de esterilização não convenceu os alemães, e a medida foi aprovada com o voto contra do representante do Bundesbank no BCE. Mas que activos é que o BCE vai vender? Evidentemente que os que estão mesmo ali à mão são os TDP dos países solventes, com a Alemanha em primeiro lugar. Não apenas isto contribuirá para aumentar as taxas de juro na Alemanha (a venda de TDP alemães, fazendo baixar o seu preço, aumenta o yield ou taxa de juro ímplicita nos Títulos) e porá assim, indirectamente, a Alemanha a pagar a indisciplina financeira dos países do Sul, como enfraquecerá o Euro, provavelmente de uma forma que será drástica e definitiva.

    A emissão monetária, a quantidade de euros em circulação, constitui o passivo do BCE. A credibilidade deste passivo, e portanto do Euro,  é garantida pelos activos que o BCE dispõe. Ora, no final deste processo, os activos do BCE serão predominantemente constituídos por TDP dos países insolventes, isto é, lixo financeiro. A emissão de Euros passa a estar garantida, na sua maior parte, por lixo. O Euro tornar-se-à uma espécie de lira ou de escudo da era democrática. Exactamente o contrário, daquilo que os alemães sempre desejaram. Será o momento para os alemães regressarem ao marco, levando atrás de si os países do Norte da Europa, enquanto os países católicos ficam com aquilo a que já estão habituados e de que neste momento precisam desesperadamente - uma moeda fraca e que desvalorize, reflectindo a mais baixa produtividade destes países. Que ela se chame euro, isso é o menos importante. 

    09 setembro 2012

    O Diabo

    Na minha mais recente investida para encontrar uma inconsistência na doutrina católica, tal como está exposta no Catecismo, eu comecei por partir da verdade católica segundo a qual Deus está em todas as obras da criação (isto é, em todas as coisas que existem,  nas pessoas, nos animais, nos ares e nos mares, nas pedras da calçada,  nas ideias e nas ideologias, nos prédios e nas auto-estradas, etc.) para levantar a seguinte questão:
     
    O Diabo ou Demónio (a representação do Mal) também existe. Será que Deus também está nele, será que o Demónio também é uma criação de Deus?
     
    A minha intuição (ou o meu preconceito) dizia-me que não. Para mim, o Demónio era a antítese, o oposto de Deus. Mas, sendo assim, existia pelo menos uma coisa criada no mundo  que não era obra de Deus. O Diabo era uma excepção ao carácter todo-inclusivo da doutrina católica,  e a doutrina católica  não era, afinal, perfeitamente católica ou universal. Excluía o Diabo.
     
    E foi animado por este raciocínio que me lancei sobre o Catecismo, razoavelmente certo de que, desta vez, o tinha apanhado. Procurei as entradas relativas ao Demónio. Fiquei decepcionado. Está lá escrito: o Demónio é uma criatura de Deus.
     
    Afinal, eu é que não sabia o suficiente da doutrina católica - foi a conclusão que, ao invés, tirei. E generalizei: um dos grandes males dos povos de cultura católica, e, em particular, dos seus intelectuais - eu como exemplo - é que não conhecem a doutrina católica.

    os empreendedores são campeões olímpicos

    Temos de acabar com a política de inveja neste país, os empreendedores são ‹‹campeões olímpicos››... ‹‹exemplos que temos de saudar››.
    Michael Fallon, ministro do comércio do RU

    o socialismo leva ao exílio

    O patrão da Louis Vuitton Moët Hennessy, Bernard Arnault, homem mais rico de França e quarta maior fortuna mundial, requisitou no final do mês de Agosto um pedido de naturalização à Bélgica. Os motivos permanecem confidenciais, mas “é mais do que provável" que queira beneficiar da menor carga de impostos da política fiscal belga, é avançado pelo diário francês Le Monde.
    No Público

    08 setembro 2012

    quem é?

    DEFLAÇÃO !!!

    A principal consequência das medidas ontem anunciadas pelo governo vai ser a deflação.

    1. Devido à diminuição da procura agregada
    2. Pela folga que o governo deu às empresas (diminuição das contribuições para a SS) que têm agora a possibilidade de responder à diminuição acentuada da procura com uma baixa de preços

    TSU


    Portugal vai continuar a ter uma das TSU's mais elevadas do mundo.
    Ver estudo comparativo da KPMG sobre fiscalidade e SS PDF

    seitas

    Este texto é acerca do significado laico de ser católico. Eu fui inspirado ao escrevê-lo pelo baptizado recente de um dos meus netos - o T. - e também por um texto do Papa Bento XVI, que lera uns dias antes, e onde ele se referia ao assunto (aqui, espec. os últimos parágrafos). Em particular, o Papa punha a questão protestante (a questão, como veremos, releva verdadeiramente da cultura protestante) de saber se devemos ser nós - a comunidade - a baptizar uma criança ou se, pelo, contrário, devemos aguardar que ela atinja a maioridade para ser ela a escolher a igreja - se alguma -, em que quer ser baptizada.

    Em defesa da tradição católica de que nós não temos de consultar a criança para a baptizar, eu fiquei particularmente impressionado com uma observação do Papa - tão realista, tão evidente, tão mesmo debaixo dos olhos que a mim próprio nunca me tinha ocorrido - de que nós também não consultámos a criança para nascer, não lhe perguntámos: "Queres nascer?". As implicações desta observação simples para a ideia moderna de liberdade são consideráveis, mas esse é assunto que tratarei noutra ocasião.

    Naquele dia de Julho em que o T. fazia um ano reuniram-se em volta dele os membros da sua comunidade mais próxima - os pais, os padrinhos, os avós, a família alargada, os amigos da família. E até o Joaquim e a I. viajaram do Porto para a Igreja do Estreito de Câmara de Lobos, na Madeira, onde a cerimónia teve lugar.

    Nos momentos que precederam a cerimónia, o T. estava a dormir nos braços de uma das avós. E foi só quando a mãe pegou nele para o aproximar do padre e da pia baptismal é que o T. despertou. Quando o padre proferiu as orações e lhe deitou a água benta sobre a cabeça, o T. estava estremunhado, um pouco assustado até com tanta gente à volta, e literalmente não fazia a mais remota ideia do que estava ali a fazer.

    E nós, a comunidade próxima do T. - os pais, eu próprio, o Joaquim e a I. - o que é que estávamos ali a fazer? Estaríamos a cometer alguma violência sobre o T., a restringir de algum modo a sua liberdade de escolha? E se ele um dia decidir ser luterano, ou budista, ou mesmo ateu, que resposta teremos para lhe dar, nós que, sem o consentimento dele, estávamos ali a baptizá-lo católico?
     
    É aqui que surge a observação do Papa de que também ninguém procurou o consentimento do T. para ele nascer. O Papa prossegue depois para dar o significado do baptismo católico numa perspectiva que é estritamente teológica. Não estou certo que esta explicação apele a muitos leitores. Por isso, é também aqui que eu me proponho seguir um caminho paralelo,  fornecendo o significado laico de tal baptismo.
     
    Aquilo que nós fizemos ao T. naquele dia na Igreja do Estreito de Câmara de Lobos foi inscrevê-lo na Comunidade Universal (literalmente, o significado de Igreja Católica). Eu não resisto aqui a utilizar o grafismo da matemática dos conjuntos para tornar mais clara a ideia. Aquilo que fizemos foi inscrevê-lo no conjunto U - o conjunto universal. Não existe outro mais lato. Não restrinjinos em nada o T. Pelo contrário, oferecemos-lhe o mundo. A partir daquele momento o T. é um cidadão do mundo, tudo aquilo que existe no mundo também é dele, e ele pode ser tudo aquilo que quiser  no mundo.
     
      
    E, pela nossa presença, nós estávamos a assumir a responsabilidade de fazer tudo aquilo que está ao nosso alcance para que o T. possa ser aquilo que quiser ser no mundo. Na realidade, o horizonte lhe demos é ainda mais vasto, porque nós não o inscrevemos numa Comunidade Mundial, inscrevêmo-lo numa Comunidade Universal (mais uma vez, o significado literal de Igreja Católica). Se um dia fôr possível viver em Marte e o T. quiser ir para lá viver, é nossa resposabilidade fazer tudo aquilo que está ao nosso alcance para que o T. se torne marciano.
     
    O oposto de católico é sectário. E, na realidade, as igrejas que emergiram do protestantismo (luteranas, calvinistas, etc.) definem-se, em primeiro lugar, por serem anti-católicas, quer dizer, sectárias. Nós não temos que consultar uma criança para a inscrever na Comunidade Universal (Igreja Católica), mas já a devemos consultar para a inscrever, por exemplo, numa Igreja Luterana (conjunto A, na figura).   Porque a Igreja Luterana, ou qualquer outra Igreja não universal, restringe-lhe as opções de vida. Restringe-a a uma cultura e a uma comunidade que é fechada e exclusiva, e que se define precisamente pela sua oposição à Comunidade Universal (Igreja Católica). Estamos a increvê-la numa seita, estamos a restringir indevidamente a sua liberdade.
     
    É por isso que a questão de saber se devemos ou não obter o consentimento de uma pessoa antes de a baptizar é uma questão que surgiu na cultura protestante e que faz todo o sentido nessa cultura. Mas não na cultura católica. Ao T., naquele dia na Madeira, nós oferecemos-lhe todas as oportunidades que o mundo (na realidade, o universo) tem para lhe oferecer. Se um dia ele quiser restringir esse conjunto, tornando-se luterano, judeu, ateu, ou um monge tibetano, socialista ou liberal à moda britânica, eu vou encolher os ombros. Vou achar mal porque ele está  a restringir as suas próprias opções de vida. Mas, ainda assim, vou fazer o que me fôr possível para que ele seja o que quer ser. Foi essa a  responsabilidade que assumi com a minha presença no seu baptismo católico.

    07 setembro 2012

    imprevisível

    Mas haverá algum modelo económico que nos permita avaliar o impacto das medidas anunciadas pelo governo? Duvido.
    De uma coisa, porém, podemos estar certos: a diminuição do rendimento disponível das famílias vai ter um impacto recessivo sobre a economia e, assim sendo, não vejo como será possível criar emprego. Nem mesmo com um aumento das exportações.

    até cortar os dedos

    As medidas de austeridade não podem ser servidas às fatias. Será que não dá para entender?

    just say NO

    6423 pessoas já subscreveram

    iniciativa inédita

    Gostaria de saudar a iniciativa, que me parece inédita, do DE promover uma petição à Assembleia da República contra um novo aumento de impostos.
    Os jornalistas, em Portugal, comportam-se quase sempre como a "rainha de Inglaterra". Pairam sobre os acontecimentos como simples espectadores, esquecendo que também são actores e que as notícias que veiculam servem muitas vezes interesses contrários aos desígnios nacionais.
    Parabéns, portanto, à equipa do DE. A "blogosfera" deve retribuir, divulgando massivamente esta petição.

    eu já assinei


    É neste contexto que o Diário Económico entende promover uma petição pública, numa fase da discussão política e económica e de decisão sobre o Orçamento do Estado para 2013, contra um novo aumento de impostos.
    O Diário Económico entende que a evolução económica em 2012 e a quebra significativa das receitas fiscais no presente orçamento evidenciam que o País atingiu o nível máximo de carga fiscal, e, a partir deste patamar, a escolha de mais impostos para garantir uma redução do défice público só poderá ter consequências perversas, e afundar a economia e o País numa espiral recessiva, como se vê na Grécia, outro Estado intervencionado.
    O Diário Económico considera que um novo aumento de impostos será mais um incentivo à economia paralela, que tem de ser combatida sem tréguas, mas também uma quebra da actividade das empresas e do consumo sem paralelo.
    O Diário Económico considera que o Governo tem de garantir a redução do défice público, um factor absolutamente necessário para libertar a economia, através da redução efectiva e sustentada da despesa pública, sem artifícios ou medidas extraordinárias ou temporárias.
    O Diário Económico entende que, se necessário for e para evitar um novo aumento de impostos, o Governo tem de negociar com a ‘troika’ uma revisão do calendário de ajustamento, para garantir uma equidade na austeridade relativamente a outros Estados que estão sob intervenção formal ou informal da ‘troika’, até à luz dos novos instrumentos e mecanismos de intervenção conhecidos no dia 6 de Setembro por parte do BCE e que antecipam um novo enquadramento europeu de apoio ao euro e à estabilidade monetária do espaço da moeda única.
    O Diário Económico apela à participação dos portugueses, da sociedade civil, nesta discussão e à subscrição do manifesto contra um novo aumento de impostos que esmaga a economia privada, as famílias e as empresas.
    O Diário Económico compromete-se a promover este debate e a levar as assinaturas desta petição à Assembleia da República, para a discussão com os diferentes grupos parlamentares.

    ASSINAR PETIÇÃO

    06 setembro 2012

    dimensão individualismo/ colectivismo

    Estava eu embrenhado na leitura do Hofstede e numa troca de impressões com o PA quando me chegou às mãos o Público de hoje.
    O artigo da Isabel Moreira sobre o seu pai, Adriano Moreira, que a deputada considera "o homem da sua vida" saltou-me logo à vista como um exemplo acabado dos fortes laços familiares que caracterizam a sociedade portuguesa. Dificilmente ouviríamos uma declaração destas a uma norte-americana ou a uma inglesa.
    É a estes fortes laços familiares que Hofstede chama colectivismo. Nas sociedades católicas os filhos são apenas apêndices dos pais.

    Hofstede e o corporativismo

    Num país colectivista (Hofstede) é natural que as diferentes corporações de digladiem de forma cega e brutal. A lealdade "à tribo", por definição, sobrepõe-se a toda e qualquer razoabilidade.
    Neste contexto, o corporativismo pode ser a única saída possível. PA já o afirmou em 2008.

    a modernização do cimento II


    Fotomontagem: Salazar no CCB
    Portugal parece diferente, mas a mentalidade é a mesma da primeira metade do Séc. XX.

    a modernização do cimento

    A modernização leva a mais individualismo* e diminui a aversão ao risco. Em Portugal, porém, a modernização que ocorreu nos últimos 30 anos não sortiu este efeito porque foi em grande medida conduzida pelo Estado.
    O desenvolvimento regional reforçou a pecha colectivista* e o investimento público, ou semi-público ou PPP's, etc., reforçou a aversão ao risco.

    * Hofstede fala de individualismo e de colectivismo como polos de uma dimensão cultural que avalia a força das relações pessoais e familiares. Portugal é colectivista, neste sentido, pelos fortes laços que os indivíduos  têm com a família e as colectividades de que fazem parte.

    o desafio

    A conjugação de um baixo índice de individualismo e de um elevado índice de aversão ao risco é o principal obstáculo ao desenvolvimento económico do País.

    Conselho de Ministros aprova presidente da RTP

    Será que tem dignidade de Estado a nomeação de um CEO para a RTP? Não haverá sentido do ridículo neste País?

    05 setembro 2012

    leiam nas entrelinhas

    Governo vai reduzir número de escalões de IRS

    e esta?

    Adam Smith partiu do princípio de que a prossecução do interesse pessoal, através da mão invisível, contribuiria para a riqueza das nações. Esta é uma ideia individualista proveniente de um país que ainda hoje tem un índice elevado de individualismo. A economia é uma disciplina individualista, e a maior parte dos seus expoentes são de países individualistas, como o RU e os EUA; por causa das premissas individualistas da economia, estas teorias que se desenvolveram no Ocidente podem não se aplicar a sociedades onde os interesses colectivos (grupos de interesse) predominam.
    ...
    Há uma necessidade premente de teorias económicas alternativas que assimilem as diferenças culturais na dimensão do individualismo/ colectivismo.
    Hofstede, tradução minha.

    dimensões culturais

    Consultar aqui.

    é assim

    O sistema de valores nacional deve ser considerado uma realidade tão objectiva como a geografia do país.
    Hofstede

    O legislador deve atender ao espírito da nação... ‹‹porque todos fazem melhor o que fazem livremente, seguindo as suas aptidões naturais››.
    Montesquieu

    os 3 níveis da mente humana - Hofstede


    de cavalo para burro

    Portugal caiu quatro lugares na lista dos países mais competitivos em termos económicos, passando de 45.º em 2011 para 49.º este ano.

    Segundo o World Economic Forum, o mercado de trabalho em Portugal "é considerado demasiado rígido" e o "nível de concorrência" nas empresas "é baixo", principalmente pela "falta de liberalização de alguns serviços".

    Comentário: Eis "O PROBLEMA", um problema que, obviamente, não é da responsabilidade da Troika.

    Obamanomics

    Dívida dos EUA atinge 16 triliões de dólares, cerca de 136.260,00 US$ por família (household). Um aumento de 50% desde que Obama é presidente.

    04 setembro 2012

    Não


    Não
    Por: Pedro Arroja

     

    No modelo tradicional da família católica, a função prioritária da mulher é cuidar dos filhos e, pelo menos enquanto eles são pequenos, só ocasionalmente ela trabalha fora de casa. Compete ao homem auferir o rendimento que permita sustentar a família. O dinheiro ganho pelo homem é depois entregue à mulher para que ela possa satisfazer as necessidades da família.

    Daqui resultam várias consequências culturais importantes. Mencionarei duas. A primeira e a mais importante é que, nesta cultura, a mulher tipicamente gasta mais do que aquilo que ganha, enquanto o homem gasta menos do que aquilo que ganha. A segunda é que para o homem o dinheiro é um fim em si mesmo, nele se realizando em parte a sua contribuição à família, enquanto que para a mulher o dinheiro é um meio - um meio para satisfazer as necessidades familiares.

    Os países de cultura católica - como Portugal -, que é uma cultura feminina, agem em agregado segundo o comportamento feminino - tipicamente gastam mais do que aquilo que ganham, e e isso exprime-se através de um défice crónico da sua Balança de Transacções Correntes. É este défice que está na origem da crise actual.O dinheiro possui nestes países um valor instrumental, gasta-se enquanto houver para satisfazer agora esta necessidade, amanhã aquela. Quando o dinheiro se esgotar, pede-se mais ao homem porque é o homem que tem a responsabilidade de o arranjar.

    O problema é se não há homem. Homem capaz de arranjar o dinheiro ou que a tempo diga: "Não. Basta de despesa". Neste caso, os países de cultura católica entram em situação de desgoverno, gasta-se sem rei nem roque, e é nesta situação que eles agora se encontram - Portugal, Irlanda, Espanha, Itália, mais a Ortodoxa Grécia que prossui uma cultura cristã muito próxima do Catolicismo.

    Quando afirmo que os países católicos possuem uma cultura feminina refiro-me à cultura popular. É o povo que possui sobretudo valores femininos. Porque a elite, essa, caracteriza-se precisamente por possuir valores sobretudo masculinos, os quais estabelecem o equilíbrio com os valores femininos do povo.

    E que classe de homens, na cultura católica, constitui o paradigma dessa elite possuindo os valores viris que são indispensáveis à sua governação? Os padres católicos e, em primeiro lugar, o Papa, que os representa a todos. O Papa, e os padres em geral, são homens servindo uma figura de Mulher -a Igreja -, e, por força do seu código de conduta, são homens em estado de virilidade permanente.

    O paradigma da elite católica é o clero. Sem homens na governação que largamente reproduzam os valores e os comportamentos do clero - que são valores eminentemente masculinos - Portugal nunca será governável. Salazar conseguiu governar bem o país porque tinha muitas semelhanças com um padre católico. Foi educado num Seminário. Nunca casou nem teve filhos, mas dedicou a sua vida a servir uma figura de mulher - a Nação portuguesa. Falava pouco e aparecia poucas vezes. Exercia a sua autoridade de modo distante. Era austero, gastava menos do que aquilo que ganhava. E tinha a autoridade para dizer Não - um Não que era final e definitivo.

    Sem um homem com esta capacidade suprema e absoluta para dizer Não nenhuma sociedade de cultura católica alguma vez será governável de forma duradoura. Na realidade, é esta capacidade para dizer Não de forma final e definitiva o principal atributo dos poderes do Papa. Sem ela, nem mesmo a Igreja Católica alguma vez seria governável.
    (Publicado no jornal "A Ordem")