08 maio 2012

Autoridade

Da última vez que critiquei aqui um director de jornal, acabei a jantar com ele.

Gostaria de voltar à reportagem do Público do último Domingo sobre as não-mães no Dia da Mãe.

Como é que se publica uma coisa daqueles naquele dia, o tema exactamente oposto daquele que o dia visa celebrar? Que falta de julgamento é aquela e o  que é que lá está a fazer o director do jornal ou a directora, neste caso?  

Como é que eu teria agido neste caso?

Teria dito à jornalista, que deve ainda ser uma menina, que o tema das não-mães é interessante, mas não para ser publicado no Dia Mãe.

E depois de lhe fazer notar que, da crónica dela, a conclusão principal que se tira é que não ser mãe, sendo uma negativa, não traz nada de especial a uma mulher, sugeria-lhe que escrevesse sobre o que é que ser mãe traz de especial a uma mulher.

No caso de ela não saber, eu explicava-lhe.

Traz-lhe muitas coisas, mas uma em primeiro lugar.

Autoridade.

(Do português autor ou autora, que é aquilo que uma mãe é em primeiro lugar; do latim autoritas, fazer crescer).   

10 comentários:

Harry Lime disse...

O PA até é um gajo porreiro quando tem razão.

Este é um desses casos.

Rui Silva

CCz disse...

Bravo

Lionheart disse...

E? As mulheres que são mães têm mais autoridade que as outras por parirem? Isso mede-se à cabeça? Então no mundo árabe é onde há mulheres com mais "autoridade".

Ricciardi disse...

O Pedro percebeu uma coisa simples que os facciosos com muita falta de julgamento nunca perceberão: é que independentemente do mérito das iniciativas consideradas em si mesmo, as mesmas devem respeitar o simbolismo do dia que se comemora.
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Se é o dia da mãe, então festeje-se a mãe; se é o dia do nascimento de cristo, festeje-se o Mestre; se é o dia do trabalhador, celebre-se o trabalhador e não o consumidor.
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Qualquer dia os anti-qualquer-coisa-desde-que-seja-nas-datas-de celebração-da-coisa, julgam oportuno lutar pelo direito em venerar o diabo no dia de natal. Festejar o aborto no dia da mãe.
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Já não há bom senso. É isso. Bom senso, mais do que falta de julgamento.
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Rb

zazie disse...

È politicamente correcto.

Foi escrito com todos os chavões da moda.

Bastava ler aquela expressão: "cada vez mais assumem a opção de não serem mães" para mandar imediatamente para o lixo.

Zwei disse...

Em Latim é auctoritas, com C. Antigamente, auctor e auctoridade em Portuguez escreviam-se com C. Depois vieram os republicanos e...
#etym

Pedro Sá disse...

Não gosto dessa reportagem, porque parte inconscientemente do princípio que para se ser mulher a sério tem que se ser mãe, o que é aberrante.

De resto, o Lionheart tem toda a razão.

Pedro Sá disse...

Mais importante que isso. O dia da mãe é uma coisa completamente cretina. Como diz e bem a minha mãe, dia da mãe são todos os dias. O mesmo para o dia do pai.

Drei disse...

Junto transcrevo o editorial do Diário do Minho, escrito pelo meu pai, a pessoa mais admirável que conheci até hoje.

"Já alguém disse que o maior problema de Portugal não é a falta
de dinheiro, mas a falta de mães. Mães, não apenas no sentido
de amorosas educadoras, cujas mãos nos embalam e nos servem
o pão, ou que, talvez já na outra vida, são ainda, como escrevia
o poeta Eugénio de Castro, “dois lenços ao longe acenando por
mim”, “rolas à volta da negra torre da minha alma”.
Quando digo mães é no sentido primeiro do termo, o de mulher
que gera e dá à luz um filho. O inverno demográfico por que passamos
é, sem dúvida, o nosso mais dramático problema. Uma
sociedade que não renova as gerações é uma sociedade bloqueada.
Desistiu da vida, do futuro, de si mesma. É uma sociedade
à beira do fim.

....

Entretanto, por cá,
40% das mulheres que voluntariamente abortaram nem sequer
um filho tinham!
A verdadeira causa da nossa decadência está na mentalidade antifamília
e antivida que uma educação e uma política chamada progressista
foi venenosamente difundindo e legalizando. Refiro-me, concretamente,
à facilidade do divórcio e à legalização do aborto.
Ainda recentemente se noticiou que muita da nova pobreza resulta
de famílias que se dissolveram, deixando, sobretudo a mãe e
os filhos, em graves dificuldades.
Quanto ao aborto, desde que a lei foi aprovada, em 2007, até 2010,
praticaram-se em Portugal mais de 56 mil, que terão custado 100
milhões de euros. Hoje, o número rondará os 75 mil. Isto mostra
como era falaciosa a argumentação maioritária do Tribunal Constitucional
quando fundamentou a legalização da morte das crianças.
Para tentar justificar a fuga à obrigação de defender a vida
desde o ventre materno, alegou que a defesa ficava entregue às
mães. Ora, como se vê, houve pelo menos 75 mil crianças que
não tiveram defesa. O Estado demitiu-se gravemente da sua função.
Os doutos juízes deviam pedir perdão.
A mulher que aborta tem mais proteção que a que dá à luz. Até
recebe, absurdamente, um subsídio de maternidade! Os cortes
na Saúde são o que todos sabemos, as taxas moderadoras sobem,
fecham-se maternidades por falta de dinheiro, mas o aborto
continua gratuito.
Mas o que mais escandaliza não é ser de graça. O que dói é matar
crianças, legalmente. Pelo menos mais 75 mil poderiam estar
entre nós, brincando connosco, alegrando a nossa vida e preparando
o futuro. Não estão, e o silêncio da sua ausência magoa
enormemente.
Por isso digo que o Dia da Mãe está cada vez mais pequeno, não
porque dure menos horas, mas porque há cada vez menos mães
e menos vidas novas para festejar."

Ricciardi disse...

O senhor seu pai escreveu bem e acertadamente. É mesmo isso que penso; apenas acrescentava ao diagnostico a publicidade em jeito de fazer moda ao casamento homosexual que, juntamente com o aborto e santificação da carreira profissinal das mulheres, vêm lapidando as familias.
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Rb