04 abril 2012

judaico-protestante

O mercado é uma instituição que exclui, como podem testemunhar os cerca de oitocentos mil portugueses que se encontram desempregados. Esta é, talvez, a razão principal por que nos países do catolicismo tradicional, o mercado é uma instituição que nunca foi aceite sem reservas.

Diz-se, por vezes que Cristo foi um revolucionário. Mas foi revolucionário em quê? O ponto principal foi o de que ele deixou de reconhecer aos judeus o estatuto exclusivo do Povo de Deus, para o universalizar. O Povo de Deus somos todos nós, toda a humanidade, e não exclusivamente os judeus. A uma pretensa elite, que se definia por nascimento, Cristo contrapôs toda a humanidade - ninguém está excluído aos olhos de Deus.

Foi esta ideia de exclusividade que aproximou o judaísmo do protestantismo durante a Reforma protestante, e tornou os judeus aliados naturais dos protestantes na sua revolta contra a Igreja Católica. Os primeiros excluídos foram, naturalmente, os católicos. E foi neste ambiente judaico-protestante que nasceram e se desenvolveram as instituições da modernidade, quase que invariavelmente caracterizadas pelo seu exclusivismo, como é o caso da instituição do mercado e a dos partidos políticos. A ideia moderna do mercado, em particular, foi desenvolvida na Grã-Bretanha e ganhou a sua maior expressão nos EUA.

Não é de acreditar que o mercado (de trabalho) em Portugal possa reabsorver nos próximos anos as pessoas que agora está a excluir a um ritmo acelerado. Menos de acreditar é ainda que o Estado, com as suas restricções orçamentais, possa apoiar os desempregados com o nível de benefícios com que o tem feito até aqui. A grande questão que se põe a Portugal, mas também aos outros países da Europa, é então a de encontrar instituições económicas que possam substituir o mercado ou complementá-lo por forma a incluir aqueles que agora, e em número crescente, estão a ser excluidos. 

42 comentários:

Anónimo disse...

Mercado e capitalismo são coisas distintas. É o capitalismo que não pode existir sem a extracção da mais-valia. Um capitalismo de contornos católicos é, portanto, uma ilusão: quando muito pode-se remendar a situação recorrendo à caridadezinha.

CN disse...

Pena que no seu diagnóstico não veja a instituição dos bancos centrais e papel moeda (sobretudo uma instituição judaico-protestantes?) a total distorção do direito natural que representa as reservas parciais como a fonte das bolhas e crises - o principal problema de exclusão que vivemos. Enquanto não chegar a essa simples verdade não vai conseguir perceber a realidade.

As instituições "espontâneas" onde as elites se formam e onde mecanismos de inclusão/discriminação contribuem para a ordem social só prosperam onde os direitos de propriedade passam além do poder político (ex; como as Igrejas na Idade Média gozavam do direito de recolher e proteger fugidos ao poder secular).

CN disse...

"Capitalismo" é a simples acepção que só a acumulação de poupança real (bens de capital) conduz a aumento de prosperidade saudável.

Assim, "capitalismo" e um sistema monetário que permite transferir "capital" a uns por pura inflação quantitativa sob a forma de crédito, são incompatíveis. E daí a suposta falha do "capitalismo" das bolhas e crises.

CN disse...

O "mercado" não exclui. As elites políticas através de mecanismo de exclusão como o salário mínimo, barreiras ao livre contrato de trabalho, dificuldades em liquidar e abrir empresas, fomentam as bolhas, e excluem os mais necessitados da ordem económica.

E ainda por cima não têm má consciência e ainda se fazem de salvadores.

O raio que os parta.

CN disse...

Acho que só mesmo uma falência total do sistema monetário e a descredibilização completa da estrutura do estado moderno pode salvar os mais necessitados de serem escravos do estado social, que se substituiu à família e comunidade.

O maior fomentador do individualismo extremo é o estado social. O indivíduo passa a tudo receber e a tudo dever ao estado social. quem lhe dá educação, segurança, pensão, saúde, cartão jovem, etc.

Os novos indivíduos deixam de precisar da família e da comunidade. Nem os velhos aos mais novos e vice-versa.

O estado social é a maior deturpação do humanismo e aos poucos, da religião em geral, e da Igreja em particular.

Existe o indivíduo e o estado social.

Vivendi disse...

Eliminar o mercado é eliminar o preço.

O CN, tocou no ponto sensível da lógica do mercado:

"Pena que no seu diagnóstico não veja a instituição dos bancos centrais e papel moeda (sobretudo uma instituição judaico-protestantes?) a total distorção do direito natural que representa as reservas parciais como a fonte das bolhas e crises."

Aqui está a distorção da verdade, onde o mercado se transformou em um jogo de dinheiro eletrónico e virtual.

E sabendo que o virtual se afasta do real, urge voltar a cair na realidade e ao sentido humano nas relações de mercado.

CN relembro o seguinte:

A igreja inventou os hospitais, os orfanatos, a assistência às mães, educação pública.

O bem comum e a ajuda ao próximo tem de ser sempre estimulado, agora nunca em discurso socialista, com regulações e burocracias.

CN disse...

"A igreja inventou os hospitais, os orfanatos, a assistência às mães, educação pública.

O bem comum e a ajuda ao próximo tem de ser sempre estimulado, agora nunca em discurso socialista, com regulações e burocracias."

A Igreja obviamente é quem "ganharia" mais com a desmontagem do estado social e quem perde mais com a sua colectivização. E começar pela educação que tudo faz par a programar as cabecinhas do "bom cidadão" obediente, cada vez mais puritano na sua relação com o estado (a crescente criminalização fiscal e outras).

Tal como a família e a comunidade perdem dado que ser quebram por completos os laços de autoridade e necessidade dado que o indivíduo para tudo se relaciona com o estado social.

E começamos a ver as consequências: começam a forçar os standards igualitaristas, como obrigar a dar em adopção e casais homossexuais ou nos EUA a dar esquemas de contracepção aos empregados, etc.

Os conservadores e católicos fazem um péssimo serviço ao querer legitimar a vontade geral com a mais que ingénua mentalidade que o estado moderno pode servir de seu veículo.

Muito por contrário o estado moderno comprou os conservadores e a direita não existe. É tudo vontade geral.

Vivendi disse...

CN,

Concordo e apoio o seu comentário.

Ricciardi disse...

... nao deixa de ser curioso o facto de ter sido uma instituição da igreja a inventar os títulos de credito, as livranças. Refiro-me aos templários.
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Mas o CN, e toda a sua argumentação, lembra-me o movimento Zeitgeist. Quer dizer, nao tem nada de mal, eu ateh aprecio algumas coisas nesse movimento. ateh sou subscritor de notícias do mesmo, mas nao acho possível existir um mundo de trocas de bens sem dinheiro e, mais do que isso, nao acho possível que a massa em circulação nao seja controlada por um banco central, mesmo com todos os incovenients que dai possam derivar.
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Quanto ao post. Dizer que nao vejo os judeus a atacarem a igreja, como de resto de vê os protestantes. Ao longo da história assistimos, isso sim, ao inverso.
.... e tem razão quando diz que Cristo veio dizer que todos os povos são filhos de deus e nao apenas o povo escolhido.
Rb

tric disse...

" Ao longo da história assistimos, isso sim, ao inverso. "
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pois, pois...em Portugal o Napoleão Bonaparte, o Grande Libertador, segundo os Judeus levou a cabo o maior Genocidio de Portugueses da História de Portugal..."liberdade, igualdade e fraternida"...e esse cão ainda hoje é venerado pelos judeus...

tric disse...

então na I-Republica...o regime maçónico-judaico...

Vivendi disse...

Ricciardi,

Não creio que o CN seja um apoiante do movimento zeitgeist, mais um projeto revolucionário e socialista onde provavelmente não cabem todos os indivíduos.

O CN, pelo que julgo, na sua escrita é defensor da moeda associada a um padrão. Eu também sou apologista do mesmo. A escola austríaca defende muito bem a eficácia desse modelo.(no meu blog encontra muita informação acerca).


..."Deixe-me emitir e controlar o dinheiro de uma nação e não me importarei com quem redige as leis."...

Por Mayer Amschel (Bauer) Rothschild

A frase é do Séc. XVIII

E é o que acontece hoje, o sistema é apoiado pela maçonaria, judeus, protestantes e pela indiferença católica ao status quo.

Ricciardi disse...

Bem, olhe, nunca pensei muito no assunto, no enatnto, assim de repente, nao vejo como se pode fazer a coisa.
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Vejamos, há um stock de ouro no mundo; existe uma dada quantidade de moeda em cada país.
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Por exemplo:
a) os EUA tem, imaginemos, 10triliões de dolares e 500 toneladas de ouro em reserva.
b)A Alemanha teria 3 trilioes de dolares (ao cambio da conversao) e 300 toneladas de ouro.
c)A França teria 1 triliao de dolares e 0 (zero)toneladas de ouro em stock.
d) E portugal que teria 300 toneladas de ouro e 0,250 trilioes de dolares em moeda.
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Certo?
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Pois bem, concluiamos, por hipotese, que o stock mundial era de 10.000 toneladas e a cotação era a actual (simplificando cada tonelada custaria 48 milhoes de dolares).
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Portanto:
1º Os EUA precisavam de 24 trilioes de dolares em ouro, mas só tem o equivalente a 10 trilioes.
2º A franca nao tem ouro, logo teria de adquirir ouro, vendendo outros activos para o efeito?
3º Portugal tem ouro em excesso, logo pode produzir muitissimo mais moeda sem afectar outros activos.
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Concluimos que Portugal ficaria rico de repente. A frança pobre num apice. Os EUA teriam de vender activos. A alternativa é uns venderem activos aos outros, sendo que Portugal fica sempre credor.
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Isto faz algum sentido?
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Nenhum.
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Por outro lado, em vez de termos um banco central a controlar a quantidade de moeda, teriamos as empresas mineiras controladas pelos governos ou pelo mundo financeiro cujo negocio passaria a ser o seu core business.
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Com tudo isto, o mais natural era que o Ouro disparasse de preço, levando por terra a ideia de base da estabilidade dos preços.
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Rb

Ricciardi disse...

... isto para nao falar nas recessoes economicas. Os governos nao teriam qualquer instrumento para amenizar o impacto sobre a população. Sem esquecer o facto de, um padrao-ouro limitar a oferta de dinheiro e portanto a própria iniciativa empresarial. Não haveriam novas empresas porque nao haveria mais dinheiro do que aquele que o país tem em equivalente de reservas de ouro. E para o ter teria de vender bens para comprar ouro.
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Nao percebo como é que os liberais da escola austriaca defendem este castramento da iniciativa individual.
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É o que eu digo, caraças, eu devo ser o maior de todos os liberais, o maior de todos os socialistas e ainda dou uns toquezinhos nos troikistas.
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Rb

Ricciardi disse...

Eu defendo, isso sim, um sistema monetário não assente em qualquer mercadoria transaionavel. Pode nao fazer muita lógica, na lógica retorcida actual, mas acho que a produção de dinheiro deve estar apenas indexada ao ser humano. Um mix de indicadores, desde o numero de gajos que nascem versus gajos que morre versus esperança de vida.
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Afinal de contas, o dinheiro existe para servir o ser humano e é, ou devia ser, sobre a quantidade de seres humanos produzidos que se deveria indexar a produção de massaroca. Desto modo teriamos a estabilidade estrictamente necessaria e na exacta medida das necessidades humanas.
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Se depois a massa está mal ou bem distribuida, se se concentra em meia duzia de seres humanos, isso é assunto para a politica industrial e economica resolver.
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Além disso, não são indicadores manipulaveis, nem a produção de pessoas pode ser controlavel por governos. Podem ser, isso sim, motivadas pelos governos a fazer mais amor ou menos amor, atraves de politicas fiscais e outras.
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(pronto, já escrevi demais e tenho aqui o meu filho a saltar-me para as costas)
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Rb

CN disse...

Rociarei

Todas essas dúvidas estão baseadas em falácias. Assim eu possa e comentarei esses pontos que levantou. Amanhã provavelmente.

Harry Lime disse...

O pdrao ouro exitiu ate' aos anos 30. Keynes (esse perigos comuna) recomendou a sua extincao.

ele chegou 'a conclusao de que as crises financeiras do sec. XIX (muito mais frequentes e muito mais violentas que as do do sec XX) se dec=viam ao facto de nao se poder mexer na quantidade de massa monetaria em circulacao.

Por isso, o melhor era um sistema onde se pudesse brincar com isso. O Milton Friedman diz mais ou menos a mesma coisa (com a diferenca que nao gosta de governos grandes, o Keynes esta-se nas tintas para o tamnho dos governos desde que eles funcionem e facam o seu trabalho).

Rui Silva

Harry Lime disse...

O pdrao ouro exitiu ate' aos anos 30. Keynes (esse perigos comuna) recomendou a sua extincao.

ele chegou 'a conclusao de que as crises financeiras do sec. XIX (muito mais frequentes e muito mais violentas que as do do sec XX) se dec=viam ao facto de nao se poder mexer na quantidade de massa monetaria em circulacao.

Por isso, o melhor era um sistema onde se pudesse brincar com isso. O Milton Friedman diz mais ou menos a mesma coisa (com a diferenca que nao gosta de governos grandes, o Keynes esta-se nas tintas para o tamnho dos governos desde que eles funcionem e facam o seu trabalho).

Rui Silva

Harry Lime disse...

O Ricciardi tem razao: o padrao ouro nao tem razao de ser. A nao ser que queiramos um estado tipo slazarento (pobrezinhos mas com muito ouro no banco!). Bem, se calhar e' mesmo isso que o CN e o Vivendi querem.

Eu nao quero isso: eu quero uma economia em que a riquea esteja nas maos das pessoas para elas usufruirem dela (sim, consumir! porque nao?) e para elas investirem para criar mais riqueza.

A riqueza de um pais nao e' quantidade de ouro que est'a fechada num cofre qualquer na Baixa.

Rui Silva

Harry Lime disse...

O Ricciardi tem razao: o padrao ouro nao tem razao de ser. A nao ser que queiramos um estado tipo slazarento (pobrezinhos mas com muito ouro no banco!). Bem, se calhar e' mesmo isso que o CN e o Vivendi querem.

Eu nao quero isso: eu quero uma economia em que a riquea esteja nas maos das pessoas para elas usufruirem dela (sim, consumir! porque nao?) e para elas investirem para criar mais riqueza.

A riqueza de um pais nao e' quantidade de ouro que est'a fechada num cofre qualquer na Baixa.

Rui Silva

Harry Lime disse...

Ja agora, eis um tipo (um perigoso comunista!) que percebe duas ou tres coisas acerca destas coisas:

http://www.youtube.com/watch?v=YuJBMVz5DLQ

E' de assinalar que os bisavos do Warren Buffet eram emigrantes franceses... mas nao sei se eram protestatntes ou catolicos.

Quer dizer ate conhecer o pensamento do PA, sempre pensei que os franceses fossem catolicos...

Rui Silva

Harry Lime disse...

Riqueza e' principalmente um meio para melhorar a vida das pessoas e para criar mais riqueza.

O ouro nao faz nada disso.

E o salazarentismo (que o CN e o Vivendi defendem) nao passava disso: ao mesmo tempo que tinhamos um pais de m***a com pobreza e miseria, tinhamos a porcaria do Banco de Portugal cheio de ouro que nao chegava para nada.

E este o mundo e o pais onde querem viver em nome duma definicao esteril de dinheiro?

Acordem e deixem de ver o Fox News, pa!

Rui Silva

Vivendi disse...

Parte I

Padrão ouro

A característica típica de todos os autores socialistas é a ideia de que há uma abundância plena dos meios, e que a substituição do capitalismo pelo socialismo tornaria possível prover a todos "de acordo com suas necessidades".

Já outros autores querem criar esse paraíso através de uma reforma do sistema monetário e creditício. De acordo com eles, sempre está a faltar mais dinheiro e mais crédito. Eles consideram que a taxa de juros é um fenómeno criado artificialmente pela escassez dos "meios de pagamento", escassez essa também criada propositadamente pelo homem.

Se tivéssemos um padrão-ouro puro a nível mundial, em que o dinheiro fosse moedas de ouro transacionadas livremente, governo nenhum precisaria estar minimamente preocupado com a balança de pagamentos. Ele poderia seguramente relegar ao mercado a responsabilidade de manter uma quantidade suficiente de ouro dentro do país. Sob a influência das forças do livre comércio, metais preciosos sairiam do país somente se houvesse um efetivo em caixa excedente; de modo inverso, esses metais fluiriam para dentro do país caso estivessem em escassez, da mesma forma que todas as outras commodities são importadas se sua oferta estiver escassa, e exportadas se houver oferta excedente.

É errado ver o dinheiro apenas como um meio de pagamento, e não como um meio geral de trocas.

Massa monetária

Há algum tempo, imprimia-se dinheiro para financiar guerras. Hoje, imprime-se para satisfazer vários tipos de “procura” doméstica. O mundo inteiro está sob a influência da inflação monetária. Os preços de todos os bens e serviços aumentam continuamente e ninguém é capaz de dizer quando esses aumentos serão interrompidos.

As pessoas que não receberam esse dinheiro adicional ficaram em uma situação pior, tendo agora de lidar com preços maiores, um poder de compra menor e, consequentemente, um padrão de vida mais baixo.

Keynes, não passa de um profeta do inflacionismo, e crente que a expansão do crédito opera o "milagre . . . de transformar uma pedra em pão".

Vê-se bem na crise atual, após a injeção de tanto dinheiro no sistema, o que sobra para o povo, e se a pedra não se transforma em pão, e se novos empregos não se criam, será então legítimo usar a mesma pedra para partir montras?

resposta apoiada na tese económica de Ludwig Von Mises.

Vivendi disse...

Parte II

Salazar

Jamais veríamos Salazar fazer a figura de ontem de Mário Soares.

Preciso de escrever mais? Vamos lá…

É que antes, o problema da pobreza, herdado da 1ª República, estava a ser resolvido gradual e satisfatoriamente de acordo com a capacidade do país. A pobreza de hoje, foi conseguida pela contínua destruição de tudo.

O crescimento médio durante o tempo de Salazar foi extraordinário. Por exemplo, desde o fim da II Guerra até à queda do regime foi cerca de 6% ao ano. Nós, neste momento, conseguimos crescer 1% em média e com dificuldade. [O ranking do PIB de 2010]. Portugal está, em 38º, entre os 200 países mais ricos do mundo. Em 1974 estava no 24º lugar!

..."O caminho para os países em dificuldades, e mesmo para os que não estão em dificuldades, é sempre o mesmo: produzir e poupar."... Por António Oliveira Salazar

Vivendi disse...

Parte III

...“Foram muito menos os danos em que caíram os homens por lhes faltar a notícia do passado que aqueles que cegamente se precipitaram pela ignorância do futuro.”...

Por Padre António Vieira

Ricciardi disse...

Mas, vamos ver Vivendi, tudo muito certo, mas o endividamento d pais nao ocorreu precisamente durante o período em que aderimos ao euro? nao eh o euro uma espécie de moeda que se assemelha ah alegada estabilidade do padrão-ouro? ateh gostava de ver um gráfico que colocasse a cotacao do ouro vs euro vs usd nos últimos 15 anos.
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Mas, enfim, em teoria ateh podia, eventualmente, partilhar a sua idéia, mas diga-me com pragmatismo, como eh que se passa de um sistema que produziu moeda a rodos e sem qualquer colateral, para um outro
sistema baseado no ouro. Como eh que se faz isso?
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Eu deixei perguntas acima noutro comentário, quer fazer o favor de me explicar como transformar francos em franco-ouro ou usd em usd-ouro sem que isso quase a falência imediata de um pais?
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Quanto ao resto, nao faz sentido usar uma mercadoria como referencia. Você estah convencido de que o ouro eh estável, mas nao eh. num espaço de 5 anos triplicou de preço. Mas ainda mais instável se tornaria se fosse usado como padrão.
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Rb

Vivendi disse...

Caro Ricciardi,

O € funcionou com estabilidade até os governos de centro esquerda incorreram em sucessivos défices.

Teorias como as de Vitor Constâncio revelaram-se em mais um logro promovido pelo típico facilitismo da esquerda.

Quanto à valorização do ouro, não foi este que valorizou, mas sim o dólar e o euro e as outras moedas que perderam valor. Pode fazer a mesma comparação com o petróleo. É claro que pode ser conjugado com bolhas especulativas (mercados).

A conversão entre o Escudo em ouro ou prata e qualquer moeda, incluindo o Euro é estabelecida livremente.

quadros:

http://vivendi-pt.blogspot.com/2012/02/quadro-evolucao-do-ouro.html

http://vivendi-pt.blogspot.com/2012/03/quadro-investimento-da-china-ouro-vs.html


Vídeo:

http://vivendi-pt.blogspot.com/2012/02/ouro-moeda-independente.html


Cumprimentos.

Ricciardi disse...

«O € funcionou com estabilidade até os governos de centro esquerda incorreram em sucessivos défices.» Vivendi

«Quanto à valorização do ouro, não foi este que valorizou, mas sim o dólar e o euro e as outras moedas que perderam valor.» Vivendi
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Há uma certa contradição, não acha? Se o EURO se manteve estavel, então o Ouro valorizou.
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Mas este é um excelente exemplo daquilo que eu digo. O Vivendi pode fazer outro tipo de comparações, excluindo as moedas e comparar o que é que há 15 anos uma moeda de 33gr de ouro comprava e aquilo que hoje compra. Está seguro, caro Vivendi, de que a moeda de ouro compraria sensivelmente as mesma coisas?
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Imagine por exemplo, quantos sacos de café podia comprar ha 15 anos e agora, ou quantas cervejas, ou quantos tomates... ou componha-se um capaz de produtos e compare-se.
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Olhe 33gr(+/- 1 onça) representam hoje cerca de 1700 usd (300 contos). Há dez anos a cotação deveria (nao estou bem certo) estar a 350 usd/33 gr e portanto uns 52 contos. O Ouro terá subido, então, cerca de 600% neste periodo.
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Agora:
a) o que é que 52 contos compravam há dez anos?
b) o que é que 300 contos compram hoje?
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Acha que compram o mesmo cabaz de compras ou como achará que uma moeda de Ouro hoje compra mais coisas? E, repare, incluo a inflação nesta pergunta, que, per si, deve representar um acréscimo de cerca de 40% nos preços dos produtos.
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PS. Estou apenas a perguntar e não a afirmar; até gostava de ter resposta clara a isto para formar melhor a minha ideia acerca do assunto.
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Rb

Ricciardi disse...

... já agora gostaria de saber de que forma pensam, os defensores do padrão-ouro, evitar a especulação sobre o ouro se este tiver a ser usado para fixação de cotação de moedas nacionais.
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Como evitar que, por exemplo o consumo exponencial de ouro nos paises emergentes possam influenciar os preços das coisas num cenário de padrão-ouro?
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Rb

Ricciardi disse...

... ou seja, porque raio teria eu de pagar as minhas batatas mais caras pelo facto da porra dos chineses estarem a comprar ouro?
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Parece-me um argumento que sustenta a ideia de que uma mercadoria não deve ser um padrão de coisa alguma que ponha em causa os preços das outras mercadorias.
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Rb

Vivendi disse...

Ricciardi,

O € tem cerca de 10 anos pode comparar a evolução do ouro em acordo com o gráfico. Não há contradição, a subida do ouro foi substancial no final da década. E mesmo assim tenha também em conta que o € é mais valorizado que o dólar. Não tivesse havido os recentes Ltro e onde estaria a relação cambial entre o € e o $.

A especulação evita-se quanto se sabe o resultado de um todo, e isso é conhecido no ouro. Sabemos qual o ouro existente e a extração de novo ouro representa todos os anos cerca de 2%.

Como pode verificar no vídeo usando o padrão ouro, nem guerras haveria ou pelo menos passariam a fisga e pedras. O padrão ouro promove a estabilidade do preços e limita a circulação monetária contra os excessos..

Quanto à análise da inflação deixo esse trabalho para os keynesianos, afinal a borrada é deles. E já agora sugiro que se inclua o valor imobiliário e o petróleo nessas contas.

Por fim, relembro a estabilidade do escudo que existia no tempo do Salazar ou os tempos áureos do marco alemão.

Harry Lime disse...

O ouro e' um investimento defensivo. As questoes levantadas pelo Rb fazem todo o sentido. A questao do ouro e': ou todos adoptam o padrao-ouro (chineses, indianos, europeus, americanos, russos, brasileiros) ou entao os que nao o adoptam terao sempre uma vantagem competitiva sobre os outros. Os meios de producao destes serao sempre mais baratos do que os dos outros permitindo competir melhor nos mercados globalizados.

Rui Silva

Harry Lime disse...

Alias, o problema do ouro e' muito semlhante ao do Euro (ou das moedas indexadas ao dolar).

Ja agora, Vivendi eis o que aconteceu com o Euro.

O nosso problema com o Euro e' que entramos no Euro sobrevalorizados, ou seja quando as luminarias que nos governam dediram a entrada na euro fizeram-no com uma taxa de cambio demasiado alta: o que nos lixou a competitividade das exportacoes. E os defices nos apises do Sul tem a ver com isto e com mais nada (ler Paul Krugman , outro comuna incorrigivel).

Com os alemaes pelo contrario foram muito beneficiados pelo euro porque entraram com um cambio favovel no euro. No entanto para nao acumularem moeda (o que implicaria aumento de inflacao na Alemanha) eles comecaram a emprestar a baixos juros aos perifericos, por outras palavras, exportaram a sua inflacao (inflacao que em Portugal se deu no sector dos investimentos do estado e em Espanha, por exemplo, no imobiliario).

Esta 'e a historia do Euro: acima de tudo uma historia de estupidez politica e de ignorancia dos mecanismos mais basicos de politica monetaria.

Rui Silva

Harry Lime disse...

Vivendi,

Pode-se especular com o que se quiser: basta que exista a crenca entre os agentes economicos de que um determinado activo vai aumentar de valor.

E o ouro esta a ser vitima clara de especulacao: em primeiro lugar comprou-se ouro sob o argumento classico (e errado) de que e' um escudo contra a inflacao. Depois comecou-se a comprar ouro pela pura e simples razao de que toda a genta estava a comprar ouro. Isto e' a definicao de bolha.

Neste momento, que os investidores perceberam duas coisas:

a) ha' investimentos alternativos ao ouro que estao a precos suficientemnte baixos para oferecerem rentabilidades interessantes.

b) perceberam que existem demasiados riscos no ouro (demasiado caro, demasiados "amadores" no negocio, demasiado "hype") e que asr entabilidades oferecidas ja' nao compensam esses riscos

Rui Silva

Harry Lime disse...

Vivendi,

Pode-se especular com o que se quiser: basta que exista a crenca entre os agentes economicos de que um determinado activo vai aumentar de valor.

E o ouro esta a ser vitima clara de especulacao: em primeiro lugar comprou-se ouro sob o argumento classico (e errado) de que e' um escudo contra a inflacao. Depois comecou-se a comprar ouro pela pura e simples razao de que toda a genta estava a comprar ouro. Isto e' a definicao de bolha.

Neste momento, que os investidores perceberam duas coisas:

a) ha' investimentos alternativos ao ouro que estao a precos suficientemnte baixos para oferecerem rentabilidades interessantes.

b) perceberam que existem demasiados riscos no ouro (demasiado caro, demasiados "amadores" no negocio, demasiado "hype") e que asr entabilidades oferecidas ja' nao compensam esses riscos

Rui Silva

Harry Lime disse...

Elaborando no ponto anterior (isto aplcia-se apenas aos EUA porque estes foram os unicos que levaram a acabo uma politica fiscal e monetaria minimamente decentes):

Por exemplo, as accoes americanas estao a precos baixos e as empresas tem tido proveitos muito interessantes tendo reservas muito altas que vao ser investidas em face da melhoria da economia. estes investimentos, vao criar emprego e aumentos nos empregados que por sua vez vao consumir e criar procura para mais produtos e servicos que vao levar a mais investimento... Bem, o Keynes explicou isto melhor do que eu na definicao de multiplicador :):):):)

E' evidente que isto apenas se aplica no contexto dos EUA por foram os unicos tipos que fizeram o trabalho de casa.

Na Europa, a malta anda com invencoes e depois e' a linda obra que se ve.

Rui Silva

CN disse...

A ilusão da criação monetária é extraordinária, é comparável à ilusão da terra como centro universo e outras que tais, mas todos caiem nela. A quantidade de moeda é irrelevante, podia ser fixa que a economia fuincionaria perfeitamente e até melhor.

CN disse...

O acto de crédito significa disponibilizar recursos já existentes para suportar todo o período não produtivo de todo o investimento. A criação pura de moeda distorce essa relação iludindo a economia e criando as bolhas temporárias de que as crises constituem o processo de cura, não a doença - a doença é a olusãp de bem estar durante a bolha temporariamente possível porque capital está a ser consumido e destruído,

Vivendi disse...

Harry Lime,

10:28
http://contascaseiras.blogspot.com/2012/03/todos-ouvimos-dizer-que-desvalorizar.html

10:36
Basicamente estou de acordo

10:47
o ouro é atualmente uma bolha especulativa como é o arroz ou qualquer outro commoditie, a massa monetária em circulação assim o permite.
O ouro é um ativo milenar e comprovado pela história.
Sobre investimentos concretos aconselho que as pessoas pesquisem e optem junto de entidades especializadas.

10:51

o colapso do dólar pode acontecer

a barragem do dólar é controlada pela China

vários vídeos de Peter Schiff legendados… Um dos melhores autores económicos da Escola Austríaca.

vivendi-pt.blogspot.com/2012/03/estava-certo.html


Cumprimentos.

Vivendi disse...

10:51

no caso europeu defendo o seguinte:

vivendi-pt.blogspot.com/2012/02/verdade-e-como-o-azeite.html

conjugado com:

vivendi-pt.blogspot.com/2012/01/o-caso-brasil.html

Tiago Mestre disse...

A discussão está boa..

Uma moeda, qualquer moeda, deve significar uma forma de energia. Energia é a capacidade de realizar trabalho. Se eu produzo cereais e apliquei energia para o seu cultivo, o interessado em comprar deve-me pagar em função dos excedentes que possui (fruto da energia que despendeu), da importância que tem para ele a minha cultura e do valor energético que eu acho que a cultura tem.

1ª conclusão:
Os mercados já existiam antes sequer de haver moeda.

E se o comprador não tinha excedente naquela altura, mas só daqui a 1 mês, poderia ficar a dever caso o vendedor aceitasse.

2ª conclusão:
Já havia crédito antes de haver moeda.

A moeda apareceu como mecanismo fácil, portátil e fiável de transferência e preservação de energia face às dificuldades de transporte, preservação e troca de bens excedentários.

Mas este esquema só funcionaria se fosse credível aos olhos de toda a gente. Para tal deveria possuir um valor intrínseco que, contabilizado em função do seu peso e da matéria prima de que era constituída pudesse representar uma dada quantidade de energia: valor.

O ouro, pelo facto de ser difícil de obter, fácil de trabalhar e de manter a sua cor dourada sem sofrer nem com a oxidação nem com variações de temperatura, foi talvez o primeiro metal de que os seres humanos se lembraram para representar energia e valor.

Tem sido assim durante milhares de anos. Penso que data de 3 ou 4 mil anos AC as primeiras formas de crédito e de moeda na Suméria.


Mas a 13 de Agosto de 1971 passámos do mundo real para o mundo virtual: Nixon suspende (temporariamente, disse ele. Faz-me lembrar a história agora dos subsídios em Portugal) a convertibilidade do dólar em ouro (35 dólares por cada onça), decisão que tinha sido tomada em 1945-46 nos acordos de Bretton Woods. Nesta reunião, os EUA, na mó de cima por terem ganho a guerra e salvo a Europa do jugo nazi, sugeriram ao mundo ocidental que era preferível guardarem dólares em vez de ouro. Os EUA seriam fiéis depositários do ouro e pagariam juros às nações que preferissem dólares, já que sobre o ouro não se pagariam juros nenhuns. A proposta parecia irrecusável, e assim foi.

Mas com a década de 50 e de 60, a tentação dos políticos americanos em financiar guerras, ir à Lua, e outras extravagâncias que tais fê-los gerar deficits nos seus orçamentos, e às escondidas do mundo começaram a imprimir dólares sem acautelarem os rácios de ouro que se exigia.

Charles de Gaulle em França topou a aldrabice e antes que o dólar perdesse valor aos olhos de todo o mundo, enviou os dólares de volta para os EUA para receber o ouro com o tal rácio de 35 dólares a onça. A propósito, Salazar era um desconfiado por natureza, e com os americanos era ainda mais. A ver-se pelos excedentes orçamentais e pela quantidade de ouro que o Estado Novo acumulou ao longo de décadas, Salazar não caiu na esparrela, e quer se goste dele ou não, o homem teve razão nesta matéria.

Moral da história:

Os políticos manipularão sempre, mas sempre, as moedas. Foi assim no império Romano, com a moeda Denariu e com muitas outras, como foi assim na América, na República Alemã de Weimar, no Zimbabué, na Argentina, em Portugal nos finais da década de 70 e 80, e em muitos outros países.

Tiago Mestre disse...

Parte II e última

A tentação de "fazer" dinheiro é muito grande para os parolos que são tudo menos estadistas, e que em vez de usarem a inteligência para reforçar o código moral, lá concebem estratagemas para aldrabar o sistema, quer seja com ouro, prata, papel, ou mais recentemente, com os computadores.

FIAT vs padrão ouro?
Prefiro padrão ouro porque é mais difícil aos políticos aldrabar o sistema, apesar de que o iriam fazer com toda a certeza.

Para terminar:

Se voltássemos ao padrão ouro, agora que estamos inundados de papel moeda virtual, veríamos o preço do ouro disparar para valores que não sei calcular e o valor das moedas fiat cairia tb para valores sem explicação.

Relembro que só o mercado de derivados, de acordo com o BIS, já ronda os 800 a 900 triliões de dólares e o PIB mundial não ultrapassa os 80 triliões de dólares!!

Teríamos que dividir toda esta gigantesca massa monetária pela quantidade de ouro que existe e que existirá nos bancos centrais. Por cada onça teriam que "caber" muitos dólares e muitos euros.
Tb é verdade que muitos destes mercados derivados colapsariam e o valor dessas apostas evaporar-se-ia de um segundo para o outro.

Se é possível regressar ao padrão ouro? É.

Se é provável?
Acredito que sim, não tanto pela ação afirmativa, mas mais pela inação, ou seja, os políticos continuarão a imprimir dinheiro até que este se torne pouco mais do que papel pintado, o sistema cai de maduro, e aí, pessoa a pessoa, aldeia a aldeia, cidade a cidade, país a país, cada comunidade saberá inventar um meio de transferência e preservação de energia adequado à sua realidade.

Quais serão esses meios? Não sei.

Serão muitos e diversificados?
Sim, nuns sítios do planeta teremos a prata como padrão, noutros o ouro, noutros o cobre, noutros terra fértil, noutros os cereais, noutros o "good and old" sistema fiat, etc, etc.

Tiago Mestre