31 março 2011

alto que não há dinheiro outra vez!

Afinal, estamos mesmo sem cheta.

alto que não deve faltar dinheiro!

"(...) a presidente Dilma Rousseff deixou a Universidade de Coimbra, onde assistiu à premiação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que recebeu o título de doutor honoris causa. O governo português colocou à disposição da presidente um avião para que ela pudesse sair de Coimbra direto para Lisboa.", na imprensa brasileira de ontem.

deslealdade

Desde que José Sócrates pediu a demissão que vários comentadores - o António Barreto, eu próprio e muitos outros - têm pedido uma auditoria ao real estado das contas públicas, conduzida por entidades independentes do poder político. Desde logo, da execução dessa auditoria, ficariam excluídos o Instituto Nacional de Estatística e a Direcção Geral do Orçamento que, como entidades autónomas mas dependentes do poder político, seriam sempre permeáveis a pressões, por mais competentes que sejam os seus respectivos quadros técnicos. Sobrariam, portanto, o Banco de Portugal, a Unidade Técnica de Apoio Orçamental da Assembleia da República (UTAO) e o Eurostat.

Infelizmente, segundo relatos da imprensa, esse pedido de auditoria não terá agradado ao Presidente da República que, imbuído da sua extraordinária magistratura activa, terá concluído que, neste momento, uma maior transparência nas contas públicas não beneficiaria o País. O Banco de Portugal, por sua vez, também terá declinado a ideia, no argumento (sensível) de que, uma sua intervenção em tão delicado assunto, poderia politizar aquela instituição. Quanto à UTAO, soube-se hoje, através da imprensa económica, e na sequência da publicação de (mais) um relatório crítico do estado das contas públicas, que o PS pretende que os próximos relatórios desta equipa técnica NÃO SEJAM PUBLICADOS (!) antes da tomada de posse de um novo Governo. Motivo: segundo os deputados do Partido Socialista, os relatórios dos técnicos da UTAO, nas actuais circunstâncias políticas, poderiam servir de meras armas de arremesso eleitoral...Portanto, por este ou por aquele motivo, restam-nos apenas os estrangeiros do Eurostat. Caso para concluir: mas que pobre país!

Ps: É cada vez mais urgente a constituição de uma Assembleia de Patriotas, cidadãos portugueses, sem quaisquer vínculos políticos, verdadeiros independentes, escolhidos entre a sociedade civil nos mais variados quadrantes profissionais....como se fez na Islândia no rescaldo da crise.

certificados do tesouro

Foi ontem divulgado que o Estado, através do Instituto de Gestão do Crédito Público (IGCP), decidiu suspender a forma de cálculo dos juros associado aos Certificados do Tesouro. A medida, que apenas terá impacto no caso dos novos aderentes, limitará as taxas de juro entre o 5º e o 10º ano de permanência a valores bastante inferiores aos que agora vigoram no mercado. Assim, aforradores que hoje subscrevessem Certificados de Tesouro e que deveriam ver as suas remunerações fixadas em 9,5% entre o 5º e o 9º de permanência e em 8,3% no 10º, não receberão mais do que 6,8% e 7,1%, respectivamente. O IGCP justifica a alteração das regras, alegando que os mercados se encontram "disfuncionais"... E alega, também, que a Resolução do Conselho de Ministros, que, no ano passado, criou este mecanismo de aforro, permite uma alteração desta natureza.

Ora, tendo, com o decorrer dos anos, penalizado os velhinhos Certificados de Aforro, o Estado penaliza agora os novíssimos Certificados de Tesouro sem que aquela cláusula da Resolução do Conselho de Ministros tivesse alguma vez constado da ficha técnica publicada oficialmente pelo IGCP. Enfim, pior seria se estas alterações fossem para ser aplicadas retroactivamente, pelo que, apesar de tudo, trata-se de uma mudança que apenas defrauda as expectativas de quem, daqui para a frente, estivesse interessado em subscrever tal produto, mas que, na minha opinião, pré-anuncia a forma como este Estado se prepara, novamente, para tratar os seus pequenos aforradores. Sobretudo se for necessária uma, cada vez mais provável, reestruturação da dívida...

não és homem para ninguém



Os portugueses merecem muito mais...



Cavaco: Does he have what it takes?

homens

Deus, através de Cristo, não entregou a governação da sua Comunidade (Ekklesia, Igreja) ao povo para que este a governasse democraticamente. Não. Entregou-a a doze eleitos, uma elite - os apóstolos -, eram todos homens, e designou um chefe entre eles. Este é o regime de governação próprio da nossa cultura cristã - uma elite de homens.

nada

A insolvência do Estado português parece-me agora inevitável.


E se fôr só isto, se entretanto não houver uma corrida à banca, será uma grande sorte.

Enquanto isso, os políticos andam por aí a fazer salamaleques uns aos outros e no estrangeiro, próprios da cultura efeminada donde provêem. Decisões e actos que pudessem conter a situação é que nada.

cozido à portuguesa

Mexia: Aumento de capital do BCP é "operação muito interessante".

Sendo o BCP um accionista da EDP, não há aqui algo de incestuoso? Porque é que o BCP não vende a sua participação na EDP e aumenta o capital com o montante da receita?

juros

Como é que um possível recurso ao FMI se repercutiria sobre os juros praticados nos empréstimos à habitação? Em particular sobre os spreads.
A minha resposta intuitiva é que permitiria manter spreads mais baixos. Outras opiniões?
Eis um bom tema para a imprensa económica debater.

défices

Banco de España: el Gobierno incumplirá su objetivo de déficit público en 2011 y 2012.

Uma independência que dá confiança.

Homenagem


E com este magnífico vídeo termino a brincadeira em redor d' O Grande Homem, Paulo Futre, na minha opinião, (ainda) o melhor jogador português que até hoje vi jogar. Um craque! E um bom tipo.

jogador chinês (II)

jogador chinês (I)

30 março 2011

avante camaradas

90% das empresas do "off-shore" da Madeira não tem qualquer trabalhador.

Um excelente título para o Avante, um péssimo título para o Jornal de Negócios.

estratégia política III

Uma narrativa política ganhadora, para Portugal, deve começar por enaltecer as qualidades dos portugueses. Nós somos capazes e temos todas as qualidades para o sucesso. Somos inovadores e determinados.
a) Sublinhar o sucesso dos emigrantes portugueses no estrangeiro.
b) Acrescentar que o mesmo só não sucede cá porque somos mal governados.
Não entrar no jogo políticos dos ex’s. Os portugueses deram-se mal com o Eng. e não interessa discutir de quem é a culpa.
a) Não responder taco a taco aos incumbentes.
b) Abandonar a conversa do “quem é o problema e quem é a solução”.
c) Optar por falar deles como representando o passado e dos conquistadores como representando o futuro.
d) Aos ataques responder com um “coitado”, está desesperado (apela ao sentimento do coitadinho).
Garantir confiança e segurança.
a) Não podemos continuar a mudar de políticas como quem muda de camisa.
b) Precisamos de estabilidade e de tranquilidade.
O discurso liberal é tóxico. Não é conveniente afirmar que a recuperação depende do sector privado. Uma sociedade feminina não saberia por onde começar. A recuperação depende do Estado, de um Estado que tenha autoridade para orientar e disciplinar o sector privado.
a) O papel do Estado é indispensável na defesa dos mais fracos.
b) Os socialistas só se aproveitaram do Estado, mas o Estado tem de estar ao serviço de todos.
Comigo vai ser diferente.
a) Não vamos ser governados do estrangeiro, quem manda sou eu.
b) Medidas simbólicas da mudança.

A “piquena” está no papo!

"Eu sou o caminho, a verdade e a vida"

"Mas ele é que sabe o caminho, não ela", escreve o Joaquim no post anterior.

É este o paradigma da virilidade - saber o caminho. Uma mulher é capaz de sonhar mil caminhos, mas nunca escolherá um caminho. Escolher um caminho, saber qual é o caminho (que é normalmente um dos mil caminhos sugeridos por ela), é um atributo distintamente masculino.

Entretanto, um meu post anterior deu lugar a uma discussão acerca da relação entre a virilidade e o sexo. No entendimento popular virilidade está associada a potência sexual masculina e à intensidade e frequência da vida sexual de um homem.

É um erro que já deixei claro na minha afirmação anterior segundo a qual o Papa (e, genericamente, um padre) é o símbolo da virilidade da nossa cultura. Aqui está um homem que é um símbolo de virilidade e não tem sexo.

Existe, de facto, uma relação entre virilidade e sexo, mas é inversa, e pode enunciar-se assim: em geral, um homem é tanto mais viril quanto menos sexo tiver. Porque a função do sexo, e de uma mulher, é precisamente a de retirar a virilidade ao homem. Nunca um homem se parece tanto com uma mulher como depois de ter sexo com ela. Aqueles homens que ambicionam - e às vezes se gabam - de ter sexo a toda a hora são profundamente efeminados, porque além de ambicionarem uma capacidade que é exclusivamente feminina - a de ter sexo a toda a hora - são homens sem virilidade nenhuma.

estratégia política II

A rapariga anda deprimida, com a autoestima pelas ruas da amargura. O seu comparsa, metaforicamente o Eng., não lhe dá sossego, nem segurança nenhuma. É um falso e não cumpriu com nada do que prometeu. É abusador e arrogante, castiga-a e ainda a ameaça. Arranja outro e vais ver o que te espera...
O que deve fazer um conquistador?
Em primeiro lugar deve adular a “piquena”. Fazê-la sentir-se especial.
- Tu és uma mulher espetacular. Tens um potencial fantástico, podias ser uma modelo internacional...
Em segundo lugar deve exibir confiança e falar com autoridade. Nunca deve entrar em conflito direto com o ex. No caso de este se comportar como um garnisé de Barcelos deve ignorá-lo.
- O teu ex sabe que já te perdeu e está desesperado. Tu mereces melhor.
- Coitado... dá-lhe um desconto.
Em terceiro lugar deve levantar um pouco do véu sobre o futuro. O conquistador vai fazê-la feliz. Não confundir com felicidade económica, o conquistador vai “puxá-la” e deixá-la revelar as suas qualidades. Mas ele é que sabe o caminho, não é ela. Este passo é necessária porque a "piquena" está escaldada.
No próximo post vou converter esta abordagem numa narrativa política alternativa.

quem te avisa teu amigo é

"O novo modelo de ajuda que a União Europeia está a negociar e que deverá estar aprovado no Verão só se aplica a depois de 2013. Além de continuar a incluir o FMI no processo de ajuda (o que choca alguns europeístas, que nisso veêm uma submissão da Comissão Europeia), nesta forma vingará a posição alemã de que os privados também perderão dinheiro, não apenas os Estados. Se um país como Portugal entrar em incumprimento os investidores e instituições financeiras que tiverem emprestado dinheiro vão ter de perder algum. Ou seja, haverá (...) 'reestruturações de dívida', ou 'haircuts', expressões que querem dizer uma coisa: perdões de dívida (...) Neste momento, Portugal está quase fora do mercado. Tem sido financiado por golfejos do Banco Central Europeu, em parte através dos próprios bancos portugueses. Criou-se assim um paradoxo: os bancos portugueses são penalizados por serem...portugueses e por terem dívida....portuguesa. Isso não faz deles vítimas das circunstâncias. Mas este é o atestado de que até para os nossos bancos a dívida do Estado se está a tornar um activo tóxico. Ou se preferir, activos quase 'junk': lixo.", Pedro Santos Guerreiro, Jornal de Negócios de hoje (página 3)

"De acordo com os termos do Mecanismo Europeu de Estabilização (ESM) os países que decidam pedir ajuda financeira vão ter primeiro que reestruturar a sua dívida e as novas regras determinam que o Fundo terá um estatuto preferencial de credor sobre os investidores privados. Estas duas características são prejudiciais para os credores privados e representam uma grande diferença face ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (EFSF)", Diário Económico de hoje (página 5).

estratégia política

Usurpando os instrumentos de análise cultural que o PA tão generosamente nos tem disponibilizado aqui no PC, gostaria de recorrer a uma metáfora que nos permita construir uma narrativa política de sucesso para os próximos anos.
Portugal é uma figura de mulher, um País com uma cultura dominada por valores femininos. E é uma mulher que foi enganada e maltratada por um homem, Sócrates.
Sócrates foi um nubente que prometeu à rapariga o paraíso na terra e que só lhe deu problemas e aflições. Não soube ser “homem”, não soube mandar de modo sereno e confiante.
A rapariga sabe que ele não é o homem da vida dela, mas está traumatizada e tem medo de que os que lhe andam a arrastar a asa ainda sejam piores.
Ora o que deve fazer o candidato que quer roubar o coração desta “piquena”?
Fiquem a pensar que eu logo dou a resposta.
Analisado o problema deste modo é possível extrapolar as linhas mestras de uma narrativa política alternativa.

a irrelevância

A irrelevância do País fica demonstrada quando os nossos políticos dirimem no estrangeiro os problemas nacionais. O artigo de hoje de PPC no WSJ, demonstra este facto. Se o futuro de Portugal se decidisse entre portas não haveria necessidade destas missivas.
Quanto ao artigo em si, aliás muitíssimo bem redigido, podemos concluir que é insuficiente para acalmar os mercados. PPC fica-se por generalidades e termina oferecendo uma garantia pessoal de que tudo fará para que Portugal honre os seus compromissos internacionais.
Se conhecesse melhor a cultura protestante, PPC teria posto menos ênfase em si próprio e poderia ter avançado com alguns objectivos económicos concretos. Se conhecesse melhor a cultura protestante, PPC saberia de cor o que pensam aqueles tipos:
- In God we trust, all others must bring data!

patinho


Quando escrevi este post, houve um momento em que eu carreguei propositadamente nas tintas para ver se algum patinho caía. Foi quando me referi ao Papa como o símbolo da virilidade católica, sem dar mais explicações. Na realidade, eu tinha uma leve suspeição acerca do patinho que poderia caír. E não é que ele caíu mesmo?

Agora a explicação. Claro que o Papa, representando todos os padres, é o símbolo da virilidade da cultura católica. E precisamente pelo facto da castidade. Será que existe algum homem em maior estado de tensão relativamente a uma mulher (eu certifico-me de utilizar o n no meio da palavra tensão para não resvalar para o calão), um homem mais desejoso e capaz de exibir a sua virilidade, do que aquele que nunca teve uma mulher?

Argumentando a contrario: qual é o homem que, depois de ter tido relações sexuais com uma mulher, ainda permanece viril? Nenhum.

29 março 2011

um homem de saias


O problema actual de Portugal não é um problema com as mulheres, nem com os valores femininos. É um problema com os homens que posssuindo, por virtude da sua cultura, valores que são predominantemente femininos, se comportam generalizadamente como mulheres.

A democracia saída do 25 de Abril e o povo puseram fora da cena pública a elite governativa, que era uma elite exclusivamente de homens, substituindo-a por homens e mulheres do povo, os quais possuem valores essencialmente femininos. Portugal passou a ser uma sociedade de mulheres, embora metade da população vista de calças.

A ideologia do género, importada nos últimos anos dos países protestantes (as ideologias são sempre criações dos países protestantes) ajudou a esta transformação. A ideologia do género afirma que não existem diferenças essenciais entre os sexos, entre homens e mulheres (e por isso, ela fala de géneros, e não de sexos). As diferenças são matéria de opção pessoal ou de convenções sociais. Numa sociedade de valores predominantemente femininos como é Portugal, esta ideologia unisexo pendeu para o lado dominante - o lado feminino -, e os homens tornaram-se cada vez mais iguais às mulheres. Nas sociedades protestantes de valores predominantemente masculinos, a homogeneização fez-se também pelo lado preponderante, e aí foram as mulheres a tornarem-se cada vez mais iguais aos homens.

Portugal, que à imagem da Igreja Católica é uma figura feminina, faz hoje a figura da mulher retratada aqui por um observador americano. As circunstâncias desta mulher não são quaisquer. É uma mulher arruinada e sem homem, e uma mulher à procura de homem que a governe, porque ela não se consegue governar a si própria. A mesma figura faria a Igreja Católica se algum dia lhe retirassem a sua elite - os cardeais, presididos pelo Papa: sectarizava-se, todos contra todos (franciscanos, jesuítas, dominicanos, etc.), desorientava-se, consumia em poucos anos os tesouros do Vaticano, e arruinava-se. Até encontrar de novo um Papa e os cardeais, as figuras masculinas e de elite na Igreja.

Aquele deputado e aquele jornalista que recentemente andaram a lavar a roupa suja lá fora acerca do que se passa no país, não tiveram senão um comportamento feminino, que é o de lavar a roupa suja em público, porque lavar a roupa é tradicionalmente uma tarefa feminina. Seria absolutamente impensável um deputado alemão ou um ex-director do Der Spiegel terem comportamentos idênticos.

Diferente não foi o comportamento do líder da oposição que, um dia depois de deitar o governo abaixo, foi a correr dar explicações a Angela Merkel - e sabe-se lá fazer quantas queixas -, imitando, de resto, o primero-ministro que tinha feito o mesmo uma semana antes. A multiplicação de comportamentos desta natureza é de esperar nos próximos tempos, figuras públicas do país a fazerem queixas umas das outras em tudo o que é centro de decisão na Europa.

Procurar cobertura para as suas posições perante uma figura de autoridade - que é um valor distintamente masculino - é um comportamento caracteristicamente feminino. Que essa figura seja a da Senhora Merkel pouco importa porque, provindo de uma cultura predominantemente masculina, ela é um verdadeiro homem de saias, ao contrário dos políticos portugueses que se comportaram como verdadeiras mulheres de calças.

Tal como a mulher portuguesa arruinada e sem homem que andava à procura de um homem que a governasse, assim está Portugal, a mulher católica, à procura de um homem que a governe. Decidiu agora procurar no estrangeiro, na pátria do protestantismo - a Alemanha. Duvido que o amor pegue. Da última vez que esteve nas mesmas circunstâncias, desorientada e arruinada, procurou homem em Portugal, e encontrou-o. O amor pegou e foram felizes e prósperos durante muitos e longos anos. Chamava-se António de Oliveira Salazar.

locus externo

Finanças: "Rejeição do PEC foi a rasteira que lançou por terra o País".

reformulação fiscal

"Em resumo, uma alteração da estrutura de tributação que reduza as contribuições para a segurança social pagas pela entidade patronal por contrapartida de um aumento da tributação sobre o consumo – podendo ser complementada com uma transferência monetária para as famílias –, com impacto final neutro no saldo orçamental e na dívida pública, é susceptível de aumentar a competitividade da economia portuguesa, assim como os níveis de produto, consumo e emprego. A magnitude destes efeitos pode ser bastante substancial. Note-se, em particular, que um cenário de harmonização integral das taxas do IVA teria um impacto macroeconómico cerca de quatro vezes superior ao apresentado nesta caixa. Deste modo, importa reflectir mais aprofundadamente sobre as implicações de uma reforma fiscal com estas características, que pode ser particularmente relevante no actual quadro de ajustamento prolongado da economia portuguesa.", Banco de Portugal, Boletim Económico - Primavera 2011 (slide 40).

Se há relatórios cuja leitura me enche de prazer são os do Banco de Portugal, nomeadamente aqueles de cariz mais académico. E este que acabo de citar, publicado hoje no sítio do BdP, é um exemplo dessa excelência que, felizmente, aqui e acolá ainda vamos mantendo.

Ora, indo ao cerne da questão, o que os investigadores do Banco de Portugal propõem é o seguinte: aumentar 2 pontos percentuais ao IVA, reduzindo, em contrapartida, 4 pontos percentuais às Contribuições Sociais pagas pela entidade patronal. De acordo com as simulações daqueles técnicos, essa reformulação fiscal teria um impacto neutro no saldo orçamental e, por conseguinte, sobre o stock de dívida pública. Ao mesmo tempo, também não teria impacto sobre as exportações, sendo que, pelo contrário, seriam penalizadas as importações através do agravamento dos preços de consumo final. Em suma, a proposta, a ser implementada, conduziria, na prática, a uma desvalorização cambial real, à qual estaria ainda associada uma provável melhoria no número de horas trabalhadas, no emprego e, em última instância, uma melhoria dos salários.

Enfim, é este tipo de propostas que deveriam estar a ser apresentadas por Passos Coelho - já que falou em aumentar o IVA... - e que são muito distintas das tiradas avulsas que aquele candidato a Primeiro Ministro tem proferido. De resto, a proposta do BdP vai de encontro àquilo que eu próprio tenho defendido e escrito nos últimos anos: se o problema crónico da economia portuguesa reside no consumo excessivo (face à poupança acumulada) e no elevado défice da Balança de Transacções Correntes, actualmente em cerca de 10% do PIB, então, a solução é aumentar os impostos indirectos, reduzindo os impostos directos numa proporção ainda maior. Mas é claro: isto só funciona se, em simultâneo, emagrecermos o peso do Estado...E esta é a parte do diagrama que nenhum dos intervenientes políticos deste Regime conseguiu ainda fazer.

onde é que isto vai parar

A saga dos juros 7...8...9... faz-me lembrar uma anedota. O médico aproxima-se da cama de um doente e diz-lhe:
- Meu amigo, restam-lhe 10...
- Dez anos? Sr. Doutor.
- Restam-lhe 10...
- Dez meses? Dez semanas? Dez dias? Dez horas?
O médico vai acenando que não.
- Restam-lhe 10..
- Dez minutos?
Responde o médico:
- ...9,...8,...7,...
É só alterar a ordem, o fim é certo.

laugh

They laugh at us. Meanwhile ...

outra resposta

- Eu também emigrei.

Eclético...mas não tanto! (III)

Uma trama notável, digna de Agatha Christie. Um conselho: chamem o Hercule Poirot!

Eclético...mas não tanto! (II)

stalemate

A política portuguesa cada vez me espanta mais. Sócrates, que devia estar à defesa, está ao ataque. E Passos Coelho, que devia estar ao ataque, está à defesa. No meio de tudo isto, e apesar da urgência da situação, Sua Excelência, o Presidente da República, Sr. Prof. Dr. Cavaco Silva convoca o Conselho de Estado para 5ª feira, mais de uma semana depois da queda do Governo, sendo que, como se sabe, convocará eleições lá para Junho (nota: o Governo canadiano caiu ao mesmo tempo que o português, mas o Canadá irá a votos já no início de Maio...).


Entretanto, com os partidos já em campanha eleitoral, Sócrates é reeleito secretário-geral do PS com noventa e tal por cento de apoio dos seus ferrenhos políticos, sabendo-se de antemão que qualquer Governo que saia das eleições de Junho necessitará desse mesmo PS e que qualquer Governo PSD não quererá Sócrates. Pergunto então: que raio de executivo poderemos esperar dessas eleições de Junho? Resposta: tudo o resto igual, um executivo frágil. Pronto a cair à mínima crise política. Assim, das duas uma: ou Passos, de uma vez por todas, acerta os passos ou, mais cedo ou mais tarde, Sócrates regressa. E regressará em (e à) força!

lendo na imprensa

"O Governo decidiu aumentar os limites dos contratos públicos por ajuste directo. Assim, um director-geral, que até agora podia outorgar (sem concurso público) contratos até 100 mil euros passa a poder autorizar até 750 mil euros. Um presidente de câmara, cujo limite era de 150 mil euros passa para 900 mil (Hummm...!!). Um ministro, para quem o valor era de 3,75 milhões, passa para 5,6 milhões e o primeiro-ministro passa de 7,5 para 11,2 milhões de euros (...) com o País mergulhado na pior crise da Democracia, como é que um Governo cujo 1º ministro já tinha pré-anunciado a demissão, toma esta decisão? Porque não a podia tomar quando estivesse em gestão corrente?", Camilo Lourenço, edição de hoje do Jornal de Negócios (página 37)


"Exemplar a esse nível é o caso das Minas de Aljustrel. Essas minas, de cobre e zinco, foram compradas por uma empresa do Grupo Martifer (...) A operação foi executada no pressuposto da concessão de apoios financeiros do Estado e as dúvidas que agora se colocam prendem-se precisamente com a dimensão desses apoios. O Ministério da Economia garante que o incentivo previsto no contrato é de 31,3 milhões de euros, mas uma resolução da Assembleia da República faz acreditar que o valor disponibilizado ultrapassa os 130 milhões. Para se saber se há aqui um verdadeiro milagre da multiplicação dos pães, PSD e PCP solicitaram cópia do contrato. Para espanto geral, o Ministério da Economia alega que não o pode dar, porque o negócio está protegido pelo princípio da confidencialidade.", José Eduardo Moniz, edição de hoje do Diário Económico (página 5).

ora bolas


uma resposta

- Eu emigrei.

neocon

The president was unapologetic, freedom-agenda-embracing, and didn’t shrink from defending the use of force or from appealing to American values and interests. Furthermore, the president seems to understand we have to win in Libya. I think we will.


William Kristol

28 março 2011

so clever

Portugal - do not worry about them. They discovered the route to India, Brazil and they had colonies in Africa until very recently. All this because they are really good at making other people working for them. Now the new colony is the EU. Soon, the EU and the FMI will start financing this great country. And they will be there laughing when the EU will be gone. They are so smart that they are acting like they don't want the bailout. But they want it, yes, but they want the big ticket. And they are already sucking the milk out of their new cow, Angola. Americans, you should be worried about yourselves and not about this small but great country that was the only one Julius Ceasar and Napoleon were never able to conquer. This guys are specialists at this game, because they have no other resources, and that's why nature made them so clever. (Comentário à mesma notícia)

uma pergunta

O que é que deve fazer um indivíduo quando a sua colectividade decide, por maioria, arruinar-se? Parto do princípio que o referido indivíduo pretende continuar a buscar a sua felicidade e a assegurar as condições de sobrevivência dos seus.

Portugal: figura de mulher

The only woman who I ever went out with that was Portugese had the WORST financial sense I ever saw. She was all spend, spend, spend beyond your means, dont worry about how much everything costs, have the appearance of wealth instead of actual wealth, have big weddings you canot afford and was 50 years old and BROKE despite having made a good salary for years. She expected the man she married to be a financial bailout for her and her family. Therefore this situation in Portugal does not surprise me. (Coyote Ford, na caixa de comentários a esta notícia)

no pasa nada


Juro a 5 anos a caminho de 9%.

socialista neoliberal

O que é um socialista? Em Portugal um socialista é um indivíduo que está incrito no Partido Socialista. Trata-se de uma designação formal sem qualquer conteúdo ideológico. Do mesmo modo que qualquer português é um católico, pelo simples facto de ter um BI tuga. Se não se interessar pela doutrina católica torna-se então um católico não-praticante, mas não deixa de ser católico.
Nos partidos políticos existem facções que permitem aos "sócios" identificarem-se com diversas tribos que se insultam umas às outras. O "neoliberal" é um insulto como qualquer outro e até mais moderno que muitos outros. É provável que os "neoliberais", por seu turno, chamem "trogloditas" aos restantes e suspeito até que, em privado, serão capazes de recorrer a calão mais vernáculo.
A designação correcta de um militante socialista como José Sócrates deveria ser - socialista não-praticante. Mas é muito natural que as tribos socialistas inimigas lhe queiram chamar "neoliberal" e é natural que os verdadeiros neoliberais lhe chamem troglodita.
É a vida.

Via Insurgente.

27 março 2011

uma liberdade feminina

Nenhum homem, que seja verdadeiramente um homem, diz mal da sua mulher perante terceiros. Nunca se viu um Papa - que é a figura de Deus, e portanto uma figura masculina, e o símbolo da virilidade na cultura católica - dizer mal em público da sua Mulher, a Igreja (Ekklesia, Comunidade) na figura de Maria.

Pelo contrário, como se viu recentemente com os episódios de pedofilia, o Papa dá a cara por Ela (Ekklesia, Igreja, Comunidade, Maria, Mulher), defende-a, protege-a, assume a culpa por ela, pede desculpa por ela, e se tiver de se zangar com ela só o fará depois de fechar a porta e a sós com ela, em privado - nunca perante estranhos.

Dizer mal dos seus é uma liberdade que só é concedida às mulheres, nunca aos homens, que sejam verdadeiramente homens, e de cuja virilidade o Papa é o paradigma. Dizer mal dos seus é uma liberdade feminina.

Eclético...mas não tanto!

dizer mal de Portugal no estrangeiro

The Portuguese now live in a climate of decaying politics and growing disregard for the rules of democracy. Not only did half the voters abstain in the presidential elections in January, a serious flaw in the registration system also meant that thousands who wanted to vote couldn't. No single politician has claimed responsibility for this. This month the press revealed the payment of € 72,000 in extra fees to a minister's wife against the advice of the civil service. Again, no one resigned.

Now the more obvious historical parallel is not the golden era, but 1890, when Portugal became the first European country to go bankrupt. As every Portuguese citizen knows, the political turmoil that followed only came to an end in 1926, with a military coup and the rise of António de Oliveira Salazar's far-right party.


Via The Guardian

Dizer mal de Portugal é o vício mais português que há. Normalmente é um vício que os portugueses satisfazem em Portugal, nos cafés, nas cervejarias ou no trabalho. JMF não escapa a esta praga, mas vai um passo à frente. Diz mal de Portugal no The Guardian, para deleite dos bifes.
Num artigo que faz jus ao pensamento tipicamente tuga, JMF faz um retrato do País que daria um excelente guião para um filme do Manuel de Oliveira. Com um vilão chamado Sócrates e referências inevitáveis aos nossos 800 anos de história. JMF fala de D. Sebastião, de Pessoa, de Salazar, do Brasil, etc. Uma salgalhada dos diabos que vai impressionar, com certeza, os arautos da pseudocultura que constituem o cliente tipo do The Guardian.
Para delírio da populaça, JMF torna-se até condescendente com esse outro vício tuga que é a tendência para o excesso. Nem a política portuguesa está em decomposição, nem há violações criminosas do sistema democrático. A abstenção eleitoral é um fenómeno normal nas democracias estáveis e a pequena corrupção, de que JMF fala, ocorre em todo o lado. Basta pensar nas trafulhices dos deputados ingleses...
Infelizmente, os bifes que vão ler este artigo não conhecem suficientemente bem a cultura portuguesa para lhe dar o devido desconto. Vão tomá-lo à letra e essa não seria, certamente, a intenção do JMF.

enfim

Os ingleses vivem agora num clima de apodrecimento político e de desrespeito pela democracia.

Leiam a notícia no Telegraph e comparem com o que se passa em Portugal.

26 março 2011

um postal de Manuel Pinho

A culpa do estado a que chegamos é de todos os portugueses.
Manuel Pinho, hoje no Expresso.

valores femininos

Portugal é uma sociedade de valores predominantemente femininos e isso contrasta com as sociedades do norte da Europa e da América do Norte que são sociedades onde predominam os valores masculinos.
Não existe, em princípio, nada de mal - bem pelo contrário - numa sociedade onde predominam os valores das mulheres e onde a generalidade dos homens - em certo sentido, que não o pejorativo - são efeminados, no sentido em que tomam de empréstimo comportamentos e atitudes que são próprios das mulheres.
Uma sociedade de valores predominantemente femininos pode ser uma sociedade excelente sob todos os pontos de vista, desde que exista algum equilíbrio com os valores masculinos. Porém, aquilo que ocorre actualmente em Portugal é um extraordinário desequilíbrio com pendor dos valores femininos, e a correspondente cedência dos valores masculinos. os valores femininos que já prevaleciam nos ambientes privados (v.g., família), passaram também nos últimos 30 a 40 anos a prevalecer no ambiente público, com a crescente participação das mulheres no mercado de trabalho e na vida pública. Escusado será dizer que isto não se fez sem elevados custos sociais, em primeiro lugar para as próprias mulheres.
Como seria uma sociedade constituída exclusivamente por mulheres? Seria uma sociedade onde ninguém se entenderia acerca da governação, onde todas falavam, cada uma na sua direcção, mas sempre incapazes de chegar a consensos, e muito menos a decisões. Seria uma sociedade ingovernada, económica e politicamente paralisada, e por isso, sempre à beira da ruína financeira. Seria uma sociedade caótica. Seria um Portugal, na situação em que se encontra, um pouco mais exagerado.
Muito diferente seria uma sociedade constituída exclusivamente por homens. Seria uma sociedade agressiva, pronta a explodir em violência e a destruir-se. (A Alemanha, uma sociedade de valores predominantemente masculinos, forneceu dois exemplos de auto-destruição no último século). Uma sociedade só de mulheres seria uma sociedade caótica, paralisada, mas ainda assim viável. Pelo contrário, uma sociedade só de homens destruir-se-ia rapidamente pela violência. Este exercício de abstracção serve para mostrar que, no limite, uma sociedade de valores femininos é preferível a uma sociedade de valores masculinos porque, apesar de tudo, preserva a paz e, em última instância, a vida.
Assente este ponto, a pergunta: e quando é que uma sociedade de mulheres se torna governável? A resposta é: quando lá aparecer um homem.

best-seller de Felícia Cabrita

Cabrita é também autora do livro Amores de Salazar e participou numa biografia de Pinto da Costa. A jornalista adquiriu notoriedade nacional pela sua participação na denúncia do caso Casa Pia.

interessante

Circulo de Leitores, 2011 - original de 1994.

25 março 2011

Um País cheio de Portugueses

Anda por aí, na sequência da queda do Governo de Sócrates, um certo triunfalismo, proveniente de todos os quadrantes políticos. E, neste aspecto em particular, é o PSD que corre o maior risco de entrar numa certa displicência que, aliás, a avaliar pelas declarações avulsas de Pedro Passos Coelho ontem em Bruxelas, já se começa a sentir. A este propósito, sugiro, a todos aqueles que estão mais próximos de PPC, que lhe recomendem o seguinte: se ainda não tem o seu plano de governação fechado, então, homem, cale-se! Não dê trunfos aos adversários! Enfim, já aqui me expressei acerca da tagarelice de que padecem os políticos e volto ao mesmo: se ainda não há uma mensagem com princípio, meio e fim, então, para quê falar antes do tempo?!
Regressando ao triunfalismo que se sente entre a oposição ao PS, tenho, para mim, que, apesar de tudo - e não foi pouco -, a esmagadora maioria do eleitorado do Partido Socialista se manterá intacto, mesmo com mais Sócrates. A razão é simples: na minha opinião, a esmagadora maioria do povo português, nas legislativas, vota com a carteira! Por outras palavras, tendo em conta o extraordinário crescimento do Estado social e do Estado empresarial, registado nas últimas duas décadas, e o impacto/dependência que este criou na sociedade portuguesa, uma parte muito significativa desses seis milhões de portugueses que, directamente ou indirectamente, dependem da máquina pública votará sempre PS.
Além disso, para além dessa dependência económica, há outro aspecto que convém não esquecer. Em última instância, a raiz dos nossos problemas - financeiros, económicos, políticos e sociais - está na nossa cultura. Não me refiro ao duelo "prot-cath" habitualmente aqui retratado pelo nosso PA. Refiro-me, simplesmente, à nossa forma de estar e às características humanas do nosso povo. E, nesse sentido, parece-me indiscutível que José Sócrates simboliza muitas dessas qualidades e defeitos, nomeadamente o voluntarismo e a chico-espertice, que, em geral, atribuímos aos portugueses. Enfim, faz-me lembrar aquela magnífica tirada do filme "Braveheart", em que a dada altura o monarca inglês exclama indignado: "The problem of Scotland is that it is full of Scots"! Daí que, entre a impopularidade de Sócrates hoje e a data das eleições antecipadas, muita coisa possa ainda mudar...E é, também por isso, que é fundamental realizar, até lá, uma auditoria ao estado real das contas públicas portuguesas...
É hoje evidente que, voluntariamente ou involuntariamente, o Monstro está à solta. A execução orçamental divulgada há uma semana pela Direcção Geral do Orçamento assim o indiciava. E as notícias de ontem assim o confirmaram. Em 2010, o Governo repetiu até à exaustão: Portugal não é a Grécia! Os gregos aldrabaram as contas; nós não! Sendo certo que a aldrabice grega foi, de facto, de outra galáxia, não é menos certo que, por cá, as contas também deixam muito a desejar. Estou, hoje, convencido de que é nos "Serviços e Fundos Autónomos" (SFA), no "Sector Empresarial do Estado" (SEE) e nas enigmáticas PPP's que está a aldrabice. É ali que se escondem gastos principescos. É ali que se refugia a fraude. E é ali que os Portugueses serão chamados a cobrir o buraco. Na Irlanda, utilizou-se o Fundo de Pensões Público para acudir aos bancos nacionalizados. Em Portugal, tentar-se-á utilizar o Fundo de Pensões Público (FEFSS), o Ouro do Banco de Portugal e outros para acudir aos SFA's, ao SEE e, futuramente, às PPP's. Portanto, a solução é simples: cortar a eito nos "lobbies", nos "boys", nas "girls", nos interesses, na promiscuidade público-privada e no diabo a quatro. Cortar pensões? Aumentar o IVA? Sim senhor, mas só depois de eliminar todo o instituto, toda a fundação, todo o parasitismo, todo o favorecimento que fede em redor do Estado. Ficaríamos espantados com os milhares de milhões que se andam a gastar por aí fora à toa...
Mas, enfim, será que é mesmo isto que o Tuga quer?!? Essa é que é a grande questão. E não estou certo que a resposta me agrade...

declarações delirantes de José Sócrates




Todos os meus colaboradores usam este computador.

o sporting não necessita de bailout




Quase tão convincente como José Sócrates. Obrigado Ricardo, aparece sempre alguma coisa que nos anima.
Via cachimbo de magritte

multidões em delírio

Porque amanhã são as eleições do Sporting, este video (atenção aos esgares ao minuto 2:28)...é imperdível ! (Via "O Cachimbo de Magritte")
Disclosure: Não sendo adepto do Sporting, o meu candidato preferido é Bruno de Carvalho. Anos depois, anseio por novas, e extraordinárias, Assembleias Gerais....desta vez, do outro lado da Segunda Circular!

BBB

A agência de notação de risco S&P reduziu hoje a sua avaliação em relação a Portugal para BBB. Enfim, estamos quase ao nível do lixo (junk bonds, a partir de BB+)...

"Pobre rectângulo"

O estado de espírito com que, na passada 4ª feira, António Barreto deu esta entrevista à SIC-N, na qual é evidente a sua desilusão com o que vai sucedendo na Pátria, foi o mesmo com que eu, enquanto assistia ao debate parlamentar desse mesmo dia, escrevi o meu artigo desta semana na "Vida Económica", intitulado "Pobre Rectângulo" (ler em baixo):

"Escrevo perante a iminência do anúncio de eleições antecipadas. E que, no imediato, em nada beneficiarão o País. Não se trata de desculpar a governação dos últimos seis anos – e não seis semanas, como tão bem notou Manuela Ferreira Leite –, mas simplesmente de constatar que, na urgência de captar fontes de financiamento, a presente crise política apenas piorará a já muito deteriorada conjuntura – e estrutura – portuguesa. Assim, lamento que, tal como sugeri na crónica da semana passada, o Presidente da República tenha sido incapaz de exigir uma solução de compromisso, de cariz presidencial, e que o Partido Socialista, em especial, não tenha sido mais cooperante na busca de uma alternativa à equipa ministerial de José Sócrates. Neste particular, a própria relutância (ou melhor, indisponibilidade) do Primeiro Ministro, e Secretário-Geral do Partido Socialista, em facilitar a transição de liderança no actual quadro legislativo, cenário no qual se viabilizaria uma grande coligação de interesse nacional, demonstra bem, mais do que vãs palavras, quem são aqueles que, sim, estão agarrados ao poder. Enfim, ser patriota é colocar a Nação à frente dos interesses particulares e partidários, e não o contrário.
Assumindo que o País vai mesmo para eleições antecipadas, estaremos três meses com um Governo de gestão corrente, a ver cair os pingos da chuva, até que, finalmente, alguém seja indigitado para tomar decisões a sério. Pelo caminho, teremos de nos financiar em mais de dez mil milhões de euros, pagando, por estes empréstimos, taxas que, já sabemos, não temos capacidade para pagar. Dir-se-á: travão a fundo nas despesas! Pois, mas, infelizmente, como esse esforço não foi feito em tempo devido, chegámos a uma triste situação em que, segundo notícias divulgadas esta semana pela imprensa económica, já existem várias empresas públicas na iminência de secarem os seus fundos de maneio. A greve dos maquinistas da CP – uma das empresas mencionadas nas tais notícias – parece ser o prenúncio de muitas outras manifestações de desagrado que, provavelmente, serão desencadeadas por motivos bem mais graves que aqueles que agora se invocam. Sem dinheiro nem ordem (política), a paralisia que se vai instalar no País será o derradeiro golpe de misericórdia rumo à balbúrdia geral.

Caros leitores, não me interpretem mal: este Governo não merece a permanência no cargo. E este Primeiro-Ministro menos ainda. Mas, francamente, é uma decepção que uma democracia como a nossa, que se diz madura, não seja capaz de dialogar, substituir quem agiu clandestinamente e, assim, evitar um suicídio colectivo desta natureza. Enfim, estamos prestes a voltar ao século XIX, a 1891, quando, pela última vez, o Estado português declarou bancarrota. É triste e é algo de que nenhum patriota se deve orgulhar. Mas, por outro lado, tentemos ver o lado positivo da coisa: com uma intervenção externa à vista, talvez, através dos observadores externos que implementarão e avaliarão os termos dessa mesma ajuda, se consiga devolver alguma moralidade ao sistema, perseguindo e eliminando as despesas sem nexo e encapotadas que persistem em existir na máquina do Estado e no aparelho político partidário que o assiste. Talvez, assim, se consiga devolver a esperança numa verdadeira ética política, hoje quase inexistente, sem a qual, não dando o exemplo, nenhum Estado pode exigir sacrifícios seja lá a quem for.

Entretanto, como também aqui tenho insistido, o País deve preparar um plano B. A injecção de liquidez, que, directa ou indirectamente, os nossos parceiros nos irão conceder, será um mero balão de oxigénio, temporário, se nada de muito mais se fizer. Ora, se queremos viver no seio de uma Europa aberta, em concorrência com o resto do mundo, teremos de nos tornar mais europeus e menos portugueses – no que isso tem de fácil e, sobretudo, no que isso tem de difícil –, podendo assim beneficiar de alguma simpatia quando chegar a hora de alguém ter de nos perdoar parte da nossa dívida. Este é o plano B1. A alternativa é o B2 e consiste em permanecermos bem portugueses – no que isso tem de bom e, sobretudo, no que isso tem de mau –, à deriva, isolados neste pequeno e, cada vez mais pobre, rectângulo.", edição de 25/03 (jornal "Vida Económica").
Enfim, é preciso que surja gente nova, e capaz, na política portuguesa. Gente que dignifique o Parlamento. Gente isenta. Gente razoável. Pois, infelizmente, a malta que, neste momento, lá anda, com uma ou outra honrosa excepção, não representa mais do que um bando de fanáticos políticos.

república das bananas

Krugman chama "República das Bananas" aos países que não conseguem planear a médio e a longo prazo e que não têm a confiança dos mercados. Refere-se à Grécia, à Irlanda e a Portugal. Simpático este tipo.

But couldn’t America still end up like Greece? Yes, of course. If investors decide that we’re a banana republic whose politicians can’t or won’t come to grips with long-term problems, they will indeed stop buying our debt. But that’s not a prospect that hinges, one way or another, on whether we punish ourselves with short-run spending cuts.

NYT

24 março 2011

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Fitch corta 'rating' após chumbo do PEC e demissão de Sócrates‎. Diário Económico.

Fitch considera que disputa política não constitui risco para rating. Público.

é do Pai

O Joaquim chama a atenção neste post para uma característica da cultura portuguesa - o locus exterior da responsabilidade ou da culpa - e que se exprime no adágio popular segundo o qual em Portugal "a culpa morre sempre solteira".
Quem observou ontem o debate parlamentar e as declarações dos líderes partidários, poderá ter notado que aquilo que era constante no discurso de cada um deles era que a responsabilidade ou a culpa (utilizo aqui os dois termos como sinónimos) pela situação portuguesa actual não pertencia a nenhum deles, mas inteiramente aos outros. O debate e as declarações foram uma atribuição mútua de culpas e, na minha opinião, quem se saíu melhor - mas não por acaso - foi Manuela Ferreira Leite e a deputada do PEV.
O locus exterior da responsabilidade ou da culpa é uma característica da personalidade feminina num país de cultura católica, e tem origem no mistério de Maria e no ênfase que o catolicismo põe na figura da Virgem. Quem já viveu o tempo suficiente com uma mulher sabe, por experiência, que todos os problemas que ocorrem no casal e, mais geralmente, na família, são aos olhos da mulher, culpa do homem. A criança estava a brincar, caíu e bateu com os queixos no chão. A culpa é do pai, que estava a ler o jornal e devia estar a tomar conta dela.
O problema da responsabilidade e da culpa põe-se na cultura católica, de forma paradigmática, na gravidez de Maria. Quem é o responsável por aquela gravidez, de quem é a culpa por Ela estar grávida? A resposta que o catolicismo deu a esta questão - um milagre de Deus - isentou Maria. A responsabilidade não é dela, não existe culpa nela. A Mulher não é culpada, a responsabilidade ou a culpa é exterior a ela, e pertence por inteiro a Deus, que é uma figura masculina. A responsabilidade é do Pai.
O debate parlamentar e as declarações dos líderes mostraram também porque é que a actual crise em Portugal não vai poder ser resolvida com estas figuras políticas, que exibem sem disso se aperceberem, valores que são genuinamente femininos. A assumpção da responsabilidade e da culpa é, na cultura católica, um valor eminentemente masculino. Por isso, a crise só poderá ser resolvida quando aparecer alguém de fora do actual quadro partidário, e que diga assim aos portugueses: "A culpa da situação é toda minha, porque não deitei a mão a isto há mais tempo". Se fôr português, será um homem. Mas pode ser a senhora Merkel que, embora mulher, provém de uma cultura que exibe os valores masculinos ao exagero - a cultura luterana.

déjà vu

PPC acaba de apresentar um PEC V, em Bruxelas, algumas medidas para combater o défice. São propostas informais que podem vir a ser negociadas com os restantes partidos da oposição.

Onde é que eu já vi este filme?

a pesada herança

A pesada herança do PS.

um alarve

A Europa, bem na lógica neoliberal, considera que os países pobres são pobres por culpa própria e não porque foram empobrecidos num sistema de relações sistémicas que lhes foram desfavoráveis.
Boaventura Sousa Santos, hoje no Público.

PS: A culpa é dos outros. Reforçar o locus externo dos portugueses é um verdadeiro atentado cultural.

estupefacto

Escreve hoje o jornalista Pedro Romano, do Jornal de Negócios, que "A Administração Central vai chegar ao fim do primeiro trimestre de 2011 com um défice de 2.544 milhões de euros. Em apenas um mês, Estado, Fundos e Serviços Autónomos - a verdadeira máquina do sector público - veêm assim evaporar-se o excedente volumoso obtido até Fevereiro, que se torna assim num buraco de cerca de 1,5% do PIB. A conclusão surge da análise dos objectivos trimestrais de despesa e receita do Estado, ontem apresentados pelo Ministério das Finanças (...) Segundo este plano, a execução de Março vai pulverizar os bons resultados obtidos nos dois primeiros meses. A receita da Administração Central, que foi de 3,7 e 4,1 mil milhões de euros nos dois primeiros meses, cai para 2,7 mil milhões. Já a despesa, que rondou os 4 e os 3,4 mil milhões em Janeiro e Fevereiro, dispara para 5,6 mil milhões em Março.", edição de hoje, página 38.
Enfim, estou, como diriam os bifes, dumbfounded!
Na minha última análise à Execução Orçamental, tinha chegado a duas conclusões: a) que a contenção na Despesa da Administração Central se estava a fazer como previsto, embora de forma decepcionante, e que, através da análise das incongruências registadas nas despesas do sub-sector Serviços e Fundos Autónomos, se poderia extrapolar que o esforço de contenção não estaria a ser muito sério e; b) que a evolução das receitas, a exemplo do que já havia sucedido no relatório anterior, indicava que, muito provavelmente, a evolução futura, a partir de Março, na cobrança de impostos pudesse vir a ser inferior às expectativas. Este era o meu cenário central, em face dos números mais recentes da Direcção Geral do Orçamento (DGO).
Porém, o que hoje nos é relatado pelo Jornal de Negócios faz prever uma situação muito, mas muito, pior do que aquela que eu previ e que, confirmando-se, será absolutamente contrária àquela que os (ainda) responsáveis políticos deste Governo nos fizeram crer nos últimos dias e nas últimas semanas. Ou seja, se esta informação do Negócios vier a ser confirmada pelo boletim mensal da DGO em Abril, será grave. Será muito grave.

alerta

"Temo que cheguemos a uma situação em que, como último recurso, teremos de abrir mão dos 9 mil milhões de euros do Fundo de Estabilização Financeira da Segurança Social, equivalente a 5% do PIB português", comentário meu no "Especial Crise - Viver com o FMI" (páginas 54 a 56) da revista "Visão", publicado hoje, a propósito do futuro próximo em Portugal. É que, na minha opinião, muito provavelmente, seremos forçados a seguir a receita exigida à Irlanda.

23 março 2011

reality show

José Sócrates transformou a sua demissão num verdadeiro reality show televisivo.

uma união esfrangalhada

Escrevia eu na semana passada, na minha crónica no jornal "Vida Económica" (intitulada "Uma triste cimeira"), o seguinte a propósito da cimeira na qual o (ainda) Governo português se espalhou ao comprido:
"(...) a imprensa de segunda-feira destacava duas importantes vitórias. O reforço da capacidade efectiva do Fundo de Estabilização. E a possibilidade de este passar a adquirir dívida pública dos países membros em mercado primário. Estas duas vitórias foram assinaladas com grande entusiasmo, porém, a bem da prudência, seria conveniente aguardar por mais pormenores e detalhes dessas medidas. Porque à primeira vista ainda não se vê nada de concreto, para além das ideias gerais. Por um lado, o reforço da capacidade efectiva do Fundo de Estabilização exigirá a um conjunto de países – aqueles que não possuem o “rating” máximo – que entrem com dinheiro a sério, em alternativa às garantias bancárias que, até aqui, constituíam os putativos activos daquele veículo. Ou seja, sendo de saudar que se esteja a caminhar no sentido de concretizar o dito veículo, resta saber como reagirão os países financiadores na hora de substituir garantias virtuais por fluxos reais.", edição de 18/03/2011.
Pois bem, esta tarde, após nova reunião em Bruxelas, foi divulgado que a Zona euro decidiu adiar decisões sobre o reforço do fundo de socorro e que as modalidades desse reforço só serão discutidas em Junho "devido às dificuldades políticas e eleitorais de alguns países que os impedem de assumir compromissos até lá". Curiosamente, a notícia, citada pelo Público, omite a agitação política em Portugal, referindo apenas aquela que se verifica na Finlândia e na Alemanha...

indigno (II)

O facto de o Chefe do Governo não estar ao lado do seu Ministro de Estado e das Finanças, que, sózinho, dá o peito às balas. Nisso, reconheça-se, Teixeira dos Santos, apesar dos seus múltiplos pecados como ministro, cai de cabeça erguida.

indigno

Uma hora depois do início da sessão parlamentar que, hoje, marca a queda do Governo, desliguei a televisão. Sessenta minutos passados a lavar roupa suja. Sessenta minutos de conversa fiada. Sessenta minutos indignos.

cobardia

PS não avança com resolução de apoio ao PEC.

PS: Não têm votos para apoiar o PEC!

afinal não havia vida para além do défice

Tudo se prepara para estarmos perante uma hecatombe.

agarrado ao poder

Noticia hoje a imprensa que "José Sócrates foi ontem desafiado, na reunião da comissão política do PS, a deixar que o PS proponha a Cavaco Silva o nome de Jaime Gama para o substituir no cargo de chefe do Governo". Ora, é precisamente este o caminho que o Partido Socialista deve seguir, como aqui tenho defendido. Infelizmente, de acordo com a mesma fonte, Sócrates terá, na mesma reunião, recordado que "foi eleito primeiro-ministro por duas vezes e líder do PS três, garantindo ainda que irá à luta perspectivando uma vitória". Para quem diz que não está agarrado ao poder, estamos conversados!

Como resolver a crise política.

A poucas horas da formalização da crise política, convém recordar o seguinte:
Ponto 1: A crise foi despoletada pelo Governo, através da introdução do PEC IV à revelia de tudo, de todos e do próprio manifesto eleitoral apresentado pelo PS - sufragado e aprovado por uma maioria relativa de portugueses - em 2009;
Ponto 2: A reacção da oposição parlamentar é justa, devida e legítima;
Ponto 3: Resulta, dos pontos anteriores, que o Governo não tem condições para se manter como tal e que o Primeiro Ministro deve apresentar a sua demissão sem mais demoras;
Ponto 4: Em face da crise financeira que o País atravessa e das necessidades de financiamento que terão de ser asseguradas entre Abril e Junho, nenhum Governo - seja PS ou PSD - terá margem de manobra para alterar, de forma clara e estrutural, a vaga de austeridade que há muito se desenha para Portugal;
Ponto 5: Exige-se a intervenção do Presidente da República, na defesa do superior interesse da Nação - significando evitar a insolvência de Portugal -, que, por sua vez, deve exigir aos Partidos, nomeadamente àqueles que representam o arco do poder (PS, PSD e CDS), que coloquem de parte os seus interesses partidários e que encontrem uma solução de compromisso no quadro da actual legislatura;
Ponto 6: É ao Partido Socialista que, em primeiro lugar, compete encontrar o conjunto de figuras políticas que viabilizem esse acordo de compromisso parlamentar e que, naturalmente - em resultado dos pontos 1, 2 e 3 -, não pode contemplar a inclusão dos membros mais destacados do actual executivo;
Ponto 7: Crise política encerrada e Portugal regressa à sua vida normal. Eleições legislativas, sim, mas apenas na altura devida, ou seja, em 2013.

efeito Sócrates

Sócrates garante o equilíbrio. Efeito pode ser demonstrado cientificamente.

equilíbrio

Sócrates garante equilíbrio.

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A situação em Portugal é "melhor do que se esperava" e que o governo de Lisboa vai "na direção certa", prevendo que os líderes da zona euro irão "carimbar" o esforço de Portugal.

"Os ministros das Finanças perceberam que as expectativas de Portugal saíram goradas", afirma fonte conhecedora das negociações. O governo português pretendia que o FEEF abrisse linhas de crédito para ajudar os países em dificuldades sem a intervenção do FMI. "Esse objectivo falhou. A partir daí, o resgate financeiro de Portugal seria apenas uma questão de tempo", diz a mesma fonte.


Sócrates apresentou em Bruxelas medidas virtuais e trouxe de Bruxelas um apoio virtual. Não há memória histórica de uma situação tão ridícula.

incompetentes

Afinal, o défice do ano passado - o primeiro do longo caminho de consolidação orçamental a que a economia portuguesa está obrigada - poderá superar os 8%, mesmo depois de incorporado o Fundo de Pensões da PT.


PS: O FMI não vem aí por causa da crise política, o FMI vem aí porque o governo é incompetente.

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Fitch considera que disputa política não constitui risco para contas de Portugal.

A Comissão Europeia já está à espera que "chegue de Lisboa uma carta a formalizar o pedido de ajuda financeira, com ou sem crise política.

Pinto Balsemão: "Estamos em democracia e as eleições são um processo normal".

Pedro Santos Guerreiro: "Estas eleições são um crime".

PS: Seria preferível que os jornais económicos não derrapassem para o tablóide. Para a saúde mental dos seus leitores.

22 março 2011

o capitalismo acabou com a vida em Marte



Hugo Chávez Frías, dijo que “no sería extraño que en Marte haya habido civilización, pero a lo mejor llegó el capitalismo, llegó el imperialismo y acabó con el planeta”.

atirar poeira para os olhos

Depósitos das famílias atingem máximos de 1989.

A realidade: depósitos das famílias caíram ao nível de há 22 anos.

a ética da democracia

Na sexta-feira passada, o Jornal de Negócios, no suplemento Weekend, publicou uma excelente entrevista ao humorista Nuno Duarte, mais conhecido pelo seu nome artístico: Jel. A dada altura, o Nuno - despindo as vestes do seu personagem - dizia que tinha lido Adam Smith, pois este falava de uma coisa que hoje parece não existir: da ética. E que, entretanto, andava a ler Tocqueville....
Enfim, os leitores deste blogue sabem que tenho uma admiração especial pelo número d' "Os Homens da Luta" e que, ao contrário do que dizem e escrevem alguns opinion makers cá do burgo (como, por exemplo, Miguel Sousa Tavares, que, em geral, eu também aprecio), não me parece que o Nuno Duarte seja um tonto. E, também, não me parece que qualifique como deolindo.
O número d' "Os Homens da Luta" tem um objectivo: motivar a indignação das pessoas, que, do ponto de vista cívico, vivem dormentes, numa monotonia politicamente correcta em que cada dia é apenas mais um dia. O objectivo é, pois, combater essa conformidade. É lutar contra a resignação - como o Nuno Duarte afirmou recentemente numa outra entrevista, à SIC Notícias, e como hoje, noutro contexto, escreve o Pedro Santos Guerreiro.
A minha interpretação (mas admito que esteja equivocado...) do que se passa hoje é a seguinte: o Povo - utilizando a linguagem do Jel e do Falâncio - não quer saber de ideais de esquerda nem de direita; o Povo quer apenas que as regras - a ética, a decência - sejam iguais para todos (ver aqui a minha entrevista preferida, do Mário Crespo ao Nuno Duarte). Assim, ao dar voz a todos os homens que queiram ser da luta - e a manif de 12/03 foi esclarecedora - é porque a sociedade está, genericamente, farta daqueles homens que, de tão tristes e empedernidos que estão, se deixaram resignar, e alguns corromper, por uma coisa, e por um estado de coisas, que já não é nada. Enfim, numa altura em que Portugal se debate com a sua iminente insolvência - financeira e, sobretudo, política -, ameaçando a própria liberdade do País, é sempre bom recordar as palavras sábias de Tocqueville: "Liberty cannot be established without Morality, nor Morality without Faith".

where is Belém?

"Portugal está mentalizado para eleições, mas não está preparado para eleições. Só um milagre de último minuto pode evitá-las. Sim, um milagre, porque estão cruzadas as únicas duas mãos humanas mandatadas para travar esta imolação política regada com gasolina da demência. Cavaco Silva é Presidente da República. É sua função zelar pelo regular funcionamento das instituições. Talvez o Presidente ainda nos surpreenda. Talvez nos mostre que as suas palavras na tomada de posse não eram vistosos invólucros de pólvora seca. A impotência não é uma função, é uma resignação.", Pedro Santos Guerreiro, no editorial de hoje do Jornal de Negócios.
Meu caro Pedro: espera sentado! Já ninguém espera nada de Belém...aliás, é como se Belém não existisse. Magistratura activa?! Lol.
Ps: Proponho que no próximo PEC se leve a Bruxelas a seguinte proposta: abolição da Presidência da República Portuguesa...sempre se poupavam perto de 20 milhões de euros por ano.

tão amigos

The French moves, which western diplomats said included launching the first attack on Libya without fully informing its allies, angered US and UK officials and are hampering efforts to transfer command of the operation to Nato, officials said. Relations grew so tense on Monday that French and German ambassadors to Nato walked out of a meeting of the North Atlantic Council, the alliance’s decision-making body, after Anders Fogh Rasmussen, secretary-general, criticised Paris for impeding Nato involvement and Germany for not actively participating.
FT

21 março 2011

o papel da filosofia

Os filósofos têm interpretado o mundo de muitas maneiras, mas o importante é mesmo mudá-lo. Esta citação, como sabem, é o epitáfio inscrito no túmulo de Karl Marx.
É útil recordar estas palavras do velho magano quando José Gil nos recomenda uma atitude expectante porque "não dispomos de informação suficiente". Pois não dispomos nem nunca disporemos porque tal é a condição humana, temos de decidir com base em informação satisficiente, temos de correr riscos e de escolher os nossos aliados. Ora os filósofos podem ajudar-nos nessa tarefa ou juntarem-se ao coro das velhas "com a cabeça entre as orelhas"...

savage

... savage austerity measures ...

magistratura activa?! lol.

Por entre o turbilhão de afirmações políticas que se têm multiplicado nos últimos dias, provenientes de todos os quadrantes políticos, a única pessoa que se mantém silenciosa é o Presidente da República, o Professor Cavaco Silva, que é precisamente aquele a quem, na iminência de uma crise política que ameaça o "regular funcionamento" das instituições democráticas, mais se exigiria uma palavra. Aliás, mais do que uma palavra, exige-se uma intervenção!
Na minha opinião, há dois factos indiscutíveis. Primeiro, que o Governo português, um Governo minoritário e em contramão do seu manifesto eleitoral, negociou à revelia de tudo e todos - basta ler a famosa carta em estrangeiro e as declarações de hoje do senhor Juncker -, não tendo, por isso, condições para se manter como tal. Segundo, que uma crise política, envolvendo o recurso a eleições antecipadas, em vésperas de entrarmos no mês do ano - Abril - no qual recairão as nossas maiores necessidades de financiamento, é (no mínimo) insensato.
Assim, para resolver este imbróglio, há uma figura constitucional chamada Presidente da República que, no exercício dos seus poderes e na defesa do interesse nacional, já deveria ter descido do seu pedestal celeste, convocando os partidos do arco do poder e exigindo - sim, o termo é mesmo este - uma solução de compromisso (com outro Primeiro Ministro e outra equipa ministerial) ou, no limite, impondo ele próprio uma solução de iniciativa presidencial. Dir-se-á: na estrita interpretação da letra da lei, não pode exigir nem pode impôr. No papel, talvez não possa. Mas, pelo menos, se desse mostras de o querer fazer, talvez as coisas se fizessem. Esse é o meu entendimento de magistratura activa. De resto, não é, certamente, com discursos solenes que se concretiza essa magistratura activa; é com actos e com coragem. Mas, enfim, do Presidente Cavaco Silva, que não está lá com o meu voto, nada espero...infelizmente.

José Gil está grávido

- Estou expectante!

Entrevista de José Gil, hoje no Público. Ver post anterior.

uma filosofia efeminada

Se numa sociedade católica predominam os valores femininos, então os filósofos devem ser os arautos dessa tendência porque procuram racionalizar o sentimento geral.
De facto, quem ler hoje a entrevista de José Gil ao Público pode facilmente comprovar esta asserção:

1) O filósofo não poupa palavras - tagarela como o mulherio.
2) O filósofo teme a bancarrota - as mulheres valorizam a segurança acima de tudo.
3) O filósofo não se compromete sem que primeiro se perceba o que vai acontecer - as mulheres são avessas ao risco.
4) O filósofo considera que era preciso desculpar o primeiro-ministro - esta é maternal.

dono da bola

Este promete! Antecipo grandes Assembleias Gerais. Que pena já não existir o "Donos da Bola"...

constituição

A nova constituição egípcia é um hino à liberdade. O país vai continuar a ser uma democracia socialista e o presidente, que passa a ser eleito democraticamente, não poderá casar com uma estrangeira. Nem ele nem os vice-presidentes, nem qualquer egípcio de bem, digo eu.
O melhor era até que o Presidente se casasse com uma das irmãs ou primas, para manter o pedigree. Ramsés II era casado com uma das suas irmãs e com três das suas filhas.

20 março 2011

(im)potência

Disagreement between European countries over Libya has moved from the merely embarrassing to the wholly humiliating...

pregar aos peixes

Há 2 anos, eu sugeri um conjunto de medidas que, em parte, vão agora a ser adoptadas. Gostaria de destacar três das mais importantes:

1) Usar um método de capitação para o financiamento da saúde - Deixei aqui esta sugestão em 8 de Março de 2009.

2) Cortar nos medicamentos - Medida que eu sempre defendi, por razões de saúde pública, ecológicas e também pelos custos, 5 de Fevereiro de 2009. Eu propunha um corte de 300 M€, agora é necessário um corte de 700 M€.

3) Redimensionar o SNS - Medida a que chamo retomar a visão fundadora.

Os portugueses têm razão par estarem zangados. Perdemos dois anos a olhar para o balão.

receita para a saúde

Health sector reform (do mesmo documento)

The Government has initiated a comprehensive reform package to improve efficiency and to reduce significantly the costs of the health care sector. The government will implement the measures announced in mid-December 2010, including:
increases in co-payments, prioritisation or exclusion of services, reinforcing primary care provision and a move to per capita payment, specialising and concentrating hospital care, centralised procurement for medicines and diagnostic tests for National Health Service (NHS) patients, salary reductions and the streamlining of NHS administrative structures. Reducing overall expenditure on pharmaceuticals has become a priority through reductions in prices and reimbursement of medicines, faster availability of generics, prescriptions by active element, prescription guidelines and forthcoming e-prescription. Authorities expect the package to yield savings worth € 700 million in 2011, of which 100 million is part of the 2011 additional consolidation package. The government is committed to attain further cost savings of € 200 million in 2012 by cutting operational costs by 10 percent.

o pai do B.

A visão da Igreja como uma figura de mulher (Maria) permite olhar a Reforma Religiosa do século XVI, e o movimento da filosofia moderna a que ela deu origem, a uma luz inteiramente nova. Ela permite também olhar sob uma nova perspectiva as instituições sociais e políticas que resultaram do movimento do protestantismo e da modernidade e discernir o impacto que elas tiveram nos países que, como Portugal, só muito tardiamente se abriram a essas novas concepções (em Portugal, desde 1974, embora desde 1820 várias tentativas tenham sido feitas, todas elas falhadas).
A esta nova luz, a Reforma Religiosa e a Modernidade são, em primeiro lugar, uma revolta contra a influência da Mulher na sociedade. Aquilo que, em primeiro lugar distingue os países que tenho chamado de predominantemente protestantes (Norte da Europa e América do Norte) é a prevalência neles de valores que são essencialmente masculinos, por oposição aos países que tenho designado por predominantemente católicos (Sul da Europa e América Latina), onde predominam os valores femininos.
A Reforma Religiosa da século XVI, ao rejeitar a veneração da Virgem Maria, apeou a Mulher do pedestal em que se encontrava, substituindo-a pelo predomínio do Homem na figura de Cristo, e segundo o preceito protestante de "Solus Christus". Inicialmente imunes a esta transformação ficaram os países do Sul da Europa, como Portugal.
Lutero, que começou como padre católico, acabou casado, mas não tinha nenhuma consideração pela Mulher, incluindo a sua própria mulher. Para ele, a única utilidade das mulheres era a de servir os homens, exactamente o oposto do paradigma católico onde a utulidade dos homens é sobretudo a de servir as mulheres. A Reforma protestante tornou a mulher escrava do homem e o chamado movimento de emancipação das mulheres, que teve origem nos países protestantes - e que nos últimos 30 anos Portugal tem procurado imitar - é, na realidade um eufemismo para uma realidade muito diferente - a de que as mulheres não tendo mais quem as sustentasse tinham agora de se sustentar a si próprias, senão mesmo de sustentar os homens.
Porém, a rejeição de Maria pelo protestantismo levou a uma consequência que provavelmente é de todas a mais importante, que foi a de abdicar da Verdade - a qual só Maria possui - em favor da construcção de uma nova sociedade que assenta numa mera suposição - a de que Cristo é filho de Deus - uma suposição ou hipótese que nunca poderá ser confirmada ou infirmada senão pelo recurso à figura de Maria. As ideias e as instituições que daí resultaram - como a democracia, a separação de poderes, a liberdade como valor supremo, a supremacia do homem sobre a mulher, o republicanismo, etc, tudo instituições protestantes - não são Verdade nem deixam de ser. São suposições, teses, hipóteses, numa palavra, modas, eternamente à espera de serem confirmadas.
Há cerca de ano e meio o meu filho B. herdou uma sobrinha por casamento. É uma pequenita de 4 ou 5 anos, sobrinha da mulher dele, e que rapidamente se tomou de amores pelo novo tio.
Eu próprio já tinha estado com a menina umas duas ou três vezes, mas nunca demoradamente. Até que, na última ocasião, num encontro de famílias, eu notei que ela girava persistentemente em torno de mim, que conversava com outras pessoas. Havia ali de certeza uma curiosidade por satisfazer. Até que se encheu de coragem e, tocando-me no braço, perguntou-me.
-Tu é que és o pai do B.?
-Olha, quem sabe isso ao certo é aquela senhora. Vai-lhe lá perguntar, respondi eu enquanto apontava para a minha mulher que conversava num grupo de pessoas.
E ela assim fez, enquanto eu fiquei a observar.
Chegou junto da minha mulher, e pegando-lhe na mão perguntou-lhe, apontando para mim:
-Aquele é que é o pai do B.?
A minha mulher sorriu, acenou afirmativamente com a cabeça, e continuou a conversar. A pequenita veio a correr para mim, sorriso aberto, como que a dar-me a boa nova: "Sim, tu é que és o pai do B."
Foi nesta altura que eu me apercebi da fragilidade em que assenta o protestantismo e todo o edifício filosófico da modernidade. Se eles põem de lado a figura de Maria, como é que eles sabem quem é o pai do C.?

Promoting domestic savings and reducing households’ indebtedness

Texto do documento apresentado pelo governo à UE:


... we will contribute to the recovery of the private sector savings rate by implementing a comprehensive set of measures.
These measures, resulting from joint technical work by the Ministry of Finance and Banco de Portugal, will involve (i) promoting financial education and literacy, including by bringing together all the involved public and private entities and by ensuring coherence between the individual initiatives in this area; (ii) facilitating savings decisions, including by encouraging households’ automatic savings; (iii) upgrading the attractiveness and promoting the access to the existing financial savings products and the supply of new ones; and (iv) incentivizing households’ and financial institutions towards prudent management of indebtedness, thus also contributing to financial stability.
These measures will be approved by the end of March 2011.

Nota: Se a populaça tivesse qualquer grau de literacia financeira não estávamos no estado em que estamos. Por outro lado, se o governo não fosse da populaça sabia que ninguém tem dinheiro para poupar.

o coitadinho

Numa comunicação perante uma audiência de católicos alemães, em comentário à Encíclica Redemptoris Mater (Mãe Redentora), do Papa João Paulo II, o então cardeal Joseph Ratzinger começou assim:

"Uma encíclica sobre Maria, um ano mariano, não encontram em geral grande entusiasmo no catolicismo alemão. Teme-se uma deterioração do clima ecuménico; antevê-se o perigo de uma piedade demasiado emocional ..."
(Cf. "Maria: Primeira Igreja", op. cit., p. 33).
Dois pontos importantes em apenas três linhas. Primeiro, não é nada popular ir para a Alemanha falar de Maria, porque os luteranos não Lhe ligam nenhuma.
Segundo, mesmo entre os católicos, teme-se que se escorregue facilmente para a atitude do coitadinho ("uma piedade demasiado emocional"), que é uma valor feminino, e prevalecente nos países do catolicismo tradicional, como Portugal, Espanha e Itália, onde a adoração por Maria é central ao catolicismo.