19 junho 2011

mauzão

Eu não partilho muito a opinião do Joaquim de que este é um Governo de liberais. Na realidade, um liberal não deseja ser ministro, A menos que seja para destruír o Ministério.

Aquilo que me parece ter acontecido é que, para as pastas mais críticas, aquelas onde as medidas de austeridade se farão sentir com mais intensidade (Finanças, Economia, Saúde e Educação), os políticos de carreira se puseram ao fresco, e foram convidar independentes que, voluntariosos talvez, mas também não sem alguma ingenuidade, aceitaram os lugares, certamente convencidos de que vão vingar.

Mas não vão. Os problemas de Portugal (financeiros e outros) não têm solução dentro do actual quadro político-institucional. os ministros independentes vão ser a cara da austeridade (da mesma forma que o ministro grego das Finanças o foi e que, por isso, já foi afastado). Enquanto isso, um político de carreira, como Paulo Portas, nos Negócios Estrangeiros, anda lá por fora a tratar dos problemas externos de Portugal, e não tem nada que ver com isso.

O facto de terem livros escritos, ou escreverem activamente na imprensa, não melhora a popularidade dos ministros independentes. Bem, pelo contrário. Assim, no Público, o principal destaque que era atribuído a Vítor Gaspar era ser admirador de Milton Friedman, o que, em Portugal é, na realidade, um ónus. A Álvaro Santos Pereira é atribuída a defesa do argumento de baixar em 15 pontos a taxa social única. Nuno Crato vai ter de tirar o eduquês das escolas, se o tempo que lhe sobrar a defender-se dos doze sindicatos dos professores lhe permitir. E Paulo Macedo parece-me o típico mauzão português (um durão quando tem o poder pelas costas, um santinho sem ele), que agora vai pagar as favas, todas por atacado, porque ser Ministro da Saúde envolve muito menos poder efectivo do que ser Director Geral dos Impostos. (Aqui a história, contada em estrangeiro, de quando este anjinho foi a chorar para casa, queixar-se à mulher e aos filhos, por causa de um e-mail de um contribuinte indignado)

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