28 abril 2011

Transportes públicos

No dia em que o Jornal de Negócios revela que a Transtejo ainda está à espera de um aval do Estado para garantir um empréstimo de 60 milhões de euros (página 10), sem o qual aquela empresa se arrisca a uma ruptura de tesouraria, aqui deixo (ver tabela em baixo) o resumo económico e financeiro do sector dos transportes públicos (Carris, STCP, Metro do Mondego, Metro do Porto, Metro de Lisboa, Transtejo, CP e Refer) que, ontem, serviu de mote à minha intervenção no programa Sociedade Civil da RTP2.

(Fonte: Direcção-Geral do Tesouro e das Finanças)

Em face do exposto, as minhas simulações, assumindo o alargamento da contratualização pública, anunciada recentemente para a Refer, Metro de Lisboa e CP, a todo o sector dos transportes públicos, indicam que a actualização tarifária, calculada sobre os passes sociais, necessária para atingir o break-even seria a seguinte:

Carris: +12%
STCP: +19%
Metro de Lisboa: +75%
Metro do Porto: +252%
Transtejo: +80%
CP: +286%

Associados à premissa da contratualização pública estão outros dois pressupostos: a) uma procura inelástica (imune às eventuais actualizações tarifárias) e b) um congelamento de custos operacionais. Assim, são de notar duas conclusões: primeiro, que o sector rodoviário está muito menos desequilibrado do que o ferroviário e, segundo, que as discrepâncias de critério na atribuição das indemnizações compensatórias (num extremo, a Carris, onde os subsídios cobrem um terço dos custos operacionais, e, no outro extremo, o Metro do Porto, onde os subsídios não cobrem sequer a décima parte dos mesmos custos) conduzem, depois, a enormes discrepâncias na actualização tarifária, necessária ao break-even, ao ponto de, politicamente, a inviabilizar.

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