30 outubro 2010

cuidado com as postas de pescada

A banca está a cometer um erro tremendo ao declarar lucros fabulosos em plena crise económica. Esta situação é incompreensível para a populaça e alimenta a ideia de que o empobrecimento do País se deve à usura do bancos. A pressão da banca sobre o PS e o PSD também degradam a imagem destas instituições.
No post anterior destaquei três notícias sobre o BPI (apenas como exemplo) que dão ideia da confusão gerada. Lucros fabulosos, com um crescimento de 26% em 2010, em simultâneo com a necessidade de recorrer a empréstimos do BCE e uma exposição elevada às dívidas soberanas de Portugal, da Grécia e da Irlanda.
O retrato fiel da banca portuguesa parece-me portanto ser o seguinte: grandes lucros actuais em simultâneo com empréstimos e investimentos problemáticos que acarretam riscos excessivos. A somar ao risco de Portugal entrar em recessão em 2010, com uma contracção do PIB que poderá ultrapassar os 2%. Com o consequente incumprimento de empréstimos comerciais e pessoais que pode atingir muitos milhões de contos.
Talvez fosse mais realista, então, que a banca aprovisionasse grande parte ou até a totalidade dos seus lucros, para fazer face às perdas que vai ter em 2010. Em vez de alardear um fôlego financeiro que não só não corresponde à realidade como é incompreensível para os portugueses.

BPI

Notícias s/ o BPI:


  1. Lucros do BPI terão subido 26% até Setembro (atingindo 224 M€).
  2. BPI pediu cerca de 2.000 M€ emprestados ao BCE.
  3. Exposição do BPI à dívida soberana dos PIIGS é superior a 5.000 M€.

inglês técnico

O governo que nos levou à falência não era "good", era "Goodinho".

29 outubro 2010

a populaça é que sofre

Agora que os dicionários do primeiro ciclo passaram a incluir palavrões é que o governo se lembra de criminalizar os "maus tratos psíquicos" e "as ofensas sexuais". Que desperdício de recursos.

mais um erro colossal

Um aluno com mais de 16 anos que cometa um acto tipificado como bullying poderá ser condenado a uma pena de prisão até cinco anos. Se dos actos praticados resultar a morte da vítima, a pena "poderá ser agravada entre três e dez anos", segundo a proposta de criminalização da violência escolar, aprovada ontem na generalidade em Conselho de Ministros (CM).

O documento, que vai agora ser discutido entre os parceiros sociais, antes de ser submetido à Assembleia da República, abrange "os maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais a qualquer membro da comunidade escolar a que também pertença o agressor".

Via Público

PS: O ensino católico não precisa desta "ajuda".

suspensão dos direitos (dos) políticos

Concordo com a suspensão dos direitos políticos dos prevaricadores. Não do direito de voto dos estados membros da UE, mas dos direitos políticos dos cidadãos que, no desempenho de funções governamentais, tenham conduzido os respectivos países à bancarrota.
José Sócrates, Teixeira dos Santos e toda a restante comitiva deveriam ser interditos, por esse motivo, de desempenhar quaisquer cargos públicos, em Portugal ou a nível da UE.
Aposto que com esta medida, que jamais será adoptada, acabariam os défices na UE. É necessário castigar os prevaricadores, não as vítimas.
PS: Esta ideia já é a Lei para o sector privado. Os gestores responsáveis por falências fraudulentas podem ficar interditos de assumir cargos de gestão noutras empresas.

葡萄牙

Chineses interessados em estabelecer um entreposto comercial na UE olham com interesse para Portugal. Seria um modo de reciprocarem a nossa presença na China durante mais de 400 anos.

O melhor é irmos aprendendo alguma coisa de chinês.

葡萄牙 - Portugal  (pronuncia-se Pútáoyá, talvez devido aos negócios que por lá deixámos).

28 outubro 2010

começam a surgir as figuras providenciais

Com poder e autoridade, mas sem legitimidade democrática, AB afirma que Portugal está de joelhos perante o BCE e que tem de mudar radicalmente o seu modelo económico. Ele sabe como...

frontex

Frontex, the EU agency based in Warsaw, was created as a specialised and independent body tasked to coordinate the operational cooperation between Member States in the field of border security. The activities of Frontex are intelligence driven. Frontex complements and provides particular added value to the national border management systems of the Member States.


Afinal, na linguagem diplomática da UE, uma organização independente é uma polícia. Ao menos ficamos a saber que este corpo independente é "movido a inteligência" (intelligence driven) e que cria valor acrescentado. Excelente!
Só não gosto do nome, que não impõe respeito nenhum. Pelo menos a Blackwater sabia-se logo ao que vinha. O moto também é fracote. Nem "liberdade, igualdade e fraternidade" nem "Deus, pátria e família", um bocado caldinho sem sal.
Por fim, o destaque dado ao óvulo e ao espermatozóide é completamente despropositado.
Isto será ideia do Durex?

chamem a polícia

A UE vai enviar polícias para a Grécia. Ao que chegamos.

uma entrevista a não perder




- Sem religião teríamos anarquia.
- As religiões foram extremamente benéficas para a humanidade.
- O Dawkins é um louco. A sua tese é absurda.
- Não podemos viver sem uma consciência cósmica.
- O "presentismo" é fatal para a humanidade.

Via First Order Goods

esperança

Cientistas da Universidade de Harvard descobriram um gene, o DRD4, associado a tendências socialistas. A descoberta desta importante tara genética abre a porta a uma possível cura.
Num futuro que todos desejamos não muito distante, os seres humanos inclinados a parasitar o labor dos seus semelhantes poderão tratar desta psicopatia com uma simples pílula.
Talvez o Centro Champalimaud para o Desconhecido possa candidatar-se a investigar esta doença começando por algumas experiências no Alentejo. Se o tratamento for eficaz, numa zona em que o DRD4 é tão prevalecente, o sucesso estará garantido.

drug pushers

A Comissão Europeia decidiu hoje, quarta-feira, alargar o prazo para a conclusão dos projectos pan-europeus de alta velocidade que estão a enfrentar dificuldades devido à crise, entre os quais a terceira travessia do Tejo e a ligação de TGV Porto-Vigo.

Querem que eliminemos o défice, mas que continuemos a gastar à tripa-forra.

27 outubro 2010

é deixá-lo ir

Se Sócrates pretende largar a correr o cargo de primeiro-ministro, é deixá-lo ir.

e agora?

A hora da verdade para Pedro Passos Coelho: temos homem ou não?

o "buracão"

O PSD queria menos IVA e maiores deduções fiscais, reduzindo, em contrapartida, os consumos intermédios do Estado. De facto, analisados os números da execução orçamental, as duas rubricas que este ano mais têm contribuído para o crescimento da Despesa Primária (que, entre Janeiro e Setembro, cresceu 3,0% face à previsão orçamental de 1,9%) são as Despesas com Pessoal (+1,4%) e, sobretudo, as Transferências Correntes para as Administrações Públicas, nomeadamente na Administração Central (+6,1%).
Assim, sem prejuízo da validade técnica desta proposta do Governo nem desejando entrar no domínio das opções políticas em cima da mesa, penso que seria conveniente que Teixeira dos Santos, ou alguém da Direcção Geral do Orçamento, detalhasse a natureza e a origem dos desvios orçamentais em cada um dos Ministérios deste Governo PS, pois alguém foi responsável pelo consumo não previsto de 1200 milhões de euros (o tal "buracão" de que nos falava hoje Eduardo Catroga...). É que mesmo que a este valor se retire o aumento nas Pensões (de 600 milhões) e no SNS (de 400 milhões), sobram cerca de 200 milhões de gastos não orçamentados que ainda ninguém explicou. Não chega para fazer face às propostas do PSD, mas, a bem da transparência, seria bom que fosse explicado.
Em suma, goste-se ou não, na impossibilidade de se reverem as metas orçamentais há muito acordadas com Bruxelas, o PSD de Passos Coelho boicotou as negociações. Financeiramente, não funcionará. Politicamente, para o PSD, também não. Resta-nos o colapso, que agora nos aguarda ansiosamente, e a esperança de que uma vez dele saídos, talvez, possamos mudar de regime, de registo e de vida.

curto vs longo prazo

Parece que o PS e o PSD não se entenderam quanto ao OE 2011. Assim sendo, resta ao PSD chumbar o Orçamento, provocando a crise política, enquanto o país viverá em duodécimos durante uns meses.
A minha leitura é a seguinte: sem OE - e, pior ainda, na ausência de potencial de crescimento económico, permanente e estrutural - os custos de endividamento da República Portuguesa vão aumentar, fazendo com que o rácio entre dívida pública e PIB cresça de tal forma que, em breve, não restará outra saída que não uma de duas: a) o recurso ao FMI ou; b) um perdão de dívida. E, pela primeira vez, desde há muito, creio que não serão os políticos a decidir. A crise vai cair na rua e será o povo português, que se prepara para descer à realidade, que terá de se confrontar com opções de longo prazo. Infelizmente, todas essas opções causarão sofrimento no curto prazo.

cortar na despesa resulta

Crescimento homólogo, no Reino Unido, atinge 2,8%.

o tipo ideal de português

O que é que recordo do primeiro mandato de Cavaco Silva? Não muito. Uma intervenção pública sobre o estatuto de umas ilhas luso-americanas, um desabafo sobre uma hipotética espionagem à Presidência da República, o puxão de orelhas do Presidente da República Checa e, por fim, as vaias à entrada da Casa da Música, no Porto, a que assisti ao vivo.
Cavaco não me parece o homem de elite de que fala Pedro Arroja neste post. Parece-me mais o “tipo ideal dos portugueses”, no sentido definido por Max Weber. Um homem de bem que transporta todas as qualidades e defeitos do português médio.
Infelizmente, neste período de tormentas, precisávamos de alguém que personificasse apenas o que temos de melhor e que não sofresse das maleitas de carácter da populaça.

um homem resignado

Mais preocupado com o seu futuro do que com o futuro dos portugueses.

26 outubro 2010

Pravda analisa política portuguesa

After Anibal Silva came the well-meaning, well-intentioned and humanitarian António Guterres (PS), an excellent High Commissioner for Refugees and a perfect candidate for UN Secretary-General but a black hole in terms of financial mis-management. He was followed by the excellent diplomat but abominable Prime Minister José Barroso (PSD) (now President of the EU Commission) who created more problems with his discourse than he solved, passed the hot potato to Pedro Lopes (PSD), who basically never had a chance to govern, resulting in the two-term sinister horror or horrors, José Sócrates, a competent Minister of the Environment, but...

The austerity measures presented by this...gentleman... are the result of his own ineptitude as Prime Minister in the run-up to the world's latest crisis of capitalism (the one in which the world's leaders came up with three trillion dollars from one day to the next to bail out irresponsible bankers, while nothing was ever produced to pay decent pensions, healthcare programs or education projects).

And just like his predecessors, José Sócrates demonstrates an absence of emotional intelligence, allowing his ministers to practise laboratory politics and implement laboratory policies which are bound to be counter-productive. Pravda.Ru interviewed 100 civil servants whose salaries are going to be reduced. Here are the results:

They are going to cut my salary by 5%, so I will work less (94%)
They are going to cut my salary by 5%, so I will do my best to retire early, change jobs or leave the country (5%)
I agree with the sacrifice (1%)

One per cent. As for increasing taxation, the knee-jerk reaction will be for the economy to shrink even more as people start to make symbolic reductions, which multiplied by Portugal's 10 million population, will affect jobs and send the economy further back into recession. The mentally advanced idiot who dreamed up these schemes has results on a piece of paper, where they will stay. True, the measures are a clear sign to the ratings agencies that the Portuguese Government is willing to take strong measures, but at the expense, as usual, of the Portuguese people.

PS: Este texto será de gozo? Mesmo que seja, agradeço ao Elaites o link. Já não ria tanto há muito tempo...

the government delusion

O governo prossegue com uma estratégia delirante, corta no rendimento líquido dos cidadãos ao mesmo tempo que permite aumentos no custo de serviços indispensáveis (protegidos por monopólios).

25 outubro 2010

inacreditável

Portugal teve o terceiro menor crescimento económico do mundo na última década (6,47%), ganhando apenas à Itália (2,43%) e ao Haiti (-2,39%), numa lista de 180 países publicada pelo El País com base em dados do FMI.

sento-me com quem?

Quem interpreta a Lei (Escrituras)?

-Cada um - responde a tradição protestante - e a intepretação que prevalece é a que fôr decidida pela maioria.

-Não - responde a tradição católica. Quem interpreta a Lei é um grupo de profissionais (padres) cuja vida é exclusivamente dedicada ao estudo e à interpretação da Lei. A interpretação que prevalece é a que fôr decidida pela elite desse grupo de homens, e a palavra final e absoluta pertence ao seu chefe supremo.

A cultura católica é a única racional, e por isso a única responsável, porque é a única em que a razão de um homem preside, de forma suprema e absoluta, aos destinos da comunidade. Se eu tiver dúvidas acerca da interpretação da Lei, se eu me sentir até abusado pela Lei, eu posso sentar-me, em última instância, com um Homem - o Papa - e exigir-lhe uma explicação racional por que é que a Lei tem esta interpretação, e não outra.

Mas, no caso da cultura protestante, eu sento-me com quem?

Na citação que fiz aqui de Salazar, para além da menção às plantas exóticas (fórmulas políticas imitadas da cultura protestante), o aspecto mais saliente é como ele caracteriza a atitude do povo português perante a situação - indiferente, desgostosa e inerte.

A situação é idêntica agora. Perante uma crise gravíssima, a quem é que as pessoas se podem dirigir pedindo explicações, exigindo responsabilidades, reivindicando soluções?

um país na fossa


Os financiamentos à Venezuela arrastam o nosso rating para "junk". Vejam o quadro ao lado.

24 outubro 2010

flexibilidade

A concepção católica de liberdade é fundada na tradição, mas interpretada por um homem. A concepção protestante é fundada na lei, e interpretada pela comunidade (através do seu sistema jurídico, da sua opinião pública, ou de ambos).
Está aqui uma das vantagens da cultura católica em relação à cultura protestante - a sua flexibilidade ou adaptabilidade. Um homem possui uma capacidade para se adaptar à realidade que não assiste a uma comunidade. A Igreja Católica, como instituição, é o próprio exemplo dessa capacidade. Passou por tudo, adaptou-se a tudo, sobreviveu a tudo. Não existe outra instituição pública com semelhante currículo na história da civilização, e talvez da humanidade.
Assim, por exemplo, nos séculos seguintes à reforma protestante, quando a comunidade católica era atacada de vários lados com uma violência extraordinária, a liberdade católica sofreu várias restricções. Foi uma atitude de defesa. Pelo Index dos livros proibidos passaram Kant, Marx - cujas ideias, vale a pena acrescentar, eram genuínas inimigas da cultura católica - e muitos outros, mas logo que o perigo desapareceu, ou se atenuou, essa porção da liberdade foi rapidamente restabelecida.
Não é porém da liberdade que eu pretendo tratar neste post. É da flexibilidade católica, para argumentar que, se a flexibilidade constitui uma das principais vantagens da cultura católica, ela constitui também o seu principal calcanhar de Aquiles quando um país de cultura católica abandona a sua tradição de vida, e decide viver de acordo com as concepções protestantes. Estou a pensar, naturalmente, no Portugal post 25 de Abril, ou no Portugal do período liberal (1820-1926).
A cultura católica é uma cultura feita por homens de elite e presidida por homens de elite, o arquétipo sendo o Papa. Aquilo que distingue um homem de elite do povo na cultura católica é a sua capacidade de julgamento. O povo não possui nenhuma. Esta incapacidade de julgamento não resulta de nenhum defeito de nascença, mas da sua própria cultura católica, a qual, na sua ambição de universalidade, o leva a aceitar indiscriminadamente - na realidade, a desejar - tudo aquilo que há no mundo.
É à elite que compete exercer julgamento no meio deste caos de aceitação generalizada, e distinguir o bom do mau, o próprio do impróprio, o temporário do permanente, o aceitável do inaceitável. À elite compete decidir, respeitando a tradição e fazendo uso da flexibilidade que permite ajustar as ideias e as instituições às circunstâncias presentes, o que é liberdade, o que é a responsabilidade, o que é a justiça, o que é a própria função do Estado na sociedade, etc. Porém, é ténue a fronteira entre o que é flexibilidade e o que é abuso da flexibilidade - a banalização e, em última instância, o abandalhamento.
Substitua-se, então, nesta sociedade de cultura católica, a elite pelo povo (directamente ou através dos seus representantes), isto é, institua-se um regime democrático nesta sociedade, e em seguida deixe-se passar o tempo. O que vai ser a liberdade nesta sociedade? Tudo - o que na prática significa que não haverá liberdade nenhuma. E a responsabilidade? Idem. E a justiça? Idem. E qual é a função própria do Estado? Todas as possíveis e imaginárias.
O povo arrasa tudo pela sua incapacidade de julgamento. Mas isto, não é de mais insistir, não é o resultado de nenhum defeito de carácter, mas da sua própria cultura. É talvez por isso que as grandes belezas da cultura católica nunca estão à vista (cf. aqui). Estão escondidas. À vista, o povo rapidamente as banaliza, as abandalha e as destrói.

Esta diferença

A concepção católica de liberdade é definida pela tradição, tal como interpretada pela autoridade suprema e absoluta de um Homem - o Papa. Nesta concepção, não existe liberdade sem a existência de uma autoridade pessoal, e esta autoridade pessoal é ao mesmo tempo o garante da liberdade.
Na concepção protestante é a comunidade que tutela a liberdade, através das leis democraticamente aprovadas, no caso da concepção germânica, e através da opinião pública (expressa ou não em leis), no caso da concepção britânica.
Embora a autoridade pessoal do Papa possua, nesta como em outras matérias, a palavra final, o Papa não é livre para definir o âmbito da liberdade. Ele está vinculado à Tradição, num sentido estrito, ao entendimento que os seus predecessores, ao longo dos séculos, tiveram sobre a liberdade, e, num sentido mais lato, ao conteúdo que a comunidade católica ao longo dos tempos deu à ideia de liberdade.
Este vínculo à Tradição e, portanto, ao passado distingue radicalmente a liberdade católica da liberdade protestante de inspiração germânica ou luterana, em que não há nenhuma referência ao passado. Na concepção britânica, a fundação da liberdade na The Rule of Law ou na Common Law faz apelo ao passado e à tradição e aproxima-se mais da concepção católica. É por isso que se diz por vezes que os povos britânicos são tradicionalistas. E isso é verdade em comparação com os povos germânicos, porque verdadeiramente tradicionalistas são os povos de cultura católica.
A tradição católica de liberdade individual possui um conteúdo muito amplo. Ao abrigo dela, um homem pode fazer ou dizer tudo aquilo que quiser, com uma só restricção - a de não causar mal, seja de natureza física seja de natureza espiritual, a outro homem ou à comunidade. A liberdade católica exclui os comportamentos agressivos, e portanto destrutivos, não apenas em relação a outros homens, mas também em relação à comunidade. A blasfémia, por exemplo, não faz parte do domínio da liberdade católica.
E neste ponto também, a liberdade católica distingue-se radicalmente da liberdade protestante, seja na versão germânica seja na versão anglo-saxónica. A liberdade protestante inclui no seu âmbito a agressão, espiritual ou física, à comunidade, normalmente a outra comunidade. Na realidade, o protestantismo começou por ser uma ofensa ou agressão, primeiro de natureza verbal depois de natureza física, a outra comunidade - a comunidade católica, e esse foi o seu primeiro símbolo de liberdade.
Alguns episódios da história recente ilustram este ponto. Quando os alemães fizeram leis que, primeiro, discriminavam os judeus e depois os agrediam, tudo estava dentro do conceito de liberdade protestante, que inclui a ideia de ofender e agredir outra comunidade. Quando mais recentemente os americanos aprovaram leis para invadir o Iraque, estavam ainda no pleno uso da sua liberdade. Nos anos 80, Salman Rushdie refugiou-se na "liberdade" britânica para insultar a sua própria cultura muçulmana. Mais recentemente, o caso dos cartoons de Maomé, na Dinamarca, foi para os seus autores e para a população dinamarquesa em geral um exercício de liberdade. E ultimamente, as ofensas e os abusos que cairam sobre o Papa - o símbolo e o representante da comunidade católica - vindos sobretudo de Inglaterra, Holanda, EUA e Alemanha, acerca dos casos de pedofilia na Igreja, ilustram ainda esta faceta única da liberdade protestante. Nenhum destes comportamentos ofensivos ou agressivos em relação a uma comunidade cabe no âmbito da liberdade católica. São ofensas ou agressões, não são liberdade.
Esta diferença - a inclusão na concepção protestante de liberdade das agressões, espirituais ou físicas, a uma comunidade, e a sua exclusão na concepção católica - é bem capaz de ser, para efeitos práticos, a maior diferença entre as duas concepções de liberdade. E também aqui a concepção católica, apelando à tradição (passado) parece ser a única racional.
Nenhum homem existe no vazio. Ele é um produto da sua comunidade, foram os seus pais, avós e bisavós, os seus vizinhos, os seus professores, os seus colegas que contribuiram para ele ser aquilo que é hoje. Sem toda esta gente, contemporâneos e antepassados, ele não seria ninguém, na realidade, nem estaria cá. Por isso, nenhum homem é livre de ofender ou agredir a sua comunidade. Trata-se de um comportamento destrutivo para a comunidade e para ele próprio - pois, se a sua comunidade é má, porque razão haveria ele de ser melhor? A proibição de ofender ou agredir a comunidade não se aplica só à comunidade da família, dos vizinhos ou da nação porque na, concepção da Igreja, nós somos todos membros da mesma comunidade, a comunidade universal ou católica.

só há uma Igreja em Portugal

Quando José Sócrates “resolveu anular os benefícios fiscais de instituições religiosas”, deixando “conspicuamente de fora a Igreja Católica”, não me parece ter violado “a Lei de Liberdade Religiosa (de 2001) e a presunção, seguramente estabelecida, que o estado não deve estabelecer distinções no tratamento de qualquer Igreja”, ao contrário do que VPV vocifera hoje no Público.
A verdade é que só existe uma Igreja em Portugal que é a Igreja Católica. Todas as outras denominações religiosas Cristãs (o termo Igreja só se aplica a instituições Cristãs) não passam de seitas religiosas, com o devido respeito que algumas me merecem.
Ao conferir um tratamento especial à Igreja Católica, o governo não pode portanto estar a discriminar qualquer outra Igreja.
VPV conclui que o dinheiro “que o estado vai arrecadar com esta medida de intolerância e cegueira... é, com certeza, um dinheiro sujo”. Que grande tirada!
Sujo é, com certeza, o dinheiro das SCUTS e o que o fisco nos vai extorquir em IVA e IRS. O que perdoa à Igreja Católica, a única Igreja estabelecida em Portugal, será certamente devolvido, com “juros”, a toda a comunidade.

voting with their feet

Foram cinco séculos de separação. No auge da Reforma Protestante revoltaram-se contra o Papa e dividiram a Igreja Católica, separando-se dela. Inevitavelmente, acabariam por se dividir a si próprios. Voltam agora, aparentemente em massa, à Casa-Mãe. Aprenderam à sua própria custa. Só a autoridade suprema e absoluta de um Homem - um Papa - pode manter uma comunidade (ekklesia) unida. Que grande vitória para o catolicismo e para a cultura católica. Que grande derrota para o pensamento teológico e filosófico britânico da modernidade: the people voting with their feet.

23 outubro 2010

corporativismo azedado

É cada vez mais evidente que os socialistas se estão marimbando para os mais carenciados. Quando o primeiro-ministro advoga a defesa do Estado Social está na realidade a defender um modelo muito adulterado do Estado Corporativo.

desligadas da realidade

" ... e daí surgiram o Liberalismo anglo-saxónico e o Socialismo alemão. São ambos produtos puramente intelectuais, sistemas de ideias, verdadeiras ideologias, projectos de vida em comum que não possuem qualquer referência à forma como as pessoas sempre viveram. Estão baseados em ideias desligadas da realidade ...", escrevi eu num post anterior

Quando um soldado é maltratado pelos seus camaradas de caserna, ele não se queixa à lei, queixa-se ao capitão ou ao general. Quando um trabalhador é abusado pelos seus colegas, ele não se queixa à lei, queixa-se ao patrão. Quando o irmão mais novo é batido pelo mais velho, ele não se queixa à lei, queixa-se ao pai. Quando um jovem é restringido na sua liberdade pelos seus colegas de turma, ele não se queixa à lei, queixa-se ao professor; e quando um cidadão é roubado na rua, queixa-se a um polícia, e não à lei. É uma autoridade pessoal, e não a lei, que garante a liberdade de todos os membros de uma comunidade humana.

Mal irá a sociedade quando todas estas autoridades pessoais desaparecerem, e o soldado tenha de recorrer à lei e aos tribunais para se defender dos seus camaradas (vai muito provavelmente perder porque os seus agressores estarão em maioria e testemunharão em conluio), o empregado para se defender dos abusos dos seus colegas (idem), o estudante para se defender dos maus tratos dos outros estudantes (idem) ou o irmão mais novo para se defender do mais velho (vai, quase de certeza, perder também porque o mais velho é mais articulado); e o cidadão roubado na rua que decide queixar-se à lei, através dos tribunais, e não a um polícia, é certo que nunca mais vai reaver os seus bens. Os abusos na sociedade multiplicar-se-ão e assim também as restricções à liberdade.

E , no entanto, os filósofos de inspiração protestante - Kant sendo o mais representativo e o mais elaborado nesta matéria - propõem que a autoridade da lei substitua a autoridade pessoal de um homem como autoridade suprema de uma comunidade humana. Seguida à risca, esta é a receita mais certa para destruir as instituições - a família, a escola, a empresa, o exército e, em última instância, a própria sociedade. E se esta destruição generalizada só às vezes sucedeu - a maior parte delas, no próprio país de Kant -, mas não perdurou para sempre é porque a tradição, a despeito dele e de outros intelectuais como ele, exerceu um travão à expansão destas ideias modernistas e irremediavelmente desligadas da realidade.

É, e muito mais

A Igreja Católica não é democrática (e os povos de cultura católica também não), acusam os intelectuais de cultura protestante do Norte da Europa e da América do Norte.
-É, e muito mais (do que vocês e as vossas sociedades). Ao apelar à tradição, a Igreja chama ao voto e dá voz, não apenas à geração actual, mas também a todas as gerações passadas, repondeu um dia o teólogo Joseph Ratzinger

nunca é o que parece

Antes de me debruçar sobre a concepção católica de liberdade, eu gostaria de voltar à ideia de tradição que aflorei brevemente neste post. No seu sentido católico mais estrito, a Tradição representa a interpretação que, ao longo dos séculos, a Igreja deu às Escrituras, através das suas elites e em útima instância através da autoridade suprema e absoluta dos seus Papas. Neste sentido estrito, a Tradição representa as próprias Escrituras, a palavra de Deus.

Aquilo que os protestantes fizeram, ao romper com a Igreja Católica, foi romper com a Tradição, e portanto com o passado. Aquilo que caracteriza os escritos dos filósofos da tradição protestante - um John Locke, um David Hume, um Adam Smith, um Kant, um Marx - é a ausência total de referências ao passado, excepto para desancar nele. É que estes filósofos tinham pela frente uma tarefa árdua, seguramente estimulante, à qual eles se lançaram com todo o entusiasmo - construir um mundo novo, um mundo melhor do que o passado, e independente do passado.

Foram britânicos e alemães os mais aplicados nesta tarefa, e daí surgiram o Liberalismo anglo-saxónico e o Socialismo alemão. São ambos produtos puramente intelectuais, sistemas de ideias, verdadeiras ideologias, projectos de vida em comum que não possuem qualquer referência à forma como as pessoas sempre viveram. Estão baseados em ideias desligadas da realidade, e não nos factos da realidade humana. Pelo contrário, a doutrina católica sempre se manteve realista, indissociável da tradição, da maneira como a humanidade sempre viveu, dos erros que cometeu, das instituições que funcionaram e daquelas que não funcionaram.

O homem de elite da tradição católica - representado, em útima instância, pelo arquétipo da figura do Papa - é, por isso, em primeiro lugar, um intérprete exímio da Tradição, um homem dotado de uma capacidade de julgamento extraordinária, e um professor. Compete-lhe a ele discernir, por entre a variedade de experiências que a humanidade viveu no passado, o que é verdadeiro e o que é falso, o que é exagero e o que é moderação, o que é essencial e o que é acessório, o que é permanente e o que é temporário, o que é bom e o que é mau.

Esta é uma tarefa que só pode ser desempenhada por um Homem de elite. A razão é que a cultura católica, na sua ambição de universalidade, aceita tudo aquilo que há no mundo, e a doutrina católica acaba por ser, em útima instância, um exercício intelectual extraordinário, o exercício mais difícil e ambicioso que o intelecto humano alguma vez se propôs, que é o de compatibilizar tudo aquilo que é diferente, unir os contrários, fazer conviver os extremos. É neste sentido que o catolicismo tem sido descrito como a força da gravidade que puxa o pêndulo constantemente para a posição de equilíbrio.

O Papa Bento XVI personifica o catolicismo em mais do que um sentido. Em primeiro lugar como Homem de elite, um intérprete exímio da Tradição católica no seu sentido mais estrito, enquanto teólogo, professor e Homem de julgamento. Num sentido mais lato, ele reune na sua pessoa a essência da própria cultura católica. Na sua fisionomia e no seu intelecto, ele é talvez o mais protestante dos Papas que a Igreja produziu nos últimos séculos, e no entanto ele é também, entre os Papas modernos, o mais acérrimo defensor do catolicismo e da Tradição católica. Quem o ler dirá, à primeira vista, que ele está muito mais próximo de Aristóteles, do que de Platão. E, no entanto, ele prefere Platão a Aristóteles. Como teólogo, parece muito mais um S. Tomás de Aquino do que um Santo Agostinho. E, não obstante, ele prefere Santo Agostinho a São Tomás.

E isto leva-me ao último ponto do argumento. A cultura católica nunca é o que parece, nunca está à superfície. Para o intelectual que queira respostas rápidas e superficiais aos problemas da existência humana, a doutrina católica parece um horror, na realidade um caos. Acontece o mesmo a quem visita pela primeira vez um país de cultura católica. Porque a beleza da doutrina católica, a sua racionalidade, o seu realismo, a sua coerência interna, está escondida, à espera de ser descoberta. O povo nunca apreciará esta cultura: vive dela, não consegue viver sem ela, mas nunca chegará a saber porquê. Por isso, diz quase sempre mal dela. Esta doutrina foi construida, ao longo dos séculos, por homens de elite. Precisará sempre de homens de elite para a interpretarem, a apreciarem e a ensinarem. Entregue aos intelectuais do povo, será sempre maldita, banalizada e destruída.

vantagem

No debate entre protestantes e católicos, nas suas diferentes variantes, teológico, político, filosófico, etc., os povos protestantes possuem uma grande vantagem sobre os povos católicos. Os povos protestantes são os campeões da propaganda, os inventores do marketing, que é a arte de fazer parecer bem uma coisa que frequentemente não presta para nada. Pelo contrário, os povos católicos são especialistas na anti-propaganda, no anti-marketing, que é a arte de fazer parecer mal (v.g., o seu próprio país, os seus próprios concidadãos, a sua tradição) uma coisa que frequentemente é de altíssima qualidade.
Em qualquer debate (filosófico, social, político, teológico), os protestantes estão destinados a levar a melhor. Eles dizem bem de si próprios e das suas coisas, e nós ajudamos dizendo mal de nós próprios e das nossas próprias coisas. A ideia de liberdade é um exemplo, como procurei ilustrar no post anterior. Porque a realidade é que a verdadeira liberdade humana só se pode realizar sob a autoridade suprema e absoluta de um Homem. É a liberdade católica. E uma das funções principais desse Homem é precisamente a de ser o garante da liberdade dos outros.

So much for liberty

A ideia de liberdade germânica, que deriva da concepção de Estado de Direito, e a ideia de liberdade britânica, inspirada na The Rule of Law, possuem um elemento comum. Em ambos os casos, um homem é livre se não estiver submetido a nenhuma autoridade pessoal, e é aqui que ambas exibem o seu denominador comum protestante.

Depois, existe uma diferença. Na concepção germânica um homem é livre se, não tendo de se submeter a nenhuma autoridade pessoal, se submete inteiramente à autoridade da comunidade, tal como expressa por leis democraticamente aprovadas. Na concepção britânica, um homem é livre se, não tendo de se submeter a nenhuma autoridade pessoal, não tem também de prestar contas à comunidade. Não obstante, nesta útima concepção um homem está ainda sujeito à coacção da comunidade - não através do processo político e da autoridade do Estado, como na concepção germânica - mas através de processos sociais espontâneos de que o principal é o mercado.

É a rejeição da autoridade suprema e absoluta de um homem - originalmente, a autoridade do Papa - para condicionar a vida humana que caracteriza a ideia de liberdade protestante. Dir-se-ia que logo que se libertaram da tutela da Igreja Católica e da autoridade do Papa, os países que foram o centro da Reforma protestante - a Alemanha, a Suíça, a Grã-Bretanha - explodiram numa orgia de liberdade.
Mas não foi isso que aconteceu. Começaram por se dividir em facções (católicos e protestantes, e depois em múltiplas facções dentro do protestantismo), e, em seguida, envolveram-se em guerras de morte em que cada facção procurava aniquiliar as outras. A Guerra dos Trinta Anos é a mais conhecida, com uma dezena de milhões de mortos. Na Grã-Bretanha a desordem civil instalou-se e só foi restaurada com a proibição do catolicismo que durou cerca de um século e que ainda hoje se mantém para o acesso a certos cargos públicos. E esse libérrimo país que são os EUA nasceu sob o signo da proibição do catolicismo.
So much for liberty.

man up

MAN UP!

o socialismo da miséria

Numa sociedade afluente, como a nossa (somos os mais ricos dos mais pobres...), é natural e defensável que o estado dê um apoio aos cidadãos mais carenciados. Como libertário, penso que esse apoio deve ser subsidiário da caridade privada. Não me oponho, contudo, a que o estado assegure o financiamento do ensino básico e do acesso a cuidados básicos de saúde e que garanta benefícios de segurança social a pessoas que não tenham condições para garantir o seu sustento. Uma espécie de serviços mínimos garantidos que não ultrapassem uns 10% do PIB, uma rede que não deixe ninguém na miséria absoluta.
Pretender dar tudo a todos, tirando do bolso dos que produzem para dar aos que consomem, sem limites razoáveis, não elimina a pobreza e tem um resultado contrário ao que se pretende. Cria miséria e destrói a coesão social. Em última instância, os governos que adoptam estas políticas acabam por prejudicar gravemente aqueles que, em primeiro lugar, pretendiam (?) ajudar.

valham-nos todos os santos

A partir do dia 1 de Novembro, o governo vai começar a cortar no abono de família. A leitura desta notícia do Público permite concluir que serão afectadas famílias com rendimentos mensais inferiores a 209,61 €.
O que irão dizer os "spin doctors" de serviço? Que era malta que estourava tudo em vinho?

a verdade

«Acho que o país idealizado ou construído por José Sócrates é perturbador. É o país do laxismo, do facilitismo, do favor, da ficção, do discurso fantasmagórico e… das cunhas descaradas» - Narciso Miranda.
Via Insurgente

22 outubro 2010

acabem com a infantilidade - man up

He needs to take some responsibility. He says it is not his fault on the economy. Man up, Harry Reid. He says there is no problem with Social Security. Man up, Harry Reid. He says this war is lost and your general is dishonest. You owe us an apology. Man up, Harry Reid.

Man Up

Os Problemas Nacionais

A República, cujo centenário recentemente se comemorou, conduziu o país, em menos de dezasseis anos, a uma situação muito difícil, uma das mais difíceis da sua História.

Em Junho de 1928, já como ministro das Finanças, num discurso que ficou célebre (“Os Problemas Nacionais e a Ordem da sua Solução”), Salazar fez o diagnóstico da situação e traçou o plano para a resolver. Na opinião de Salazar, os problemas agrupavam-se em quatro categorias, por ordem decrescente de importância e prioridade: o problema financeiro, o problema económico, o problema social e o problema político.

Sobre o problema financeiro, disse: “O problema financeiro é redutível aos seguintes dados fundamentais: déficit crónico, que tomou foros de instituição nacional ... déficit cuja repetição provocou uma dívida relativamente avultada ...; uma dívida ... de taxas de juro muito altas, onerosa portanto e com perigo de reembolso imediato; e uma dívida fundada constituída por tão diversos tipos de empréstimos e juros tão elevados que as cotações parecem acusar o nosso descrédito ... Por este processo se tornou o Estado o grande inimigo da economia”

Sobre o problema económico: “O comércio e a indústria tiveram durante algum tempo disponibilidades enormes: parecia que os comerciantes não acabavam de enriquecer; afinal, muitos vieram a verificar que se tratava de riqueza ilusória e estavam na realidade empobrecidos: tinham destruído e gasto o próprio capital...”

“Da não resolução do problema financeiro e económico resultam ... graves perturbações sociais”, acrescenta Salazar, para diagnosticar em seguida o problema social que “é o problema da distribuição da riqueza, que não tem solução vantajosa sem o aumento da produção ... só o aumento da riqueza pode favorecer a solução da questão social”

Finalmente, sobre o problema político: "Andamos há muito tempo em busca de uma fórmula de equilíbrio e ainda não conseguimos encontrá-la. E como se diz que ‘em casa onde não há pão todos ralham e ninguém tem razão’, as soluções políticas são mais difíceis estando agravados os problemas financeiro, económico e social".

Foi dito em 1928. Podia ser dito em 2010. Portugal não mudou muito em oitenta anos.

(Publicado no jornal "A Ordem")

nobel estupidez

Why is the British government doing this? The real reason has a lot to do with ideology: the Tories are using the deficit as an excuse to downsize the welfare state. But the official rationale is that there is no alternative.
Krugman

uma rameira preocupada com a virgindade

"Se OE não for aprovado, fica em causa a nossa independência".

Então os PEC's e as severas medidas do OE 2011 não nos foram impostas pela UE?

copy cats

Responsáveis das três principais organizações patronais (AEP, AIP e CIP) dizem que é “impensável continuar a corrigir o desequilíbrio orçamental pelo lado das receitas”. E alertam que a não aprovação do Orçamento trará "graves implicações" para o país.

PS: Empresários portugueses copiam os seus colegas ingleses, só que tarde e mal.

21 outubro 2010

vem aí o reviralho

Ai isso é que vem...

em grande

Ontem assisti a um espectáculo a que já não assistia há pelo menos trinta anos. Cerca das seis da tarde, uma interminável fila de carros fazia bicha na auto-estrada do Norte (A1), à saída do Porto, junto aos Carvalhos, para entrar na EN1.
Há trinta anos só havia três auto-estradas em Portugal, Lisboa-Cruz Quebrada (20Km, eufemísticamente às vezes chamada a auto-estradas de Cascais), o troço da A1 até Vila Franca (25 Km) e depois o troço da A1 dos Carvalhos ao Porto (10 Km). Quem fazia a viagem de Lisboa ao Porto perdia a auto-estrada em Vila-Franca e só a encontrava de novo nos Carvalhos.
Pelo contrário, quem saía do Porto para Lisboa ficava sempre engarrafado nos Carvalhos, na entrada para a EN1, porque essa era a única estrada que dava acesso à região densamente povoada ao sul do Porto (S. João da Madeira, Oliveira de Azemeis, etc) e, em útima instância, a Lisboa.
Desde que se completou a A1 e, mais recentemente a A29, nunca mais houve engarrafamentos nos Carvalhos. Voltaram agora. E em grande.

sinal

O discurso deste fim-de-semana da Senhora Merkel - uma luterana - acerca da comunidade muçulmana imigrante na Alemanha é um sinal preocupante. Foi assim também que nos anos 30, igualmente no meio de uma grave crise económica e financeira, começou a discriminação dos judeus.
A Senhora Merkel acusa os imigrantes muçulmanos de não se integrarem, como antes foram acusados os judeus. A questão é: mas integrarem-se em que comunidade, na comunidade alemã? A verdade é que desde há quase quinhentos anos a Alemanha não é uma comunidade, se é que alguma vez o foi. A Alemanha são várias comunidades, protestantes a norte, católicos a sul, mais judeus, e agora um número substancial de muçulmanos. São várias comunidades num só país.
Depois, para integrar imigrantes não basta dar dinheiro, apoios sociais, trabalho e escolas, como se faz na Alemanha. É preciso viver com eles, casar com eles, ter filhos com eles. Mas isso os alemães não fazem, como não faz nenhum povo de cultura protestante.

o exemplo da espanha

Zapatero acaba com o Ministério da Igualdade. Deve ser por este tipo de situações.

total

Mas pior, pior, para a credibilidade do sistema de justiça, foi a televisão do Estado ter convidado um condenado a sete anos de prisão pelos tribunais do Estado para participar num programa de Grande Debate e noutro de Grande Entrevista. A falta de julgamento é total. Não era preciso ser um Salazar para demitir os responsáveis da RTP na hora.

mandava-o prender

Quando, recentemente, foi lida a sentença do Processo Casa Pia, o advogado de um dos arguidos veio para a televisão, à saída do Tribunal, produzir agravos à Juíza-Presidente e ao sistema de justiça, que só não me deixaram surpreendido porque confirmam a minha tese - os portugueses não possuem nenhum sentido de justiça.
Comentando o assunto com o Joaquim, disse:
-Num país onde a Justiça é tomada a sério, como os EUA, o Canadá, a Alemanha, a Ordem dos Advogados impediria este homem de exercer a profissão para o resto da vida. Pois, sendo ele um agente da Justiça, se fala assim da Justiça, o que há-de pensar o povo ...
-Pior - acrescentou o Joaquim -, se fosse nos EUA a juíza mandava-o prender!

as leis

Encontra-se aqui a razão por que os portugueses são péssimos juristas. Não existe tradição na cultura portuguesa de ser o povo a interpretar as Leis (Escrituras), isso foi tarefa sempre reservada a uma pequeníssima elite de professores (padres) - a alta hierarquia da Igreja Católica.
O povo português não está habituado a interpretar leis, menos ainda a fazê-las. Ele não está sequer habituado a ler as leis. Aquilo que ele está habituado é a acatar as leis que lhe são transmitidas oralmente por alguma pessoa a quem ele reconhece autoridade (tradicionalmente, os padres e, em última instância, o Papa). Ora, quando o Estado Democrático e de Direito reconhece ao povo, e aos juristas emanados do povo, a capacidade para fazer leis e as interpretar, aquilo que se vai seguir é o caos generalizado, a discussão, a discórdia, a adversidade e, em útima instância, o ódio. As leis passam a ser instrumentos de perseguição entre facções opostas.
Pergunta-se, mas então, e os povos protestantes sabem interpretar leis e fazê-las? Parece que sim, tanto mais que os nossos juristas, imitadores por excelência como a generalidade dos portugueses, vão buscar a sua Ciência do Direito sobretudo à Alemanha. É necessário que se diga, porém, que os alemães, e os povos de cultura protestante em geral, só se tornaram melhores juristas, depois de terem sofrido na pele um custo incalculável em termos de vidas humanas.
Logo que, no século XVI, se separaram da Igreja Católica e renegaram a autoridade do Papa, reconhecendo autoridade somente à Lei (as Escrituras), os protestantes envolveram-se por toda a parte em guerras fraticidas, contra os católicos e entre si, resultantes das suas diferentes interpretações da Lei (Escrituras), e que atingiram o auge com a Guerra dos Trinta Anos (1618-1648). Esta Guerra, que teve a Alemanha como centro é, às vezes, considerada a Primeira Guerra Mundial, e produziu milhões de mortos.
Depois destas experiências traumáticas em sociedades profundamente divididas, não era difícil a qualquer pessoa tirar a conclusão de que, para garantir a paz, a condição sine qua non era a de que as leis fossem simples, claras, imparciais e que, em caso de dúvidas de interpretação, essa interpretação fosse remetida para uma instituição que tinha a palavra final e absoluta na matéria. Daí o respeito reverencial que os povos de cultura protestante nutrem pelo Supremo Tribunal de Justiça e, mais geralmente, pela instituição judicial. Aprenderam à sua própria custa.
As sociedades protestantes não formam uma comunidade no sentido em que as sociedades católicas formam. São várias comunidades ocupando o mesmo país, com concepções às vezes absolutamente diferentes e adversariais da vida, que vivem no mesmo país por vezes num equilíbrio extremamente delicado, um equilíbrio que é mantido pela Lei - uma Lei que é simples, clara, imparcial - e por um respeito estrito pela autoridade da instituição judicial. Se a Lei falha em algum destes aspectos, estas sociedades estão prontas a explodir em violência.
Mas será que nós queremos seguir este exemplo, será que queremos andar aí aos tiros uns aos outros até aprendermos a fazer boas leis e a interpretá-as, a produzir bons juristas, e a ganhar respeito pela instituição judicial, que é coisa que neste momento não temos?

O Bem Comum

Assente que somente a autoridade suprema e absoluta de um Homem - que não a autoridade suprema e absoluta da Lei - pode assegurar a unidade de uma comunidade humana, que é a condição essencial para a paz, pode perguntar-se qual deve ser o princípio orientador da governação de uma comunidade humana baseada na soberania de um Homem.
O Bem Comum.
Não devem existir muitas ideias tão contestadas, sobretudo pelo individualismo filosófico anglo-saxónico, ao ponto de se negar a sua existência, do que a ideia do Bem Comum. Mas, é óbvio que o Bem Comum existe e está mesmo debaixo dos olhos. Ele compõe-se de todos aqueles bens que interessam a todos e que todos nós valorizamos, e o primeiro de todos é a vida. Por isso, promover o Bem Comum é, em primeiro lugar, promover a paz - o tal bem que só a soberania de um Homem, que não a soberania da Lei, pode assegurar de forma duradoura.
Mas, evidentemente, que o Bem Comum não se esgota aqui. Ele inclui, em seguida, a promoção de pelo menos um módico de alimentos, habitação, e cuidados de saúde para todos. Segue-se depois a educação e, a um nível de maior desenvovimento da comunidade, até um mínimo de lazer e entretenimento.

doenças não declaradas

As grávidas vão ser sujeitas a um rastreio nacional com o objectivo de identificar sinais de violência doméstica não declarada. Os únicos dados disponíveis em Portugal indicam que 9% das grávidas são vítimas destas agressões. O anúncio foi feito ontem, no Porto, pela secretária de Estado da Igualdade, Elza Pais.
Este programa envolve a formação de técnicos de saúde mental, para prevenir e acompanhar vítimas e agressores. "Se tiverem os conhecimentos específicos e adequados, os técnicos de saúde mental que trabalham nas consultas e urgências podem reconhecer e triar estes casos”. “Podem perceber que, por detrás de uma depressão, há um problema de violência".

PS: O monstro cresce, mesmo para tratar de problemas de que ninguém se queixa. A secretária de estado da igualdade não saberá que em 2011 o SNS vai ter de cortar 1.255 M€ no tratamento de doenças declaradas?

20 outubro 2010

de bilhete na mão

Horas depois de ter sido conhecido o último relatório de execução orçamental deste ano, referente ao período compreendido entre Janeiro e Setembro, no qual a despesa primária (uma vez mais) voltou a crescer acima do previsto, o Ministro da Presidência - o Maquiavel deste Governo - afirmou que as condições do PSD para aprovar o OE 2011 são "um insulto à inteligência dos portugueses", pois como todos sabem as medidas propostas pelo Governo estão em linha com o que tem sido adoptado por essa Europa fora! Resta saber porque razão andou o Governo mais de meio ano a contrariar os ventos provenientes dessa mesma Europa, como a derrapagem orçamental hoje publicada tão bem evidencia...
Enfim, Pedro Silva Pereira acaba de anunciar que não há negociação possível com o PSD acerca do OE 2011. Ao afirmar que o PSD terá de quantificar e discutir os méritos técnicos das suas propostas e das suas condições, Silva Pereira, habilmente, deu a estocada final em Pedro Passos Coelho. A realidade é apenas uma: a não ser que o PSD esteja disponível para reduzir ainda mais as despesas com o pessoal e, também, com as pensões, e, ainda, na impossibilidade/indisponibilidade do PS em romper contratos relativos às PPP's e Obras Públicas, não existirá forma de compensar a perda de receita fiscal que as propostas de Passos Coelho implicam. Venha o FMI!

ensaio sobre a cegueira

Os benefícios fiscais são o estado social da classe média (a fraca classe média portuguesa).
O PS está cego para esta realidade.

revolta

Porque é que há tantas mulheres no Tea Party? Veja aqui a resposta.
Quando o estado pretende hipotecar o futuro das crianças, as mães dizem não.
OS MEUS FILHOS NÃO SÃO MÁQUINAS MULTIBANCO!
Delicioso.

elas explicam tudo

Em conversa com uma amiga que faz diariamente o trajecto Porto – Viana do Castelo, a infame a28 (a minúscula é propositada), perguntei-lhe se já estava a pagar as portagens.
- Não Joaquim. Já tenho Via Verde, mas não sou eu que pago as portagens.
Não procurei, por delicadeza, desvendar o mistério criado por recear que a minha querida amiga, por quem tenho grande estima, tivesse caído na tentação de endorsar a outrem o princípio do utilizador/pagador. Não demorou muito, porém, que o meu silêncio cúmplice fosse esclarecido.
- Quem vai pagar as minhas portagens é a PT, a TMN, a Zon, a Galp e quem mais estiver a jeito de lhes rapar alguns tostões...
Sorri. MBA’s para quê? Arranjem mas é boas companhias femininas. Elas explicam tudo...

Leitura recomendada

The Euro Gold Standard

19 outubro 2010

Que Portugal realmente temos?

No passado domingo, participei num debate da RTP-N a propósito do Orçamento de Estado que, a certa altura, descambou para a questão do euro. Afirmei eu que, na presença de diferenças muito significativas de competitividade/produtividade entre certos países como Portugal e a Alemanha que continuam a agravar-se, a nossa presença na moeda única seria questionada muito em breve. De seguida, afirmei ainda que, associado a uma eventual saída do euro, teríamos de beneficiar de um perdão de dívida. Da discussão que se seguiu - na qual os meus três interlocutores, em particular o meu professor de Economia Política dos tempos de faculdade, João Loureiro, se lançaram, eficazmente, contra mim - chegou-se, na minha opinião, a uma visão fantasiosa daquela que é a realidade portuguesa. Assim, a ideia de que, através de reformas estruturais (educação, justiça, etc), chegaremos no futuro próximo a um estádio de desenvolvimento que nos permita reduzir drasticamente as diferenças de produtividade face aos nossos parceiros europeus é disso exemplo. Como é, também, a ideia de que, tal como muitas vezes se diz, exista mesmo interesse em afrontar os interesses instituídos. Veja-se a Justiça que, de forma unânime, é citada como o sector do Estado que pior funciona em Portugal, carecendo de reformas muito profundas, mas que não chega sequer a receber 3% das dotações orçamentais com que esse mesmo Estado se gere. Além disso, nesta vaidade de querermos assumir que, como país, somos iguais a todos os outros que fazem parte dessa Champions League de nações que compõem a moeda única, poucos parecem aceitar - a maioria, aliás, nem sabe - que o nosso historial e reputação enquanto país devedor é particularmente negativo, pois, tal como a Grécia, passámos os últimos duzentos anos a renegar aos nossos credores. Vem isto a propósito de que, hoje, o economista Kenneth Rogoff, cuja obra "This time is different" eu tenho citado abundantemente (incluindo no tal programa da RTP-N), afirmou num debate na Assembleia da República que "um default por parte de Portugal não seria pior que uma intervenção do FMI". Enfim, não estando eu a defender a saída do euro - antes a defender a inevitabilidade de sairmos do euro - regressarei a este assunto logo que tiver as ideias mais alinhadas. Para sova intelectual já bastou a de domingo!

analfabetos

O governador do BP é nomeado pelo governo que, em democracia, é eleito pelos portugueses. Se os portugueses possuíssem qualquer grau de literacia financeira, é óbvio que José Sócrates nunca seria primeiro-ministro. Podemos portanto concluir que Carlos Costa é governador do BP porque os portugueses são uns analfabetos financeiros.
Se o não fossem, Carlos Costa nunca teria o púlpito que lhe permite desancar naqueles que indirectamente o lá colocaram.
Enfim...

um País em decomposição

A Câmara Municipal de Elvas (PS) anulou os aumentos salariais efectuados no ano passado, exigindo a devolução do dinheiro, e os concursos para novas contratações, o que no total abrange 220 trabalhadores.


PS: O Presidente da Câmara, José Rondão Almeida (fervoroso apoiante do TGV), deve mas é sugerir aos trabalhadores que refresquem as ideias nas magníficas piscinas municipais.

18 outubro 2010

um chip nos cornos

Ministro da Finanças grego propõe abolição das transacções em dinheiro. Os vencimentos seriam pagos numa conta bancária e todas as transacções efectuadas com uma espécie de multibanco fornecido pelas finanças.
Ver aqui, aqui e aqui.

a mentira piedosa de Carlos Costa

Carlos Costa descreveu o País como um avião com quatro motores (consumo público, consumo privado, exportações e investimento) para explicar que "há dois motores que vão desacelerar" por força do pacote de austeridade: o consumo público e o investimento.
...
O erro de CC é que o consumo privado (devido à diminuição do rendimento disponível) e as exportações (devido à diminuição da competitividade decorrente do aumento da carga fiscal) também vão desacelerar.
O governador não quis assustar os passageiros...  mas a verdade é que o tal quadrimotor tem todos os motores gripados e vai sem comandante.

o capitalismo no seu melhor

Will Adderley CEO, Dunelm Group Robert Bensoussan Chairman, L.K. Bennett Andy Bond Chairman, ASDA Ian Cheshire Chief Executive, Kingfisher Gerald Corbett Chairman, SSL International, moneysupermarket.com, Britvic Peter Cullum Executive Chairman, Towergate Tej Dhillon Chairman and CEO, Dhillon Group Philip Dilley Chairman, Arup Charles Dunstone Chairman, Carphone Warehouse Group Chairman, TalkTalk Telecom Group Warren East CEO, ARM Holdings Gordon Frazer Managing Director, Microsoft UK Sir Christopher Gent Non-Executive Chairman, GlaxoSmithKline Ben Gordon Chief Executive, Mothercare Anthony Habgood Chairman, Whitbread  Chairman, Reed Elsevier Aidan Heavey Chief Executive, Tullow Oil Neil Johnson Chairman, UMECO Nick Leslau Chairman, Prestbury Group Ian Livingston CEO, BT Group Ruby McGregor-Smith CEO, MITIE Group Rick Medlock CFO, Inmarsat; Non Executive Director lovefilms.com, The Betting Group John Nelson Chairman, Hammerson Stefano Pessina Executive Chairman, Alliance Boots Nick Prest Chairman, AVEVA Nick Robertson CEO, ASOS Sir Stuart Rose Chairman, Marks & Spencer Tim Steiner CEO, Ocado Andrew Sukawaty Chairman and CEO, Inmarsat Michael Turner Executive Chairman, Fuller, Smith and Turner Moni Varma Chairman, Veetee Paul Walker Chief Executive, Sage Paul Walsh Chief Executive, Diageo Robert Walters CEO, Robert Walters Joseph Wan Chief Executive, Harvey Nichols Bob Wigley Chairman, Expansys, Stonehaven Associates, Yell Group Simon Wolfson Chief Executive, Next

declarações muito infelizes

José Sócrates está a vingar-se dos juízes por estes terem incomodado alguns boys do PS.

coerências

Este Orçamento protege o emprego e o Estado Social - José Sócrates

Desemprego aumenta de 10,6 para 10,8 - OE
Financiamento da saúde sofre corte de 1.255,00 M€ - OE

prognósticos só depois do jogo




Teixeira dos Santos, com o OE 2011, pôs o pião a rodar mas nem ele nem ninguém sabe quais serão as respectivas consequências económicas e sociais.

17 outubro 2010

the EU is not Burger King


- Sir, we can’t cut spending in health care..
- What the hell are you talking about? How much is the average in the OECD?
- It is about 9% of GDP.
- OK, and how much are you spending?
- Last year… 10,5%!
- Are you spending your own money?
- No Sir, we have to borrow.
- Listen, shut the f--- up.
- Sir, but…
- No but here, this is not Burger King. In the EU you don’t get it your way, it’s our way or you don’t get it at all. Capice?

OCDE

Cortes na saúde alinham gastos com a média da OCDE.

o resultado práctico do socialismo
















O socialismo do PS: estradas para pobres e estradas para ricos.

já começou

PSD: Previsão de crescimento é "irrealista" e "afecta todo o Orçamento".

Vamos aguardar para ver as consequências da aprovação deste orçamento.

15 outubro 2010

a última?

Portugal a Grécia é a última economia de estilo soviético na Europa.

o nome diz tudo

Uma primeira leitura do ranking das escolas do ensino básico e secundário revelam um facto interessante, as melhores têm nomes (Externato Escravas Sagrado Coração de Jesus) e as piores apenas siglas (EB2/3).
Podem alegar as desculpas que quiserem sobre os péssimos resultados das escolas públicas. Para mim são fruto da despersonalização do ensino e da falta de inteligência e criatividade. As siglas dizem tudo.

cortes?

Como me tenho manifestado contra o OE 2011, gostaria de deixar clara a minha posição sobre a estratégia do PSD. O PSD não deve, em caso algum, propor cortes na despesa. Essa não é uma tarefa da oposição, nem o PSD terá os dados necessários para enveredar por aí.
O PSD deve balizar as suas condições para se abster. Especificando apenas qual é o limite de aumento de impostos que tolerará.
A decisão final deve caber ao governo.

o príncipe com-sorte

Cavaco parece cada vez menos a rainha de Inglaterra e cada vez mais o príncipe consorte.

O pRESIDENTE

Cúmplice, Oportunista, Irresponsável (não está a cumprir a sua obrigação), Inútil e Incapaz.

Acusações directas e indirectas de VPV ao Presidente da República, na crónica de hoje no Público.

amoxados

Desde que foi anunciado o último pacote de medidas de austeridade que toda a gente anda a escrever acerca da instabilidade social que se seguirá. Pois, hoje é o primeiro teste: a ver vamos que tipo de contestação teremos no Grande Porto a propósito da introdução do pagamento de portagens nas SCUT. Para já, já se registaram alguns protestos - com ameaça de porrada e tudo -, não para protestar contra as portagens, mas sim para comprar o maldito chip! Contudo, até ao lavar dos cestos é vindima...
Enfim, o mais provável é que tudo acabe com muita conversa e pouca acção. Mas, também, o que é que as pessoas podem fazer? Estarão suficientemente desesperadas para boicotarem o sistema, para vandalizarem os pórticos, para baterem na polícia? Por outro lado, estarão fisicamente disponíveis para tal? É que é importante não esquecer que, ao contrário de há 35 anos, hoje, a idade mediana da população portuguesa é alta e as revoluções não se fazem com velhos. Ora, não é que eu esteja a querer incendiar o país, mas a verdade é que a nossa demografia acentua a inércia de descrença que se instalou e contra isso há pouco a fazer.

fim da linha

Nos últimos dias, mergulhei numa reflexão acerca do país e concluí o seguinte: oxalá, Pedro Passos Coelho vote contra o Orçamento de Estado. A minha conclusão é cínica, pois, não estando à espera que o PSD tenha algo melhor para nos apresentar, a verdade é que o rumo que estamos a tomar, caracterizado essencialmente por uma progressiva asfixia fiscal sem reformas estruturais - a fim que financiar um modelo que não podemos suportar -, não nos levará a lado nenhum. Em suma, quanto mais depressa isto estourar e formos ao abismo, mais depressa dele sairemos. Ao mesmo tempo, a minha segunda conclusão, esta sem qualquer ponta de cinismo - e uma conclusão que me custou ainda mais que a primeira -, é a de que, dados os costumes e mentalidades do nosso povo, não há, hoje e no futuro próximo, outra alternativa a não ser a saída de Portugal do euro e a redenominação de todas as nossas dívidas numa moeda 30 ou 40% mais fraca. Pelo contrário, mantermo-nos no euro, com todos os desequilíbrios que temos e perante a incompreensão das pessoas para a gravidade dos problemas, representa o caminho certo para uma década (ou mais) de recessão.

não é o socialismo

Não é o socialismo que nos vai tirar do buraco em que estamos metidos.
Via Insurgente

14 outubro 2010

o que é que eu disse?

Governo prevê que a economia cresça em 2011

Obviamente que os mercados não vão dar credibilidade a esta projecção. Expliquem-me porque é que o PSD se deve associar a esta farsa.

politicamente correcto

Finalmente, é preciso pedir responsabilidade aos portugueses. Não tanto por votarem em quem votaram, mas porque ao preferirem sempre a solução fácil e sem custos, deixaram que o PS e o PSD andassem a mentir durante duas décadas.
Opinião de Nuno Garoupa, no JN

um assalto à classe média, para pagar as grandes obras

Ler notícia do JN.

um assalto à classe média

Proposta de OE 2011 é um assalto à classe média.

sem credibilidade

JOSÉ SÓCRATES TORNOU O PAÍS INGOVERNÁVEL.

Mesmo que o PSD venha a aprovar o OE 2011, os tribunais irão travar muitas das medidas nele contidas. A providência cautelar relativa às portagens é um primeiro exemplo. O corte salarial vai dar origem a outro caso judicial e por aí fora.

gloria in excelsis Deo

A deputada socialista Glória Araújo criticou hoje os autarcas que interpuseram providências cautelares para tentar impedir a cobrança de portagens nas SCUT.

PS: Não seria melhor oferecer a esta senhora deputada uma versão simplificada da constituição para que ela entenda, mesmo que superficialmente, o que é um estado de direito.

o que dirá o PS?

Juízes põem em causa a credibilidade externa de Portugal e contribuem para o agravamento da crise financeira.

13 outubro 2010

por favor, deixem o País ser normal

Num País normal, a derrapagem nas contas de 2010, no contexto financeiro com que nos confrontamos, só poderia ter uma consequência: a demissão do governo.
O PS deveria então assumir a responsabilidade de indigitar uma personalidade credível para preparar e apresentar o OE 2011. Não há falta de pessoas para desempenharem esta tarefa, desde Campos e Cunha até Daniel Bessa.
As personalidades que não entendem que um pirómano não pode ser bombeiro vão pagar muito caro pela sua cegueira estratégica. E o País vai sofrer desnecessariamente.

OE não é credível

Esta sexta-feira, TS vai apresentar o OE 2011. Mesmo só conhecendo as linhas gerais que o governo propagandeou não é difícil adivinhar os comentários que vai suscitar a nível internacional:


  • O cenário macroeconómico é demasiado optimista.
  • A inflação está subvalorizada.
  • O desemprego está subvalorizado.
  • O OE não assume o aumento do preço dos combustíveis.
  • As contas estão maquilhadas.
  • Etc.


Por estas alegadas razões, os juros da dívida portuguesa continuarão a subir.

lições

Os banqueiros portugueses necessitam de umas lições de economia da escola austríaca.

per supuesto

"As tendências homossexuais de D. Pedro I estariam possivelmente relacionadas com episódios que alternavam com manifestações de heterossexualidade".
Bruquetas de Castro

PS: O que é que leva este maricón a conspurcar o romance mais celebrado da história de Portugal?

Pedro e Inês























«Estavas, linda lnês, posta em sossego,
De teus anos colhendo doce fruto,
Naquele engano da alma, ledo e cego,
Que a Fortuna não deixa durar muito,
Nos saüdosos campos do Mondego,
De teus fermosos olhos nunca enxuto,
Aos montes ensinando e às ervinhas
O nome que no peito escrito tinhas.

«Do teu Príncipe ali te respondiam
As lembranças que na alma lhe moravam,
Que sempre ante seus olhos te traziam,
Quando dos teus fermosos se apartavam;
De noite, em doces sonhos que mentiam,
De dia, em pensamentos que voavam;
E quanto, enfim, cuidava e quanto via
Eram tudo memórias de alegria.

12 outubro 2010

é preciso consenso

- O governo não tem qualquer credibilidade.
- Pois não, mas não seria credível que o PSD não credibilizasse um orçamento sem credibilidade..
- Fónix pá, tu é que és credível pá.

os pais afundadores

Tradução aportuguesada de "Founding Fathers".

11 outubro 2010

mentes brilhantes

Trio do Nobel da Economia de 2010.
Concluíram que subsídios de desemprego generosos estão associados a mais desemprego e períodos de desemprego mais prolongados.


PS: Uma informação que eu já poderia ter dado aqui no PC, sem quaisquer estudos empíricos.

assim não




- Prof., o que é que acontece se o OE for aprovado?
- Estamos tramados. Se o OE for aprovado estamos tramados.
- E se não for aprovado?
- Estamos tramados. Se o OE não for aprovado estamos tramados.
- Ó Prof., então de que vale aprovar o orçamento?
- Eu explico...

fiducia

Para que é que servem os contratos? Servem para dirimir possíveis conflitos entre as partes.
Quando os negócios correm bem, os contratos são supérfluos. As partes contratantes relacionam-se com base na confiança mútua e o velho aperto de mão parece chegar. Quando não há confiança, porém, não são os contratos que a criam.
Um OE é uma espécie de contrato que o governo assina com o País. Funciona também na base da confiança. Os cidadãos acreditam na boa-fé dos governantes e na sua capacidade de cumprir. No caso de não existir essa confiança, pergunto: para que serve um OE?
Não serve para nada!

OE 2011 não resolve nada

O PEC II não serviu para acalmar os mercados e a aprovação do OE para 2011 também não  o fará. A principal razão  para a desconfiança dos investidores reside na reconhecida incapacidade do governo. O descarrilamento das contas públicas deste ano demonstra perfeitamente este facto.
Podemos portanto esperar que, mesmo com o OE 2011 aprovado, os juros continuem a subir e que o governo seja forçado a pedir ajuda externa ainda durante o primeiro trimestre de 2011.
No caso de chumbo, a demissão de Sócrates cria a possibilidade de um governo de transição, liderado por uma figura credível que inicie imediatamente os cortes necessários na despesa e que governe com o apoio do PS e do PSD até à realização de eleições.

o padrinho

Ao secretário-geral da OCDE não chega ser sério, é necessário parecê-lo. Ora não parece nada sério sugerir ao governo português uma campanha de comunicação para divulgar o "PEC III".
Esperemos, pelo menos, que não tenha sussurrado ao ouvido de alguém o nome de uma empresa da sua máxima confiança.

10 outubro 2010

a origem das novas ideias

"ouvisto" no café

Se a trampa das medidas do Sócrates forem para a frente, lá em casa vamos ter um corte de 10%; 5% eu e 5% a minha mulher.

um testemunho impressionante

Quando eu ouço pessoas como o Presidente Obama serem condescendentes com os alegados pobres da América, fico enojado. Eu fui testemunha da degradação do espírito humano, das vidas desperdiçadas e do sofrimento que ocorrem quando o estado se torna "papá".

Lloyd Marcus, no Guardian

uma barraca

O Ministério das Finanças tem a credibilidade de uma barraca de farturas.
Medina Carreira ao DN

there we go again

e se Sócrates não se for embora

Imaginem o balde de água fria no dia 29 de Outubro:

Portugueses, o chumbo do OE para 2011 agravou significativamente a situação financeira do País. Estávamos mal e agora estamos péssimos.
Obviamente o governo não pode governar sem um orçamento e cheguei a pensar em apresentar a minha demissão ao Sr. Presidente da República. Contudo, seria irresponsável da minha parte fazê-lo neste momento. À irresponsabilidade da oposição vamos responder com responsabilidade.
Continuaremos a governar. Vamos reunir com todos os partidos da oposição, recolher propostas e preparar um novo orçamento. É isso que esperam de nós e é isso que vamos fazer.

09 outubro 2010

inaceitável

É o país que vai crescer menos, que terá o pior défice orçamental e externo da zona euro e uma das taxas de desemprego mais elevadas. Até a Grécia estará melhor.

Sócrates não dá credibilidade ao País

O PSD não está num beco sem saída porque as linhas gerais do OE para 20011 permitem desde já afirmar que, se fosse adoptado, este orçamento afundaria o País, sem resolver os problemas de fundo. É por isso que se fala da necessidade de PEC’s adicionais e de problemas gravíssimos para 2012.
Chumbar o orçamento que o PS parece que vai apresentar é portanto uma necessidade que decorre das circunstâncias.
Quem está num beco sem saída é o PS, que, depois de anunciar as medidas desastrosas que anunciou, ficou sem margem para corrigir a mão. Para além de Sócrates já ter esclarecido que se demitia se houvesse chumbo.
Acresce que existe outro problema, Sócrates perdeu toda a credibilidade e, qualquer que fosse o orçamento que apresentasse, o País (e os investidores internacionais) não teria nenhuma garantia do seu cumprimento.
Mal se conheçam os pormenores da derrapagem actual, o PSD deve é elevar a fasquia e negar-se a negociar qualquer orçamento com este primeiro-ministro.