31 dezembro 2009

emoção e razão

A crise financeira (2008-2009), a crise climática (com o seu “grand finale” em Copenhaga) e a crise provocada pela pandemia da gripe A, servem às mil maravilhas para caricaturar a esquerda e a direita do Sec. XXI.
Em todos estes casos desenvolveu-se um drama que envolveu os órgãos de comunicação social, os governos e os partidos políticos, cientistas, grandes empresas e até instâncias internacionais, como a ONU, o IPCC, a OMS e o FMI.
O resultado não foi a reflexão serena e a prudência. O resultado foi a hipérbole dos protagonistas e a histeria colectiva. Pintaram-se cenários apocalípticos e forçaram-se medidas mal pensadas, apenas para servir os interesses dos que gritaram mais alto.
Como é que a esquerda e a direita reagiram a estas crises? Segundo critérios ideológicos? Qual quê!
A esquerda alinhou e alimentou estas diversas farsas, respondeu emotivamente, esqueceu quaisquer princípios, confundiu a opinião dos cientistas com a verdade, apelou ao Estado, remeteu a factura para os contribuintes e confundiu as organizações internacionais com oráculos da Divina Providência.
A direita portou-se melhor, devo dizer. Rejeitou os cenários apocalípticos e apelou à reflexão. Não abandonou princípios básicos e procurou que todos assumissem as suas responsabilidades. Manifestou-se contra o bailout à banca, por exemplo, e contra as medidas ambientais que prejudicassem o desenvolvimento económico. Por fim, as múltiplas vozes da direita procuraram sempre identificar os diferentes interesses em jogo, em vez de recomendarem cheques em branco às partes interessadas.
Neste início do Sec. XXI, a esquerda agremia os partidários do emocionalismo e a direita os partidários da razão.

mortalidade da gripe A

Com vacina:
RU - 300 mortos
Espanha - 200
França - 125
Portugal - 51

Sem vacina:
Polónia - 73

Números do DN

o negócio do ano

A maior negociata do ano foi a "pandemia" do H1N1.

In the short term, at least, H1N1 vaccine sales will give a major lift to sales at the three major European vaccine makers. GSK says analyst predictions for $1.7 billion of H1N1 vaccine sales in the fourth quarter are broadly accurate, and similar numbers are forecast for the first quarter 2010. Novartis says it expects $700 million in fourth-quarter sales alone of its H1N1 pandemic vaccine. And Sanofi-Aventis says it expects H1N1 sales in the fourth quarter to hit $500 million.
Via Spiegel

2010

30 dezembro 2009

Médicos dão parecer jurídico

No documento, o Colégio de Psiquiatria defende que "é generalizado o consenso entre os médicos psiquiatras de que não existe qualquer tratamento para a homossexualidade, pois esta designação não se refere a uma doença mas sim a uma variante do comportamento sexual". Por isso, "considerar a possibilidade de um tratamento da homossexualidade implicaria, nos tempos actuais, a violação de normas constitucionais e de direitos humanos", advoga o parecer.
Via Público

podemos provar que o terrorismo é injustificável

Num artigo muito interessante sobre a natureza do conhecimento, o filósofo Paulo Tunhas, reflecte sobre as diferenças entre o conhecimento científico, o conhecimento político e/ou moral e o conhecimento estético.
Simplificando muito, no primeiro caso (conhecimento científico) pedimos provas; no segundo (conhecimento politico e/ou moral), usamos argumentos que em si mesmos não têm eficácia probatória; e, no terceiro (conhecimento estético), satisfazemo-nos com um sentimento de evidência relativo ao prazer experimentado.
Relativamente a um terrorista, por exemplo, Paulo Tunhas afirma que "também não se pode provar (sublinho: provar) que o que ele pretende é injustificável: da mesma forma que não podemos limitar-nos a evitá-lo como se fosse apenas alguém com maus modos ou um gosto deplorável".
Paulo Tunhas, diga-se em abono da verdade, não deixa margem para dúvidas sobre a sua condenação veemente do terrorismo. O que afirma, de forma clara, é que não é possível provar que o comportamento do terrorista é injustificável, porque qualquer argumentação nos remete para o campo da política e da moral.
Eu discordo absolutamente do conteúdo desta análise, mesmo descontando o "elevado grau de simplificação" que um artigo jornalístico impõe.
Ao contrário do que Paulo Tunhas afirma, o conhecimento científico raramente consegue ser provado. Aceitamos que a velocidade da luz não pode ser ultrapassada apenas até se demonstrar o oposto, isto é, até esta hipótese ser falsificada (Popper). A possibilidade de uma prova definitiva anularia o princípio da falsificação, inerente ao próprio conhecimento científico.
Relativamente à política e à moral, vou concentrar-me apenas no terrorismo. Podemos demonstrar, provar, que o comportamento do terrorista é injustificável, através da dedução.
Como seres racionais, dependemos em absoluto da razão para a nossa sobrevivência. Essa dependência da razão é a fonte de todos os direitos que nos atribuímos e que não reconhecemos às outras espécies.
Um indivíduo que recorra à violência física para condicionar o comportamento dos seus semelhantes, outorga-se um “direito” que, a ser reconhecido, inibiria o direito à vida, à liberdade, à propriedade e à procura da felicidade, de outros seres humanos. Tal comportamento seria irracional e constituiria um Mal absoluto para uma espécie racional.
O comportamento do terrorista é, portanto, injustificável sob o ponto de vista filosófico, político e moral. Afirmo mesmo que podemos estar mais certos de que o comportamento de um terrorista é injustificável do que sobre a impossibilidade de ultrapassar a velocidade da luz.
Este é o meu entendimento sobre o conhecimento humano.

que década

Ela tem uns lábios sensacionais e não há nada como beijar uma mulher.
Christina Aguilera

29 dezembro 2009

o champô da avózinha

On Christmas Day, a Muslim fanatic attempted to butcher hundreds of Christians (dead Jews would've been a bonus). Our response? Have airport security analyze the contents of grandma's mini-bottle of shampoo -- we don't want to "discriminate."
NYP

acontecimento nacional de 2009

O FIM DO CAVAQUISMO. Com a derrota de Manuela Ferreira Leite e a perda de influência do próprio Cavaco Silva na Presidência da República.

arrogância

Num certo sentido, este governo é o resultado de um longo processo social que inclui uma educação rasca, ministrada a gerações sucessivas, por escolas e universidades que se tornaram centros de indoutrinação das visões da esquerda.
Thomas Sowell, sobre os EUA... mas parece que se encaixa como uma luva a Portugal.

28 dezembro 2009

profiling

O método clínico é muito parecido com uma investigação policial. O médico começa por recolher uma história, selecciona alguns sinais ou sintomas relevantes e depois, em função do contexto e do resultado de exames complementares de diagnóstico, que poderão ser necessários, elabora um diagnóstico.
Alguns doenças são específicas de certas raças ou etnias. Outras afectam apenas determinadas regiões do globo. Outras, ainda, predominam nalgumas estações do ano. Se um jovem do Minho vai a uma consulta médica, em Dezembro, com febre e dores de cabeça, talvez não valha a pena pensar que está com malária.
Sem um método, a medicina não seria possível. Sem um método, nenhuma investigação policial seria possível. Sem um método, não será possível reforçar a segurança aérea.
Quem são os perpetradores dos actos de terrorismo? Quais são as suas motivações? Quais são os seus métodos? De onde vêm? O que pretendem conseguir?
Esclarecidas estas perguntas, a segurança deve concentrar-se nos possíveis suspeitos. O português que vai visitar uns familiares a Newark, NJ, não é suspeito de terrorismo. O banqueiro que se desloca todas as semanas entre NY e Londres não é suspeito de terrorismo. O doente que se vai tratar à Mayo Clinic não é suspeito de terrorismo.
Pelo contrário, um cidadão proveniente do médio oriente, que se desloca sem bagagem numa viagem transatlântica, necessita de ser investigado com mais atenção.
Sem este “profiling” não é possível garantir a segurança aérea.
PS: A foto, do Google images, foi utilizada num folheto sobre segurança aérea.
Deus veio ao mundo no seio de uma família, sendo esta instituição o caminho mais seguro para encontrar e conhecer Deus.
Papa Bento XVI

27 dezembro 2009

uma farsa

A segurança aérea é uma farsa completa. Enquanto todos os passageiros forem considerados suspeitos, é mais fácil aos terroristas escaparem à vigilância. A segurança só poderá melhorar quando os passageiros forem filtrados pelos seus perfis e toda a atenção das autoridades se concentrar nos verdadeiros suspeitos: fundamentalistas islâmicos.
Nalguns aeroportos europeus, chega-se ao cúmulo de ter seguranças islâmicos a controlar passageiros locais. Enfim, uma palhaçada.

acontecimento internacional 2009

Vitória do Estado de Direito nas Honduras, contra os desígnios internacionais.

Gold Standard

Via Insurgente

26 dezembro 2009

pecados capitais

Pecados capitais do sistema político português:

1. Não respeita a dignidade dos portugueses, nem os seus direitos fundamentais.
2. Não promove o serviço público desinteressado e os valores morais judaico-cristãos.
3. Não respeita, nem promove, as instituições nucleares da sociedade, especialmente a família tradicional.
4. Restringe a “acção humana” e limita a possibilidade dos portugueses procurarem a felicidade.
5. Não é uma força de luta contra o Mal.
6. Não garante o Estado de Direito, nem restringe o governo ao seu papel subsidiário.
7. Não assegura o direito à propriedade privada.
8. Não garante a liberdade económica.
9. Destrói o processo social de criação de valor.
10. Corrompe a cultura, negando a natureza transcendental da origem e destino do nosso povo.

À luz dos princípios aqui enunciados.

integração de valores

Integração dos valores judaico-cristãos com os princípios da liberdade económica:

1. Dignidade da Pessoa
2. Natureza social da Pessoa
3. Importância da Instituições sociais.
4. Acção humana
5. Pecado
6. Estado de Direito e o papel subsidiário do governo
7. Criação de riqueza
8. Liberdade económica
9. Valor económico
10. Prioridade da cultura

Ler texto completo no Instituto Acton

os limites da democracia

A democracia nunca é uma forma permanente de governo. A democracia só subsiste até a maioria descobrir que pode usufruir do tesouro público. Nessa altura, a populaça passa a eleger os candidatos que prometem mais e as políticas fiscais subsequentes conduzem ao colapso da democracia. Segue-se sempre uma ditadura e depois uma monarquia.
Elmer T. Peterson, 1951

A República Americana vai perdurar até o Congresso descobrir que pode subornar o povo com o próprio dinheiro do povo.
Alexis de Tocqueville

PS: Penso que, em Portugal, poderemos ter atingido o limite da democracia.

25 dezembro 2009

Mercedes-Benz

Os trabalhadores da Mercedes desprezam a clientela da empresa. Odeiam fabricar carros de luxo para ricos.
Penso que é isso que está subjacente a esta notícia. Ao contratar Shumacher para a sua equipa de fórmula 1, a Mercedes está a acrescentar valor à marca e a torná-la mais apetecível para quem está disposto a gastar umas dezenas de milhares de euros num carrinho. Dezenas de milhares de euros que depois são utilizados, entre outras coisas, para pagar os salários da empresa.
Os sindicatos não compreendem o valor da marca Mercedes-Benz e demonstram que nada entendem de gestão ou de marketing. Sem o “glamour” da marca, um Mercedes passaria a valer menos e a administração poderia não teria outro recurso senão deslocalizar a empresa para a Roménia ou para a China.
O luxo dos ricos dá de comer a milhares de pobres. O ódio aos ricos é uma fábrica de pobres.

Postal de Natal

24 dezembro 2009

Bom Natal

A melhor maneira de sobrevivermos ao arrefecimento global.

23 dezembro 2009

a tirania da maioria

É mau ser oprimido por uma minoria mas é pior ser oprimido pela maioria. Há uma reserva latente de poder nas massas a que uma minoria dificilmente consegue resistir. Mas do poder absoluto de uma maioria não há recurso, não há redenção, não há saída senão a traição.
...
A liberdade não é um meio para se atingir um fim político mais elevado, a liberdade é o fim político mais elevado.

Lord Acton

apocalypse now

2010: The year of bankrupt gov'ts.

248.000 em lista de espera

Não sei bem o que pensar desta notícia, sobre as listas de espera. Por um lado, sou a favor da transparência e penso que uma gestão clara das listas de espera para cirurgia é um passo positivo. Por outro lado, é como se estivéssemos a institucionalizar um vício.
Claro que as listas de espera são o resultado de políticas colectivistas. As listas de espera para cirurgia, em Portugal, têm as mesmas origens e fundamentos das listas de espera para comprar automóveis, ou casas, na ex-URSS. Num sistema capitalista não existem listas de espera, porque os recursos são imediatamente canalizados para onde existe mais procura.
Fico contente por existir mais transparência no SNS, mas descontente por nos rendermos ao impensável, que é termos cidadãos em listas para conseguirem tratamento. Isto quando se gastam na saúde mais de 15.000 M€.

history is still over

A democracia liberal e capitalista continua a ser a única proposta política viável.
Via Newsweek, por Fukuyama.

1492

A data que marca, simbolicamente, o início da História Moderna.

prenda de Natal

Um homem é justamente desprezado quando tem uma opinião na história e outra na política, uma no estrangeiro e outra em casa, uma na oposição e outra no governo.
Lord Acton

conta corrente

Política monetária equilibra conta corrente do RU, uma ferramenta que Portugal não pode usar para ultrapassar a crise.
Via Telegraph

as ofensas de uma santanete

Agora só falta reabrir O Espectro...

22 dezembro 2009

outras qualidades

Sinais inequívocos de motivação para ser admitido em medicina, em Aveiro:
1. Militante da JS.
2. Cartão da Quercus.
3. Animador cultural na Câmara de Aveiro.
4. Bombeiro Voluntário.
5. Curso de nadador-salvador.
6. Ter tomado a vacina da Gripe A.
7. Apoiante da ILGA.
8. Militante pró-escolha.
9. Ter completado o 12ª nas novas oportunidades.
10. Ter pelo menos um familiar no RIS.

novas oportunidades

Admissão na futura Faculdade de Medicina de Aveiro vai depender de critérios políticos. Segundo declarações do Secretário de Estado da Saúde, hoje, na edição impressa do Público:

Destaquemos ainda o modelo de curso de Aveiro, semelhante ao do Algarve. Trata-se de cursos inovadores, em que os alunos são licenciados em áreas afins, valorizando-se a formação em ciências da vida, mas incorporando-se no modelo de selecção outras qualidades individuais e aspectos relacionados com a motivação. Dá-se, assim, outra oportunidade a muitos dos excluídos pelos critérios habituais de admissão nas Faculdades de Medicina. E dá-se resposta a uma critica justa de muitos especialistas na matéria.

a primazia da política

Não é verdade que os países têm os políticos que merecem. A sociedade italiana é mais sã do que a classe política e do poder. Há pessoas cultas e informadas e muito equilibradas. É na classe política que encontramos mais facilmente pessoas incultas, mal informadas, ignorantes. Muitas não sabem falar, não sabem escrever, têm um vocabulário paupérrimo. Por favor, acabemos com a primazia da política, a bem do primado da cultura.
Por Francesco Alberoni no i

baixas fraudulentas

Os médicos dos Centros de Saúde são honestos e os privados são desonestos, segundo a Ministra da Saúde. O único problema é que os médicos são os mesmos.
Via Público

não há Pai Natal

Campanha ateísta nos EUA.
FFRF

21 dezembro 2009

computadores racistas

Felicidades


Caros leitores do Portugal Contemporâneo,

Este vosso blogger decidiu retirar-se da blogosfera até ao final do ano.

Por isso, resta-me desejar a todos um Feliz Natal e um Bom Ano Novo!

luta de classes

A luta de classes, em Portugal, é entre a classe dos empregados e a classe dos desempregados. Os socialistas, como seria de esperar, estão do lado dos empregados.
Ver Público

20 dezembro 2009

- 20º C

Não estamos preparados para as temperaturas negativas que aí vêm. Este fim-de-semana, no norte da península, as temperaturas desceram a -20ºC.
Tendo vivido em Nova Iorque durante alguns anos, penso que é útil deixar aqui alguns conselhos aos indígenas.
Devem usar múltiplas camadas de roupa, gorro e cachecol. Uns collans de malha podem ser úteis, para quem considere as ceroulas ultrapassadas e anti-flirt. As luvas, claro está, são essenciais.
Quem estacionar na garagem estrela está sujeito, de manhã, a não ter o carro operacional. Uns cabos de bateria fazem jeito, assim como anticongelante para as fechaduras das portas. Uns cobertores na mala podem salvar-nos a vida.
Por fim, o aquecimento em casa é indispensável neste frio. Em particular, os velhos e as crianças são muito susceptíveis às variações térmicas e necessitam de mais resguardo.
Os órgãos de comunicação social já deveriam estar a dar este tipo de recomendações, mas depois da ignóbil propaganda ao aquecimento global parece que estão com vergonha na cara.

a regionalizaçãozinha

O «argumento» maior dos que atacam a regionalização administrativa e política é que ela não faz sentido num pequeno país como Portugal, onde não existem «regiões naturais», como na Bélgica e noutras paragens que adoptaram o modelo. Por «regiões naturais» deve entender-se, presumo, um conjunto de diferenças culturais, linguísticas, geográficas e outras, que tornem impossível uma só identidade nacional e obriguem ao respeito político dessa diversidade.

Sucede que a regionalização, que pode, de facto, ser utilizada como método de integração nacional, não serve só, nem principalmente, para isto. Ela consiste, essencialmente, num arranjo da soberania, mediante o qual parte importante da decisão política e dos recursos de que ela carece (pagos pelos contribuintes locais) não são inteiramente sugados por um centro político e administrativo único, ficando parcialmente à disposição de instituições e de representantes locais eleitos pelas populações.

Visto do Terreiro do Paço, a matança minhota do porco, as faenas ribatejanas, as coentradas alentejanas, o mirandês e o «murcon» portuense não chegam para tamanha benesse e reconhecimento do poder central. Sem os requisitos necessários para esta espécie de regionalizaçãozinha folclórica e saloia, parece que temos de continuar sentados, à espera que Lisboa se lembre de olhar para a paisagem em torno da capital.

levaram-lhe o circo

Com a migração da Red Bull Air Race para Lisboa, Rui Rio parece finalmente ter percebido que «qualquer coisa que tenha êxito fora da capital do País, de imediato é absorvida para a capital». O discurso «cosmopolita» que reclamou no começo do seu primeiro mandato, em forma de crítica às tradicionais queixas portuenses (e futeboleiras)contra o centralismo lisboeta, deu nisto. Desta vez levaram-lhe o circo, mas, ao longo destes últimos oito anos que já tem como presidente da Câmara do Porto, levaram-lhe muito mais e só agora é que parece que deu conta disso.

competição fiscal

Peter Barron, director of communications for Google in northern Europe, said: “Google makes a big investment in the UK, with over 800 employees, and we make a substantial contribution to local and national taxation. But the fact is that our European headquarters is in Dublin. We comply fully with the tax laws in all the countries in which we operate.”
Via Times

a tirania dos direitos humanos

When you set out general principles about equal treatment for all, regardless of race, religion, sex, age etc, people will tend to agree with them. It is a liberal principle that all are equal before the law, and a Christian principle that all are equal in the sight of God.

But when you frame endless laws according to these universal principles, you run into difficulties. It may be "discriminatory" for a Jewish/Catholic/Muslim school to prefer to employ Jewish/Catholic/Muslim teachers, but isn't it also reasonable? Isn't it fair and natural that a religious school should be free to prefer to admit children from the relevant faith, in order to maintain the ethos which is so important to its success as a school? By what morality are such things wrong?

The human rights culture which now dominates our law believes in its own morality. It sets itself above the varied experience of civilisation, and above the idea of independent nations. It decides that rights can be codified for everyone and can be applied everywhere. It is not a coincidence that our highest court has just changed its name from the House of Lords to the Supreme Court: it considers itself supreme indeed. This "human-rights" morality is much more coercive than it purports to be.

One controversial example is homosexuality. All the main faiths put heterosexual married love above homosexual acts, yet our human rights culture makes it illegal to do this. Catholic agencies are forbidden to handle children for adoption unless they will bestow them on gay couples as readily as married ones.

Via Telegraph

19 dezembro 2009

Let's All Get Drunk Tonight

Copenhaga

endogamia

TS era o mais forte candidato a governador do BP? Custa a crer em tanto descaramento, mas segundo o Expresso assim era...

capitalismo

As características necessárias para ter sucesso num regime capitalista são o espírito de competição, a capacidade de assumir riscos e, acima de tudo, a criação de valor para o cliente. Estas características são essencialmente masculinas. Numa sociedade “feminina” (ver Hostede e PA), como a portuguesa, o capitalismo tem menos possibilidades de sucesso.

risco

Cabo das Tormentas ou Cabo da Boa Esperança?

competição

Nat Hentoff

"I try to avoid hyperbole, but I think Obama is possibly the most dangerous and destructive president we have ever had."Nat Hentoff

18 dezembro 2009

a circulação das elites

Com o regresso previsível de Pedro Santana Lopes à corrida pela liderança do PSD, algo me diz que o, até há pouco, "populista" Pedro Passos Coelho se transformará, a curto prazo, no novo ícone das elites laranja. Por alguma coisa já por lá anda a Dr.ª Paula Teixeira da Cruz a fazer o programa...

nem sequer para contar aos netos


Segundo noticia o Público, os líderes mundiais que ainda resistem em Copenhaga, numa corrida contra o tempo, preparam-se para fazer aquilo que o João Miranda antecipou há dias, ou seja, vão anunciar uma redução mundial das emissões em 50% face aos níveis de 1990...mas só a partir de 2050.

Ora, na minha opinião, a imprensa - certamente a portuguesa - devia boicotar o anúncio destas medidas. Por duas simples razões: tendo em conta que a idade média dos portugueses é de 39 anos de idade e que a nossa esperança média de vida é de 79 anos...quando chegar o ano de 2050, estaremos, em média, mortos - não do clima, mas da própria idade! Portanto, é uma notícia que não aquece nem arrefece. É uma não notícia!

debaixo do mesmo tecto

A união entre um homem e uma mulher (ou várias) é sagrada enquanto a união entre pessoas do mesmo sexo não passa de um modo de vida. Isto é e será sempre assim, independentemente de qualquer legislação que outorgue direitos conjugais a parelhas homossexuais.
A possibilidade de descendência, a possibilidade de perpetuarmos o nosso ADN, permite-nos vislumbrar a imortalidade. Quando o relacionamento dá frutos, o nosso ser transmuta-se para uma nova geração e é este fenómeno biológico, que na minha opinião tem um carácter sagrado, que está ausente noutros tipos de relacionamentos.
É natural que o Estado laico não distinga o hedonismo decadente do congresso carnal abençoado por Deus. Com o casamento gay, a instituição do casamento desce de nível e perde a sua aura transcendental. Para passar a ser o quê? Eu explico:
- A reunião de dois parolos (hetero ou homo) que sentiram necessidade de explicar ao notário que se fornicam debaixo do mesmo tecto. Haja paciência.

assobiar para o lado


A UE é tão responsável pela situação financeira da Grécia como a própria Grécia. Há anos que a Grécia desorçamenta despesa pública com total conhecimento, conivência e incentivo das instâncias europeias. Porque é que agora só se culpam os gregos?

do jacobinismo indígena

O jacobinismo indígena continua a fazer das suas. Como é sabido, o jacobinismo caracteriza-se, como lembrava Tocqueville, por «querer abolir tudo do passado». Ele propõe-se modificar as instituições antigas e tradicionais – desde as formas políticas, até à própria contagem do tempo – pela decisão unilateral de uma reduzida elite esclarecida pelos ditames da razão. Em Portugal, acabou de chamar «casamento» ao vínculo formal e jurídico que duas pessoas de sexo igual passam a poder contrair para ordenarem uma vida em comum. Para descaracterizar mais ainda a instituição primitiva, resolveu, hipocritamente, retirar-lhe a adopção, prolongamento mais do que natural de uma vida familiar fundada no amor e certificada pelos poderes públicos. Num caso e noutro, alguma direita rejubilou. Na primeira solução viu arrojo e humanidade, na segunda ponderação e sensatez. A direita portuguesa sempre gostou que a esquerda lhe tratasse do pescoço.

Thugs in Copenhagen

Chavez, Morales, Mugabe & Ahmadinejad, Inc

Regionalização


A propósito da regionalização em Portugal - na minha opinião, um tema intemporal e sempre bem vindo -, reitero aquilo que escrevi em Março de 2007.

"A região Norte está em recessão há vários anos, o que se traduz também num crescente distanciamento económico face à Europa. O PIB per capita da região Norte é de 59% da média europeia. No extremo oposto, a região de Lisboa (Grande Lisboa e Península de Setúbal), a mais rica de Portugal, possui um PIB per capita de 106% da média europeia. Na Europa dos 15 (antes do alargamento ao leste europeu), só existem duas regiões mais pobres que o Norte: a Dytiki Ellada (55% da média europeia) na Grécia e a Guiana Francesa (54% da média europeia). Apesar de tudo, há uma grande diferença: é que o PIB per capita médio na Grécia e em França é, em ambos os casos, maior que o português. Na Grécia, o PIB per capita representa 85% da média europeia. Em França, 112%. Em Portugal, apenas 75% da média europeia.

A discussão destas assimetrias regionais é relevante. Especialmente, quando se avizinham importantes decisões na definição e distribuição dos novos quadros de apoio comunitário – o chamado QREN (Quadro de Referência Estratégico Nacional –
www.qren.pt). Até 2013, Portugal deverá receber, a fundo perdido, mais de 21 mil milhões de euros. Equivale a dizer, que a União Europeia injectará em Portugal até 2013 mais de 2% do nosso PIB ao ano. É um montante muito elevado que importa não desperdiçar. O QREN será composto por três tipos de programas operacionais divididos da seguinte forma: a) sete regionais (Norte, Centro, Lisboa, Alentejo, Algarve, Açores e Madeira) que representam no total 7 mil milhões de euros distribuídos a nível regional; b) três temáticos (Valorização Patrimonial, Factores de Competitividade e Potencial Humano), no total, 14 mil milhões de euros distribuídos a nível nacional e; c) um de assistência técnica, avaliado em 86 milhões de euros.

O programa operacional Norte consagra quatro áreas económicas emergentes que constituirão o destino prioritário dos subsídios de Bruxelas: a) Maquinaria Eléctrica; b) Serviços de Saúde e Indústria Farmacêutica; c) Biotecnologia e Indústria Agro-Alimentar e; d) Produção Cultural e Entretenimento. Entre os programas operacionais regionais, o do Norte receberá perto de 3 mil milhões de euros em subsídios do FEDER que correspondem a 64% do investimento total previsto para a região. Trata-se da maior parcela entre os subsídios regionais, que vai para a região mais debilitada de todo o país – nada a opor. Contudo, há um problema sério na distribuição dos financiamentos atribuídos aos programas operacionais temáticos – 14 mil milhões de euros (duas vezes o montante reunido para as regiões) e que serão controlados a nível central. Na proposta do QREN, o destino destes 14 mil milhões de euros está definido de forma clara: zonas urbanas do litoral compreendidas entre Setúbal e Viana do Castelo, Empresas de Média e Grande Dimensão, e Administração Pública Central.

Porém, a realidade portuguesa é a seguinte: a) o tecido empresarial é composto essencialmente por pequenas e médias empresas que empregam 75% dos funcionários do sector privado – as grandes empresas estão em minoria; b) a Administração Pública (os célebres 750.000 funcionários) representa apenas 15% da população activa portuguesa. Ou seja, os programas operacionais temáticos – que incluem a OTA, o TGV e a linha ferroviária entre Sines e Elvas – apenas tenderão a beneficiar directamente cerca de 36% da população activa portuguesa (17% da população total do país). Tenho a convicção de que, entre outros factores, o nosso sistema de organização territorial contribui para esta má distribuição e para o afunilamento do país. De resto, não é preciso inventar a roda – basta olhar o que à nossa volta se faz. E o que se vê, é que na Europa dos 15, com excepção da Grécia, nenhum outro país membro partilha o nosso modelo de organização territorial centralizado. E não estão piores que nós. Pelo contrário – estão todos bem melhores.", Ricardo Arroja, jornal "Vida Económica" (Março 2007).

a culpa é do capitalismo

selecção

Os machos exibem-se e as fêmeas seleccionam.

revolução francesa

Sempre escrevi muito sobre política e tenho escrito muito pouco ultimamente. Ao enfado natural da blogosfera, que a todos ataca cedo ou tarde, adicionou-se uma razão muito mais importante. Tenho escrito, como liberal, sobre uma realidade que não é a nossa. E só compreendi plenamente o que é a nossa realidade política desde que, de há uns meses para cá, aprofundei consideravelmente os meus conhecimentos sobre a Revolução Francesa. Nós somos filhos de Danton, Robespierre, Saint-Just, Desmoulins, Couthon, Fouché, Pétion, Brissot, Marat, Hébert e de tantos outros pulhas e patifórios de calibre igual ao destes. Esta é a nossa família, estes são os nossos ascendentes. Não vale a pena procurá-los noutras paragens, nomeadamente em genealogias anglo-saxónicas-austríacas, que não encontraremos ninguém. Julgo que o Pedro Arroja sentiu isto há algum tempo, embora, presumindo que não conheça profundamente a Revolução Francesa, procurou a nossa identidade noutras longínquas paragens. Nos próximos tempos deixarei a política. Vou dedicar-me, com o João Távora, à música. Um destes dias, quando voltar a escrever a respeito, só tratarei da Revolução Francesa. O mesmo é dizer de nós.

a direita que não aprende

A direita portuguesa continua maioritariamente a manifestar-se contra a regionalização. E deixa - espantosamente - uma posição política liberal e conservadora à guarda do socialismo e do governo. O socialismo é planificador e centralista, pelo que nunca será genuinamente defensor de políticas que descentralizem o poder e que retirem ao governo influência e decisão. A direita portuguesa também também as não quer. Diz-se assustada com o aumento do caciquismo, como se isso alguma vez a tivesse incomodado. A direita portuguesa é socialista e não aprende.

surpresas

Paulo Portas surpreenderia positivamente se pusesse o CDS a defender a regionalização. Infelizmente, Paulo Portas não nos surpreenderá.

as palavras que saem da boca

Paulo Rangel não serve para líder do PSD. É excessivamente fleumático e universitário para ser líder do que quer que seja. A sua figura impressionou nas europeias pela novidade e pelo arejamento. O discurso não foi sequer notável e não foi devido a ele que ganhou as eleições. Rangel ganhou as europeias para o PSD e a vitória foi dele e do cansaço com o governo socialista. Mas ninguém votou em Paulo Rangel na presunção de que ele pudesse liderar o PSD e de que viesse a ser chefe de um governo conservador. Por isso, se estas declarações de voluntarismo político, que, de resto, não lhe assentam, significam a sua pretensão à liderança do partido, é bom que ele e o partido caiam na real. O PSD e a direita não precisam de voluntarismos transformadores. Precisam de uma cara convincente e de um carisma que se impunha por si mesmo e não pelas palavras que lhe saem da boca.

primum non nocere

The problem's not the banks

Carvalho e Melo

Tal como acontecia em Londres, havia uma longa tradição de vandalismo violento entre as classes nobres de Lisboa: na sua juventude, Carvalho e Melo, ele próprio, dirigira um dos gangues que rotineiramente atacavam pessoas, tabernas, bordéis ou casas particulares por "desporto".
Em A Ira de Deus

Why Iceland

Um livro excelente sobre a crise e a história da Islândia, uma democracia fundada em 930 DC.

17 dezembro 2009

London cabs

- Hi, can you take 6 people, 5 adults and one child?
- No Sir, that is against the law. You have to take a gipsy cab.
- Thanks.

o ecologismo é um racismo

O ecologismo é um racismo. Quando se fala do AGA (aquecimento global antropogénico) está sempre presente o crescimento populacional. Os actuais 6,7 biliões de seres humanos consomem recursos que são finitos e ameaçam o equilíbrio ecológico do planeta, em particular a fauna e a flora.
Muitos chegam ao ponto de propor medidas drásticas como a limitação da natalidade a um filho por mulher, abortos compulsórios e a castração obrigatória para os incumpridores.
Uma análise detalhada demonstra, porém, que a “explosão populacional” é muito assimétrica. Os árabes, os hispânicos e os africanos, por exemplo, reproduzem-se muito mais do que os caucasianos. O fenómeno da Islamização Europeia demonstra este facto.
Ora, quem é que está preocupado com a finitude dos recursos planetários e com o AGA? Os caucasianos, claro. E quem teria de refrear os seu impulsos reprodutores? Os não caucasianos, seguramente.
Posso portanto concluir, sem grandes dúvidas, que no cerne do movimento ecologista se abriga um forte sentimento racista.

minas gerais

O período do ouro do Brasil, que atingiu o apogeu no reinado de D. João V (1689 a 1750), apresenta muitas características económicas similares às contemporâneas. Os fundos estruturais e o crédito fácil foram uma “mina de ouro” que estourámos no Séc. XX e XXI, como já o tínhamos feito no Séc. XVIII.
Realço as obras faraónicas, o crescimento da administração pública, o subdesenvolvimento industrial, a ausência de empreendedorismo, o défice comercial e até a emigração.
Estas consequências são perfeitamente compreensíveis e permitem algumas extrapolações. Enquanto os fundos não secarem iremos continuando como a cigarra.

A Ira de Deus

É de mais


"Analysts who have probed deeply into Greek accounts have been astonished to discover that parts of the public sector lack double-entry book-keeping, 700 years after it was invented by the Venetians." (Aqui)

Esta é de mais.





state secret

"Greek military accounts seem to be regarded as a state secret".

Os gregos não vão estar sós. Quando alguém deitar a mão às contas públicas portugueses também vai ter muito que contar.



16 dezembro 2009

regiões autónomas

O João Gonçalves sanciona severamente neste post a ideia da regionalização em Portugal. Pondo de lado o argumento da unidade nacional que invoca, academicamente refutável com muitos outros, deixo-lhe apenas uma pergunta: quais foram as zonas do país que mais se desenvolveram nos últimos trinta anos? Provavelmente a Região Autónoma dos Açores e a Região Autónoma da Madeira. E, obviamente, a Região Autónoma de Lisboa, claro está.

proibição de casamentos

O Carlos Loureiro explicou aqui que a notícia que eu aqui comentara é falsa e que resulta da indevida leitura das fontes feita por jornalistas apressados. Ainda bem que assim é e as minhas desculpas aos leitores por ter (modestamente) contribuído para a propagação do boato.

palhaçogate


Os tigres não são domesticáveis (II)


"You can't expect to maintain privacy if you choose to share intimate moments with people who have no interest in privacy themselves (...) You should not have to earn a right to privacy. But there are many ways to make people think you have given it away." Julia Baird, revista Newsweek (14/12/2009).

Portugal e Grécia

"Pelo contrário. Poderá mesmo constituir uma perturbação".


um homem fora do mundo

A confirmar-se, será de extrema gravidade a decisão da Santa Sé invalidar e proibir os casamentos entre católicos e pessoas que o não são. Desde logo porque a decisão colocará fora da Igreja pessoas que lhe pertencem sem que lhes possam ser imputados quaisquer factos que justifiquem tal decisão. Não se percebe porque há-de recusar a Igreja que, perante ela e Deus, se manifeste uma declaração solene de vontade (que é sempre e só individual, por mais que o casamento seja um contrato) por parte de uma pessoa que pretende assumir um compromisso conforme os ditames da teologia católica. Em boa medida, isto já sucede nalgumas paróquias com a absurda rejeição do sacramento do baptismo a filhos de pais que não são católicos. Mas a medida é também inaceitável porque vai contribuir para o laxismo do clero e da própria Igreja, na medida em que, à semelhança do que ocorre com o baptismo, muitos padres respeitarão a medida e outros não. Passaremos a ter, num assunto tão importante como é o casamento, duas Igrejas em vez de uma só. Com esta decisão Bento XVI demonstra não estar no mundo a que a instituição que dirige é suposto pertencer.

Pouco solidários


A edição de hoje do Diário Económico dá conta do seguinte "Bancos estão contra solução das Finanças para salvar o BPP".

Bom, para começar, convém recordar, sucintamente, aquilo que, ao longo do último ano, aqui escrevi acerca do BPP. Primeiro, que a reacção inicial de Teixeira dos Santos estava certa, pois àquele banco nunca esteve associado risco sistémico; o seu conjunto de activos representava apenas 0,5% do PIB português e não houve, antes do seu salvamento, qualquer agitação ou ansiedade por parte de investidores internacionais que se tivesse repercutido sobre os "spreads" da dívida pública portuguesa. Segundo, que os clientes dos alegados produtos de "retorno absoluto" compraram gato por lebre, pois ao conceito clássico de "retorno absoluto" - a tradução de "Absolute Return" que, por sua vez, é o tipo de estratégia executada no estrangeiro pelos Hedge Funds e que são veículos iminentemente especulativos - não está associada nem a garantia de capital nem a garantia de rendimento. Ou seja, foram ludibriados com base em contratos subreptícios. Terceiro, tendo o governo avançado com um aval bancário que serviu essencialmente para salvar meia dúvida de credores privilegiados do BPP, abriu-se um precedente gravíssimo e que conduziu à obrigação moral de o Estado salvar todos os clientes afectados pelo colapso do banco.

Entretanto, após meses de paralisia, o governo, finalmente, começa a concretizar a solução óbvia: o tal Fundo Especial de Investimento, com duração prevista de 5 anos, e que garantirá todas as aplicações até um tecto de 250 mil euros, presume-se, por cada cliente e por cada conta. Este fundo fará uma gestão passiva, ou seja, limitar-se-á a deixar vencer os títulos obrigaccionistas que compõem a sua carteira. Infelizmente, muitos desses títulos não vencerão no espaço de 5 anos, por isso, o valor nominal das aplicações dos clientes não deverá ser recuperado até à maturidade do fundo. Assim, o recurso ao Sistema de Indemnização a Investidores (SII) - que é financiado pelas restantes instituições que operam em Portugal - ou ao Fundo de Garantia de Depósitos (FGD) é inevitável. Ora, é aqui que começa a polémica: os bancos entendem que não devem suportar as despesas com o reforço dotacional do SII e que o FGD destina-se somente à garantia de depósitos bancários puros.

Quanto ao FGD, compreendo e concordo com a posição da banca. De facto, os alegados produtos de "retorno absoluto" foram vendidos aos clientes como depósitos, mas tecnicamente eram aplicações financeiras com risco. Em relação à utilização do SII, não concordo com a banca. Porque, na altura, a banca fez pressão junto do governo no sentido de salvar o BPP, não por causa do risco sistémico sobre a dívida da República Portuguesa mas porque receava - tal como o governo - que os credores entalados naquele banco, nomeadamente a JP Morgan, despejassem os títulos do BCP, da Brisa, da Mota Engil (e outros) no PSI20, ao melhor. A bolsa - então, já deprimida - afundar-se-ia ainda mais. Assim, sob o argumento de se evitar mais um mau dia na bolsa, lá se chegou ao aval do Estado e a banca ficou com o melhor dos dois mundos: criou um consórcio de crédito ao BPP com risco nulo - estava avalizado pelo Estado -, tendo ficado com acesso directo ao próprio negócio do banco. No fundo, aconteceu aquilo que os economistas chamam de "Free Riding". Por isso, é que eu não aceito esta oposição quanto à utilização do SII. Em face do "bailout" realizado, tal como aconteceu nos EUA em 1997 com a falência do célebre LTCM, a banca tem o dever de participar activamente na operação, pois, até aqui, o salvamento do BPP tem constituído para si uma bela "Win Win". Sem custos, com todos os possíveis ganhos e, não esqueçamos, menos um concorrente.

Tende piedade de nós (III)


"Estamos a caminhar, insensivelmente, para uma espécie de 'italianização' do nosso regime, como aliás aconteceu com a nossa I República entre 1924 e 1926", Mário Soares ontem no DN.

15 dezembro 2009

O futuro da política: ideologia


"Who is Nicolas Sarkozy? The answer depends on when you study him. Is he the man elected President in May 2007, who immediately set out to lower income taxes, scrap France's 35 hour workweek, revoke special privileges for public transport workers, and harangue employees to 'work more to earn more'? Or is he the leader who in the past year has slapped down greedy bankers, fumed at the U.S. and British resistance to French plans for strict new regulations of the global finance sector, and preached the gospel of 'moralizing capitalism'? Is he the man, a son of a Hungarian immigrant, who, newly elected, challenged French pretense of color blind égalité by arguing for American style affirmative action? Or is he the leader who, facing critical regional elections next March, has begun openly courting voters of the extreme right National Front with a crackdown on illegal aliens and a divisive national debate on immigration and French identity", revista Time (14/12/2009)

O texto anterior ilustra na perfeição a natureza contraditória que está associada à personalidade do Presidente francês e que, segundo um ex-assessor de Nicolas Sarkozy, também citado no artigo, se caracteriza por "Zero conviction and fidelity - except to himself". Enfim, há muito que tento decifrar este homem. A minha primeira impressão - que, regra geral, é a melhor - foi negativa. Mas, desde então, também já me aconteceu elogiá-lo, nomeadamente numa iniciativa recente que tinha como objectivo abolir um imposto local sobre as empresas (que acabou por não ser aprovada). Contudo, no balanço - já não tenho grandes dúvidas -, o Presidente francês representa o paradigma do político actual: oportunista e sem apego à ideologia de base. Curiosamente, Sarkozy é o "role model" assumido de José Sócrates!

Ora, como já tive oportunidade de aqui escrever, eu sou da opinião que, no estado actual da política - e do descrédito popular que pende sobre os políticos -, a melhor arma eleitoral será o regresso à ideologia e a rejeição do centrismo. Por exemplo, é isso que, nos Estados Unidos, o Partido Republicano está a fazer - embora o seu modelo de "litmus test" seja uma idiotice -, ou seja, está a rodear-se de candidatos a cargos políticos que partilhem uma base ideológica que, por sua vez, represente o quadro de valores do seu eleitorado base. A razão é simples: nesta época de incerteza e cinzentismo político, as pessoas querem líderes, apaixonados e convictos das suas ideias. De resto, estou convencido que foi essa componente ideológica que, nas últimas legislativas portuguesas, mais contribuiu para beneficiar o CDS, prejudicando o PSD.