30 novembro 2008

una de las infinitas maneras



"Ser de la izquierda es, como ser de la derecha, una de las infinitas maneras que el hombre puede elegir para ser un imbécil: ambas, en efecto, son formas de la hemiplejía moral."
(Ortega Y Gasset, La Rebelión de las Masas, Prólogo à 1ª Edição Francesa, 1937)

Saque fiscal


Enquanto se discute a luta interna que todos os dias tem lugar no PSD, a generalidade dos observadores tem desvalorizado o papel desempenhado nas últimas semanas pelo CDS de Paulo Portas. Na minha opinião, Portas tem sido o político mais consistente, em particular nas matérias financeiras e fiscais. Neste domínio, o seu último "soundbyte" refere-se ao saque fiscal que poderá ocorrer em Portugal, em face das contradições presentes no Orçamento de Estado proposto pelo PS para 2009. O termo está bem empregado, a exemplo do que já tinha acontecido antes quando Portas se referiu aos pagamentos por conta como sendo um caso de extorsão fiscal por parte do Estado. Goste-se ou não de Paulo Portas, a verdade é que o deputado está hoje muito bem preparado nos números e particularmente mordaz nas palavras.

Nos próximos anos, a fiscalidade será uma das principais áreas da governação, porque a recessão económica será combatida através de programas macroeconómicos liderados pelo Estado e financiados pela emissão de dívida pública. Esse ónus financeiro recairá sobre os cidadãos na forma de impostos que, no balanço, serão mais elevados. É certo que, nos últimos dias, o Reino Unido baixou o IVA, mas em contrapartida também é verdade que aumentou o escalão máximo de IRS para 45%.

De resto, na sequência das recomendações proferidas esta semana pela Comissão Europeia, segundo as quais os Estados membros poderão realizar reduções temporárias de impostos, generalizou-se a ideia de que se trata de uma nova tendência e que a partir de agora será sempre assim. Errado. Assim que a crise for ultrapassada, os impostos aumentarão de novo. Não só porque teremos então de pagar o custo financeiro dos programas keynesianos que agora, para combater a crise, vamos implementar. Mas sobretudo, porque o actual regime de democracia indirecta nada fará para conter a contínua expansão da despesa pública primária. Na Europa, como os impostos sobre o consumo, entre os quais o IVA, representam hoje mais de 30% da cobrança fiscal, o maior aumento deverá ocorrer nos impostos directos como é o caso do IRS e do IRC. Na minha opinião, uma política fiscal estruturalmente incorrecta, como já aqui defendi antes , mas aquela que, do ponto de vista político, é a mais fácil de executar.

Assim, o regresso ao passado, em particular às elevadas taxas de IRS que marcaram a década de 80, não é um cenário improvável. Recorde-se que, em 1980, no conjunto dos países da OCDE, o escalão máximo de IRS era em média de 68% ("Global Tax Revolution", Chris Edwards e Daniel Mitchell, página 32). Hoje, está em 42%. Ou seja, há muita margem para subir impostos. Por isso, é bom que existam uns tantos políticos, como Paulo Portas, que saibam apontar críticas e, se possível, apontem também alternativas.

liberalismo social








O choque fiscal do Sr. Gordon Brown, para estimular a economia do RU, é o reconhecimento de que todas as sua políticas, enquanto “Chancellor of the Exchequer”, estavam erradas. É também o fim da terceira via.

29 novembro 2008

É difícil ser professora


Escreve o Público de hoje que uma professora do ensino secundário em Gondomar foi agredida por um aluno de 16 anos. Infelizmente, não é nada de novo. É apenas mais um episódio de violência, a juntar a tantos outros que nos últimos anos têm ocorrido nas escolas secundárias por esse país fora.

A notícia relata ao detalhe as circunstâncias que ditaram o cobarde ataque. Contudo, o Público, como todos os outros jornais que noticiam estas coisas, esquece-se de abordar a questão de fundo: quem será responsabilizado pela agressão? O aluno? O seu encarregado de educação? Ou os dois? E como é que será responsabilizado? Através de uma simples multa? Trabalho comunitário? Ou umas semanitas atrás das grades?

Enquanto não existirem respostas concretas para estas e outras questões, as senhoras professoras permanecerão indefesas e sujeitas a mais ataques deste género.

Ps: Será que a GNR identificou este delinquente?

Padeiro


Joaquim, uma pergunta filosófica, os(as) filhos(as) são mais do pai ou mais da mãe?

Resposta: do pai. Porque o pai é o padeiro. E a mãe é o forno!


peyote

A terra é mãe, dá-nos a vida, o alimento e a eterna morada. Cada mulher é um microcosmos do nosso planeta mãe, pronta para ser semeada, pronta para dar vida, pronta para amamentar, mas também pronta para matar. Com o mesmo direito com que dá a vida.
As mulheres são naturalmente insubmissas a qualquer princípio ou Lei, porque se consideram O princípio. Todos têm mãe.
Elas são a Cocanha, de leite e mel, mas também de Dionísio. Promessa de sexo e de deboche. Mas para conquistar a terra da Cocanha é necessário eliminar Zeus.
A razão é esgrimida e torturada até à derrota, para que vença o caos primordial.

PS: Para a Zazie

28 novembro 2008

Baixar impostos

O debate que imposto os governos devem baixar para estimular a economia acaba por ser secundário por três motivos fundamentais:

1. As baixas de impostos só funcionam se forem acompanhadas de uma redução de despesa pública. Baixas de impostos que não sejam acompanhadas por reduções da despesa pública têm efeitos temporários que são compensados por aumentos futuros dos impostos.

2. O mercado tende a adaptar-se à estrutura fiscal existente. Por exemplo, o IVA é visto como um imposto sobre o consumo. Mas é também um imposto sobre a poupança (os consumidores não podem poupar o que tiverem que pagar em IVA), um imposto sobre os lucros das empresas (IVA elevado forçam as empresas a reduzir as margens) e um emposto sobre o trabalho (o IVA sobrecarrega a economia como um todo reduzindo os salários que os empregadores estão dispostos a oferecer).

3. A estrutura fiscal é o resultado da competição entre lóbis e do equilíbrio entre a capacidade cobrança por parte do Estado e da capacidade de fuga ao fisco por parte do contribuinte. Este equilíbrio resiste bem a pequenos ajustes nas taxas. Só pode ser quebrado se forem feitas mudanças políticas estruturais que reduzam o poder político dos lóbis.

Em conclusão, a redução do imposto X ou do imposto Y sem uma efectiva reestruturação do Estado não terá efeitos significativos na economia. Para alem disso, a economia adapta-se à estrutura fiscal pelo que mais importante do que o imposto X ou Y é a carga fiscal total.

política do soalheiro

Qual será o melhor adjectivo para qualificar os ataques pessoais constantes, como forma de activismo político?
Pessoas que sacam a tripar com qualquer notícia dos jornais que depois repetem, com considerações e lugares comuns, até à exaustão, como se tivessem descoberto um herege e se voluntariassem para acender a pira.
Pessoas que se comportam como bobos de uma corte de pé descalço, disposta à galhofa e à bandalheira. –É assim mesmo cabrão! Chega-lhe que são todos iguais, essa escumalha, parece que ouço a populaça.
Pessoas que denigrem a política e a transformam numa peixeirada fedorenta que dá náuseas a qualquer pessoa civilizada. Pretenderão estes mutantes da inteligência e do bom gosto afastar as pessoas decentes da política? Só o conseguiriam com os analfabetos que constituem os seus concorrentes naturais. As elites, por vergonha, ignoram esta desfaçatez pretensiosa e fazem de conta que não vêem nem ouvem.
Pois fazem mal, digo-vos eu. Esta baixa política, esta política do soalheiro, deve ser denunciada como maligna para a sociedade.

27 novembro 2008

Falência quase centenária


A Woolworths, uma cadeia de retalho britânica com 99 anos de história, abriu falência. Na origem dos seus problemas, além das vendas em contracção, esteve a elevada dívida que a empresa assumiu no mercado de crédito: 295 milhões de libras, que antes da implosão dos mercados de acções representava 63% da sua capitalização bolsista, mas que hoje representa mais de 16 vezes o seu valor em bolsa. A prova de que aquilo que os manuais de gestão defendem como adequado em condições normais, rapidamente, se torna desadequado em circunstâncias excepcionais. O tal "cisne preto" de que nos fala Nassim Taleb.

Com a falência da Woolworths, que possuía mais de 800 lojas próprias, serão despedidas 30 mil pessoas no Reino Unido.

Ps: Um leitor chamou-me a atenção, e bem, para o facto de não se tratar de um processo de falência, mas sim de uma insolvência. Correcto, contudo, estou convencido de que, na prática, resultará no mesmo.

Redução de impostos


A Comissão Europeia aprovou um programa de estímulo económico avaliado em 200 mil milhões de euros – cerca de 1,5% do PIB comunitário. Deste modo, a União Europeia permitirá aos seus Estados membros a adopção de políticas de apoio estatal a certos segmentos da economia, mais debilitados pela crise actual, através de subsídios directos, linhas de crédito bonificadas ou redução de impostos.

O ponto mais quente da discussão que antecedeu o anúncio do plano económico da Comissão Europeia, presidida por Durão Barroso, foi a questão do IVA. Alguns membros da Comissão queriam uma tomada de posição firme nesta matéria. Contudo, a decisão final foi deixar ao critério de cada país a determinação do nível de IVA a adoptar em cada caso. Para já, a Alemanha e a França mostram-se renitentes em baixar o IVA. Em Portugal, reina também a indefinição. De acordo com a Direcção Geral do Orçamento, o IVA, um imposto sobre o consumo, representa 38% das receitas fiscais portuguesas. Em contrapartida, o IRS e o IRC, impostos que incidem sobre o rendimento das famílias e o investimento das empresas, representam 25% e 17% da nossa cobrança fiscal, respectivamente.

A decisão de baixar o IVA em Portugal depende do alcance final das medidas do Governo. Se este optar pela reforma do problema estrutural da economia portuguesa, que é o facto de os portugueses, há vários anos, andarem a consumir acima das suas possibilidades – concretizado num défice da balança de transacções correntes com o estrangeiro superior a 10% do PIB –, então, não deverá baixar o IVA. Deverá, em alternativa, baixar o IRS e o IRC – em benefício das famílias, das empresas e do próprio Estado.

Algumas passagens deste artigo foram publicadas na edição de hoje do jornal “24 horas”

as testemunhas do bloco

Ser do Bloco é como pertencer a uma seita religiosa fundamentalista. É aceitar um conjunto de cânones e de valores supremos que devem orientar a vida, em quaisquer circunstâncias, mesmo quando alguns desses cânones desafiam a razão e conduzem ao confronto com a comunidade. Nessa altura, o crente trata o descrente como um herege e mostra-se pronto a sacar da guilhotina.
Repare-se nesta linguagem de Daniel Oliveira, membro confesso da seita:
Porque é do Bloco que sou militante, porque os erros do Bloco são erros meus, porque é com o Bloco que tenho de ser mais exigente, é com o Bloco que estou mais desiludido.
Revela-se aqui um princípio de fé. A seita é o povo eleito e errar, a mais humana das fraquezas, torna-se uma tortura e um elemento de excomunhão. Erramos, agora vamos para o inferno, não há qualquer sentido de utilitarianismo e de perdão.
É por isso que os textos de Daniel Oliveira são uma constante denúncia de hereges. Só na primeira página do seu blogue, refere-se desprimorosamente a:
Dias Loureiro
Manuel Sebastião
Henrique Raposo
Cavaco Silva
Victor Constâncio
Luís Miguel Viana
Maria de Lurdes Rodrigues
Alberto João Jardim
Jorge Coelho
E até pessoas que ele deve conhecer de perto e tratar por tu, como:
Sarah Palin
Hillary Clinton
Pelo menos aqui, no Portugal Contemporâneo, só “desprimoramos” um avatar, que dá pelo nome de Dragão e que aprendeu a papaguear palavrões. Somos muito mais liberais (tolerantes).

uma visão pessoal do liberalismo

1. “Ser liberal não é um erro”, ser liberal é uma necessidade. Enquanto expressão genética única, cada indivíduo necessita de ser livre para expressar no domínio da realidade as sua potencialidades.
2. A liberdade transformada em ismo; o liberalismo não nega a virtude porque assegura o único caminho que conhecemos para o sucesso da espécie, definido como o Bem, que escapa à esfera de acção do próprio, mas de que o próprio depende para a sua felicidade. O sucesso da espécie confere um objectivo transcendental à existência individual.
3. O livre arbítrio não resulta da Salvação ou Condenação. O livre-arbítrio é uma qualidade da nossa espécie, “que foi criada à semelhança de Deus”, para usar esta metáfora.
4. Quando as nossas acções se enquadram no Bem, somos virtuosos. O Mal deve ser reprimido porque é uma ameaça à eternização da espécie.
5. Os desejos humanos são os mesmos de qualquer outro mamífero: crescermos e multiplicarmo-nos. Não são insondáveis. Os filhos eternizam os nossos genes e a relação pais-filhos não é uma relação de fortes-fracos.
6. O materialismo é incompatível com a liberdade. Os seres humanos são transcendentais, porque aspiram à imortalidade (Deus, instinto religioso).
7. O colectivo tem primazia sobre o individual e a virtude só se realiza no Bem comum.
8. O Bem comum emerge da acção agregada de indivíduos livres.
9. A democracia, se for uma tirania da maioria, pode ser iliberal.
10. Os direitos cívicos são as regras do evolucionismo social e cultural. Estão escritos no coração dos homens (Agostinho), porque os herdámos dos nossos antepassados ancestrais (têm uma predisposição genética).

PS: Muito obrigado ao Corcunda e ao Rui por este post. Estas reflexões, pela sua idiossincrasia, são apenas uma visão pessoal.

26 novembro 2008

Lóbi


A imprensa de hoje relata com algum destaque que a campanha presidencial de Cavaco Silva foi em parte financiada com donativos de individualidades ligadas ao BPN, incluindo o próprio Oliveira e Costa.

Pelo que tive oportunidade de ler, nenhum dos donativos em causa excedeu o limite previsto na lei e, ao que tudo indica, todos foram concretizados por cheque ou por transferência bancária.

Por isso, não entendo o porquê de tanto alarido. E não vejo qualquer inconveniente no facto de alguém apoiar um determinado candidato presidencial. Em especial no nosso país, onde é público que a generalidade das personalidades que contribuem com donativos para campanhas políticas o fazem indiscriminadamente em relação a vários partidos ou candidatos.

A nossa verdadeira indignação devia estar concentrada nos lóbis empresariais que, de forma anónima, circulam nos corredores da Assembleia da República sem qualquer restrição. Esses sim, cozinham em privado aquilo que querem que ninguém prove em público.

o erro do liberalismo

Um magnífico texto do Corcunda, a quem agradecemos ter aceitado o convite de o escrever no Portugal Contemporâneo:

1. Liberalismo como Ideologia

Ser liberal não é um erro. A liberalidade é uma virtude clássica, que consiste em estar liberto da prisão da materialidade, da posse e é uma característica essencial da caridade cristã. A liberalidade enquanto virtude corresponde ao reconhecer das necessárias limitações do Homem, principalmente no reconhecimento de que para exista virtude é necessária uma existência do outro e de uma esfera que escapa à esfera de acção do próprio. Não possuir liberalidade significa desejar o controlo sobre tudo (mais do que se necessita). A virtude é quase impossível no homem que nada tem, ou no que tem mais do que tem capacidade para administrar. O erro está, como sempre, no “ismo”. Quando uma virtude se desprende do seu enquadramento geral e das finalidades que a enquadram, cria-se um “cancro” moral e espiritual, absolutizando-se o parcial e parcializando-se o real e absoluto. De uma aceitação das limitações de si, o “ismo” da Liberdade passou a fazer a litania da independência da individualidade, face à comunidade. De maleita semelhante enfermou o Fascismo, uma apologia do heroísmo (da andrea grega ou virtus romana) que subordinou a Justiça de forma a que a acção se tornou mais importante do que as suas finalidades. Desse mal nasceu o Comunismo ao subordinar a Justiça ao desejo de igualdade, que sem a orientação desta primeira, os seus limites e inspirações, se transforma num desejo impossível (o socialismo utópico) ou um despotismo central sem referencial (socialismo e comunismo). Dessa recusa em aceitar o lugar da individualidade numa ordenação superior, como as células cancerígenas que não reconhecem a autoridade da estrutura genética para lhes limitar o crescimento e lhes impor uma função, nasce o Liberalismo. Este, como as outras ideologias, procede do Cristianismo e do anseio de liberdade fundamental que a esta corresponde, mas amputa-a em metade, esquecendo que com o livre-arbítrio vem a Salvação ou a Condenação, o Bem ou o Mal e a consequente necessidade de repressão moral, espiritual ou política.
A moralidade liberal é uma moralidade infantil, que não se preocupa com o “dever”, mas com o “poder”, como uma criança que procedeu mal, mas apenas pretende fugir à punição.


2. Liberalismo como Arbitrariedade

Um reflexo do carácter ideológico do Liberalismo é a forma como a sua argumentabilidade pressupõe um acto de corte da realidade a que é imposto um elemento volitivo, axiomático e imperscrutável. Observamos a história do Liberalismo e deparamos com a constante introdução de elementos arbitrários nas diferentes filosofias, que provém de uma ressaca do elemento de Bem, da finalidade última da acção humana e ordenadora da existência humana, que na filosofia moderna é substituída por um conjunto de axiomas insustentáveis em termos filosófico-morais.
Maquiavel, mestre do Mal, (como lhe chamou Leo Strauss) reduz o Homem à infantilidade. Torna-o senhor do universo, mas escravo dos seus desejos, que dota de insondabilidade. O desejo torna-se guia da acção humana, mas não sem transformar a relação pai-filho numa mera questão de poder, dada a insondabilidade dos desejos conflituantes de uns e outros. Numa concepção de vida em que as finalidades são incomensuráveis, a relação entre pais e filhos não é senão uma relação forte-fraco e o louco é apenas alguém que viu o seu sistema de valores coarctado pelos outros ou pela desadequação deste à submissão dos outros (falta de vertú). Se isto não é uma submissão da realidade à vontade particular, nenhuma infantilidade mais pode ser censurável, nenhum acto de bondade será mais possível.
É claro que esta insondabilidade das finalidades tem fortes ressonâncias protestantes (Maquiavel é uma das mais fundamentais vozes do Renascimento) e a institucionalização deste princípio vem a ser consagrada pelo “livre-exame”, que virá a culminar no destronar do Bem às mãos da falácia materialista e na elaboração das teorias contratualistas da comunidade política.
É aqui que o liberalismo encontra uma divisão essencial. Ou o liberal justifica a sua liberdade nos argumentos do Protestantismo ou ao tomar o argumento secular entra num domínio de arbitrariedade individual. O contratualismo de Locke é um exemplo dessa distinção. Locke escreve sobre a passagem do Estado-de-Natureza à formação da sociedade e sobre a forma como esta terá de ser convertida numa preservação dos direitos originários no segundo “estádio”, o político. Ora isto passa muitas vezes por um argumento neutro, objectivo ou secular, o que é a mais descarada das falsidades. Locke, ao contrário de muitos dos seus sucessores, tinha perfeita consciência de que a Liberdade (autonomia individual em tudo o que não conflitua com a propriedade) que defendia só sobreviveria num sistema em que esta se encontrasse metafisicamente protegida. Inspirado pela sua concepção religiosa elaborou um sistema de propriedade que favorecia a autonomia individualista e materialista (produto humano), a pedra-de-toque da sua visão religiosa protestante e que sabia ser incompatível com a visão Cristã Católica.
O mesmo se pode dizer dos argumentos para a autonomia de Kant, que são um dos expoentes máximos do protestantismo vertido para a filosofia. Crendo na autonomia da sua razão, Kant cria um conjunto de elementos de pensabilidade sobre a Verdade que, apesar de apresentados como elementos sustentáveis independentemente de Deus, não subsistem sem as pias finalidades do protestantismo.
Por outro lado existem os que não aceitando a imperatividade da concepção metafísica-religiosa, julgam poder, através de elementos meramente seculares ou de preferências acidentais, condicionar a existência dos outros a uma submissão às suas próprias preferências. São os que afirmam as auto-evidências e os factos: a primazia do medo da morte violenta, a crença na interacção espontânea dos agentes económicos como forma maximizadora de recursos materiais ou da esfera individual. Estamos assim a enumerar preferências que são tão legítimas como quaisquer outras, uma vez que a Modernidade procedeu à eliminação dos critérios superlativos de distinção entre preferências (veja-se a incapacidade de Mill em afirmar a possibilidade de uma sociedade livre possuir uma hierarquia de bens que não as dos indivíduos) e que o Liberalismo só constrói a partir dessa “wasteland moderna”, que foi construída pela construção da incondicionalidade de Hobbes ou Bodin, em que as concepções de bem são subjectivadas. O falhanço rotundo da Modernidade deu-se por essa razão. Pela destruição de todo o critério, o liberalismo não pode fazer a sua própria defesa.
A arbitrariedade do Liberalismo vê-se nessas duas facetas que descrevi. O apear dos pressupostos trans-subjectivos do Cristianismo, como mera revolta, a Revolta Egofânica de Voegelin, do Eu contra o Transcendente (não se propõe uma visão das Escrituras, mas o seu livre-exame) é a revolta do Homem contra o Mundo que o transcende e ultrapassa. A fundamentação do Liberalismo enquanto mera preferência individual é apenas a aceitação do falhanço desse subjectivismo e o abraçar da política enquanto mera acção de domínio, onde nenhuma posição é melhor que outra. Nada menos que a “guerra de todos contra todos” que Hobbes se havia proposto a evitar.


3. O Problema Liberal – A Dicotomia Liberdade/Autoridade

O terreno sobre o qual o Liberalismo edifica a sua ordem política e moral é, para dizer o mínimo, movediço, porque é construído a partir de uma concepção religiosa que é falsa ou de uma experiência humana, que apesar de interessante em muitos aspectos, é incapaz de ter qualquer carácter vinculativo. Foi esse o problema que Edmund Burke se decidiu a expor, denunciando assim a totalidade do projecto político iluminista. Burke denunciou as várias assumpções modernas como prelúdio do Totalitarismo: um estado neutro, a política como mera construção humana, a capacidade de implementar uma moral que não seja a cristã.
Uma liberdade que não vem senão da vontade dos seus membros e não se encontra inscrita na “ordem-das-coisas”, uma ordem natural, termina nos massacres e no fenómenos socialistas que a sociologia tocquevilliana descreveu com perfeição, simplesmente porque esta forma de liberalismo se apoia numa liberdade que não é, nem poderá nunca ser uma finalidade (se a autonomia individual fosse uma finalidade humana o objectivo do homem contemporâneo seria abolir o Código da Estrada e passar a decidir cada momento passado no trânsito com base numa vontade contratual entre os circulantes...). A Liberdade é, como Burke defendeu nas “Reflexões”, uma magnífica decorrência de uma justa ordem e não um conjunto de direitos dos indivíduos contra a Justiça. Não é, nem pode ser de forma alguma, uma prerrogativa dos homens contra a Autoridade, mas aquilo que o protege da injustiça.
Como descreveram alguns teóricos do comunitarismo, tais premissas autonomistas não são apenas desligadas de qualquer forma de identidade humana, como criam a impossibilidade de qualquer relação de justiça extra-subjectiva. E onde a justiça é uma representação de subjectividade, o titular do poder (o colectivo, os poucos, o monarca) tem o poder de alterar a ordem e de fazer da injustiça, justiça. Só através dos Direitos do Homem, uma carta cheia de direitos para os indivíduos, o Homem ganhou o direito de condenar inocentes, o político ganhou o direito a considerar que alguns dos seus membros não teriam direito a tribunais, o povo acreditou que a verdade seria aquilo que este tomasse por útil. É evidente que achar que a Democracia pode servir para instituir um sistema liberal, significa achar que esta tem legitimidade para o transformar num sistema socialista, comunista ou nazi. Por isso o liberalismo é um ideário tão débil. Defende a primazia do individual e a santidade da vontade humana, mas não encontra nenhuma boa razão para que não se sacrifique a autonomia à igualdade. Ao manter a questão ao nível da preferência individual, o liberalismo lança-se nas mãos do destino. Só num sistema de grande prosperidade ou onde se possa cercear a difusão de propostas sociais igualitárias, a propriedade e liberdade podem ser apresentadas como fundamento social.
Hoje as pretensões do jusnaturalismo liberal nada mais são que reflexos da sua própria insuficiência. A tentativa de fundar limites à vontade individual na própria racionalidade humana, não são mais do que “fait divers”. A Locke pergunta-se «porque não Hobbes?», sem qualquer prejuízo. Pergunta-se «porque razão não pode o Homem livre aceitar ser escravizado se isso lhe melhorar o nível de vida?», sem que seja possível algo superior a uma opinião reflexiva da experiência individual, a que a Modernidade tudo reduziu.


4. Resumindo

O Liberalismo tinha como pretensão a construção de uma ordem político-moral meramente humana e racional, originada da participação individual (democrática) e em que os pressupostos da vida social, cristalizados na expressão arbitrária “Direitos Humanos” (uma corruptela das prioridades políticas do Cristianismo) são defendidos de forma instantânea e benevolente pelos cidadãos. Milenarismo no seu melhor.
O resultado de tudo isto foi uma sociedade em que a racionalidade não tem uso (a maioria é o argumento último da política, ou o a verdade é remetida para o reduto da opinião), em que os valores são meros reflexos do poder dominante, e por isso inquestionáveis (quem já tentou escrever alguma coisa contra os Direitos Humanos sabe do que falo...) e em que a única concórdia se faz pela submissão cega ao Poder, que comporta a repressão de todos os outros.
É evidente que a neutralidade liberal, que tinha como objectivo encontrar o ponto objectivo que permitiria estabelecer uma nova justiça, não passa de mais uma proposta tão subjectiva como qualquer outra que tenha mera origem humana. Esta liberdade autonómica permanece repleta de significados metafísicos, sem os quais uma escolha entre liberdade, segurança, igualdade ou justiça é impossível.
Um falhanço monumental.

O Corcunda

FED: o maior banco comercial do mundo


A Reserva Federal (FED) norte-americana continua a dar passos extraordinários, muito deles inéditos, na sua tentativa de reiniciar o mercado de crédito. Primeiro, criou um programa com vista à aquisição de papel comercial, para financiar directamente a actividade corrente das maiores empresas norte-americanas. Já esta semana, surgiram notícias de que se prepara para remunerar os bancos devedores que, no mercado interbancário, entreguem Obrigações de Tesouro como colateral de novos empréstimos. E, ontem, anunciou uma nova linha de crédito, avaliada em 800 mil milhões de dólares, cujo objectivo é adquirir os activos hipotecários e a dívida das falidas Fannie Mae e Freddie Mac (600 mil milhões) e, mais surpreendentemente, financiar o crédito ao consumo (200 mil milhões). Na prática, todas estas medidas do FED têm dois objectivos: inundar o mercado de dólares, forçando os agentes financeiros à tentação de os gastarem, e segurar os preços do imobiliário.

Esta táctica monetária agora utilizada pelo FED, conhecida pelo termo "Quantitative Easing", é equivalente à redução da taxa de juro, com uma grande diferença: é aquela que se utiliza quando a taxa de juro já não pode descer muito mais. Recorde-se que a taxa de juro nos Estados Unidos está neste momento em 1%. No passado recente, este tipo de política monetária foi também utilizada no Japão, tendo sido eficaz para conter as perdas nos mercados, mas relativamente ineficaz na resolução dos problemas estruturais da economia. Pelo menos, essa é a opinião do actual governador do Banco do Japão, Masaaki Shirakawa, que à Bloomberg afirmou o seguinte: "the policy was very effective in stabilizing financial markets, while at the same time it had limited impact in resolving Japan's economic stagnation of the time because banks wouldn't lend and companies wouldn't borrow".

De resto, esta situação está agora a decorrer nos Estados Unidos. Nas últimas semanas, o FED expandiu o seu balanço em 1,3 triliões de dólares, com vista a canalizar fundos para o sistema interbancário, de modo a resolver os problemas de liquidez junto dos bancos comerciais e estimular a nova concessão de crédito. Contudo, os bancos estão a reter esse dinheiro. Não no sentido de se apropriarem desses montantes para resolverem eventuais problemas de solvência. Mas sim no sentido de que estão receosos dos acrescidos riscos de incumprimento associados ao novo crédito concedido. Essa prudência é observada nos depósitos que os bancos comerciais detêm junto do FED e que neste momento totalizam mais de 600 mil milhões de dólares. Dinheiro que o FED disponibilizou para novos empréstimos, mas que os bancos têm medo de utilizar. Vai daí o FED decidiu substituir-se aos bancos e tornou-se, ele próprio, um banco comercial. O maior do mundo.

Duas formas de financiar uma empresa

Duas formas de financiar uma empresa:

1. Empresa X vai pedir um empréstimo. Empréstimo é recusado porque não tem viabilidade ou porque os fundos escassos de que o emprestador dispõe poderão ser melhor aplicados noutras empresas. Empresa Y vai pedir um empréstimo e o empréstimo é concedido porque esta é a empresa que na opinião do banco melhores condições tem para pagar o empréstimo no futuro.

2. Governo pede um empréstimo. O empréstimo é concedido porque o poder coercivo do Estado garante o pagamento via impostos futuros. O Governo empacota tudo num "Estímulo Fiscal". Parte do dinheiro é perdido em burocracias. A parte que sobra é distribuida às cegas. Parte vai parar à empresa X e parte vai parar à empresa Y. O dinheiro que vai parar à empresa X é um desperdício (a empresa X é considerada pelo mercado como um mau investimento de fundos). A empresa Y terá que pagar, quer a sua parte do estímulo, quer a parte do estímulo que foi parar a empresas que não o poderão nunca pagar (como a empresa X).

Porque é que o método 2 haveria de ser melhor?

Estímulos

Um pouco por todo o mundo, os governos dedicam-se agora a lançar novos e variádos estímulos económicos. Estes estímulos económicos dividem-se em dois tipos: aqueles em que o Governo injecta dinheiro na economia e aqueles em que o governo baixa os impostos. No primeiro caso, o défice vai aumentar. No segundo caso, a redução de impostos nunca é acompanhada de uma redução da despesa pública, pelo que o efeito é o mesmo. Com menos impostos este ano e no próximo, o défice vai aumentar. Os agentes económicos devem preparar-se para pagar mais impostos no futuro. O melhor que têm a fazer é poupar o equivalente à sua quota parte do estímulo económico.

Para as empresas, um estímulo económico é equivalente a um empréstimo forçado. As empresas, estejam elas em boa ou má situação, são forçadas a contrair um empréstimo no valor da sua quota parte do estímulo. Este empréstimo terá que ser pago no futuro sob a forma de impostos mais elevados. Claro que as empresas que têm uma boa situação financeira não precisam do empréstimo forçado porque conseguem o crédito de que necessitam no mercado. O empréstimo forçado concedido pelo estado só favorece aquelas empresas a que o mercado não dá crédito. Mas essas são precisamente as empresas que não deviam receber qualquer empréstimo porque não estão em condições de o rentabilizar. Por este motivo, os estímulos económicos serão um colossal desperdício de recursos.

liberalismo social

Nos EUA, o termo liberal foi cooptado pela esquerda para designar um conjunto de políticas sociais redistributivas que normalmente se associam mais à social-democracia e que caiem no capítulo do chamado “liberalismo social”.
O liberalismo social tem as suas raízes (recentes) no início do Sec. XX, com o pensamento de Keynes e de Beveridge, e traduziu-se, na pratica, pelo aparecimento do Estado-providência, no RU.
A grande diferença entre o liberalismo social e a social-democracia é o papel, diferente, que atribuem ao mercado e ao capitalismo. Enquanto o liberalismo social reconhece o capitalismo como o motor, por excelência, da criação de riqueza, a social-democracia (com a sua origem no socialismo) desconfia dos mercados e é mais estatista. A terceira-via é uma interpretação moderna do liberalismo social.
Em relação ao liberalismo clássico, porém, o liberalismo social está nos antípodas. O liberalismo clássico assenta nos direitos cívicos e no chamado laissez-faire (Nozick, Mises, Hayek), enquanto o liberalismo social assenta em “direitos económicos” e no intervencionismo do estado.
É muito interessante, quanto a mim, que se comece a falar de liberalismo social na Europa continental. Em primeiro lugar é o reconhecimento da falência do modelo social-democrata, em segundo lugar é um suporte ideológico muito necessário para a esquerda, que estava desorientada, desde a simbólica queda do muro.
Por fim, reconheçamos, é também um fenómeno de americanização da vida política europeia, cada vez mais polarizada entre o liberalismo social e o conservadorismo. Ou seja, entre democratas e republicanos.

25 novembro 2008

Incentivos e números


"À medida que o preço das casas cai, há cada vez mais americanos que devem mais dinheiro na hipoteca do que aquilo que as suas casas valem. Em tais circunstâncias, muitos americanos chegaram à conclusão de que faz sentido devolver as chaves ao banco do que continuar a pagar o empréstimo (...) A razão por que podemos ter quase a certeza de que os preços irão continuar a descer é porque os preços nunca deveriam ter subido os patamares que atingiram. Em todo o país os preços subiram do nível normal - duas vezes e meia o rendimento familiar - para um valor agressivo - quatro a cinco vezes o rendimento familiar", Obamanomics, John Talbott (página 92)

Enquanto lia esta passagem, questionei-me sobre se os portugueses têm a noção destes incentivos (pagamento da hipoteca vs penhora) e destes números (rendimento familiar vs valor do imóvel adquirido). Penso que não.

Primeiro, os portugueses permanecem preconceituados contra o aluguer e o pagamento da renda, em benefício do empréstimo e da prestação bancária. Contudo, se pensarmos bem, a partir do momento em que o valor do imóvel baixa do preço a partir do qual se estipulou o valor do empréstimo tomado pelo seu comprador, o pagamento da prestação bancária passa a representar um ónus financeiro, um custo de oportunidade, em relação à renda, mais baixa, que entretanto se pagará pelo arrendamento de um imóvel de categoria semelhante.

Segundo, a bancarização do mercado imobiliário português constitui um entrave à boa avaliação do preço dos imóveis. É verdade que se deixaram de vender apartamentos e moradias, mas aqueles que os desejam comprar ainda se deparam com preços terrivelmente inflacionados. Por outro lado, a iliteracia financeira existente em Portugal, adicionada ao "curto prazismo" em que habitualmente vivemos, faz com que os portugueses se endividem para além do razoável, muitas vezes adjudicando todo o salário de um dos conjûges ao pagamento dos mais variados empréstimos.

Ps: O que é que acontece em Portugal ao devedor hipotecário que deliberadamente se deixe penhorar? Em teoria, o devedor deixa de pagar o empréstimo e, em troca, entrega a casa que servia de garantia. Um negócio justo. Mas, na prática, quais são as consequências deste acto no seu historial bancário? Será que, no futuro, se quiser endividar-se, o poderá fazer novamente? Ou será que passará a fazer parte de uma qualquer lista negra partilhada entre os bancos?

clowns II




Alguns comentadores pensam que a formação do governo, nos EUA, é um processo idêntico à eleição paroquial de uma comissão de festas. Os membros do Governo, nos EUA, são nomeados depois de ouvido o Senado e sob aprovação deste.
Obama não pode nomear um testa de ferro, ou um palhaço, para Secretário de Estado.

migrate to the brain


-Ai valha-me Deus ... uma rapariga tão nova ... a espoldrinhar-se à frente de toda a gente por causa de um fala-barato daqueles ... que pouca vergonha ... as estrangeiras ainda são piores que as portuguesas!...- Mrs. Ermelinda exclaimed, as she could not believe what her eyes had just seen.
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-I love Dragau au au ... I want to marry him ... I can already see my married name in my next job application ... Linda au au ... - Linda said, her eyes still closed, her arms around her body.
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Mrs. Ermelina had stayed at Joaquim's for the rest of the afternoon after realizing that nobody had been hurt by the discussion about method. She was a typical Portuguese lower middle-class woman. At 67, she was smart and experienced.
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-Linda, you should not get involved with a man like Dragão... he won't make you happy ... he is a man of great talk and little deeds ... a woman like you needs a man who can act upon her, not simply throwing words at her ... - Joaquim tried gently to persuade Linda.
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-Parece impossível ... uma menina tão perfeita ... ainda por cima com uns pernões desses, a apaixonar-se por um palavroso daqueles ... - Mrs. Ermelinda said (Linda is the first from right here)
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-Pernões means good legs... Pernões ... ões, ... ões... - Joaquim explained antecipating Linda's phonetical difficulties with Portuguese ditongs.
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-Oh, thank's, it's so funny, pernois ois ois ... - Linda said, laughing.
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-E se a menina espera ter filhos daquele desbocado, bem vai esperar sentada ... só se emprenhar pelos ouvidos com o palavreado dele ... - Mrs. Ermelinda was now on the offensive.
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-You know Linda, men like Dragão who talk and talk and talk, who love words and words and words, suffer from a medical condition known as SBCS, or Spermatozoid Brain Congestion Syndrom - Joaquim was now definitely talking like a doctor.
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-Oh, I didn´t know that ... is that serious? - Linda asked, some panic now in her voice.
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-Very serious, indeed. In men suffering from SBCS, spermatozoids, instead of being stored in the scrotum, migrate to the brain through the blood system, crowding out the brain - Joaquim said.
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He added a full medical explanation:
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-Then, through a complex chemical reaction that takes place in the brain, spermatozoids are converted into salivated words. That's why men suffering from SBCS are hyperactive at words. They ejaculate words through the mouth instead of ejaculating sperm through the penis.
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Linda was now expressionless looking at Joaquim. Mrs. Ermelinda used the opportunity to go on the offensive at full-throtle:
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-Olhe, menina, eu cá não sou médica como o senhor doutor Joaquim, mas tenho muita experiência da vida ... ai se tenho ... o meu primeiro marido era um fala-barato que passava o tempo a dizer palavras que eu cá nem entendia ... mas depois eu nunca via o padeiro ...
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Then, with a smile, she added:
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-Bem ... nunca via o padeiro ... é uma maneira de dizer ... porque eu deixei-o e fugi com o padeiro ... esse é que era um homem ... estava sempre calado, só falava de pão ... mas era uma riquezinha na cama ... Estive casada trinta e quatro anos com ele e posso jurar-lhe, pela minha rica saudinha, que via o padeiro todos os dias ...
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Nobody could stop Mrs. Ermelinda now:
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- ... sem desfazer no meu actual marido, o Chico ... também é um homem muito calado, muito metido com ele ... nunca me faltou com nada, graças a Deus ... - she said, laughing.
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Lacking the medical expertise of Joaquim, and the experience of Mrs. Ermelinda with men, PA had remained silent for more than one hour, watching the conversation. This detail did not escape Mrs. Ermelinda.
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Pointing at him, she said to Linda:
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-A menina já viu como aqui o senhor doutor economista tem estado tão caladinho ... ?
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Then, a malicious smile in her eyes, she added:
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-Ponha os olhos nele ... este sim ... este é que deve ser dos bons ... Agora esse Lacrau ou lá como é que a menina lhe chama... esse, eu não o queria ... nem dado! ... Valha-me Nossa Senhora ...
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(Extract from the Report, op. cit., pp. 27-38, 157-196, 278-306)

A propósito do 25 de Novembro


"Os militares andam a ser tratados com muito desprezo, como se não prestassem. Isto gera mal-estar. Estão a mexer num vespeiro.", entrevista de Pires Veloso ao DN (edição de hoje)

Governo promove risco sistémico

O Governo parece disposto a deixar cair o BPP por considerar que o banco não tem risco sistémico. A mensagem aos banqueiros e depositantes é clara. Aos banqueiros, o Governo está a dizer que a criação de risco sistémico é uma boa forma de assegurar a sobrevivência de um banco. Aos depositantes, o Governo está a dizer que os bancos com risco sistémico são mais seguros. O Governo, em vez de premiar o BPP por este não constituir risco para o sistema, vai puni-lo. Acaba por criar um conjunto de incentivos que promove a criação de risco sistémico.

As notícias sobre a minha morte são muito exageradas


Nas últimas semanas, surgiram notícias relativas a alguns investimentos do famoso Warren Buffett, em instrumentos derivados que especulam na direcção do mercado accionista (não confundir com derivados de crédito). De acordo com a Bloomberg, o risco de Buffett, caso os mercados de acções permaneçam em queda, é poder vir a ter de pagar 35 mil milhões de dólares a outros investidores, que servem de contraparte na transacção dos instrumentos derivados. Como este valor excede a liquidez que Buffett possui actualmente em carteira, tem-se especulado acerca da possibilidade, aliás, da probabilidade de Bufffet declarar falência. Enfim, confesso que me parece um cenário manifestamente exagerado.

Warren Buffett realizou um investimento equivalente à venda de uma opção de venda, ou seja, vendeu uma "Put Option". Uma opção de venda representa o direito de vender um determinado activo a um certo preço no futuro, mas que fica definido no presente. Quem compra a opção de venda, através do pagamento de um prémio, fica com esse direito. E quem a vende, recebendo o prémio, fica com a obrigação de comprar o activo ao preço estipulado no contrato. O objectivo das opções de venda é garantir a protecção do comprador em caso de evolução desfavorável do activo subjacente. Quanto ao vendedor, recebe um prémio por um activo que julga sobrevalorizado, em antecipação de uma eventual correcção da respectiva cotação, até ao preço de exercício.

Por exemplo, nas acções do Citigroup, que registaram uma grande desvalorização nos últimos meses e que estão agora a 6 dólares por acção, existirão investidores que tendo comprado acima deste preço não estarão a perder dinheiro. Porque, entretanto, compraram também opções de venda com preço de exercício superior ao seu preço de compra e à cotação actual. Ao invés, quem vendeu essas opções de venda, tendo sido obrigado a comprar ao preço de exercício, é que está a perder a diferença, contudo, acredita agora na recuperação da cotação das acções do Citigroup.

No caso de Buffett, este terá vendido opções de venda sobre os principais índices accionistas mundiais, em particular o S&P500 (norte-americano), suponho que com um preço de exercício na casa dos 1100 pontos (está agora a 850), e também o Dax (alemão). Na altura em que a transacção se realizou estes índices estavam acima do preço de exercício. Ou seja, o investimento realizado então por Buffett indicava que este investidor estava à espera de uma correcção nos mercados, mas que ao preço de exercício ficaria muito contente em ser obrigado a comprar as acções componentes desses índices. Assim, enquanto esperava pela correcção, recebeu um prémio superior a 6 mil milhões de dólares, que poderá ter utilizado para realizar outros investimentos.

Entretanto, o preço de exercício foi ultrapassado na baixa, apesar das opções só serem executadas em 2019. Até lá, Buffett está sentado em cima de perdas potenciais, que só serão encaixadas, a partir de 2019, se nessa data o mercado permanecer abaixo do seu "strike price" (preço de exercício). Mas, mesmo então, continuarão apenas a ser perdas potenciais enquanto Buffett não vender as acções que entretanto terá sido obrigado a comprar. Quanto ao valor máximo de perda, os tais 35 mil milhões de dólares, seria necessário que quer o S&P500 quer o DAX baixassem para zero. Ou seja, era preciso que o mundo acabasse!

Ao preço actual do S&P500, assumindo um Strike de 1100 e uma posição semelhante no DAX, na pior das hipóteses, Buffett estará a braços com uma perda potencial de 8 mil milhões de dólares. Contudo, convém não esquecer que recebeu à cabeça um prémio de 6 mil milhões. Em suma, a situação de Buffett não é famosa. Talvez ajude até a explicar o artigo que escreveu há semanas atrás no NYT, no qual dava a conhecer ao mundo que estava optimista em relação ao mercado de acções, uma iniciativa invulgar em Buffett. Mas daí até à sua falência vai uma grande distância.

clowns






Alguns conceitos desenvolvidos no Congresso Karl Marx:

CAPITALISMO COGNITIVO, ALTERIDADE, FINANCEIRIZAÇÃO, BIOPOLÍTICA, GOVERNAMENTALIDADE, FETICHISMO, REIFICAÇÃO, ALIENAÇÃO e CONSELHISMO.

Os intelectuais são como os eucaliptos, secam tudo à sua volta.

PS: Só faltou o espoldrinhamento.

ensaio sobre a escravidão voluntária

Pobres miseráveis, povos insensatos, cheios de opiniões sobre o vosso mal e cegos ao vosso bem. Deixais levar, debaixo do vosso olhar, o melhor do vosso rendimento, deixais pilhar os campos e roubar das casas o melhor do recheio.
Viveis de tal modo que já nada é vosso. Parece que já consideraríeis uma grande felicidade que vos deixassem metade dos vossos bens, das vossas famílias, das vossas vidas.
E todas estas desgraças, infelicidades e ruína, não vêm de inimigos, mas do inimigo que vós próprios transformastes no que é, por quem vós estais dispostos a ir à guerra e pela grandeza de quem estaríeis dispostos a dar a vida. Esse mestre, contudo, só tem dois olhos, duas mãos, um corpo e nada mais do que o último dos habitantes das nossas cidades. O que ele tem a mais são os meios que vós próprios lhe dais para vos destruir. De onde obtém ele todos os olhos que vos espiam, senão de vós próprios? E as mãos que vos maltratam, não são as vossas?
...
Vós semeais os campos para que ele os devaste, recheais as vossas casas para que ele as pilhe, criais as vossas filhas para que ele satisfaça a sua luxúria, criais os vossos filhos para que ele os faça soldados, no melhor dos casos, para que os leve à guerra, ao talho, para que os torne agentes das suas manigâncias e executores das suas vinganças.
...
Sentenciem nunca mais servir e sereis livres. Não vos peço que o empurrem e achincalhem, apenas que não o apoiem e vereis um grande colosso com pés de barro cair sobre o próprio peso e partir-se.

Étienne de La Boétie, Se. XVI
Discours de la Servitude Volontaire

24 novembro 2008

Female Emotional Espoldrinhamentos


...

As Sarah read the list of Dragão's extraordinary words drawn from his now famous post,

-persignar ... espoldrinhamentos ... hirsutante ... condomizar ... despautério ...,

Linda slowly closed her eyes and murmured:

-Oh God ... his words make me feel so good ... hirsutante ... condomizar ...

Sarah seemed unaware of her friend's feelings. She went on:

- ... tradicinha ... númeno ... coisa-em-si ... kantofobia ... pentelho ... piolho-púbico ... ablução ...

Linda's face was now turning red, a mysterious smile in hers lips, her eyes firmly closed, her arms embracing her own body:

-Oh my God ... oh my god ... what a feeling ... tradicinha ... númeno ...coisa-em-si ... come to me, Dragau au au ... I love you, Dragau au au ... - she said, now in a voice that everybody could hear.

Sarah, though, seemed undisturbed:

-... cristofação ... conas ... espumejam ... esmoril ... blogovida ... idealhame ... ixionicamente ...

It was at this moment that Linda exploded:

-Oh ixionicamente ... ixionicamente! ... Oh Dragau au au ... I love you ... I need you ... come to me ... do it to me ixionicamente! ... please, Dragau au au ... ixionicamente! ... for God's sake, Dragau au au ...

As Linda released her orgasmic tensions, people around the table looked embarassed at each other.

Little Belinha, still sitting on her father's lap, was the first to talk:

-Daddy ... what's wrong with Linda... daddy, is she dreaming aloud?

-No ... Belinha ... let me see ... well ... in a sense, yes ... let me put it this way ... how could I explain it to you?... You know ... you are still too young to understand ...

Belinha was now looking at her father her eyes wide open:

-Belinha ... well ... Linda has just suffered an attack ... from a syndrom ... that doctors call ... that doctors call ... oh yes, I got it ... that doctors call ... Female Emotional Espoldrinhamentos - Joaquim said in his medical jargon.
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(Extract from the Report, op. cit., pp. 124, 137-49 , 312-14)

porque sou de direita

Qualquer teoria política que se pretenda consequente, ou melhor, que tenha por finalidade conseguir resultados na ordem social, deve partir de pressupostos objectivos e da realidade envolvente. Com o liberalismo, até mesmo com o liberalismo português, as coisas devem ser também assim.

O primeiro esforço a fazer será, portanto, o de tentar compreender porque são as coisas diferentes daquilo que estimaríamos que elas fossem. Certamente que se nos posicionamos política e ideologicamente face ao que se passa num determinado país e numa certa sociedade, é porque estamos em desacordo com o que vemos e aspiraríamos a algo que, no nosso entendimento, poderia ser melhor.

Portugal é um país, desde há muito, com uma clivagem nítida entre esquerda e direita. A esquerda é essencialmente igualitarista, promove o Estado Social, pretende reformas nos costumes, às quais dá o nome singelo de “causas fracturantes”, e é profundamente avessa ao mercado e ao capitalismo, a quem continua a imputar os males do mundo. Por sua vez, a direita, também ela, é defensora do Estado Social, desconfia do mercado, defende a função interventora do estado para corrigir as "deficiências" da liberdade individual, e é conservadora nos costumes e tradicionalmente católica na religião. Em comum, a esquerda e a direita portuguesas são profundamente estatistas.

As razões desta veneração pelo estado, a partir do qual a esquerda e a direita, em Portugal, querem operar todas as transformações políticas, são de vária ordem. Desde o facto do peso do estado ser, em Portugal, desde sempre, muito grande (é bom lembrar que fomos o primeiro estado unitário da Europa), ao facto de sermos uma sociedade débil e economicamente subdesenvolvida e pobre que vê no estado uma garantia para a sua sobrevivência, até à nossa ancestral dependência da cultura política francesa, quase tudo tem vindo secularmente a contribuir para que a direita desconfie do mercado e do laissez-faire, e prefira encostar-se ao estatismo.

Posto isto, porque razão nunca conseguiu o liberalismo penetrar neste caldo de cultura, nem à esquerda, nem à direita, e desfazer o mito do estado e do interesse público? Por uma razão simples: ele apresentou-se, quase sempre, como uma ideologia radicalmente transformadora da nossa sociedade, o que não agradou à direita, que não aprecia (e bem) as rupturas revolucionárias, menos ainda à esquerda, que não está disposta a perder o monopólio da revolução para uma “coisa” com a qual está longe de se identificar. Ou seja, embora lhes possa interessar circunstancialmente, o liberalismo não agrada (e não entra) na esquerda e na direita nacionais. Por culpa inteiramente sua, diga-se.

Desse modo, os liberais portugueses devem, se querem ser influentes, saber situar-se política e ideologicamente, e não assustar quem está eventualmente disposto a escutá-los. Nessa medida, ainda que a designação tenha perdido (e, se calhar, ainda bem) parte substancial do seu significado nos últimos anos, a direita é o lugar apropriodo para o liberalismo. É certo que esta é, cada vez mais, um simples lugar geométrico (provavelmente, foi-o sempre). Mas trata-se, pelo menos, de um ponto de partida. O que poderá ser o ponto de chegada dependerá certamente mais dos liberais do que da direita que temos. Mas não será certamente com voluntarismos e construtivismos ideológicos, menos ainda com “rupturas” existenciais, que a iremos convencer das nossas excelsas qualidades.

Mrs. Conceição


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Belinha, Joaquim's six year-old, youngest daughter, was sitting on her father's lap trying to make sense of all the fuss around her. On the table, there were now seven dictionaries and three encyclopedias of the Portuguese language...
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Sarah had completed the list of Dragão's extraordinary words more than three hours ago. But a tremendous discussion broke out concerning method. Joaquim and PA argued that an alphabetical order should be followed. The girls insisted that the words should be analyzed in the order they appeared in the text...
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For more than fifteen minutes now, Belinha had been reckless on her father's knees trying to get his attention...
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The turmoil had by now reached Joaquim's neighbourhood. Mrs. Ermelinda walked from her house across the street and knocked at Joaquim's to check if everybody was OK. Linda grabbed this opportunity to put forward a solution to end the impasse:

-Why don't we start with this funny word ... peenteelo ...?, she said in her heavy American accent pointing at pentelho.

Joaquim immediately lowered his eyes. This was the opportunity Belinha was looking for to get her father's attention. Pointing her little finger at Dragão's post, which was now lying on the table, she said:

-Daddy ... daddy ..., isn't this what my teacher, Mrs. Conceição, calls a pastelada ... isn't it daddy...?

(Extract from the Report, op. cit., pp. 15-17, 104, 245)

quem diria?

Marcelo admite candidatura à liderança do PSD.

Dragau au au


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The girls were excited reading Dragão's letter from the only available copy ...

Linda Lawrence, the 28 year-old American girl (first from right) seemed to be the most excited of all. A graduate in Latin Literature from John Hopkins University, she understood some Portuguese, although she was not proficient at it ...

Sarah, Joaquim's eldest daughter, was the first to get down to business. She said:

-This is such a marvellous text, with so many beautiful, exquisite, extraordinary words that I suggest we make first a list of them all and then go through the dictionaries and encyclopedias one by one to find out their meanings...

-Good idea. By doing so we can enjoy some economies of scale and scope - PA said in his economics jargon.

As Sarah started to write down the word-list, Linda turned to Joaquim:

-What a fascinating man this is, Dragau ... - she said in her heavy American accent.

-Dragão ..., ão ..., ão... - Joaquim said trying to emphasize the correct phonetics.

-Dragau au au? Oh, what a lovely name that is, Dragau au au... - Linda said, a touch of romantic love in her voice.
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(Extract from the 327-page Report of the Working Session held at Joaquim's house on Saturday, November 22nd, 2008, "On the Proper Interpretation of Difficult, Extraordinary and Sublime Words in Dragão's Post 'Aquecimento'", pp. 35-36; see more here and here).

Quem muito fala pouco acerta


Na sequência da entrevista de Dias Loureiro à RTP, na minha opinião, um lavar de honra muito mal conseguido, o que é que aconteceu?

Primeiro, o Presidente da República saiu chamuscado, como o prova o comunicado presidencial de ontem. E, segundo, acumulam-se os desmentidos e as acusações contra Dias Loureiro...no sábado, António Marta, ex-vice governador do Banco de Portugal...hoje, Camilo Lourenço, num demolidor artigo no Jornal de Negócios.

Combater a deflação


Apesar de todos os esforços recentes, a cedência de liquidez no mercado interbancário permanece estrangulada. Deste modo, a Reserva Federal (FED) está a pensar em introduzir incentivos que incidirão sobre aqueles que podem contribuir no sentido de atenuar esse estrangulamento. Medidas extraordinárias, como já veremos.

O principal mecanismo de cedência de liquidez é a operação REPO. Trata-se de uma transacção em que o banco central cede um empréstimo ao banco comercial em troca de um activo colateral. O empréstimo é temporário, definido em função da maturidade definida no momento do leilão. Ora, nos últimos três anos, a qualidade dos activos aceites pelo FED como contrapartida dos empréstimos aos bancos comerciais baixou significativamente. Em 2005, cerca de 94% das operações REPO tinham como contrapartida obrigações do Tesouro norte-americano - em teoria, o título mais seguro do seu sistema financeiro. Em 2008, as obrigações do Tesouro representam apenas 14% do conjunto de activos entregues pelos bancos comerciais junto do banco central.

Assim, as obrigações de Tesouro são hoje os activos mais valiosos na carteira dos investidores institucionais que recorrem às operações REPO do Estado norte-americano. Acontece que, recentemente, têm ocorrido vários leilões falhados, em particular, na hora de fechar negócio através da troca de liquidez por obrigações de Tesouro. Por isso, o FED poderá vir a pagar um prémio, equivalente a 3% menos a taxa de juro directora (actualmente, em 1%), àqueles que se apresentem a leilão com obrigações de Tesouro para troca. Se esta medida for implementada, na prática, o FED estará a pagar um juro de 2% aos bancos comerciais que, detentores de obrigações do Tesouro, se endividem através de REPO's.

Esta medida de emergência é mais uma que evidencia o estado dramático da actual situação. De resto, o FED não está a inventar a roda. Está apenas a replicar aquilo que já foi feito antes. Nomeadamente no Japão, durante a década de 90. Qual a principal consequência associada a esta política? O aumento extraordinário da dívida pública.

boxette

Um macho alfa nunca se sente insultado por uma fêmea. Ela bem pode espernear, gritar, praguejar, que não vai lá. Todo esse comportamento é interpretado, instintivamente pelo macho, como um convite à dança. Um prelúdio nupcial que, a tempo, conduzirá a um clímax orgástico.
Se a insultante fêmea utilizar uma linguagem obscena, então a expectativa do macho agiganta-se. Na sua mente, por mais educado que seja, um macho dominante pensa: estás com falta de peso; precisas de quem te domine minha grande cabra.
Por isso, recomendo às minhas queridas amigas que não insultem machos com quem não pretendam trocar fluidos corporais, em vez de os afastarem estão a chamá-los à liça. É por este motivo, meninas, que se diz que uma “senhora não tem ouvidos”.

paraíso fiscal

O R.U. vai proceder à maior descida de impostos de que há memória, em particular o IVA vai descer para 15% (já antes do Natal).
Destaco também o fim dos impostos sobre dividendos obtidos fora do R.U., que passarão a estar isentos.
Aqui do burgo, as ilhas começam a parecer um paraíso fiscal. Este ano, com a Ryanair, muitos portugueses devem ponderar fazer as compras de Natal na Oxford Street.
Não deveria o nosso governo seguir o exemplo do camarada Brown?

mulherio 2

Pois é, Ricardo. Finalmente a conversa foi para assuntos verdadeiramente importantes. A crise, o BPN, o PSD, etc. e tal, são tudo ninharias se comparados com o tema que o Joaquim muito sabiamente aqui introduziu: o mulherio. Para já, deixo aqui uma contribuição filosófica, socorrendo-me do velho Aristóteles. Dizia ele que todo o dinheiro e todo o poder do mundo de nada serviriam se as mulheres não existissem. Tipo clarividente, este Aristóteles. O Onassis, claro.

P.S.: O Portugal Contemporâneo fez três anos (23 de Novembro) e nem sequer demos por isso. Estamos na puberdade da blogosfera, meu caro, o que, se calhar conduziu o subconsciente do Joaquim para os assuntos próprios da nossa idade...

Mulherido


Em posts anteriores, nomeadamente aqui e aqui, o Joaquim tem desenvolvido um novo conceito: o mulherido!

Apesar de ainda não ter entendido a sua origem, é um assunto que me interessa. Cada vez mais, os homens demitem-se do seu papel tradicional no seio da família. Não se trata de uma fantasia. É, infelizmente, a realidade.

Será que este fenómeno se deve à desigualdade, à inequidade e à descrença que hoje afecta a classe média, em particular, os seus homens? Afinal, um dos aspectos que, na minha opinião, diferencia a atitude dos homens e das mulheres no trabalho é a finalidade com que trabalham. Os homens, em geral, procuram reconhecimento e poder. Pelo contrário, as mulheres procuram uma ocupação, que lhes complemente a realização pessoal que obtêm através da família e dos filhos. Em baixo, uma citação a propósito deste tema:

"Outro sinal de que nem tudo está bem na América da classe média é o número de homens adultos casados que não trabalham. Nas últimas quatro décadas, este número tem vindo a aumentar de forma regular de cerca de dez por cento para 22 por cento. É verdade que o número de mulheres casadas a trabalhar subiu no mesmo período de 32 para 62 por cento, o que pode explicar-se pelo facto de os homens se estarem a reformar, deixando que as mulheres tragam o cheque para casa. Mas outra explicação possível é de que cada vez mais homens estejam a deixar de reagir ao despertador.", Obamanomics, John Talbott (págs. 66 e 67).

23 novembro 2008

de-rastinhos

O De-rastinhos foi desafiado pela Acção Socialista a descrever um retrato improvável do que Sócrates poderia fazer, em Portugal, durante um segundo mandato do PS. A acção decorre em 2012.

O querido líder iniciou um programa televisivo semanal, Charlas Familiares, para explicar directamente aos portugueses o conteúdo das reformas que o Governo continua a desenvolver. Destas, destaca-se a reforma do ensino, cujo vasto impacte se começa a fazer sentir em todo o território.
O conteúdo lectivo é agora transmitido pelo Youtube e recepcionado, em banda larga, pelos alunos, nos seus modernos computadores da nova gama Gama. Procedeu-se à digitalização e normalização dos exames nacionais que avaliam as competências dos alunos para ligar (1) e desligar os computadores (0). O processo de avaliação dos professores, em análise desde 2008, foi finalmente suspenso, por se tratar de um método totalmente analógico.
Começaram a circular os Socras, a nova moeda nacional. Um Euro equivale a 100.000 Socras. O querido líder revelou o seu regozijo, numa cerimónia de distribuição de Gamas: com os Socras não são necessários decimais, afirmou, porque todos os preços são arredondados ao milhar.
A nova moeda entrará progressivamente em circulação durante 2012. O Governo reconhece algumas dificuldades que resultam da teimosia da população em manter um regime de trocas directas.
O afluxo de turistas ao País tem verificado um crescimento notável. Sob o ponto de vista estratégico, os nossos principais concorrentes são a Tailândia e o Vietname. Todos os pagamentos dos turistas são efectuados em divisas estrangeiras e o querido líder está a planear a abertura de Lojas de Não-Cidadãos, para acomodar os gostos, por vezes esquisitos, desta fauna que nos visita.

Tentei ser optimista, dentro do possível. Quer isto dizer, um retrato improvável mas dentro de que Sócrates poderia fazer e do que, num cenário excelente, poderia acontecer. Nem tudo bom, portanto.

Yes, you can


Dear Dragão,

I just left Joaquim's home. It's one o'clock in the morning and I am exhausted. I hope you will understand. I promised you a report and I'll do it tomorrow. May I tell you in advance that I have made great progress understanding your post, even though I am still in the first paragraph.

We spent a lot of time discussing about method, how we should go finding out the meaning of your marvellous, sublime, at times difficult words. Joaquim and I argued that we should follow an alphabetical order. The girls argued that we should follow the order by which they appear in the text. The only exception was Linda, the American girl (she is the first from the right here). She is not very fluent in Portuguese, you know. She insisted we should start out analyzing the meaning of pentelho. Just imagine...

Meanwhile, I'm quite happy to learn that you can also write em estrangeiro. I just hope that next time you will be as word-creative em estrangeiro as you are in Portuguese. This time you were a little bit shy at it, weren't you? I'm sure that if you keep trying, you can do it. Yes, you can.

Thanks for the references. Fortunately enough, Joaquim had that dictionary at home. At this late hour in the day, I am still wondering how I could have lived for so long in sheer ignorance of the meaning of espoldrinhamentos.

Joaquim requests me to say his best to you.

Regards. See you tomorrow.
.
PA

22 novembro 2008

Tarde de sábado


Tempo para uma ida ao cinema, seguida de visita à livraria...O cinema e as livrarias têm algo em comum. Às vezes, não há nada de jeito. Outras vezes, só apetece não poder sair de lá. Hoje, no cinema e na livraria, a tendência foi de alta!

Pois então...comprei os seguintes livros:

* "Obamanomics, Propostas par uma nova prosperidade económica", John Talbott
* "O novo paradigma para os Mercados Financeiros", George Soros
* "Andy Grove: as lições de vida e de gestão do lendário líder da Intel", Richard Tedlow (a propósito de Andy Grove, recomendo também o seu "Only the Paranoid Survive", porventura, o melhor livro sobre gestão que alguma vez li).
* "Nós, os Portugueses", Maria Filomena Mónica
* "A Espuma do Tempo, Memórias do Tempo de Vésperas", Adriano Moreira

Comecei com o livro sobre Obama. Bastou-me ler o primeiro parágrafo para ficar entusiasmado. Reza assim:

"Ao escrever este livro, segui a filosofia praticada por Barack Obama, segundo a qual não há qualquer vantagem em atribuir culpas pelos nossos problemas actuais, uma vez que isso apenas provocará discussões e divergências entre nós. Todos sabemos em que pé estamos e não adianta tentar perceber como é que chegámos a esta situação. O que queremos agora são soluções."

Nem imaginam o quanto gostaria que também assim fosse em Portugal...

I've got mail

Dad,

We are very busy indeed pursuing selfish interests, like shopping and makeup, and trust that men will take on the challenge of changing the world. Many have already stepped forward. Henry Paulson for instance is fixing the US economy, Gordon Brown is doing the same in the UK. More to the point, Barack Obama promises that very thing, change. Kim Jong-il even managed to create an entirely new world in North Korea. The world is in good hands, I think I will relax and bake a cake.

Sarah Couto

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the meaning of espoldrinhamentos


Dear Dragão,

Uff!... This has been an extenuating morning.

As I got up early this morning, I saw your letter posted in Dragoscópio. No, I didn't read it yet. I'm still in the first paragraph. After spending some time going through the dictionary to find out the meaning of persignar-me, I got stuck in espoldrinhamentos. It is not in my Porto Editora dictionary. It was at this moment I realized I would not be able to do it alone.

As I realized Joaquim was often mentioned, I jumped into my car and drove to his house. I knocked nervously at his door. It was Joaquim himself who opened the door. As he looked at me, he asked in shock, his eyes wide opened:

- What's wrong with you today, PA...!?

- Listen Joaquim, it's a very serious matter. Look, Dragão wrote a letter to me and you are involved. It's very serious, I said, as I handed him a copy of Dragão's post.

Joaquim looked at the letter and in a calm, soft voice said:

-Well ... it looks like a very serious matter, indeed...

-Yes Joaquim. It's serious and urgent. Now, tell me Joaquim, tell me what espoldrinhamentos means, please, Joaquim ... tell me ..., I almost implored.

Joaquim put a grave, thoughtful face and in his usually calm voice, said:

-Well... PA... espoldrinhamentos... let me see ... espoldrinhamentos ... that usually means... espoldrinhamentos ... that comes from the verb espoldrar ... thus, espoldrinhamentos means ... let me see again ... espoldrinhamentos ...
.
Meanwhile, Joaquim's daughters were joining us in the living room attracted by the gravity of the situation they sensed in her father's face. With them was Linda, a 28 year-old American girl who has just arrived from the States with Sarah, Joaquim's eldest daughter, who is visiting her parents in Portugal. (Linda is the first from the right here).

-What's wrong daddy, why are you so serious today...?, one of his daughters asked him.

Joaquim remained immersed in his thoughts:

-Espoldrinhamentos ... that means ... espoldrinhamentos ... well ... espoldrar ... espoldrinhamentos...

Then, as the four girls starred at him, trying to make sense of the situation, he put a serious face and in a stern voice ordered his daughters:

-Girls, go now - right now! - and bring all the dictionaries and all the Portuguese Encyclopedias we've got at home...

As the girls run for the shelves, Joaquim told me, his voice still a little exhasperated by his failure to find out by himself the meaning of espoldrinhamentos:

-Well... PA... calm down, make yourself comfortable ... sit down here in the sofa. Do you want a drink?

-No, Joaquim, I need a computer to inform Dragão I'm trying to read his letter..., I said.

-Ok, here it is. By the way, send Dragão my best regards..., Joaquim said.

This is, Dear Dragão, the point at which we are now. Once the girls get back with the dictionaries and encyclopedias, and we find out the meaning of espoldrinhamentos, I will get back to you. Meanwhile, may I tell you that Joaquim invited me for lunch. I sense that I will stay here for the rest of the afternoon, if not for the whole of the day.

Best regards. See you soon.

PA